Crítica teatral de “Fricção”

BRENO MOTTA nos diz:

” Está tudo aqui, minha história e a de milhares de crianças. O peito cheio de ar, minhas marcas, nossas cicatrizes dos atropelos que a vida nos impõe. Os reclames e gritos que ecoam para que a esperança nos ouça por um futuro melhor. Também estão os amores e os afetos, tão caros, que curam e mudam caminhos, para que nossos corpos se mantenham vivos e resistentes. Fricção é um solo mas, mais do que nunca, mantém viva minha relação com você, com o outro, com tantas histórias”.

O espetáculo FRICÇÃO, em cartaz, no Teatro Municipal Sérgio Porto, Humaitá, nos leva a uma viagem nas emoções, corpo, dores e amadurecimento de seu protagonista; BRENO MOTTA. A dramaturgia de MOTTA com colaboração do excelente DIOGO LIBERANO, nos faz viajar no caminho percorrido por um menino, que nos mostra como suas emoções e fantasias foram usurpadas e esmagadas pelo desejo, impulsos desenfreados de um homem sexualmente perturbado em suas ânsias, em busca do prazer imediato que seu sexo exigia. Uma dramaturgia coloquial, direta, limpa e que nos sacode.

MORENA CATTONI imprime uma direção bastante dinâmica e pelo visto com grande colaboração da direção de movimento. Cenicamente todos os espaços devidamente ocupados com muita propriedade, através de excelente desenvoltura corporal do protagonista. Bravo! FERNANDA MÁS desenvolve no ator uma imprescindível e linda direção de movimento, criando corporalmente na atuação de BRENO, um trabalho de suma importância para o espetáculo.

Seus movimentos são visivelmente conectados com seu estado emocional.
O cenário de JULIA DECCACHE nos transporta ao jogo lúdico infantil com grande expressividade. TICIANA PASSOS impõe uma indumentária simples, bem condizente ao momento cênico proposto.

Uma iluminação que valoriza muito todo jogo lúdico e desenvoltura corporal que o espetáculo precisa. JOÃO PEDRO MEIRELLES cria uma luz onírica e bela.

FILIPE FREITAS ambienta bem a cena com sua trilha sonora. BRENO MOTTA nos encanta com uma atuação de extremo carisma, alternando em seu rosto de menino/homem um sofrimento que se torna bastante necessário de ser exposto e expurgado. Uma interpretação que conduz nossa emoção até a alma, e a deixa grande e poderosa. Bravíssimo!
O espetáculo FRICÇÃO é uma belíssima empreitada cênica que seus artistas propuseram.

A arte nos permite transmutar, reinventar o mundo. A alma é limpa e o coração aberto às experiências.

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