O Blog/Site foi buscar em Paris, respaldo para contextualizar uma das latentes e significativas dramaturgias que nos acomete na atualidade, locupletando/enriquecendo nosso conteúdo, em uma surpreendente entrevista, com um artista franco-uruguaio – que me deu a honra de estar presente aqui, com sua abarcadora e opulenta carreira, através de seus escritos literários de ourivesaria.
Atualmente, reside na França/Paris, depois de estudar filología clássica e direção teatral.
Diretor da COMPLOT Company of Contemporany Art Performing Arts e detentor de diversos prêmios em vários países.
Entre suas obras mais conhecidas estão: “Kiev”; “Opus Sextum”; “Díptico – vol. 1 e 2”; “Kassandra”; “Elsalto de Darwin”; “Tebas Land”; “A Ira de Narciso”; “O Bramido de Dusseldorf”; “Cuando Pases sobre mi Tumba”; “Cartografia de uma desaparição”; “Tráfico”; “Memento Mori”, dentre muitas outras.
Especializado em Sistemas de Escrituras Performáticas, desenreda uma profunda atividade acadêmica nas concretizações de colóquios – seminários, cursos, conferências… em universidades e instituições da Europa e latino-americanas.
Realiza uma pesquisa de imersão aprofundada em um levantamento cênico ao redor de um tema que permeia suas obras literárias, levando-as para a cena teatral: Autoficção – dizer-se no paco.
Liberdade é sua palabra-chave, tanto no pessoal, como em suas contundentes narrativas de reflexões, caminhando para o estudo da existência do ser, buscando entendê-lo – em uma literatura de demasiado desbragar, libertar-se, desregrar-se, tornar-se libertino.
Ele diz: “Meu grande Mestre foi um brasileiro – Aderbal Freire Filho”.
Esse homem/artista que conquistou o mundo, merecendo toda nossa deferência pelas suas obras literárias chama-se:
Sergio Blanco – Dramaturgo e Diretor Teatral.
“A arte do ator é nos fazer esquecer de quem somos”.
“Sempre me atraiu o que não sou eu, o que não é. Tanto os artistas, que estamos deste lado do palco, quanto os espectadores, todos nos encontramos no acontecer teatral para deixar de ser. Comecei a experimentar tudo isso desde muito pequeno.
“Ser” é insuportável. É muito melhor “não ser”.
Sergio Blanco
Entrando na – Entrevista NECESSÁRIA – com Sergio Blanco:
F.Fachetti – Gostaria que pudesse nos aclarar como se desenreda a profunda atividade acadêmica nas concretizações de colóquios – seminários, cursos, conferências -, em universidades e instituições da Europa e latino-americanas. Qual a essência desses encontros? Você aborda a Conferência Autoficcional, narrativa tão latente em suas obras?
Sergio Blanco – A atividade acadêmica é essencial para mim, é um ponto de encontro com os alunos que me leva a ter que revisar constantemente os conhecimentos.
Ao longo dos anos e da experiência, percebi que o conhecimento é biodegradável, que muda e se altera permanentemente. Muitas das coisas que trabalho com os alunos, levo para trabalhar com minhas equipes de intérpretes e designers, e vice-versa. Muitas das coisas que trabalho com minhas equipes 4 artísticas, levo para o plano acadêmico para investigar e estudá-los. Criação e academia são dois espaços que estão em constante diálogo comigo. Eu diria que a essência desses encontros acadêmicos é aprofundar as pesquisas e, acima de tudo, levantar novas questões, que é o que me leva a criar.
Um dos espetáculos da trilogia do dramaturgo: “Celebração da Morte”.
“Memento Mori”: Celebração da Morte”, com Sergio Blanco em cena.
Duas de suas obras literárias.
Espetáculo: “Cuando Pases Sobre Mi Tumba” – Tour América Latina.
Espetáculo: “O Bramido de Dusseldorf”.
“O Bramido de Dusseldorf”.
“Em “O bramido de Düsseldorf”, seu pai enfartava e morria durante uma viagem de trabalho que fizeram à Alemanha.
Mesmo quando o espetáculo chegava ao fim, todas as versões criadas em cena permaneciam possíveis. Seu pai podia ainda estar vivo. Não se trata nunca do que aconteceu, mas de sua representação. Foi preciso encenar o seu fim.
Seu teatro autobiográfico não parece lidar apenas com pressupostos estéticos, mas também éticos”.
“A Ira de Narciso” – Londres. Em cena o ator britânico Sam Crane.
EM Bilbao – Espanha.
Espetáculo: “Barbárie”.
Espetáculo: “Barbárie”.
F.Fachetti – Qual foi seu olhar na montagem brasileira de “A Ira de Narciso”, com direção de Yara de Novaes, e a necessária e impactante ressignificação atoral por Gilberto Gawronski? Você disse em uma entrevista que achou a direção de uma beleza extrema, no trato com a violência. Também diz sobre Gilberto: “Como pode ser tão genial?”. Desenvolva esse seu olhar sobre o espetáculo para nós.
Sergio Blanco – Foi uma experiência maravilhosa: ver tanta beleza cênica foi algo comovente para mim, mas também foi comovente ver a entrega de Gilberto, que é um dos maiores intérpretes que já vi.
Quando você vê Gilberto atuar, tem a impressão de que está vendo o cerne do teatro. Gilberto não atua, ele se sacrifica no palco – ele está ali na nossa frente e se entrega de corpo e alma com incrível paixão.
Gilberto é o teatro em todo o seu esplendor: a força do aqui e agora. Me apaixonei pelo trabalho dele, que me marcou muito – me marcou no meu corpo.
Quando você sai para ver apresentações como a do Gilberto, você leva algo não só na alma, mas também no corpo. Isso aconteceu comigo.
O trabalho de Yara é incrivelmente inteligente. Sua direção de atuação, sua encenação, suas decisões de palco são brilhantes e deslumbrantes. Em seu 15 cenário há uma leitura extremamente inteligente, sensível e arriscada do meu texto.
Criadores como Yara e Gilberto corrigem e melhoram o que se escreveu. Os dois são o exemplo de que a cena corrige a dramaturgia. Estou muito grato à eles. E é claro também o Celso Curi, que foi quem teve a ideia de fazer tudo: foi ele que reuniu todos nós, foi ele que teve a ideia original.
Celso Curi é uma daquelas pessoas que trabalha nas sombras e que torna o teatro possível.
“A literatura e a violência tem uma relação profunda, tornando essa violência tão necessária”.
“O discurso literário em oposição ao acadêmico revela imprecisão, confusão, mentira. Que esse discurso seja de alguma forma o meu corpo”.
“A Ira de Narciso”, com Gilberto GaWronski. Direção: Yara de Moraes.
Gilberto Gawronski.
Ira de Narciso é um monólogo autoficcional do consagrado dramaturgo uruguaio. Gilberto Gawronski, sob direção de Yara de Novaes encabeça a montagem brasileira, idealizada por Celso Curi, que também assina a tradução do texto.
Seguindo a linha de autoficção de Sergio Blanco, “A ira de Narciso” é um monólogo em primeira pessoa que relata a permanência do autor na cidade de Ljubljana, onde é convidado a dar uma palestra sobre o famoso mito de Narciso.
A partir da descoberta de uma mancha de sangue no carpete, o relato da viagem profissional e dos encontros amorosos dá lugar a uma intriga policial obscura e inusitada.
Alternando sutilmente narração, palestra e confissão, a “Ira de Narciso” é uma jornada fascinante e arriscada que conduz o espectador num confuso labirinto do eu, da linguagem e do tempo.
Gilberto Gawronski – “A Ira de Narciso”.
F.Fachetti – LIBERDADE, è a palavra-chave para Segio Blanco, tanto na vida pessoal, quanto nas narrativas de obras com discursos de reflexões para podermos transcender. O “Vale tudo” na cena teatral é crucial para a criação, sem leis, regras… Incrível também quando você diz: “Ser” é insuportável, é muito melhor “Não ser”. Pode nos dar o prazer de desenvolver essas afirmações, esses pensamentos libertários que nos tira da zona de conforto?
Sergio Blanco –A liberdade é essencial para mim. Recentemente, um de meus sobrinhos me disse que se sentia à vontade e por isso podia fazer o que quisesse. Eu disse que não, que me parecia que ele estava errado, que liberdade não era “fazer o que você queria”, mas que liberdade era que ninguém poderia forçá-lo a fazer o que você não tinha vontade de fazer.
Isso para mim é a chave não só na minha vida cotidiana, mas também no meu trabalho criativo: ninguém me obriga a fazer nada. Essa é a experiência da liberdade, para mim.
No que se refere a “ser” e “não ser”, com efeito ter que “ser” tem algo de complexo pelo simples fato de existir e viver tem suas complicações, por isso, a experiência artística e o mundo da ficção (diz-se “não ser”) interrompe de alguma forma essa existência: é como uma pausa.
Hamlet se pergunta “ser ou não ser” e gosto de responder que é possível “ser e não ser” ao mesmo tempo.
Autoficção no palco.
Espetáculo: “Tráfico”.
“Tráfico”.
Espetáculo: “Tráfico” – Festival de Teatro Alternativo de Bogotá. Interpetação de Willderman Garcia Buitrago.
“Pertencer a dois países, duas culturas, duas linguas, é não pertencer a nenhum deles – isso é muito libertador”.
F.Fachetti – “As Flores do Mal”, que escreveu, dirigiu e atuou. “Tebas Land”, que no Brasil teve a direção de Victor Garcia Peralta – assisti e me tocou de forma descomunal. O que achou dessa montagem brasileira? “Kiev”, uma releitura mais atual, que reflete sobre o totalitarismo, uma das formas mais opressivas de poder, onde estamos sendo massacrados atualmente no Brasil, por um governo cruel. Por gentileza, disserte um pouco sobre essas contudentes obras-primas:
Sergio Blanco – Não pude ver a encenação da “Terra Tebas” brasileira. Espero vê-la em algum momento.
Eu ficaria entusiasmado porque eles me falaram muito bem sobre o trabalho.
O Victor é um grande realizador, é alguém com quem é sempre um prazer falar de teatro, arte, vida.
Desde a primeira vez que nos encontramos, ele começou a falar comigo sobre meu texto e me contou coisas muito interessantes que eu não havia pensado. Grandes diretores têm a capacidade de ver coisas que o dramaturgo não viu.
O Victor é um grande profissional, muito comprometido com o seu trabalho e que me merece muito respeito. Espero que eu possa ver essa peça algum dia. Além disso, sei que os dois atores, Robson e Otto, são dois grandes performers. Robson é alguém que também admiro muito e com quem espero continuar trabalhando. Por enquanto não posso falar muito, mas um outro texto meu vai ser lançado em breve, e isso me deixa muito feliz.
Quanto a “Kiev”, pude constatar há alguns anos e foi um trabalho muito interessante de toda uma equipe de pessoas muito talentosas.
“Kiev” é um texto que pertence a outra época do meu trabalho criativo e também é interessante ver textos que se escrevia há anos e agora escreveriam de forma diferente.
Quando se trata da situação pela qual o Brasil está passando, acho que é algo profundamente aterrorizante e perturbador. Espero que esta experiência desastrosa possa ser um sinal de alarme para todos, e que possamos compreender que ninguém está protegido dos governantes fascistas. Espero que esta página possa ser virada o mais rápido possível e que este país que tanto admiro possa emergir desta administração sombria, perigosa, perversa e desumana.
Tenho muitos amigos no Brasil e penso muito em tudo que eles estão passando. O Brasil sempre foi um exemplo para a região e para o mundo: um exemplo de liberdade, beleza, cordialidade, elegância, inteligência, e tenho certeza que vai recuperar tudo isso.
“O grande ator não apenas deixa de ser ele, mas produz algo nos espectadores para que também deixem de ser eles. O grande ator é um interruptor de identidade”.
“As Flores do Mal”, em cena Sergio Blanco.
“As Flores do Mal”.
“Tebas Land” – Metalinguagem inspirada no mito de Édipo.
“Em Tebas land, o pai morto é um homem torpe, cruel, que nunca amou o filho. Conforme avança o relato, seu assassinato soa plenamente justificável. Será que isso importa? É a imagem do pai que precisava ser quebrada”.
“Tebas Land” – Otto Jr. e Robson Torinni.
“Tebas Land” – com: Otto Jr. e Robson Torinni.
Otto jr. e Robson torinni.
Espetáculo: “Kiev” – Reflete sobre totalitarismo nos 100 anos da Revolução Russa. Direção: Roberto Alvin.
“Kiev” – direção: Roberto Alvin.
F.Fachetti – Comovente para nós, você dizer: “Meu grande Mestre foi um brasileiro” – Aderbal Freire Filho. Realmente é um Mestre e Maestro do cenário teatral mundial. Nos conte sua experiênia e sua vivência com Aderbal.
Sergio Blanco – Aderbal foi, e continua sendo meu professor porque internalizamos verdadeiros professores como ele, e sempre os carregamos dentro de nós.
Muitas vezes, quando estou escrevendo uma cena, ou quando estou dirigindo uma cena, ou quando estou decidindo um plano cenográfico, penso nele e no meu pensamento consigo dialogar com ele.
Vejo suas peças em Montevidéu desde a adolescência: ver o teatro de Aderbal é assistir a uma grande experiência teatral.
Assistindo aos programas dele, senti a mesma coisa que senti anos depois na Europa assistindo aos programas de Peter Brook ou Pina Bausch ou Ariane Mnouchkine: alguém se sente extremamente feliz por ser humano.
Criadores como Aderbal nos devolvem a humanidade que a vida cotidiana muitas vezes não erradica. E digo isso porque Aderbal fala às partes mais nobres que os humanos têm – inteligência e sensibilidade.
Aderbal pensa no espectador o tempo todo. Fui seu assistente de direção e essa foi minha ótima escola. Lá aprendi tudo que sei. Sem Aderbal, eu não teria sido capaz de fazer nada do que fiz. E o mais maravilhoso é que ele nunca se coloca no lugar do professor, por isso é um verdadeiro professor.
Em Aderbal encontrei um homem inteligente, culto, simpático, elegante e generoso. Quase todos os dias, almoçava e jantava com ele e, mesmo enquanto comíamos, sentia que ele estava me ensinando alguma coisa.
Aderbal não era apenas meu professor, eu diria que era minha escola.
“A arte é um espaço em que não há leis, regras ou códigos”.
Aderbal Freire Filho.
F.Fachetti – O que Sergio Blanco está preparando com a prévia de “Divina Invención” em Madri e a preparação de “Zoo” para 2021?
É confortável para você está em cena como ator?
Sergio Blanco – Neste momento estou a preparar a minha próxima estreia em Madrid que terá lugar em Maio, e que se denomina “Invenção Divina”. É uma conferência autoficcional que encerra a trilogia das minhas três conferências:
A primeira foi sobre violência, a segunda sobre morte e esta será sobre amor.
Hoje em dia eu me pego ensaiando. É um trabalho que exige muito de mim porque não só eu o escrevi e estou dirigindo, mas também estou no palco. E eu não sou um performer, sou apenas um dramaturgo e um diretor, então ter que estar no palco me obriga a fazer muito trabalho e muita concentração, porque não tenho nenhum treinamento.
Em 2021, “Zoo” será lançado – uma autoficção na qual conto meu caso de amor com um gorila.
“A autoficção em minhas obras consiste em cruzar relatos da vida real com relatos inventados. O que mais me atrai é que as coisas sejam e não sejam ao mesmo tempo”.
“Algo muito mais interessante do que a realidade, isso se chama literatura”.
“Meu corpo sempre teve habitado pela violência, me fascina”.
Estreará em maio – Madri.
“A Celebração do Amor”.
Projeto Covid – 451, na Catalunha.
Sobre o dramaturgo e diretor:
Dramaturgo e director teatral, viveu sua infância e adolescencia em Montevidéu e atualmente reside em Paris.
Sempre é o próprio autor que aparece como narrador e protagonista de suas histórias. Joga com as expectativas do espectador e o mantém em estado de produtiva suspensão.
Sergio Blanco é um dos mais importantes dramaturgos latino americanos contemporâneos. De origem uruguaia, formado em filologia e arte teatral, o artista realizou diversos trabalhos como diretor.
Em 1993 ganhou o Prêmio Florencio Revelación e uma bolsa para estudar direção de teatro na Comédie Française em Paris.
Na Comédia Nacional do Uruguai, estreou seus principais trabalhos como: “Kiev”, “Tebas Land”, “A Ira de Narciso” e “El Bramido de Dusseldorf”. Outras obras mais conhecidas são: “Opus Sextum”; “Díptico (vol. 1 e 2); “Barbárie”; “Kassandra”; “El salto de Darwin”; “Cuando Pases sobre mi Tumba”; “Cartografia de uma desaparição”; “Tráfico” e “Memento Mor”.
Por seus textos recebeu importantes prêmios como Prêmio Nacional de Dramaturgia do Uruguai e o Prêmio Internacional Casa de las Américas.
Desde 2008 integra a gestão da Sociedade de Artes Contemporâneas COMPLOT.
Suas obras já estreou na França, Alemanha, Inglaterra Espanha, Itália, Grécia, Suíça, Luxemburgo, Estados Unidos, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, cuba, México, Venezuela, Costa Rica e Peru.
Paralelamente ao seu trabalho como dramaturgo e diretor, dirigiu numerosos seminários e pesquisas em várias cidades latinos-americanas e europeias que sempre culminaram em performances e intervenções públicas de grande convovação.
“A literatura começou desde criança, quando fui me maravilhando com as primeiras leituras de Julio Verne, Kipling, Dickens, Quiroga. Logo descobri que havia algo muito mais interessante do que a realidade, e isso se chamava literatura”.
“No que diz respeito à violência, é algo que também me interessa desde criança porque meu corpo sempre esteve habitado pela violência. Desde pequeno, a violência exerceu em mim um profundo rechaço e ao mesmo tempo uma grande fascinação”.
“Nesta conferência autoficcional, trabalho com dois temas que me são muito próximos e que me interessaram desde sempre. A literatura e a violência têm uma relação profunda: todos os grandes textos da literatura universal abordam o tema da violência porque justamente na literatura podemos ensaiar e provar essa violência que nos é tão necessária, pois forma parte de nossa condição humana.
Faz bem a todos nós contemplar a violência no plano da ficção, ou seja, fora do real, onde a violência é insuportável e destrutiva”.
“A autoficção é esse gênero em que venho trabalhando há alguns anos e que consiste em cruzar relatos da vida real com relatos inventados”.
“O resultado é um texto em que a verdade e a mentira começam a ser uma mesma coisa. Isso é fascinante: perder o limite ou a fronteira do que é real e do que é ficção. Logo, não há mais fronteira. Tudo se confunde em um mesmo todo”.
“Acredito que o que mais me atrai nisso é que as coisas sejam e não sejam ao mesmo tempo. Nesta conferência, tive a ideia de começar a misturar por um lado o discurso académico, que responde a máximas de clareza, precisão, verdade e, por outro lado, o discurso literário, que reponde a máximas opostas, ou seja, imprecisão, confusão e mentira. São dois discursos opostos e antagônicos, e gostei da ideia de que se fundissem em um único e que esse discurso fosse de alguma forma o meu corpo – então decidi chamar esse resultado de “conferência autoficcional” porque vou abordando um tema de forma científica e acadêmica, mas ao mesmo tempo vou mesclando com minha própria experiência pessoal, em que vou falando de temas íntimos e privados, muitos verdadeiros e outros inventados”.
“Acredito que essa mescla de ser franco-uruguaio contribuiu muito para que eu me entenda tão bem com a autoficção. Quando uma pessoa é binacional, no fundo não tem nacionalidade alguma. Com a autoficção ocorre o mesmo, termina-se sem pertencer nem à realidade, nem à mentira. E então, o campo de liberdade é enorme”.
“Não sei descrever muito o meu teatro. Deixo e prefiro que os outros o façam. Em todo caso, estou convencido de que esse caráter de “vale tudo” é fundamental para a criação”.
“Imagens do Silêncio”, é um projeto fotográfico que busca manter a memória viva sobre os nossos desaparecidos pela ditadura uruguaia. Os 196 retratos que a cada 20 de maio lideram a Marcha do Silêncio, são abraçados por referentes de diferentes setores da sociedade com um objetivo em comum:
A defesa dos direitos humanos e a busca de verdade e justiça.
Mural de “Imagens do Silêncio”.
A defesa dos direitos humanos e a busca de verdade e justiça.
Amigos! Na próxima quarta, 21/4, teremos uma – Entrevista NECESSÁRIA – surpreendente em demasiado locupletar/enriquecer.
Amigos! Na próxima quarta, 28/4, direto de São Paulo, voltaremos com uma trajetória desbravadora no universo da dança – com arte flamenca.
O Blog/Site de críticas teatrais e dança, através de seu novo projeto, criado no período pandêmico para dar luz e visibilidade aos artistas do universo teatral e da dança – Entrevistas NECESSÁRIAS – tem a honra de trilhar os valiosos caminhos e circunstâncias de uma mulher/artista ferrenha do cenário da arte flamenca, que foi chanceada como a nossa “História do Flamenco”.
Bailarina coreógrafa, professora de flamenco; preparadora corporal e atriz:
Vera Alejandra.