Crítica Teatral de “Eus”

O COMPARECIMENTO COM SEU PRÓPRIO EU, UMA DIFÍCIL E FASCINANTE DESCOBERTA PARA COMPREENDER-SE, PERDOAR-SE E ACEITAR-SE.

“MARIA ADÉLIA tira de cada momento da vida uma lição para seu aprendizado como ser humano e divide neste EUS. Ser mulher e conviver consigo mesma torna-se uma batalha interna cheia de humor, na qual compreender-se, perdoar-se e aceitar-se são desafios inadiáveis quando se chega a maturidade”.

O espetáculo EUS em cartaz no aconchegante Mezanino do Sesc Copacabana, tem encenação/direção de MARIA ADÉLIA e ALEXANDRE MELLO, onde a própria MARIA ADÉLIA protagoniza, com um solilóquio autobiográfico, fazendo o que ela chama de “solo plural”. Um “solo plural” faz referência as suas muitas facetas colocadas em cena por ela e toda sua equipe competentíssima.

Facetas como mulher, indivíduo, em seus dilemas, mazelas, cotidianos.
Lutas travadas durante toda uma vida pessoal, emocional, profissional e artística. Atriz que trabalhou com gigantes do teatro dentro e fora do Brasil. O texto/dramaturgia de MARIA ADÉLIA e LUIS ESTELITA LINS, nos leva a uma viagem repleta de humor, aprendizado, fantasias, emoções e descobertas. Permeado com muita descontração e de uma poesia deliciosamente degustável.

Nos faz sorrir, chorar, brincar, despertar para um caminho de perdão e aceitação. Um texto/poesia com uma verborragia simples, direta, verdadeira e transparente. 
A atriz expõe sua trajetória, nos ensinando com suas experiências e palavras, que sobreviver no meio desse caos ainda é possível e que devemos acreditar em nossa auto estima. Uma dramaturgia de pura inteligência, competência e emoção. A encenação/direção também de MARIA ADÉLIA e de ALEXANDRE MELLO navega nos mares da brilhante caminhada que a protagonista está tendo. Uma encenação calcada no carisma e desenvoltura corporal cênica, de uma mulher que sabe explorar a cena. Marcações precisas, desenvoltas e tocantes.

Cenário e figurino de RONALD TEIXEIRA, GUILHERME REIS e MARIA ADÉLIA com uma plasticidade limpa, transparente, explorando o branco na sua totalidade, como que evocando a paz externa, e a paz interior. Máscaras distribuídas fazendo alusão às várias facetas do ser humano. Os olhos agradecem e se enchem de poesia vinda de todos os cantos. Lindo trabalho.
Iluminação de BETO BRUEL também evoca uma paz buscada cenicamente, com muita claridade, para evidenciar a linguagem poética. RICCO VIANA nos presenteia com uma agradabilíssima trilha sonora. O que dizer de MARIA ADÉLIA!? Uma intérprete plena, verdadeira, de amor, de entrega. Com um carisma sem tamanho, apoiada numa maturidade cênica merecedora de aplausos sem fim.

Múltiplas facetas do brilhantismo de uma mulher/atriz/ser humano, nos ensinando como lidar com cada objeto que precisamos e somos obrigados a manusear em nossa trajetória nesse mundo imediatista. Uma atuação plausível, escorada por uma poesia feminina envolvida de amor e carisma cênicos. Brava!!!! Bravo!!!BRAVÍSSIMO!!!

O espetáculo EUS é um solilóquio auto-biográfico de uma mulher com enorme empoderamento de vida, capaz de nos ensinar em 60 minutos que a vida pode ser diferente, ou melhor, que podemos compreender, nos compreendendo, perdoar, nos perdoando, e aceitar, nos aceitando, sem julgamento de valores.

Show CommentsClose Comments

Leave a comment