Crítica Teatral de “Bibi, uma vida em musical”

– A ONIPOTÊNCIA DO MAIOR FENÔMENO TEATRAL, EM COMUNHÃO ABSOLUTA NUM ESPETÁCULO MUSICAL NECESSÁRIO.

“BIBI, UMA VIDA EM MUSICAL”, é a mais nova empreitada do teatro musical na cena carioca. Em cartaz no agradável Teatro Oi Casa Grande, Leblon.

Direção/encenação de TADEU AGUIAR, com narrativa dramatúrgica de ARTUR XEXÉU e LUANNA GUIMARÁES.

A proposta se expõe com uma narração feita por três personagens de forte apelo expositivo teatral.

A vida, a caminhada profissional, a excelência da arte de interpretar da maior atriz do teatro de todos os tempos, por reunir inúmeras habilidades cênicas, feitas com superlativa qualidade.

Uma vida dedicada aos palcos com multifacetados talentos indiscutíveis, que só nos orgulha de sermos brasileiros. BIBI FERREIRA é a figura mais emblemática de nossa cultura. Uma vida de incansável pesquisa e conduta exemplar de uma artista que continua nos comovendo, envolvendo, com seus talentos incontáveis. Uma artista completa de corpo e alma.

Voz maviosíssima, afiada com suas interpretações inesquecíveis.
Nascida e encaminhada pelo gigante da cena PROCÓPIO FERREIRA e sua mãe, a bailarina AIDA IZQUIERDO. Ainda continua em cena nos deleitando com seus multifacetados feitos cênicos; música, dança, idiomas e um rigor na cena de grandeza sem medidas.

“BIBI, UMA VIDA EM MUSICAL”, expõe seus mais expoentes e arrebatadores trabalhos dedicados ao teatro com uma potencialidade desafiadora.BIBI é lembrada e reverênciada por espetáculos como: “MY FAIR LADY”, “ALÔ, DOLLY”, “BRASIL PROFISSÃO ESPERANÇA”, “O HOMEM DE LA MANCHA”, “GOTA D’ÁGUA”, “PIAF”, dentre outros trabalhos executados com sucesso retumbante.
A dramaturgia de ARTUR XEXÉO e LUANNA GUIMARÃES, feita de forma narrativa, nos coloca cronológicamente conhecedores de uma vida dedicada aos palcos.
O texto ganha uma enorme força no talento dos três narradores, e através do coro interpretativo de extrema visibilidade, dando muita teatralidade a nossa cultura nacional.
Uma dramaturgia linear, porém, embasada em fatos e acontecimentos de positivo histrionismo cênico. O mérito fica mais a cargo da obra e vida de BIBI.
O texto nos dá um belo panorama da evolução do teatro nacional, passando por importantes fases das companhias teatrais e evoluções das produções, até os dias de hoje.
Uma escrita focada em diálogos e expressões inerentes à época, e feita com muito cuidado e de forma satisfatória.
TADEU AGUIAR impõe uma direção/encenação que reverbera pura teatralidade, competência, rítmo, e nos deixa emocionalmente envolvidos numa teia muito bem amarrada. Apoiado num elenco de superior competência, numa interação perfeita com todos os signos teatrais. Todos comungam na mesma intenção e direção.
Os figurinos de NEY MADEIRA e DANI VIDAL, tem sólida pesquisa e beleza condizente com toda a proposta que se pretende. Uma indumentária passando por todas as fases da vida e obra de BIBI, com perfeita harmonia e austeridade e rigor inquebrável. Um trabalho de sublimidade, primor, comovente.

Um visagismo impecável de ULYSSES RABELO para com as personagens. Dedicação e disciplina nas maquiagens, perucas e composições.
SUELI GUERRA cria grande presença em suas coreografias e em sua direção de movimento, dando personalidade a seu trabalho desenvolto no conjunto de intérpretes em seu todo. Competência no manusear e orientar os corpos. Delicada e precisa especificidade no compor de gestuais das personagens. Os instrumentos e toda a sonoridade musical tem extrema correção no desenho de som de GABRIEL D’ANGELO.

Forte harmonia e agradável trabalho na apresentação da direção musical de TONY LUCCHESI. As canções se desenvolvem com uma homogeneidade de riqueza em seu desenrolar. Primazia na condução de músicos com enorme precisão e talento dos mesmos. São eles os primorosos músicos:
ALEXANDRE QUEIROZ(piano), MIGUEL SCHÖNMANN(teclado, violão, cavaquinho), LÉO BANDEIRA(bateria), DAVID NASCIMENTO(baixo).
As músicas originais de THEREZA TINOCO é de uma superior qualidade e bom gosto, contribuindo para um perfeito andamento num espetáculo que se intitula como musical. Um dos pontos altos para a importância enquanto homenagem a uma artista de total conexão com o universo musical.

Cenário de NATÁLIA LANA dialoga perfeitamente com todos os signos teatrais e se fortalece na poderosa e enaltecedora iluminação de ROGÉRIO WILTGEN. Cenário e luz numa interação de precioso desencadeamento, dando total “escada” as inúmeras interatividades muito bem engendradas e costuradas pela direção de AGUIAR.

NATÁLIA LANA e ROGÉRIO WILTGEN interagem com a força da obra de BIBI e da encenação de TADEU AGUIAR.

Um elenco exemplar, afiadíssimo e de puro talento. Todos notabilizam-se, diferenciando um dos outros com suas performances salientadas.
Cada milímetro de seus corpos, exala luz própria. São eles: ANALU PIMENTA, CHRIS PENNA, FLÁVIA SANTANA, GUILHERME LOGULLO, LEO BAHIA, ROSANA PENNA, SIMONE CENTURIONE, ANDRÉ LUIS ODIN, BEL LIMA, CAIO GIOVANI, CARLOS DARZÉ, FERNANDA GABRIELA, JOÃO TELLES, JULIE DUARTE, LEANDRO MELO, LEONAN MORAES, LUÍSA VIANNA e MOIRA OSÓRIO.

Vale muito, e é preciso destacar os artistas/intérpretes, em seus trabalhos cintilantes, irretocáveis: LEO BAHIA(mestre de cerimônias), ROSANA PENNA(vó Irmã), FLAVIA SANTANA(cigana), CRIRS PENNA(Procópio Ferreira), SIMONE CENTURIONE(Aida Izquierdo Ferreira) e GUILHERME LOGULLO(Paulo Pontes). O que dizer de AMANDA ACOSTA?!

Simplesmente, para a alegria de uma nação chamada Brasil, nasce, cresce, e se consolida uma nova BIBI FERREIRA. Com suas próprias ferramentas performáticas/interpretativas. Sem imitar BIBI, e sim, escancarar seu talento já conhecido, que agora anunciado a todos os cantos do mundo. Um fenômeno de potencialidade maviosíssima, que uma intérprete pode reunir. A cena teatral precisa da presença, do corpo, da voz, da entrega, inteligência, sensibilidade, coragem, ousadia, e luz própria dessa mulher/atriz que os deuses do teatro a consagraram; AMANDA ACOSTA.

O espetáculo “BIBI, UMA VIDA EM MUSICAL”, leva a cena músicos e um coro de bailarinos/cantores/intérpretes de primeira grandeza, com uma entrega emocionante na cena. Quase todos assumindo personagens importantes que reverberaram a carreira de BIBI FERREIRA. Todos se desdobram em cenas carregadas de uma histriônica presença, cuidados, apuros, e límpida atuação.

Uma produção esmeradíssima, coordenada por EDUARDO BAKR, com a idealização da visionária CLAUDIA NEGRI e apoiada por THEREZA TINOCO. 

Aplausos esfuziantes pela atitude, coragem, ousadia e repito; visionária realização da NEGRI E TINOCO PRODUÇÕES.
“BIBI, UMA VIDA EM MUSICAL”, é uma oportunidade de nos embrenharmos e conhecermos, através da vida e obra de nossa emblemática atriz, mulher, cantora, diretora etc, a grandeza da cultura de um país desgovernado e desprestigiado em sua trajetória artística, repleta de talentos “mendigando” por um lugar merecido na vida cultural de uma nação.

Feliz daqueles que ainda podem e devem aplaudir de perto esse fenômeno da natureza; BIBI FERREIRA.
ESPETÁCULO MEGA NECESSÄRIO.
Vale, e preciso relatar minha única e inesquecível convivência com essa maestra BIBI FERREIRA, quando cheguei ao Rio de janeiro para integrar o elenco do musical “ROQUE SANTEIRO”, dirigido por ela. Um privilégio, aprendizado ímpar, que ficou marcado na minha carreira artística como ator, bailarino, coreógrafo. Ela me disse com todas as letras, no meio de um ensaio no Teatro João Caetano, diretamente para mim, quando me chamou a frente do palco: “Meu filho, não adianta talento e beleza nessa carreira, se você não tiver uma palavra chamada SORTE, em sua caminhada. Momento inesquecível. Obrigado BIBI FERREIRA.

“BIBI, UMA VIDA EM MUSICAL”, está em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, Leblon.
De: 05/01 a 01/04.
Quinta e sexta feira às 20:30 horas, sábados às 17:00 e 21:00 horas e domingo às 19:00 horas.

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