Crítica Teatral do espetáculo: “O SUBSTITUTO”. Por: Francis Fachetti. ESPETACULONECESSARIO.COM.BR

HUMBERTO ARTHUR EMÍLIO ERNESTO BAPTISTA, É DE “EXTREMA URGÊNCIA”, NUMA LAVAGEM CEREBRAL NOCIVA, OU EU DIRIA INGÊNUA, IGNORANTE?

“O novo professor precisa chegar ao instituto para apresentar as novas diretrizes que a escola pede, através dos pais dos alunos e da nova secretária de educação. Sem definir de qual lado esse novo professor está, o espetáculo da Documental.Cia trás a proposta de “aula-espetáculo”. A partir da coleta de discursos reais, transformação da oralidade em documento, a peça propõe um jogo cênico para a platéia se relacionar como aluno numa sala de aula nos moldes do novo modelo de ensino”.

A Documental.Cia se reporta nesse texto, discurso perturbador, vindo de Daniel Porto; chamado: “O SUBSTITUTO”. 
Com o intérprete Alexandre Lino, em cartaz no Teatro 2 do Sesc-Tijuca, numa cena teatral de período átimo, até 21/07.

O espetáculo coloca a profissão de maior equidade mundial como a porta voz detratora dos nossos direitos, segundo os moldes de “retidão” que o poder vigente diz dignificar o homem. Lego e lamentável engano. 
A cena se abre com discursos reais em oralidade/documento, por professores abalados, e envereda numa “aula-espetáculo” cortante, desafiadora, e dizendo: olhem! Prestem atenção!
Um criativo, simples e tocante modo de cutucar os cidadãos presentes e ávidos pelo saber. Uma conversa interativa, “propondo” um acordo.
                

Maria Maya encaminha, direciona o ator ao público e o público ao ator, para a contextualização dos esclarecimentos, da “proposta” acordo, com segurança aparente na confiança vocacional e experiente, depositada na desenvoltura do ator. 

Uma direção liberta de amarras, através da dialética. O diálogo da racionalidade. 

Um cenário e figurinos neutros, desprovidos de cores, porém, impositivo e retratando assertivamente o momento cênico. Desenhando o texto e a oratória do professor/ator; por Karla de Luca.

Paulo Denizot cria um caminho de luz “contaminado”, perfeito, pela necessidade do erro crasso dos moldes educacionais mórbidos, em iluminação sensível e pontual, como é o costume ser feito em seu trabalho nada obscuro.

O nível reflexivo, em debates e comentários expostos na cena é puramente metatextual nos intermitentes momentos do texto de Daniel Porto.

Através das novas diretrizes educacionais exigidas, Daniel, se apodera do corrompido método, para escrever e propor em “aula-espetáculo”, a sua, a nossa, indignação tão presente, que acaba perpetrando o ódio, a violência, que nos assola descaradamente.

Um texto atualíssimo e mais do que necessário.

O ajustamento texto e atuação é de percepção física e emocional.

Alexandre Lino com sua tranquilidade nervosa, agregado à sua perspicaz habilidade cênica, faz o professor Humberto Arthur Emílio Ernesto Baptista, eivado pelo sistema moldado. Alheado, como um neófito, num dogmático detalhamento de uma personagem que apostamos piamente que ele acredita, ditando as novas diretrizes.

Em taxativo momento, Lino se propõe e faz acontecer, e se emociona no final com os depoimentos dos alunos-espectadores.

A personagem tem dignidade numa construção envolta e permeada de talento fidedigno.

Confiram a simplicidade em grandeza cênica credível.

O “SUBSTITUTO” coloca na cena um professor no papel de um fantoche, ou ele acredita mesmo no que está impondo? Manipulado e se prestando a manipular? 

Um lavagem cerebral nociva. Um ingênuo, ignorante? 
Reflitam! Pensem! Assistam! 

Essa que é talvez a mais retumbante das profissões, que pode ter repercussão a fazer enormes mudanças.

Senso crítico nos faz transcender à limites inesgotáveis.

Estamos vivendo uma história de manipulações, ultrajamento. Doenças racionais, emocionais mórbidas. 

Apesar de toda tecnologia que seria para nos amparar, desarraigar, está quase impossível crer.

A educação e a cultura seriam os instrumentos, às vias, para se evoluir, alcançarmos o almejado.

A cultura nos ajudaria aniquilar qualquer tipo de estagnação nas máquinas racionais, nos movendo emocionalmente ao encontro do nosso eu, mudando e elevando nosso pensar, nosso senso crítico, rumo às oportunidades e liberdades

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