UM ESPETÁCULO QUE FICA EM DEVANEIOS ONÍRICOS.
O espetáculo FAUNA, na sua ânsia de desvendar quem foi essa mulher, está em cartaz no Centro Cultural Justiça Federal, de sexta a domingo, às 19:00 horas.
Um projeto idealizado, pesquisado e produzido por ERIKA MADER, em seu autoexílio na Argentina. Tinha o caminho de se tornar uma biografia para o cinema. Os personagens desta obra, também pretendem montar um filme.
Como disse o próprio release do espetáculo: Todos assumiram as “rédeas de um galope arriscado pelo cinema e pelo teatro”. A questão é: nem ficou cinema e nem se consolidou com força dramática teatral. O texto da argentina ROMINA PAULA, nos leva a um jogo de questionamentos. ” O que é ser mulher nasce ao lado da reflexão do que é ser homem”. Personagens querem nos mostrar qual a essência dos sentimentos como admiração, amor e ódio.Enfrentam suas próprias verdades, cercadas de perguntas que não são respondidas. Aí está o problema. Um espetáculo cheio de devaneios oníricos, fantasiosos.
A linha dramatúrgica do texto da argentina é monocórdia, sem nuances, e falta uma força dramática que defina, ou de algum ponto final em suas falas. EROM CORDEIRO E KELZY ECARD, ainda colocam em cena, com toda teatralidade que lhes são peculiar, uma força necessária. Em algum momento, o espetáculo deveria se colocar no chamado “mundo real”. Aí se imprimiria a força cênica.
Falta na tradução de HUGO MADER a pegada teatral. A direção de ERIKA MADER e MARCELO GRABOWISKY é correta e limpa. O elenco: EDUARDO MOSCOVIS, ERIKA MADER, EROM CORDEIRO E KELZY ECARD, é desigual em suas interpretações. MOSCOVIS fica no televisivo. ERIKA MADER na tentativa de ser mais presente cenicamente. EROM CORDEIRO E KELZY ECARD salvam a cena com seus talentos e presença cênica. EROM forte, imprimindo o teatral, juntamente com KELZY, que é o contraponto, trazendo momentos de humor deliciosos e necessário.
RENATO MACHADO na sua correção de sempre, nos dando uma precisa iluminação. Cenário de FERNANDO MELO DA COSTA nos remetendo ao rústico, com capins secos, dando uma linda plasticidade. ANTONIO GUEDES com figurinos adequados e harmonioso. Direção musical de MARCELO H expressiva, sutil, com sensibilidade. TONI RODRIGUES pouco imprimi uma direção de movimento que se perceba.
Um espetáculo sem dúvida feito com seriedade e comprometimento, porém, pecando nos devaneios e na falta de definições. O teatral tem que ter presença, e não passar despercebido.