Crítica Teatral: “Uma noite sem aspirador de pó”

QUANDO A SOLIDÃO DESAFIA A CORAGEM QUE NECESSITAMOS TODOS OS DIAS.

“Pessoas que acreditam que é possível realizar com a força da vontade, do somar, do querer, e nos juntamos para realizar um projeto”.

O espetáculo UMA NOITE SEM O ASPIRADOR DE PÓ, em cartaz no simpático teatro do centro cultural dos correios, nos faz acreditar que é possível. Possível construir sem apoio, possível arriscar-se no escuro, possível realizar algo enaltecedor as nossas forças, crenças, lutas, talentos e sonhos.

UMA NOITE SEM O ASPIRADOR DE PÓ é isso; um tiro no escuro e que acerta na luz cênica da competência. Competência artística acima de tudo. Reunião de talentos num palco desprovido de glamour. Um projeto realizado com alma de artistas resistentes perante tanta ausência de incentivos culturais e materiais.

O texto de PRISCILA GONTIJO é fluido, transparente, com qualidade verborrágica. Um texto que expõe a solidão humana, a carência, e grita por socorro. Uma solidão que se encontra acima de nós, ao lado, atrás, adiante, cabendo a nós lutarmos contra ela e substituí-la por uma coragem que nos mantenha viva. Essa coragem que nos convence que nunca poderemos desistir. Uma dramaturgia primorosa, que é cenicamente enaltecida por dois atores entregues em suas maturidades interpretativas.

CHARLES ASEVEDO nos dá uma direção coerente com a grandeza dramatúrgica. Uma ocupação cênica feita com alma de um ator/diretor.
Trilha sonora de LEONARDO NETTO correta e satisfatória. CARLA BERRI cria uma cenografia com simplicidade e inventividade, ao colocar no ar uma instalação que nos remete a um outro cômodo, no caso a cozinha, de onde saem os aparatos cênicos utilizados. Uma instalação flutuante onírica, fantasiosa, inventiva. Linda visibilidade.

Iluminação simples e bastante correta de VALDEMIR ALMEIDA. Figurinos de MAUREEN MIRANDA, bastante corriqueiro e de precisão em todas as cenas.

FLAVIA PUCCI e JOELSON MEDEIROS, nos mostra bastante maturidade cênica, desenvoltura corporal e engrandecem as palavras com suas interpretações de pura entrega. Alma de atores que superam as faltas materiais com emoções precisas. BRAVÍSSIMO!!!

Em épocas de crise a solidão da falta é substituída pela coragem interpretativa. UMA NOITE SEM O ASPIRADOR DE PÓ, necessita de pessoas corajosas para aplaudi-los merecidamente.

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