– O Blog/Site, continua sua série de entrevistas, com artistas expoentes do cenário teatral e da dança. Dando luz e visibilidade à trajetória e projetos tão necessários. Entraremos agora no universo da dança.
Victor Ciattei – Licenciado em Artes, bailarino, professor de dança, ensaiador, e detentor do seu atual projeto audiovisual: “Além da Tela” – onde em tangível criatividade, transpõe reluzentes telas de expoentes da pintura, para corpos coreografados de bailarinos viripotentes.
– Formou-se em Graduação em Artes em 2017, cursando disciplinas como: Dança, Antropologia, Ética, Estética Artística, Música, História da Arte, Folclore, Cultura Brasileira, Educação Patrimonial, Teatro, Políticas e Metodologia da Educação, entre outros.
– Bailarino formado pela Escola de Danças Maria Olenewa. Estudou na Instituição com Alain Leroy (Ópera de Paris), Renato Magalhães, Ivan Benitez, Sérgio Lobato, Paulo Rodrigues, Jacy Jambay, Teresa Augusta, Paulo Melgaço, Elizabeth Alexandre.
Professor e coordenador da Âmbar junto com Ana botafogo
Integrou a Cia. Jovem do RJ, Faculdade Angel Viana. Estudou e trabalhou com Maria Vakhrusheva, Piotri Russanov (Vaganova, Rússia), entre outros.
Professor da Escola Estadual de Danças Maria Olenewa.
Como bailarino esteve na Cia. Jovem do RJ, sendo assistente de Mariza Estrella e Dalal Achcar.
Integrou a Cia. Pulsar, grupo profissional de renome na dança com cadeirantes.
Passou um período de contrato estagiário no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e teve a oportunidade de dançar valiosos ballets de repertório como: “O LAGO DOS CISNES”, de Yelena Pankova, e “O QUEBRA NOZES”, de Dalal Achar. Dançou também no glorioso palco do Municipal, “COPPÉLIA” de Enrique Mmartinez, “GISELE”, de Peter Wright, e a “ÓPERA FIDÉLLIO, de Beethoven.
Com a emblemática ANA BOTAFOGO, participou do espetáculo Marguerite e Armand.
Trabalhou com ANA BOTAFOGO como partner Ensaiado e Bailarino. Eventualmente é ensaiador de ANA BOTAFOGO em eventos.
Lecionou no Centro de Artes Nós da Dança, de Regina Sauer.
Preparador de bailarinos para concursos nacionais e internacionais, onde é professor e ensaiador – Grupo Cultural de Dança da Ilha, sob direção de Patricia Marques.
Professor e Ensaiador do Ballet Jovem de Niterói, dividindo a Direção Artística com Cristiane Quintan.
Ensaiou e coreografou para Cícero Gomes, Karen Mesquita, Mel Oliveira, Marina Duarte e Liana Vasconcelos.
Victor Ciattei, atualmente desenreda – sendo detentor, criador, diretor e coreógrafo – do projeto “Além da Tela”. Projeto esse que me encantou, como ator, bailarino, coreógrafo e crítico de teatro e dança, desse Blog/Site que vos fala.
Na verdade, “Além da Tela” tem criação conjunta com Bianca Victal e Mariana Rodrigues (bailarinas do projeto).
“Além da Tela” tem uma ousadia em sua tessitura de beleza e delicadeza ímpar. Com intuito de, através de renomadas obras de arte – Telas, artes plásticas – colocar na cena audiovisual, corpos em movimento, sensações, contornos dramáticos e coreográficos seivosos, em licença poética inventiva e polissêmica – mistura de linguagens dando ao trabalho uma pluralidade necessária e urgente de sentir, ver, e se encantar.
“Além da Tela”, quer suscitar, provocar o espectador a imaginar, que histórias se escondem por trás das telas “esculpidas” por gênios.
O projeto conta com a participação de artistas de renome do cenário artístico nacional e internacional.
No meu olhar “Além da Tela” é uma empreitada artística como um apaixonadíssimo poema de amor, com lirismo, entrega, pouco submisso às regras, reinventando um novo fazer artístico.
Mais abaixo Victor Ciattei, irá esmiuçar esse reinventar artístico, que possui um cabedal de informações de total sensibilidade.
– Entrando na necessária entrevista com Victor Ciattei:
– Fachetti: Dentre os cursos da sua Graduação em Artes, citados acima, discorra sobre um deles, ou mais de um, que influencia sempre, de forma inevitável em suas criações, e sua importância no seu desenvolvimento como ser humano.
Victor Ciattei – Fachetti, considero que tudo que fiz para aprender, ainda hoje, é fundamental como embasamento na construção artística, tanto no que diz respeito à docência, quanto a criação. O curso técnico em danças, certamente me especializou para meu ofício de bailarino, e abriu um caminho para minha forma de enxergar a arte. Mas, certamente, fazer uma Graduação em Artes e Licenciatura – permitiu que meu horizonte se ampliasse a níveis artísticos, técnicos, e principalmente éticos. Além disso tudo, provavelmente eu ainda considere a vivência com meus alunos, colegas de trabalho e bailarinos, o que mais me acrescenta como ser humano. É um aprendizado constante e mútuo, e isso não tem preço.
– Fachetti: Nos cite nomes que atravessaram sua formação, que foram imprescindíveis na sua carreira, e quais os sentimentos em relação a eles, o acompanha até hoje.
Victor Ciattei – É muito difícil dar nomes numa trajetória, mesmo que ainda relativamente curta; mas vamos lá! Tive um professor na Escola de Danças, chamado Alain Leroy – que foi bailarino da Ópera de Paris – que sempre me apoiou, e viu futuro em mim.
Como professor, com certeza Sra. Maria Luisa Noronha, à época diretora da Escola de Danças da qual fui professor, e onde aprendi tanto. Minha família, que teve importante papel na minha formação como ser humano, o que está diretamente ligado ao que sou como profissional. E finalmente, o Cícero (Cícero Gomes, Primeiro Bailarino do TMRJ), que além de meu companheiro de vida, é alguém que me estimula a aprender todos os dias, e com quem tenho o prazer de trocar experiências profissionais.
– Fachetti: O que significa para você ensinar? Embrenhar os corpos, à vida, à alma de seus alunos, mostrando-os todos esses contornos possíveis que nossos corpos possuem, e que infelizmente, poucos sabem dessas oportunidades de valores inestimáveis?
Victor Ciattei – Então Fachetti, você já respondeu parte da pergunta. É realmente fascinante ajudar na transformação de um corpo e guiar suas possibilidades de movimentação. Mas para mim, muito acima disso, está o lado educador do professor, aquele que orienta, que indica o melhor caminho para um destino tão desejado. Lidamos com sonhos, expectativas e para muitos, a única esperança de sucesso para um indivíduo. A maturidade nos faz saber lidar com isso de uma forma mais leve, porém, não com menos responsabilidade. Disse, um dia desses, que ensinar para mim é semear, semear conhecimento, esperança, amor e arte. A boa colheita dependerá de outros tantos fatores, mas certamente é decisivo esse processo que somos responsáveis!
– Fachetti: Sua passagem, especificamente pelo palco sagrado desse templo chamado: Teatro Municipal do Rio de Janeiro, dançando obras inexoráveis. Descreva esses momentos que marcam para sempre nossas vidas – já estive naquele palco, e meu corpo treme, de pensar no tamanho da emoção que me acometeu. Consegue nos relatar as emoções desses momentos, quando se abriam àquela cortina de glórias?
Victor Ciattei – Tive oportunidade de dançar no Theatro Municipal do RJ, primeiro, como aluno da Escola de Danças Maria Olenewa, e posteriormente como bailarino contratado do Corpo de Baile, e bailarino da Companhia Jovem do RJ. É uma emoção da qual não nos acostumamos, a sensação da cortina abrindo e da plateia cheia, é algo que retorna a mente só de lembrar… é um palco que eu respeito muito, e tenho um grande prazer de hoje ser um espectador assíduo, e ainda presente de alguma forma naquele templo.
– Fachetti: Como é dançar, trabalhar, estar, conviver, ensaiar, à nossa emblemática e gigante artista ANA BOTAFOGO?
Victor Ciattei – Sou absolutamente apaixonado pela Ana. Tive o prazer de dançar com ela, ensaiamos bastante juntos, e tive a honra de ensaiá-la também. Hoje somos colegas de trabalho, amigos… O que posso dizer é que a Ana Botafogo é gigante como artista, e seu grande valor como indivíduo é ser simples, humana e um ser carinhoso, de luz. Nem toda estrela é assim, e isso faz com que ela tenha um brilho ainda maior.
– Fachetti: Como chegou, de onde veio, como foi concebido na sua cabeça, criar esse necessário, belo, projeto “Além da Tela – @projeto.alemdatela – em tempos tão cruéis, e de desmontes?
Victor Ciattei – Eu acordei com a ideia na verdade, é até engraçado! Sou ansioso, gosto de estar sempre me ocupando. A quarentena foi, nesse sentido, um desafio para mim. Precisava muito criar de alguma forma, às vezes só aplicar uma matéria pré-estabelecida é entediante para o artista. Acho que foi uma forma de exercitar o dom de criar, não somente coreografias, mas produzir como um todo. As vezes precisamos de uma oportunidade de exorcizar os sentimentos não desejados, e espalhar os mais nobres… a arte é minha ferramenta para isso!
Tela e Vídeo 01 – “Moça com brinco de pérola”,
De JOHAMES VERMER – bailarina: Mariana Rodrigues
Música: SATIE, ERICK.
@projeto.alemdatela
– Fachetti: “Além da Tela” tem criação conjunta com as bailarinas, que o integra, Bianca Victal e Mariana Rodrigues. Qual o tamanho do envolvimento delas nesse acontecimento que nos toca tanto quando assistimos? Sendo que, são excelentes bailarinas, e “saem das telas” com o compromisso de retratar uma obra de arte, fazendo a conversa dialógica com o espectador.
Victor Ciattei – A Mariana e a Bianca são minhas parceiras de verdade no projeto! Tive a ideia e as chamei para entrar nessa viagem comigo, não só como bailarinas, mas também na criação, edição, fotografia. Não seria possível sem elas. Eu faço a direção artística, mas o sucesso dos vídeos, só é possível, porque elas estão comigo, decidindo junto, realizando… E claro, interpretaram brilhantemente os quadros escolhidos para elas. São profissionais incríveis, além de grandes amigas.
Tela e Vídeo 02 – “Abaporu”, de TARSILA DO AMARAL. Bailarina: Bianca Victal Música: VILLA-LOBOS.
@projeto.alemdatela
– Fachetti: Por enquanto, existem quatro vídeos desse projeto audiovisual. Como diretor, coreógrafo, o que cada um desses bailarinos viceja em sua alma, e em seu corpo também de bailarino? Irei além disso; me defina em uma palavra, para cada bailarino, o que você sente quando os vê “saindo da tela” – Bianca Victal, Mariana Rodrigues, Rui César e Cícero Gomes.
Victor Ciattei – Que difícil! Cada tela foi para mim uma proposta e um sentimento diferente, vou tentar denominar cada bailarino de uma forma. A Bianca Victal, uma bailarina brilhante, visceral, que se movimenta como poucos. A Mariana Rodrigues, exala arte pelos poros, é tudo tão plástico, verdadeiro e suave, que me inspira. O Rui César é um grande talento da nova geração, seu corpo se mexe maravilhosamente bem, e ele é poesia pura. Para terminar, o Cícero, eu sou suspeito. Foi o quadro mais difícil de coreografar, porque a intimidade é outra, e me senti com uma grande responsabilidade de realizar algo à altura. O Cícero é um bailarino muito especial -ousaria dizer que ele é a própria arte. A arte dele é comprometida, verdadeira, intensa. Amo a arte desses quatro. E o próximo elenco também é de peso!!!
Tela e Vídeo 03 – “O semeador”, de VICENT VAN GOGH. Bailarino: Rui César
Música: DEBUSSY CLAUDE.
@projeto.alemdatela
– Fachetti: Terminando essa emocionante, e prazerosa entrevista, escreva com seu coração, o que é o projeto “Além da Tela”, e que caminhos que pretende que ele trilhe. Quais são as veredas, que você, enquanto homem e artista, almeja para esse NECESSÁRIO trabalho. Destrinche essa “intertextualidade em movimentos” – criado a partir de algo já existente.
Acho que o Projeto Além da Tela está conquistando admiradores, por que ele é como a vida: nada é exatamente como se vê. Por trás do que você enxerga, há um contexto, uma história, ou simplesmente um delírio de artista, e o projeto ousa propor um “por trás” da tela, sendo que esse pode ter inúmeras interpretações! Essa é a mágica da arte, poder transportar o ser humano para onde ele quiser, acreditar, ou temer. Pretendo que o projeto tenha uma vida longa, estamos, eu e a equipe trabalhando para fazer uma segunda temporada linda e tão emocionante como a primeira foi! Aproveito para convidar quem não conhece a visitar nosso perfil no Instagram, o @projeto.alemdatela, e mergulhar nessa viagem nossa. Um sonho, é que o Mundo todo conheça nossa proposta – e vivencie a arte que temos realizado – e principalmente, continuar fazendo tudo com amor, humildade, paixão! Nós sempre colhemos, materialmente ou não, o que plantamos com amor, isso é uma certeza.
Tela e Vídeo 04 – “O Grito”, de EDVARD MUNCH”. Bailarino: Cícero Gomes.
Música: DEBUSSY.
@projeto.alemdatela
Essa foi a comovente entrevista – com esse homem/artista de olhar visionário. Aproveito para corroborar, ratificando, que visitem, se deem a oportunidade de conhecer esse projeto de contornos de beleza abissal. Sim, visitem o perfil no instagram desse trabalho artístico necessário – @projeto.alemdatela.
Dando continuidade às entrevistas necessárias, o Blog/Site, retorna ao universo teatral, com o surpreendente ator e diretor – Bruce Gomlevsky. Imperdível!
Espero vocês, que também são necessários.
1 Comment
Regina Cavalcanti
Linda entrevista! Adorei saber mais sobre a carreira de Victor Ciattei.