Crítica teatral de “NMDN – No meio do nada”

UMA BUSCA INCESSANTE/INFINDÁVEL DE UM “EU”, EM CONEXÃO COM A FILOSOFIA TEATRAL.

“NMDN – NO MEIO DO NADA”, está em cartaz no pequeno e interativo Teatro Laura Alvim, sala Rogério Cardoso. Texto e direção de ROGÉRIO BLAT, com RICARDO BLAT e FERNANDO MOURA no elenco.

“Sons, silêncios, gritos e segredos, distorções e mantras traçam o caminho do espetáculo”. Diz sobre um homem que tem a mente obstruída por pensamentos e diálogos mentais incessantes. Quem controla os pensamentos?

Numa sociedade que se diz “livre”, acabamos desenvolvendo valores superficiais e inconsistentes. Vivemos em conflito com nossa própria essência.

O espetáculo é desprovido de cenário, dando um enfoque no intérprete, em especial no ator RICARDO BLAT, que nos hipnotiza com sua experiência/traquejo cênico, e seu poder de convencimento.

Um trabalho teatral nada convencional, porém, não menos dramatizado e marcante, nos surpreendendo com sua urdidura/força, com ar e Tom filosófico, e bastante reflexivo.

Num caminho de interatividade com o público, exigindo que este esteja bastante concentrado na profundeza textual, tendo trilha sonora que fortalece à interpretação, e à escrita de contextualização de extrema reflexão e enfrentamentos.

À dramaturgia, por conta de ROGÉRIO BLAT, é fortemente concentrada em pensamentos e questionamentos à respeito de quem somos realmente, qual seria nossa verdadeira essência? Que lugar ocupamos no aqui/agora? Para pensar, se concentrar, e refletir, muito.

Muitas informações que o mundo nos repassa, nos fazendo conflitar com nosso individualismo/egoísmo. Exige do público uma total entrega/interação com o clima presente. Pensar nos faz transcender.

FERNANDO MOURA execultando à trilha sonora, sentado no chão, despojado, com maestria que lhe é peculiar, empurra/eleva o contexto/intérprete/espetáculo, a um lugar de efetiva abundância no desenrolar cênico. À sua volta, ele manuseia instrumentos musicais/digitais como: teclado, tenori-on(instrumento japonês), e escaleta( espécie de piano de sopro).

RICARDO BLAT, como grande ator que conhecemos, com sua força dramática, domina o texto, à cena, e nos faz interagir com sua persuasão/magnitude transcendente, em iluminação focada/autoritária e assertiva de TIAGO MANTOVANI.

“NMDN – NO MEIO DO NADA”, tem razões sólidas e reflexivas para sairmos do convencional e entrarmos na necessária busca infindável de nosso “EU”.

Show CommentsClose Comments

Leave a comment