Crítica Teatral da obra-prima literária: “O ANJO DO APOCALIPSE”

– Crítica Teatral da obra-prima literária:
               
“O ANJO DO APOCALIPSE” (Literatura de Clovis Levi).

UM APAIXONADÍSSIMO AMOR EM POESIA, NUMA FÚRIA VISIONÁRIA DO INÍCIO AO FIM DOS TEMPOS, EM AFLUÊNCIA COM A NATUREZA(DEUS).

Em cartaz no histórico Teatro Ipanema, a expoente literatura, texto dramatúrgico de Clovis Levi: ” O ANJO DO APOCALIPSE”.
De 07/9 a 07/10. Sexta à segunda feira.
Direção em plena maturação, sensatez cênica, de Marcus Alvisi, com assistência de Joel Tavares.
Belíssimas fotos de Pablo Henriques.
Direção de produção: Humberto Braga, com a competência e profissionalismo na assistência de produção de André Julião, a quem, aproveito, para agradecer, o convite enviado, com release e fotos.

“Zahra e Eliakim são um casal apaixonado que vem atravessando os tempos, morrendo e renascendo, um em busca do outro. Agora, no século XXI, Zahra é uma árabe da Palestina e Eliakim um judeu, que vivem um amor impossível. Em seus conflitos particulares, querem transformar suas realidades, mas acabam sendo movidos por suas respectivas obsessões: a criação do Estado Palestino ( para Zahra), e a permanência e a segurança do Estado de Israel (para Eliakim). O Anjo Guerreiro, que vive numa dimensão diferente da que eles se encontram, acompanha e comenta a saga do casal, fazendo paralelos com histórias passadas em diferentes momentos da humanidade, como o nosso, por exemplo”.

O espetáculo se coloca no desnudamento das três religiões imperativas; Cristianismo, Judaísmo e Mulçumana, que vieram para professar, reger, educar povos, e se destricharam em comandos cada vez mais contestáveis em suas pregações. Ai daquele que não possui discernimento.
Na dramaturgia de Levi, no seu poema, drama, tragédia atual e ocidental, o que se vê cênico e interpretado, é o poder da alma religiosa, querendo apontar os caminhos. A religião regendo uma orquestra em compassos de exclusões. Um “Deus” da exuberância, muitas vezes contestado ironicamente e com maestria pelo personagem Anjo Guerreiro, incisivo, brilhante, de Marcello Escorel; O Anjo Guerreiro de um ator em humor e disposição de espírito, comandado pela sua irônica inteligência literária e atoral.
Um espetáculo em carpintaria teatral abismal, criativa, num muito bem controlado arrebatamento emocional.
Um fluir manando abundantemente, a entrega “corrida”, em um texto além do que se poderia esperar.

Trilha sonora por Marcus Alvisi e Joel Tavares ilustra bem a proposta.

Maria Duarte em linda criatividade em seu figurino contemporâneo, e forte “apelo” cênico. Perfeita adequação.

A cena final se potencializa, também, pelo exuberante visual que vê nas asas do anjo confeccionadas na sensibilidade de Maria Adélia.

José Dias, um dos meus grandes Mestres, e realmente o foi, em minha formação, pondera sua cenografia, onde o menos, sublinha o todo, sem desvanecer seu acentuado trabalho cênico.

A presença de Aurélio de Simoni, em sua luz que matiza as emoções múltiplas, é de um encantamento e desvendamento impactante.
Bravo!!!

Marcus Alvisi alcança as entranhas em emoções e marcações cênicas, em primoroso estado de espírito subsumido nesse trabalho pertubador, em vertigens necessárias.
Se encontra em corpo e alma com os atores, texto e espectador. Um maestro Obrador que se coloca num compromisso desafiador, denso, e leva a encenação a comoventes  momentos.

Obra-prima da literatura dramaturgica, em sua visionária ligação do início ao fim dos tempos, permeando a natureza, Deus e sua consequências ; Clovis Levi.
Levi provoca um furacão através de sua escrita, onde a tempestade sentimental aguça uma reflexão aprofundada.
Uma obra metatextual de linguagem nada obscura, que Clovis Levi apresenta na sua compreensão dos tempos passados e vindouros.
Uma narrativa polissêmica de visionária pertubação para nos sacudir. “Tudo começou no Oriente Médio, e tudo vai acabar no Oriente Médio”.
Um desnudar do início, meio, e do fim? A fúria em espasmos, num amor, muitas vezes impossível, em ironia, com uma libido comprovadamente em cena, nos mostrando o quanto é prazeroso, e é sim prazeroso ver Zahara e Eliakim, ter um orgasmo quase impossível. Um orgasmo que se materializa nas personagens que se encontram e se desencontram, porém, fazem de seus desejos um encontro de almas.
Como diz Clovis Levi: 
“Tudo começou no Oriente Médio, e tudo vai acabar no Oriente Médio”.

Os atores em onipresença absoluta, imbuídos de uma telúrica atitude cênica, urdida pela dramaturgia e direção; Marcello Escorel, Juliane Araújo e Daniel Dalcin.
Uma irrupção necessária e surpreendente.

Juliane Araújo e Daniel Dalcin encoleram-se com doação interpretativa, em geniosos corpos e almas que se devoram em desejos incontroláveis, mesmo com personagens em propósitos divergentes.
Juliane, são os neurônios. Daniel, os músculos. Em questão de segundos, esses papéis se invertem, em seus choques existências, se concebem em talento para a cena tão bem engendrada, dirigida.†††

Marcello Escorel é o “Querubim mais prestigiado das milícias celestiais”. Não poderia haver definição mais perfeita.
Carisma, humor espirituoso, vocação, enfrentamento à natureza(Deus).
Esse é o personagem que Escorel felizmente arrematou e concretizou. Sublinha correção nas relações sociais, com atrevimento e sinceridade. Bravíssimo!!!!

Imperdível! “O ANJO DO APOCALIPSE”.

” O que se vê agora, em toda à terra, é a cólera de Deus. Muito choro em um interminável ranger de dentes”.

“Em algum tempo muito distante, descerá dos céus uma cidade nova – uma santificada Jerusalém. Mas, até lá, a voz de harpistas, a voz de violinos, a voz de tocadores de flautas e de clarins, jamais, jamais, em ti ouvirá”(…).

Como já disse:                           
UM APAIXONADÍSSIMO POEMA DE AMOR, NUMA FÚRIA VISIONÁRIA DO INÍCIO AO FIM DOS TEMPOS, EM AFLUÊNCIA COM A NATUREZA, DEUS.

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