CRÍTICA TEATRAL presencial – Por: Francis Fachetti.

– Crítica Teatral:


Espetáculo/Show Teatral:


“Bruce Gomlevsky canta John Lennon”.


Os beatlemaníacos – Bruce e Nicholas -, pai e filho, com momentos de reminicências, em verdades observadas na alma cênica, construídas na caixa cênica, em compassos dramáticos ou em vertigens, numa rememoração habilidosa.

Bruce Gomlevsky e Nicholas Gomlevsky.


Depois de meses, desde março/2020, o Blog/Site, de forma presencial, no aconchegante Teatro Petra Gold, resenha sobre:
“Bruce Gomlevsky canta John Lennon”.
Em cena, pai e filho, apaixonados por Beatles/Lennon – Bruce e Nicholas Gomlevsky.
Dramaturgia de Daniela Pereira de Carvalho.
O espetáculo fica apenas 03 dias de dezembro – 08, 13 e 20, presencial e online.
Bruce em 25 canções de Lennon, se imiscuindo em sua vida pessoal e profissional, se colocando nos anseios, verdades e obra que não desvanece, de John, e na influência em sua vida e carreira.


2020, encaixando-se nos relatórios/diários de um ídolo que arrebatou gerações, marcou e continua comovendo, com suas colocações inflexíveis, necessárias; senhor de si e de suas atitudes e criações revolucionárias.
A inquietude de uma vida inteira, assumindo um diálogo direto com suas decisões, a profundidade de seus desejos; numa busca voraz com pertinência sempre na atualidade.
John assumiu em suas músicas, poemas, filmes… um lado de personalidade solitária, simultânea a frivolidade do mundo – totalmente submerso, sem artifícios, para atingir o tamanho de sua luminosidade humana e artística.


O espetáculo é uma confluência de verdade cênica, com o público, sem acomodar-se nos esgares de Lennon, sem nenhuma sorrelfa.
Uma ode comovente nas presenças da arquitetura cênica construída, elenco apaixonado pelo estilo musical que marcou época e influênciou almas e vertentes no urdimento de seus compassos – “Rock in Roll”.
O espetáculo, a cena, as músicas se amarram nos “silêncios”, nos intervalos da narrativa dramática, misturado a uma alegria momentanea e urgente – na banalidade e ociosidade dos profundos desejos e buscas – no subtexto da dramaturgia retratando os anseios do ídolo de uma época.
Um espetáculo/show, na teatralidade “Bruciniana”, de um operário da arte, que coloca as músicas como protagonistas absoluta.
Em cena uma autobiografia Bruce/Lennon, contornando intimamente ânsias de artistas apaixonados pela vida, pela arte, por sua personalidade estoica.
As letras de Lennon se desenrolam numa comunhão lírica e frenética, num desenfreado musical comandado pelas presenças convergentes de pai e filho, e suas maneiras de executar a arte.
Etéreo – delicado, com a pureza das emoções teatrais, e a força redentora da retórica musical – daquele que desfez os nós em suas letras e atitudes; assim se define esse espetáculo/show teatral.
Uma das coisas que mais me tocou enquanto público, artista, crítico, é a percepção, a “ideia cênica”, através da total confluência do protagonista estar o tempo inteiro num elegantíssimo terno branco, e com os pés no chão. Descalço. Desnudo.
O simbolismo disso é a identidade que Lennon vorazmente buscava para sua vida – Liberdade -, sua personalidade musical transformadora, e o que tudo isso desencadeou – uma empatia artística e existêncial que John Lennon presenteou ao mundo.
Pés desnudados em pura poesia transformadora.
Abaixo as músicas, na cena teatral, que mais se encontram, e se encontraram com meu momento emocionado do espetáculo, e no meu olhar, nesse instante de acontecimentos que nos acomete:

– Mother
– Help
– A cross the universe
– Revolution
– Give Peace a chance
– Woman
– Jealous Guy
– In my life
– Imagine
– All you need is love

Em cena: Bruce e Nicholas Gomlevsky.

 

Daniela Pereira de Carvalho, através de aclarada pesquisa – entrevistas, cartas, biografias – nos dá com sua dramaturgia a dimensão de sua retórica simples, pontuada nas passagens marcantes de John, nos colocando num recorte exato de entendimento cênico de vida e obra do artista, no sublimar da cena. Engrandecendo texto e o protagonismo de todo o espetáculo, principalmente, adequando Bruce à sua forma de “engolir” o palco, os signos teatrais; desencadeando sua inoculação com o público.
A iluminação de Russiho, já está arraigada nos pensamentos “Brucinianos”.
Matizada nos momentos exatos, dando o ajustamento do clima e do sentimento, instante, compasso/musical.
Potente nos átimos de reflexão e nostalgia, sem querer/querendo dando forma, movimento, num alcance abstrato ou de realidade possante. Bravo!


Sempre faço essa pergunta, em minhas críticas, quando algo em cena me chama muito a atenção: O que é Nicholas Gomlevsky?
Um “espectro” que é tudo; um tudo traduzido em celestial. Um anjo pianista/violão, que diz nos dedos: sim, posso te acompanhar papai consagrado e experiente. Só tenho 18 anos, porém, tenho algo divino – seu sangue, sua vocação e seu talento.
A acepção Bruce/Nicholas é linda de ver!
A força das composições de Lennon, flui e entra nos nossos corações; empatia presencial e musical.
O dedilhar de Nicholas – preciso, erudito, nos arroubos de John.
Bravíssimo pequeno enorme NECESSÁRIO!

Em cena: Nicholas Gomlevsky.


Bruce Gomlevsky não é Lennon na cena. Um beatlemaníaco empoderado na sua simplicidade teatral, realizando o desejo de dizer o que John diz, em suas sublimes elevações de compositor.
Em defesa da mulher, se inspirando em contos infantis, defedendo àqueles a quem ele é leal – sim, equidade cênica na cunplicidade de quem se joga no abismo; palco, plateia, coragem e ousadia.
Bruce coloca-se como olhando-se de frente, encarando-se sem medo, afrontando-se no âmago de um instante de clara emoção em suas minimalistas versões corporais, e seu respirar nostálgico que nos faz o acompanhar e confiar na sua cena fidedigna.
Gomlevsky oferece um lídimo – autêntico, genuíno – potente show/espetáculo teatral, com sua presença sempre crível, vocação
envolvente, e uma voz adequada em graves e agudos, acompanhando o dedilhar de seu filho, no piano e violão.

Bruce Gomlevsky.


“Bruce Gomlevsky canta John Lennon”, amalgamando sangue – pai e filho – atualidade e empatia.
É um triburo, descortinando angústias, amores, valores; tanto de Lennon, como de Bruce, que se perpetraram até esse momento caótico que estamos presenciando.
Marca a lancinante força de um cenário musical imperativo para todo o sempre.
Como já disse:
Os beatlemaníacos, em verdades observadas na alma cênica, construídas na caixa cênica, em compassos dramáticos ou em vertigens, numa rememoração necessária.

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