Crítica teatral de “Pressa”

UMA HIPOCRISIA AFIADÍSSIMA NA NOSSA PRESSA IMEDIATISTA QUE NOS DEVORA.

O espetáculo PRESSA, montado pela respeitada CIA. FODIDOS PRIVILEGIADOS, está em cartaz no aconchegante e lindo teatro 1, do Sesc Tijuca. Uma alienação cênica necessária, moderna, inescrupulosa, amoral e deliciosamente digerida por quem presencia essa empreitada teatral irretocável e impactante.

Uma dramaturgia inédita do autor e ator paulistano OTÁVIO MARTINS, onde estão todos os ingredientes da modernidade provocadora que vivemos. Um texto fragmentado, muito bem conectado com toda loucura que o ser humano é capaz e incapaz de sustentar. Ações aprisionadas em desejos obscuros, onde a palavra chave é nossa imensa HIPOCRISIA. Um texto sobre um dos nossos grandes talentos enquanto seres humanos; A NECESSIDADE DE SERMOS HIPÓCRITAS. Uma escrita de qualidade e supremacia indiscutível. Moderno e extremamente contemporâneo.

O espetáculo com encenação de JOÃO FONSECA E NELO MARREZE, prima por uma esmeradíssima movimentação cênica. Dinamismo, aliado ao texto, cheio de marcações amalgamadas a cada palavra que saem da boca dos intérpretes. Uma direção precisa e que confere a dramaturgia o enfoque que ela propõe. Enaltece o brilhantismo do texto e confirma a experiência e o talento de FONSECA e MARREZE. Uma encenação/direção imprescindível a uma escrita tão cortante e intensa.

Imprescindível e linda de se ver, também, é a Direção de Movimento de JOHAYNE HILDEFONSO. Um trabalho forte que contribui e muito na competência da encenação.

VITOR GUEDES propõe um figurino corretíssimo com a proposta. O cenário de NELO MARREZE dá uma visibilidade total ao trabalho, onde os panos pendurados e amarrados, se entrelaçam as cenas, conectando o texto com as ânsias das personagens. Uma profunda metáfora cênica de grande inventividade.

LUIS PAULO NENEN e TIAGO MANTOVANI, criam uma iluminação abençoada pelos deuses do teatro. Há um engrandecimento de tudo que está sendo visto e proposto. Uma luz feita com genialidade e definindo as cenas, fortalecendo texto e encenação.

Trilha sonora de JOÃO FONSECA bem corriqueira e dentro das cenas dinâmicas, contribuindo com exatidão no todo.

Um visagismo bastante correto, feito por GAHBIE FIGUEIRA.

O teatro é feito de verdadeiros atores. PRESSA tem essa verdade exposta, necessitada pela palavra bem dita e interpretada. Atores presentes e dotados de desenvoltura. Todos brilham em seus momentos igualitários. Nota-se uma direção de ator muito eficaz em cada um, onde todos interpretam, um texto que exige um desenvolto trabalho nas cenas que se propõem. Uma interpretação homogênea, em sua importância dramatúrgica. BRAVÍSSIMO!!!! ISLEY CLARE, DIOGO CAMARGOS, DANIEL RANGEL, MARIAH VIAMONTE, ALEXANDRE PINHEIRO, PAULA SANDRONI, ROBERTO LOBO, ROSE ABDALLAH, SAULO SEGRETO, ANDRÉ DIAS e THAIS PORTINHO.

Vale muito destacar a experiência e a maturidade cênica de THAIS PORTINHO, que com uma única palavra, e sua marcante presença nas cenas, deixa claro o respeito que devemos ter por uma ATRIZ. PRESSA é simplesmente arrebatador, inquietante, lapidado. Obra prima do cenário teatral.

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