Entrevista NECESSÁRIA: Ator e Diretor :
CESAR AUGUSTO

“Entrevistas NECESSÁRIAS” – recebe com tapete vermelho – acendendo os holofotes no palco do Blog/Site – expressando muito apreço, um artista que nos diz e faz muitíssimo pela história do nosso teatro.

Cesar Augusto é a potência que faz acontecer o jogo cênico, dentro e fora dos palcos; articulado e conhecedor desse ofício que precisa de muita luz – holofótica, vigorosa e empática.

Um dos responsáveis pela formação da Cia dos Atores, de grandeza particular para as artes cênicas.

Diretor e curador do Tempo Festival (Festival Internacional de Artes Cênicas), no Rio de Janeiro, chegando em sua décima edição em 2019.

Dentre tantos trabalhos de cunho atoral, participou de:

“Conselho de Classe” de Jô Bilac; “Ensaio Hamlet”, que se apresentou nos principais festivais do país, Estados Unidos, Colômbia, Espanha, Alemanha, Rússia, Bulgária e França – onde recebeu o Prêmio da Crítica como melhor espetáculo estrangeiro em 2005. Também, como ator e cenógrafo em “Insetos” de Jô Bilac, dentre outros.

Algumas direções/encenações e adaptações feitas com sua experiência:

“Os Inocentes” de Rodrigo Nogueira e Julia Spadaccini; “LaborAtorial”, projeto colaborativo da Cia dos Atores; “A Tropa” de Gustavo Pinheiro; “Noite em Claro”, indicado na categoria inovação ao Prêmio Shell de Teatro em 2016; “Alair”, com Edwin Luisi; “Crave” de Sarah Kane; “Menines” de Marcia Zanellato.

Seguindo com trabalhos na pandemia, realizou uma imersão audiovisual intitulada “Julius Caesar” – que será a próxima empreitada teatral para 2022.

Acabou de apresentar “Entre Homens”, também em audiovisual, com texto de Rogerio Correa.

Foi efetivado na Faculdade CAL – celeiro de vocações cênicas – como docente na Graduação e na Pós-Graduação em: História do Teatro Brasileiro e Ocidental.

Dentro da linguagem autoral do diretor Enrique Diaz, a Cia dos Atores produz espetáculos em que a qualidade sustenta a experimentação, completando 32 anos.

O público assistirá trabalhos que marcaram época nos trilhos de suas concepções, através do canal da Cia dos Atores no You Tube.

Durante a pandemia a Sede das Cias – Teatro administrado pela Cia – realizou um trabalho de residência artística – abrindo uma série de cursos online, deslocando os artistas residentes para esse formato, todos inseridos no canal You Tube da Cia.

A Sede da Cia está localizada na Escadaria Selarón, Lapa, onde promove atividades como: ensaios, treinamentos, mostras de dramaturgias contemporâneas, apresentações, oficinas gratuitas e institucionais.

Saberemos de todos os pormenores de grande expressão e de extremo necessário, imediatamente abaixo, numa enredada conversa submersa numa sucessão de acontecimentos culturais.

Recebo em – Entrevistas NECESSÁRIAS:

– O Ator; Diretor; Produtor; Cenógrafo:

Cesar Augusto.

Cesar Augusto.

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Cesar Augusto em: “Conselho de Classe”, de Jô Bilac.

Cesar Augusto em: “Édipo Rei” – Direção: Eduardo Wotzik. Foto: Murilo Meireles.

“O Bem Amado” – Direção: Enrique Diaz. Com: Marco Nanini.

 

 

Entrando na – Entrevista NECESSÁRIA – com

Cesar Augusto.

 

 

 

F.Fachetti – “A companhia alia a linguagem autoral do diretor Enrique Diaz a uma equipe permanente de atores à qual se reúne eventualmente um dramaturgo, produzindo espetáculos em que a qualidade sustenta a experimentação. Grupo carioca que está no rol dos mais criativos a partir da década de 1990”. 

Pode destrinchar essa importante descrição da valiosa Cia. dos Atores, acrescentando mais detalhes que a defina?

 

Cesar Augusto – Ao longo do percurso da Cia dos Atores, muitas histórias se passaram, um trajeto extremamente extenso, caudaloso e que passou por muitas geografias distintas.

No início das nossas atividades e criações, Enrique Diaz era o nosso diretor artístico e, com extrema maestria, abria ambientes de criação onde todos nós éramos parte essencial para a construção das nossas criações.

O trabalho coletivo sempre foi preponderante e, realmente, acredito que esta situação criativa que se inspira na escuta e horizontalidade dos meios, se torna  uma janela para  pensamentos artísticos, exatamente pelo fato de que uma construção cênica – como em outros meios e gêneros da criação – necessitam desta liberdade para conseguir alcançar uma proposição mais despida de uma padronização, que pasteuriza os meios que definem ou que desenham o que vem a ser o expressão ou, por assim dizer, o resultado do processo que, de fato, se possa explorar, somar ou, mesmo, provocar.

Um olhar diferenciado, uma percepção lapidada sobre o que for ser lavorado.

O trabalho artístico necessita desta disponibilidade e a força motriz nasce do desejo que, na maioria das vezes vem do indivíduo, neste caso integrante do corpo criativo, que vai se somar aos demais membros deste organismo maior que vem a se chamar grupo, coletivo, companhia, pouco importa o nome. 

 

A Cia dos Atores nasceu desse desejo geracional e artístico de um grupo de pessoas que se reconheceu dentro destas perspectivas e o KIKE, apelido carinhoso para o Enrique, foi um maestro para proporcionar esta sinergia.

Em cena com Malu Gali.

Espetáculo: “Ensaio.HAMLET”. Direção de Enrique Diaz. Cesar Augusto e Felipe Rocha em cena. Foto: Paulo Kair.

Em cena: “Ensaio.HAMLET”.

“O Bem Amado” – Direção: Enrique Diaz. Com: Marco Nanini.

 

 

F.Fachetti – Celeiro de vocações cênicas que não podemos medir na tessitura e construção de trabalhos, a Faculdade CAL te efetiva como docente na graduação e na Pós-Graduação em História do Teatro Brasileiro e Ocidental.

Por favor, comente a respeito dessas formações. Qual sua “pegada” como docente? Onde ela te diferencia?

 

Cesar AugustoA princípio, não tinha no meu horizonte a ideia de me tornar um professor, a ideia de ser um diretor acho, sinceramente, já estava no meu DNA criativo, assim como a minha vocação para ser um “agitador cultural”, palavra que a princípio não gostava e que agora aceito com todas as letras.

Com o passar do tempo, fui percebendo que muitos jovens artistas começaram a passar pelas minhas mãos. A própria Cia dos Atores começou a promover oficinas, cursos e a gente percebeu que, pela nossa própria informalidade formativa, tínhamos muito para trocar, sem precisar ficarmos restritos a quaisquer ideias de uma didática pré-concebida e balizadora. Minha vontade, enquanto professor, é abrir terreno, até mesmo por que, como expliquei anteriormente, esta questão de uma simbiose no trabalho, é questão sinequa non para que todos, dentro da hierarquia do trabalho, tenha seu espaço para interação e escuta.

Depois de um certo tempo de trabalho, já tínhamos a nossa própria SEDE – a Sede das Cias, que este ano completa 15 anos de atividades ininterruptas  – e, a partir deste espaço criado exatamente para ensaios e interações com novos artistas, vimos que havíamos construído um ambiente apto para a formação artística, e em vários campos de atividades da cena (interpretação, direção, produção, dramaturgia, direção de arte) e, neste manancial de trabalho, estamos concretamente abrindo um lugar de fomento e formação artística.

Vale lembrar que, antes de termos a nossa SEDE, já tínhamos a experiência de dirigirmos dois espaços culturais, aqui, na cidade do Rio de janeiro – primeiramente o Teatro Ziembinski e depois o Espaço Cultural Sérgio Porto.

Mas, para encurtar esta “caminhada”, depois de um certo tempo e, após a experiência  com as diferentes oficinas e cursos que desenvolvemos, comecei a perceber que tinha a possibilidade de trabalhar com jovens artistas que tinham um futuro brilhante pela frente, uma configuração artística que merecia, e merece, toda atenção para as suas criações e, foi num desses momentos, onde estava dirigindo o Facó, em seu primeiro solo chamado TALVEZ, que o Gustavo Ariani, um dos diretores da CAL, me convidou para dirigir a uma turma de formandos, e eu dirigi “Memórias de um Rato D’Hotel, peça que depois eu fui recriar, com um outro grupo interessantíssimo, chamada “A História de Dr. António Contada por Elle Mesmo”. A primeira eu dirigi na Casa da Glória e a outra versão no Paço Imperial.

Espetáculo: “A História de Dr. Antonio Contada por Elle mesmo”. Na foto Dani Cavanellas e André Rosa.

 

A partir desta experiência inicial, fui dirigindo formaturas na CAL, hoje já somos mais de uma dezena. Com o passar do tempo, percebi que precisava me graduar para ter mais conteúdo, material e didática para seguir este caminho.

Logo após a minha formatura na CAL, como bacharel, fui convidado a ser professor e continuo a dirigir formaturas anualmente e, sinceramente, me sinto muito à vontade para exercer este trabalho e, ainda por cima, é ali que eu faço minhas experiências mais expressivas, uma espécie de atelier mesmo. Quem tem um elenco de mais de dez atores para uma criação atualmente?

Espetáculo: “Sucesso”, de Leandro Muniz. Formatura CAL. Foto: Pablo Hernandes.

 

 

Espetáculo: “Por Elise”, de Grace Passô. ( Formatura CAL). Foto: Pablo Henriques.

 

Este espaço enquanto professor e diretor, tem sido um desafio e uma inspiração.

Agora, por exemplo, estou dirigindo uma versão presencial e online, integral do clássico “Peer Gynt”, poema dramático de Henrik Ibsen e, junto com os alunos, talentosíssimos, só fazemos aprender ao sermos desafiado pela dramaturgia delirante, ainda mais nesta insólita pandemia que estamos enfrentando.

 

 

Sobre o espetáculo: Peer Gynt”.

 

Sobre a pós-graduação, tomei gosto pela “coisa toda” e sou pós-graduado em direção teatral e história do Teatro contemporâneo e Brasileiro, ambas lato-sensu. E, neste ano, vou participar do corpo docente da CAL, onde me formei, com especialista, para a segunda turma em história do teatro.

Registro de aulas.

Registro de aula – Montagens da CAL.

 

 

F.Fachetti – Já resenhei meu olhar no Blog/Site sobre trabalhos seus atoral e como diretor – feitos preciosos – Sei que é bem difícil e delicado destacar um ou outro trabalho, diante de tantos que trouxeram contentamentos com pleno desfecho cultural. Porém, esse é o desafio: Sorteie, escolha… alimente nossa curiosidade colocando seu olhar e abrindo seu coração falando o que quiser sobre três espetáculos que atuou e três que dirigiu. Curioso em saber seus relatos e impressões sobre eles.

 

Cesar AugustoDestacar trabalhos sempre é uma questão para mim, porque eu, sempre, me dedico sem distinção aos trabalhos, independentemente de sua natureza. E ainda tem a questão curatorial, que exige, também, uma entrega vertiginosa. Agora, neste momento pandêmico, tenho me dedicado a trabalhos remotos e tem sido uma janela escancarada para muitas possibilidades dramatúrgicas e artísticas, cheias de potencialidades e, ainda, não dimensionadas e, sinceramente, o que pode ser um alívio contra as descriminações e preconceitos estéticos. Esta se escancarando um espaço a ser preenchido ilimitadamente e este território é um terreno baldio, uma festa, que não precisa de predefinições e merece um olhar sem filtros preestabelecidos.

Mas vamos aos espetáculos que me são muito saudosos e cheio de memórias.

Como ator – A Cia dos Atores foi um manancial de momentos preciosos:

“MELODRAMA”, tem uma marca importante em todos nós que fizemos parte da criação. O espetáculo foi criado no Teatro Ziembinski, quando fazíamos a nossa ocupação artística. Foi a nossa primeira estreia no CCBB, do Rio de Janeiro.

Viajamos por todos os festivais importantes no Brasil, fizemos várias temporadas no Rio, São Paulo. Percorremos o país em algumas turnês e, ainda o transformamos em “Melo-Pocket, que teve uma carreira extensa pelo interior de São Paulo, num projeto inovador do SESC-SP. Isso sem contar que, com este espetáculo, começamos a fazer nossas primeiras viagens internacionais (Argentina, Colômbia, Portugal, Estados Unidos e Porto Rico, Espanha e França). Costumo dizer que fizemos de Nova Iguaçu, passando por Matão, Bogotá e a Broadway. Sim, apresentamos o espetáculo na 42nd Street, no coração da Broadway e tivemos as láureas no The New York Times, na capa do caderno de artes (com fotos e tudo – risos e um beijo no ombro – pode tirar isso, mas achei engraçado).

Em cena: Espetáculo “Melodrama”. Com: Marcelo Olinto.

Espetáculo: “Melodrama”.

Cena final do espetáculo: “Melodrama”. Foto: Enrique Diaz.

 

“Ensaio.HAMLET”, também, foi uma experiência inesquecível desde sua criação. Um espaço aberto em todos os sentidos e um encontro com artistas que sempre admirei e admiro.

Era uma aposta de alto risco e, ao mesmo tempo, uma área ampla para muitas investigações no que se refere a interpretação, dramaturgia, espacialização e ensemble… Era um momento muito especial para a cultura e arte brasileira, em todas as esferas. O mundo, de certa forma, voltava os olhos para o que estávamos produzindo.

Produzimos o espetáculo com patrocínio da Brasil Telecom, Petrobras e, ainda tínhamos, apoio expressivo da Secretaria Municipal de Cultura e Espaço SESC – mil beijos e reverencias para duas mulheres importantes para a cena contemporânea no Rio e no Brasil – Eva Doris Rosenthal e Bia Radunsky, sem elas muitas companhias não teriam o alicerce necessário para poderem criar seus espetáculos e estrutura para poderem alcançar um público mais abrangente, nacional e internacionalmente. Na época conseguimos construir uma parceria com produtores europeus, principalmente franceses.

Com este espetáculo, chegamos a lugares impensáveis e festivais importantes, pelo mundo e, assim, nos apresentamos na França, Rússia, Alemanha, Estados Unidos, Bulgária e pelo Brasilzão bastante. Alcançando o prêmio da crítica especializada da França, como o melhor espetáculo internacional do ano.

Ensaio.HAMLET”.

 

E agora… o terceiro, difícil né?

Gostaria de escrever sobre algo que fiz fora da Cia dos Atores, pois a gente tem este trânsito livre e acredito, piamente, que esta é a chave para a nossa longevidade e que faz a gente retornar aos nossos projetos, ensaios, produções e, de certa forma, nos une na SEDE DAS CIAS.

Mas vamos lá. Não tenho como não mencionar CONSELHO DE CLASSE.

CONSELHO foi um encontro histórico e, desde sempre, parece que a gente sabia.

Desde o primeiro encontro meu com o Jô Bilac, em Santos, durante um Festival de Teatro Latino-Americano, do SESC-SP, chamado MIRADA.

Jô queria criar um texto que falasse sobre educação, e todo ranço e dificuldades que envolve este tema, e sistema, no Brasil.

Para ele a relação que se estabelece entre a Cia dos Atores e a formação de uma nova geração de artistas, foi como se fosse inspiração para falar sobre o assunto. Ainda tem a questão de gênero que a montagem dirigida pela Bel Garcia (pessoa/artista iluminada e com perspectivas conceituais sobre a arte muito à frente do nosso tempo, uma perda incomensurável por não a ter por perto nas criações) e por Susana Ribeiro, parceira em todos os âmbitos e peça chave para jogo da criação de uma obra, não apenas em nosso grupo.

E, ainda tínhamos um time em cena que …. por Deus… era delicioso e incomparável,  no que tange a contracena, a dedicação e o investimento artístico no espetáculo, desde o processo de ensaio. Enfim, uma peça daquelas que passam pela nossa vida e nos enche de alegrias e conquistas e, claro, muito esforço.

Em cena em: “Conselho de Classe”.

Elenco: “Conselho de Classe”, de Jô Bilac.

“Conselho de Classe”. Com: João Rodrigo Ostrower.

“Conselho de Classe”. Com: Leonardo Netto e Dalton Valério.

“Conselho de Classe”, de Jô Bilac. Com: Paulo Verlings, Marcelo Olinto, Leonardo Netto e Thierry Tremouroux.

 

 

 

Destaco aqui, no meu olhar como crítico teatral, e espectador ferrenho da cena – até por que também sou ator – um dos espetáculos mais NECESSÁRIOS que presenciei nos palcos: “Conselho de Classe”, pelas minúcias esmeradas em seus signos teatrais: atuações, direção… com uma abissal e discutível dramaturgia de Jô Bilac que mexe naquilo que revoluciona o mundo – EDUCAÇÃO – Francis Fachetti.

 

O “INSETOS”, última realização da Cia. e o CONSELHO DE CLASSE, estão no Repertório. Outros espetáculos podem ser conferidos no canal da CIA DOS ATORES, no YouTube, entre eles: MELODRAMA E ENSAIO.HAMLET.

Espetáculo: “Insetos”, de Jô Bilac.

“Insetos”. Com: Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto e Susana Ribeiro.

 

Olha…Nossa, esta entrevista está virando um artigo longo – risos!

Como diretor é mais difícil, ainda, apontar ou escolher três. Vou tentar, através do viés da memória:

A TROPA, texto do Gustavo Pinheiro, montagem que criou vínculos além dos palcos. Formamos, por assim dizer, uma família e isso é muito bom. Daqueles presentes que o teatro nos oferece. Além de tudo, conviver com Otavio Augusto e a galera toda, formando um time, que só entre eles a “coisa toda” se fazia. Laços eternos de amizade e gatilhos, perfeitos para a peça.

Espetáculo: “A Tropa”, de Gustavo Pinheiro. Com: Daniel Marano, Alexandre Menezes, Otávio Augusto, Eduardo Fernandes e Rafael Morpanini. Foto de ensaio.

“A Tropa”. Em cena: Rafael Morpanini e Otávio Augusto.

 

Seguindo esta onda, não tem como não mencionar ALAIR, minha segunda parceria com o Gustavo, e que foi um processo delicioso e com muitos desafios, além de encontros e reencontros maravilhosos, entre eles com Edwin Luisi, meu querido amigo. Um momento, muitas lembranças.

Espetáculo: “Alair”, de Gustavo Pinheiro, Edwin Luisi, Andre Rosa e Rafael Sander.

Alair”. Edwin Luisi e andré Rosa.

 

Também não tem como não falar de duas parcerias com dois atores que me ampliaram horizontes na direção. Engraçado que apontei atores para me guiarem na direção e acredito exatamente nisso.  É através do recorte temático, abordagem, pesquisa e o vetor expandido dos atores que eu consigo construir um trabalho, uma obra, um processo, um espetáculo.

Sendo assim, o encontro com Álamo Facó produziu muita faísca construtiva (risos).

TALVEZ e MAMÃE possuem características que posso considerar exemplos do meu trabalho como diretor. E o encontro com Thadeu Mattos, que está quase virando minha persona, alter ego, em criações investidas dramatúrgicas homoeróticas.

 

 

Espetáculo: “Talvez”. Texto e atuação: Alamo Facó.

Espetáculo: “Mamãe”. Texto e atuação: Alamo Facó.

 

Porque, seguindo este caminho, percebo que nos meus trabalhos de diretor é necessário haver uma sinergia, uma confluência, entre o meu trabalho de criação cênica e a escrita do dramaturgo, ou mesmo escritor. Talvez esta seja uma herança do trabalho da CIA DOS ATORES nas minhas criações cênicas, enquanto encenador.

Nos encontros com Thadeu, aponto NOITE EM CLARO, texto de Joaquim Vicente, um autor muito interessante e provocador, e ENTRE HOMENS, de Rogerio Correa, autor que desde o início da pandemia tem criado junto comigo trabalhos online. Juntos, a cada desafio, construímos narrativas que muito me motivaram a continuar criando independente desta trágica situação em que sobrevivemos.

Vale mencionar que a peça NOITE EM CLARO, foi realizada dentro de um projeto-evento lindo chamado RIODIVERSIDADE, criado pela Marcia Zanelato e Juliana Mattar.

Espetáculo: “Noite em Claro”. Texto: Joaquim Vicente, com Thadeu Mattos. Projeto: RIODIVERSIDADE.

 

 

F.Fachetti – Requisitado e efetivado com presença vital e olhar transformador nos seguintes eventos culturais de intenções e concretizações numa metafísica transcendente; São eles: “Tempo Festival”; “Galpão Gamboa”; “Ocupação Dulcinavista/Teatro Dulcina”; “Ocupação Câmbio/Teatro Gláucio Gil”.

 

Cesar AugustoSempre gostei e percebi, desde a primeira investida relacionada ao trabalho de idealizador, curador e realizador, que tenho um espaço importante, nesta seara, que devo estabelecer um território proficiente. De alguma forma, exatamente por pertencer a outros meios de criação e de discurso, me permiti abrir esta clareira, este universo, para que algo relativo ao meu pensamento sobre a arte, a cultura, o acesso e as relações que se estabelecem entre estes pontos, pudessem criar eco e também irradiar para a formação de artistas e estimular um pública ainda muito estigmatizado, ou mesmo “controlado” por um pensamento ainda muito rasteiro e, ao meio ver, balizador sobre arte, cultura, política e sociedade. 

Neste ponto, todos estes trabalhos convergem para o mesmo objetivo e, sinceramente, apesar dos tempos tão sombrios, espero poder retomar as atividades o quanto antes!

Eu, ainda nestes tempos pandêmicos, tenho trabalhado em casa, na maioria das vezes. Só saio para dar aula, quando é presencial, e vou na SEDE para checar como a casa se encontra, uma vez que está fechada e, cuidar das mazelas é sempre uma necessidade de um fôlego a mais para não sucumbir. Manter um espaço cultural sem atividades, mas com todas as contas a pagar… é asfixiante, frente a esta pandêmica cultural, social e política.

Infelizmente, a Cia não foi contemplada com a Lei Aldir Blanc, apesar de termos nos inscrito para a seleção, e algumas áreas. Tive um travo, um ranço, sobre tudo isso, mas já passou e como tudo merece afeto e reconsideração, vai passar!! E que venha a nova Lei Aldir Blanc e todas as ajudas e chamadas públicas para os todos que precisam e em todas as esferas, profissionais, sociais e mais importante, na saúde.

Na Cia dos Atores, estamos comendo um dobrado, para não sermos nocauteados. Tenho certeza que conseguiremos. Neste interim, aulas online estão sendo realizadas e o grupo de residentes da SEDE, está de vento em popa. Adoraria convidar todos para assistirem o trabalho que fizemos com eles, no ano passado, KABARÉ ONLINE, e que está no canal da Cia dos Atores. Aproveita e se inscrevam no canal.

Residentes da Sede das Cias.

Espetáculo: “Kabare Online” – residentes da Sede das Cias.

 

 

Espetáculo: “Entre Homens – Conectados”. Online.

 

“Entre Homens – Conectados”.

Espetáculo Online: “” – Episódio: “Por Amor”,

Com: Isaac Bernat.

 

No mais sobe este assunto, só vejo a necessidade de menção aos meus parceiros, que a cada investida, a cada projeto, se tornaram pessoas mais do que especiais para mim: Marco Nanini, Fernando Libonati, Marcia Dias, Bia Junqueira, Jonas Klabin, Diogo Liberano, Andre Lage. Além dos meus irmãos de vida e de Cia: Gustavo Gasparani, Marcelo Valle, Marcelo Olinto, Susana Ribeiro e Bel Garcia (numa outra dimensão)… Enrique Diaz e Drica. Além de todas as equipes, que sem elas nada faria sentido, ou mesmo, seria realizado.

 

 

Cia. Teatro Inominável – Ocupação DULCINAVISTA.

 

Galpão Gamboa.

 

 

 

Ocupação Câmbio/Teatro Gláucio Gil.

 

Fechando a entrevista com chave de diamante, como costumo dizer, destaco aqui o mais novo projeto/espetáculo dirigido por Cesar Augusto – com uma turma de formandos da CAL – que será lançado online e presencial – já citado acima em uma das perguntas.

O projeto/espetáculo é realizado em partes, são 5 atos realizados de forma diferentes e serão reunidos no final.

O espetáculo se chama “Peer Gynt – Um Poema Dramático”, peça teatral em 5 atos, escrita em versos pelo dramaturgo norueguês HENRIK IBSEN.

Abaixo o material completo desse processo realizado com formandos da CAL.

 

 

Espetáculo: “Peer Gynt”.

Espetáculo: “Peer Gynt”.

Espetáculo: “Peer Gynt”.

 

 

Trajetória Profissional:

 

– Cesar Augusto é membro da Cia dos Atores desde a sua formação, há mais de trinta anos, como ator, diretor, produtor e, eventualmente, cenógrafo.

– Paralelamente, desenvolveu e participou de outros projetos e ações culturais. É diretor e curador do TEMPO_FESTIVAL, Festival Internacional de Artes Cênicas, no Rio de Janeiro, que, em 2019, chegou à sua 10ª edição.

– Foi curador de teatro e dança do Galpão Gamboa, espaço dirigido por Marco Nanini e Fernando Libonati e, por este trabalho, foi indicado ao Prêmio Cesgranrio na categoria especial, com a dupla, também realizou a ocupação Dulcinavista, em 2014, no Teatro Dulcina/ FUNARTE.

– Trabalhou como diretor artístico da Ocupação CÂMBIO, no Teatro Gláucio Gill, entre 2010 e 2011, a convite da Secretaria Estadual de Cultura, sendo também indicado ao Prêmio APTR por este trabalho.

– Como ator, participou de vários espetáculos ao longo de sua carreira.

Espetáculo: “Mimosas da Praça Tiradentes” – Texto: Gustavo Gasparani e Eduardo Riecher. Direção: Gustavo Gasparani e Sérgio Módena. Foto: Cláudia Ribeiro.

“As Mimosas da Praça Tiradentes”.

“As Mimosas da Praça Tiradentes”.

 

– Em sua trajetória na Cia dos Atores, destaca-se o espetáculo “Ensaio.Hamlet“, onde recebe o Prêmio da Crítica como melhor espetáculo estrangeiro de 2005, e também recebeu o prêmio de melhor espetáculo da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). 

– Como diretor, encenou textos e adaptações contemporâneas como “O Médico e o Monstro”, do Teatro do Ridículo; “TALVEZ”, com texto e atuação de Álamo Facó; “Os Inocentes”, com o coletivo Brecha Improviso, escrito por Rodrigo Nogueira e Julia Spadaccini; “Peças de Encaixar”, celebrando o segundo ciclo do projeto Autopeças, da Cia dos Atores, com sete dramaturgos da nova geração; “LaborAtorial“, processo colaborativo com os artistas Marcelo Valle, Diogo Liberano e Simon Will, do coletivo artístico Gob Squad, sediado em Berlim/Alemanha; “Próxima Parada”, baseado nas obras dos dramaturgos José Vicente e Antonio Bivar; “Mamãe”, trabalho solo de Álamo Facó; “A Tropa”, texto de Gustavo Pinheiro premiado no Festival Seleção Cena Brasil 2015, com Otávio Augusto; “A vida de Dr. Antonio contada por ele mesmo”, baseado no livro “Memórias de um rato de hotel”, de João do Rio; “Noite em Claro”, peça que compõem o projeto Rio Diversidade, indicado ao Prêmio Shell de Teatro 2016 na categoria inovação; e ainda “Alair”, com Edwin Luisi, “Crave”, de Sarah Kane, “Menines”, com texto de Márcia Zanelato, e “O Círculo da Transformação no Espelho”, de Anne Baker, numa realização e tradução do crítico e jornalista Rafael Teixeira. Em 2017, ganhou o Prêmio APTR, pela multiplicidade de ações artísticas. Seu último trabalho em teatro, como ator e cenógrafo, foi no espetáculo “Insetos”, com texto de Jô Bilac e direção de Rodrigo Portella, sendo indicado ao prêmio Shell e APTR pela cenografia, realizada em parceria com Beli Araújo.

“O Médico e o Monstro”, de George Osterman. Com: Bruce Gomlevski, Michel Blois, Marcelo Olinto, Debora Lamm e Érica Migon.

 

Espetáculo: “Crave ou Ânsia”, de Sara Kane.

 

 

 

Espetáculo: “Menines” – de Marcia Zanellato. Com: Pedro Marquez e Agnes Lobo.

Menines”, de Marcia Zanellato. Na foto: Bruno Maria Torres, ZANE, Elisa Caldeira e Maíra Garrido.

 

– Cesar Augusto também é professor do curso de graduação da Faculdade CAL, e em 2021, foi convidado a fazer parte do corpo docente da Pós-Graduação em História do Teatro Brasileiro e Ocidental.

– Nesta instituição, já dirigiu uma série de espetáculos de formatura, entre eles “Clash”, uma adaptação de “Cymbelino”, de William Shakespeare; “Por Elise”, de Grace Passô; “Sucesso”, de Leandro Muniz; e “Radioativa”, de Francisco Ohana.

Espetáculo: “Radioativa”, texto de Francisco Ohana.

 

– Durante a pandemia, dirigiu e participou de vários trabalhos e experimentos online, com destaque para “Julius Caesar”, uma imersão audiovisual da Cia dos Atores baseada na sua próxima criação, a ser realizada em 2022 no Oi Futuro e no festival Cena Contemporânea / Brasília. Também apresentou o solo virtual “La Codista”, uma coprodução Holanda / Brasil, com a atriz Monique Vaillé, texto de Marleen Scholten, do grupo holandês Wunderbaum.

Processo “Julius Caesar”. A partir de William Shakespeare. Direção: Rafael Gomes. Foto: Elisa Mendes.

Processo “Julius Caesar”.

 

“La Codista”, uma coprodução Holanda / Brasil, com a atriz Monique Vaillé, texto de Marleen Scholten, do grupo holandês Wunderbaum.

Espetáculo: “Os Reis”, com Hugo Lobo e Ricardo Gaio.

 

 

“Próxima Parada” – Criação Bélica Cia. – Foto: Marcos Chave.

 

SOBRE A CIA. DOS ATORES:

 

– A companhia dos atores alia a linguagem autoral do diretor Enrique Diaz a uma equipe permanente de atores à qual se reúne eventualmente um dramaturgo, produzindo espetáculos em que a qualidade sustenta a experimentação.

– Grupo carioca que está no rol dos mais criativos a partir da década de 1990. 

– Formada originalmente pelo diretor Enrique Diaz e pelos atores César Augusto, Marcelo Olinto (figurinista da companhia), Marcelo Valle, Gustavo Gasparini, Bel Garcia, Suzana Ribeiro e Drica Moraes, a Cia dos Atores tem, a cada novo projeto, participações de profissionais convidados.

– O embrião da companhia é o espetáculo “Rua Cordelier”, “Tempo e Morte de Jean Paul Marat”, 1988, uma colagem de textos com “A Morte de Danton”, de Georg Büchner; “Mauser, de Heiner Müller; e “Marat-Sade”, de Peter Weiss. Dirigido por Enrique Diaz, é encenado em um espaço não comercial, voltado para iniciativas experimentais.

– Em 1990, os atores do grupo Cia dos Atores se reúnem, sob a liderança do diretor, para uma pesquisa cênica em torno de obras de Jorge Luis Borges e Malarmé, que resulta em “A Bao A Qu” (Um Lance de Dados). O espetáculo, desenvolvido a partir de um roteiro e construído dramaturgicamente durante os ensaios, faz temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo, com sucesso de crítica e êxito junto a um público de iniciados. 

– “A Morta”, de Oswald de Andrade, é encenada na Fundição Progresso que, em 1992, ainda estava em obras.

– Em 1995, estréia “Melodrama, em que a companhia faz sua primeira experiência de criação com o acompanhamento de um dramaturgo. Filipe Miguez escreve o texto no processo dos ensaios, estabelecendo um diálogo criativo entre a cena e a palavra.

– A Associação Paulista de Críticos Teatrais – APCT, lhe confere o prêmio de melhor espetáculo do ano. O crítico da Folha de São Paulo escreve: “… cria-se um pretexto, assim, para um grande virtuosismo dos atores, e para a maior delícia do público. É difícil encontrar uma companhia teatral tão homogênea, tão bem coordenada quanto esta Cia dos Atores”. 

– Em 1997, a companhia apresenta “Tristão e Isolda”, na versão de Filipe Miguez, parcialmente construída dentro do processo de ensaios, e “O Enfermeiro”, de Edgar Allan Poe, com adaptação e direção de César Augusto.

– Em 1998, num aprimoramento do universo obscuro do suspense e do terror, encena “Cobaias de Satã”, novamente de Filipe Miguez, montagem não muito bem-sucedida pela imprecisão dramatúrgica.

– Em seguida, a companhia apresenta sua versão para “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade. Tornando alguns trechos musicais, o espetáculo traz 46 minutos de trilha, incluindo de músicas populares antigas como Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, a sucessos do momento e músicas compostas. O diretor musical Marcelo Neves mistura música gravada com música ao vivo. Os atores tocam instrumentos de percussão e são acompanhados por um acordeão e um cavaquinho. O figurinista Marcelo Olinto cria três trajes completos para cada ator a partir da reciclagem do acervo de 600 figurinos da companhia, dando ênfase ao gosto cafona dos personagens. Sua pesquisa se baseia em estilistas franceses dos anos 20 e 30, e recria a moda da elite misturando-a com materiais brasileiros e contemporâneos.

 

Espetáculo: “O Rei da Vela” de Oswald de Andrade.

 

– Em 2002, a companhia realiza seu primeiro espetáculo com um diretor convidado. Gilberto Gawronski encena “Meu Destino É Pecar”, uma novela escrita em crônicas assinadas por Suzana Flag, pseudônimo de Nelson Rodrigues em O Jornal.

– No programa do espetáculo Cobaias de Satã, escreve o crítico Alberto Guzik: “Mas sua contribuição [da Cia dos Atores] dá-se também no terreno da coerente e consistente investigação das linguagens teatrais. Os espetáculos mencionados acima e os demais produzidos pelo grupo recuperam ideias de escolas cênicas hoje desaparecidas ou em desuso. A Cia dos Atores é uma ponte dinâmica entre o passado e o futuro. Longa vida a ela”.

Cia. dos Atores completa 32 anos em 2020, ano em que os palcos foram fechados pela pandemia. A situação motivou o grupo a rever seu repertório de forma diferente. A partir de agora, o público vai poder assistir a espetáculos emblemáticos desta trajetória, além de criações inéditas, por meio do – canal da Cia. no Youtube.

Peças como “Melodrama”, “O Rei da Vela”, “Ensaio.Hamlet” e “Devassa”, além do projeto inédito “Kabaré online” abrem oficialmente a programação na plataforma. Clique no player e ouça um papo com o ator César Augusto.

Cia. dos Atores é um dos grupos de maior tempo de trabalho no Rio de Janeiro. Já recebeu os principais prêmios do teatro brasileiro. Mantendo sempre o mesmo núcleo de atores, esse grupo carioca, além de ter representado em festivais nacionais e internacionais, foi responsável pela direção artística de dois teatros da rede municipal da prefeitura do Rio de Janeiro: Teatro Ziembinski e Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto.

A sede da Cia. dos Atores, nomeada Sede das Cias., localizada na Escadaria do Selarón, na Lapa, foi inaugurada em 2006. De lá para cá, a companhia já promoveu ali uma série de atividades: ensaios, treinamentos, mostras de dramaturgia contemporânea, apresentações, oficinas gratuitas e parcerias institucionais.

 

 

 

 

O Blog/Site recebe “O Holofote da vez”:
A iluminação cênica que vem para o palco do Blog/Site no projeto:
Entrevistas NECESSÁRIAS,
Eu chamo de “Holofote da Vez” – o mundo de uma Iluminadora Cênica, que utiliza a ousadia , a técnica, o olhar perspicaz e abrangente, aliado a uma beleza de claros e escuros encantadoramente necessários para um trabalho ser lapidado com o aval das estrelas.

Receberemos e saberemos peculiaridades de sua carreira:

O Blog/Site recebe a iluminadora:

Ana Luiza Molinari de Simoni.

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