Crítica de dança de “Óyeme con los ojos”

Uma das expoentes da longeva e exigente arte flamenca, MARÍA PAGÉS, faz a união da tradição e invenção, atualizando/modernizando seu olhar sobre o mundo, a ética e suas inquietações.

Sua narrativa totalmente teatralizada/coreografada, inspirada em um poema da religiosa mexicana SOR JUANA INÉS DE LA CRUZ, e em textos de poetas sufis e místicos.

Em meio a volúpia e a riqueza de um templo sagrado chamado Teatro Municipal do Rio de Janeiro, MARÍA PAGÉS, acompanhada de maviosos/afiadíssimos e afinadíssimos músicos, que é um deleite à parte, ela transcende e transmuta a dança flamenca para um lugar indelével/inventivo/sublime.

A atriz/bailaora se apóia na teatralidade, unindo a tradição de uma cultura à modernidade urgente, que “grita” e reinvindica.

Seus braços e mãos fazem com que seu corpo se reinvente, se “contorce”, deseje, brigue, seduza, alcance a potencialidade que o lamento da música flamenca evoca. Se empodera como atriz e faz uma deliciosa ode ao Rio de Janeiro, amalgamando nossa cultura com à força indestrutível de sua própria cultura.

MARÍA PAGÉS demonstra que a dança flamenca é universal por se permitir a aliar-se à outras formas de arte, e se embrenha no teatral, mostrando-se um “monstro” cenicamente.

“ÓYEME CON LOS OJOS”
é um espetáculo NECESSÁRIO, em inquietações transformadoras.

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