Entrevista NECESSÁRIA:Ator e Diretor:
ALEXANDRE CONTINI

As cortinas são abertas para mais uma homenagem.

O Blog/Site tem o grande prazer de receber em seu palco – com todo equipamento técnico, curioso, informativo e cultural, contidos no projeto “Entrevistas NECESSÁRIAS” – um artista que engrandece o universo teatral com seus vicejantes trabalhos no cenário cultural e sua empatia de extremo necessário na atualidade.

Em seu desenredar atoral esteve em cena com espetáculos iluminados, foi assistente de direção de mestres como João Fonseca, e no aporte direcional conduziu valiosos espetáculos para a cena teatral.

Saberemos tudo, logo abaixo – dos grandes feitos culturais desse querido e grande obrador de nosso cenário teatral.

Receberemos nessa linda entrevista/homenagem

O Ator e Diretor:

Alexandre Contini.

Alexandre Contini.

Filme “Òpio” de Allan Souza. Cena da morte.

Rendeu dois Prêmios de melhor ator para Alexandre contini.

Autografando o livro: “Contos de Pandemia”.

 

Entrando na – Entrevista NECESSÁRIA com:

Alexandre Contini.



F.Fachetti – A série “Contos da Pandemia” teve a presença aquinhoada de alguns atores, e dará origem a seu primeiro livro. Pode nos falar sobre?

 

Alexandre ContiniContos da Pandemia é o meu “xodó”, marca um momento de superação e integração do meu artístico empreendedor. Estava saindo de casa para fazer o espetáculo “Um Casamento Feliz” no Teatro dos Grandes Atores, quando vi na TV o governador do Rio de Janeiro fechando todos os teatros, decretando que estávamos numa Pandemia.

O desespero foi gigantesco, o medo de estar longe da minha família que mora em São Paulo, aeroportos fechados, o medo de perder pessoas queridas e o medo de perder meu sustento, vivia exclusivamente de teatro na época, tive outra peça fechada no Laura Alvin: “Solteira, Inteira e Feliz” e estava começando a ensaiar dois monólogos que também suspenderam seus trabalhos.

Foi aí que resolvi tirar um tempo para estudar áudio visual, mídias sociais, história da arte (para saber quais produtos se destacaram nessas épocas ao longo da história), eu estava tão obcecado em estudar que cheguei a fazer um curso online de sushi man, obviamente não tenho esse talento e até hoje nunca obtive êxito em fazer um Temaki (rs).

Depois desse período de estudo decidi juntar tudo que aprendi e lançar uma série onde escreveria um conto, dirigiria e encenaria a dramatização e convidaria um artista para narrar. Tudo apenas com meu celular de marca chinesa e minha mãe de assistente de câmera e produção (rs).

O primeiro convidado foi o Pedro Paulo Rangel que é maravilhoso, colocar sua interpretação em meu conto potencializou o produto muito além do que eu imaginava.

Fiz 6 episódios e tive o prazer e o carinho de ter Alessandra Maestrini, Marcos Wainberg, Thelmo Fernandes e Juliana Baroni, que narrou talvez o conto de maior sucesso, A Libertação de Celeste Picadinho: uma mulher que durante a Pandemia não aguenta mais os maus tratos do marido, pica ele e vende seu picadinho com um tempero especial.

A repercussão foi maravilhosa, porém ainda não estava conseguindo monetizar, foi aí que escrevi um livro com mais 10 contos inéditos, editei, fiz a capa, imprimi em uma gráfica e vendi 300 cópias de porta em porta. Eu pensava: “Pô o Plínio (Marcos) vendia suas peças na porta dos teatros, eu consigo”.

 

Ali nascia o artista empreendedor que a partir da dificuldade conseguiu transformar o medo em oportunidade.

Encaro os obstáculos de outra forma desde então.

“Contos da Pandemia”.

 

F.Fachetti – Aclare para todos, tornando conhecido esse ator e diretor – Jair Assumpção – nesse seu tempo que trabalhou com ele.
Nos conte dessa caminhada com presença nos espetáculos: “Toda Nudez Será Castigada” e “Seis Personagens a procura de um autor”.

 

Alexandre ContiniO Jair foi meu primeiro “Pai” no teatro, tive a benção de ter bons mestres, mas ele me enxergou num curso e me convidou para seu grupo de pesquisa em 2003, ele foi o primeiro que me deu realmente uma oportunidade de enxergar um caminho real dentro do teatro.

Jair fez grande sucesso trabalhando com Antunes e entende tudo de Teatro, fui seu assistente em montagens escolares e com certeza a partir dele fui traçando minha digital artística. Com ele aprofundei em clássicos como Despertar da Primavera, Shakespeare, Nelson Rodrigues, e comecei a entender aos 18 anos como a engrenagem funcionava.

 

Jair Assumpção.

Outro grande nome presente nessa minha formação foi o Olair Coan, ele era o protagonista de “Toda Nudez Será Castigada”, dirigida por Josemir Kovalick – onde eu dividia o papel do Serginho com o Leonardo Miggiorin. Era uma montagem deliciosa, éramos uma família. Me lembro de ensaiar de madrugada até as 4 da manhã nessa época.

Durante esse período o Olair teve um ator que saiu dos ensaios uma semana antes de “Seis Personagens a Procura de um Autor”, em sua montagem de conclusão de curso e me convidou para apagar o incêndio, eu não sabia, mas virei um excelente “bombeiro” (rs). Já fiz dezenas de substituições às pressas, cheguei a estrear sem nunca ter batido texto com o elenco, cheguei a ser convidado na quarta feira para fazer espetáculo na sexta.

Olair Coan.

Espetáculo: “Toda Nudez Será Castigada” de Nelson Rodrigues. Em cena com Claudia Bertazzo.

 

 

 

F.Fachetti – “Heróis às Avessas” – esse seu amálgama com Adriana Birolli – dividindo a cena e a autoria do texto. Fale sobre.

 

Alexandre ContiniAdriana e eu estávamos em cartaz com “Manual Prático da Mulher Desesperada” de Dorothy Parker, com direção de Ruiz Bellenda, somos padrinhos do Instituto Vidas Raras e queríamos fazer um espetáculo para ajudar a divulgar a causa, não de maneira panfletária, mas com uma comédia que atraísse o público.

Escrevemos um texto e convidamos Diogo Camargos para dirigir. Foi uma loucura, ensaiávamos na minha casa, quando dava, Dri estava fazendo novela, então os horários eram malucos. Sueli Guerra, nossa diretora de movimento, chegava colocava o filho(Antônio) para dormir e seguíamos madrugada a dentro passando coreografia.
Foi um período muito gostoso. Já estamos 3 anos em cartaz viajando pelo Brasil. Uma das histórias mais bonitas foi em um circo do Sesi, uma mulher me procurou ao final do espetáculo e conseguimos encaminhar uma criança que tinha sintomas para o Instituto, é muito graficante participar desse projeto.

Espetáculo: “Heróis às Avessas”. Com Alexandre Contini e Adriana Birolli. Teatro Petra Gold. Foto: Cristina Granato.

 

 

Matérias de imprensa: “Heróis às Avessas”.

Espetáculo: “manual Prático da Mulher Desesperada”, com Adriana Birolli.

Bastidores de “Manual Prático da Mulher Desesperada”.

 

 

 

F.Fachetti– No seu desenredar atoral, olhando para si, como o ator Alexandre Contini resenharia sua atuação nas seguintes peças: “Cyrano de Bergerac”; “Comédia Russa” e “O Casamento”?
Como diretor, como conduziu a cena, qual a “chave-mestra” da sua direção citando os espetáculos: “Dedo Podre” e “Solteira, Casada, Viúva e Divorciada. Fale do processo deles.

 

Alexandre ContiniComédia Russa e Cyrano fazem parte das minhas substituições às pressas, eu era assistente de direção do João Fonseca nos espetáculos e precisei entrar em cena.

Em Comédia Russa foi mais difícil, pois substituí o Marquinhos Correia quando esteve doente, era uma comédia do Pedro Brício deliciosa com os Fodidos Privilegiados, mas o clima não estava bom.

Todos amávamos Marquinhos, todos estávamos preocupados, eu não me sentia bem fazendo, não queria estar lá, o lugar era dele. Tive um dos momentos mais marcantes da minha vida nesse espetáculo. Antes de falecer, já muito doente, ele disse que queria fazer mais uma vez a peça, mesmo a base de remédios para aguentar a dor. Então, Marquinhos entrava em cena e eu esperava na cochia de figurino para substituí-lo, caso ele não conseguisse prosseguir. Eu perguntava: Como você está? Você aguenta? Ele apertava minha mão, respirava e voltava. Aquilo me fez resignificar toda uma geração teatral, ele não estava lá pela grana, pelo Ego, ele estava lá porque amava seu ofício e foi tão lindo…

Às vezes a gente cresce e esquece o real motivo da vida. Eu amo o Marquinhos, na sua generosidade me ensinou uma das coisas mais importantes da minha vida. Claro que trabalho para me sustentar, e adoro dinheiro (rs), mas, não é só isso, eu amo o que eu faço, eu honro meu público, meus colegas, a arte. Nunca tive a oportunidade de dizer isso a ele.

Espetáculo: “Comédia Russa”. Cris Mayrink e Thelmo Fernandes.

 

Em Cyrano, eu tive o prazer de ser o comandante do Bruce Gomlevsky, uma honra, sou apaixonado por ele, um grande amigo, um grande ator.

Espetáculo: “Cyrano de Bergerarc”.

A direção do João era dinâmica, doce, engraçada. Fiz grandes amigos nesse processo, para vida toda e ficava ali aprendendo com Bruce, com Sergio Guizé, com o Gláucio Gomes.

Bastidores de “Cyrano de Bergerac”. Com: Yasmin Gomlevsky, Ivan Vellame e Ian Sofredini.

A peça era um sucesso por onde passava. Eu tinha 25 anos na época e me lembro que os bastidores eram movimentados.

Espetáculo: “Cyrano de Bergerac”. CCBB, SP. Foto: Carla de Conti.

 

Bastidores no CCBB com João Fonseca.

Cyrano de Bergerac”, com Bruce Gomlevsky, Gustavo Damasceno e Yasmin Gomlevsky.

Bastidores de “Cyrano” com Sergio Guizé.

 

O Casamento foi reencenado no Festival de Curitiba para comemorar a montagem que ganhou o Shell do Abujamra e do João, e carinhosamente o João me convidou pra fazer uma participação. Não só no Casamento, mas também em “Escravas do Amor” da Cia.

Eu estreei no Guairão lotado, parecia Show de Rock. Fiz poucas apresentações do Casamento, com Escravas segui anos em cartaz. Mas o Casamento era uma loucura, a direção era sensacional, a plateia gritava, aplaudia.

Espetáculo: “O Casamento”. Teatro Guairão.

“O Casamento”. Teatro Guairão com a Cia Fodidos Privilegiados.

Espetáculo: “Escrava do Amor”. Com a Cia fodidos Privilegiados.

 

A direção veio como algo fluido na minha vida, nunca almejei dirigir, foi consequência.

“Dedo Podre” da Nívea Stelmann foi um presente que o Allan Souza Lima (ator e produtor) me deu.

Era uma comédia deliciosa baseada no livro que Nívea escreveu sobre seu Dedo Podre em relacionamentos. Então, a protagonista se metia em muitas enrascadas, mas também se superava e descobria que o verdadeiro amor é o que sentimos por nós mesmo. Tinha tango, desfile de moda, show sertanejo, corrida de carro, tudo feito no palco com um belíssimo cenário da Lorena Lima. Foi um sucesso.

Espetáculo “Dedo Podre”. Com: Nívea Stelman e Guilherme Boury.

 

“Solteira, Casada, Viúva e Divorciada” foi sem dúvida minha melhor direção.

Stella Maria Rodrigues na sua potência máxima. Eram quatro esquetes no original. Stella e eu fizemos uma adaptação quase de série americana.

As histórias se intercalavam e chegavam ao seu clímax ao mesmo tempo. Ali tudo funcionava, figurino do Marcelo (Marques) chegava e encaixava, luz do Paulo (Cesar Medeiros), chegava a peça crescia, o público entrava a peça voava…

Eu saía de casa feliz da vida para trabalhar. Stella é uma das maiores atrizes que conheço, generosa, estudiosa, eu chamo de atriz auto-limpante, você anota o que precisa corrigir, nem fala, ela já corrigiu intuitivamente no dia seguinte.
Uma pena termos feito apenas uma temporada desse espetáculo, eu adoraria que voltasse.

Espetáculo: “Solteira, Casada, Viúva e Divorciada”. Direção: Alexandre Contini. Com Stella Maria Rodrigues.

 

 

F.Fachetti – Na Cia Fodidos privilegiados, foi assistente em muitos espetáculos  do mestre João Fonseca. Como se “desenrolava” essa assistência de direção? Qual a sua contribuição como acólito/assistente nas cenas teatrais: “Vale Tudo – Tim Maia, O Musical”; “O Gato Branco” e “OUI QUI a França é Aqui”.

 

Alexandre ContiniJoão também foi um “Pai” teatral para mim. Acho que muito mais que isso, eu devo minha carreira de diretor a ele.

Ele me ensinou tudo, me dava autonomia e é um grande amigo. Não seria o que sou sem ele na minha trajetória.

Minha primeira assistência foi Oui Oui, que elenco maravilhoso: Gustavo Gasparani, Solange Badin, Gottsha, César Augusto, Marya Bravo e Cristiano Gualda. Eu babava vendo esse time, tinha 23 anos, recém-chegado no Rio. João sempre falava: “Ocupe seu espaço”. E eu levei ao pé da letra, estava na cola aprendendo com Sueli (Guerra) na coreografia, na luz com Paulinho (César Medeiros), na produção com Alice Cavalcanti, batendo texto com elenco, aprendendo com o Credic como funcionava o teatro, sugando tudo o que eu podia.

Eu encarei como uma grande faculdade. O espetáculo já tinha estreado e eu ia todo final de semana, fazia anotações, via o que funcionava. A peça ganhou o Shell de melhor texto, Solange foi indicada era um sucesso. Nessa época eu estava completamente apaixonado pela Badin, acho que nunca falei isso publicamente, mas quem não era apaixonado por ela? Uma das melhores atrizes que trabalhei.

O Gato Branco veio num momento onde eu já estava mais acostumado em ser assistente do João, as coisas já fluíam quase por pensamento, até a hora que ele queria um café eu já adivinhava (rs). E era um time de primeira linha também: João na direção, Jô Bilac no texto. No elenco Paloma Duarte, Camilo Bevilacqua, Bruno Ferrari, Fernanda Nobre, Pablo Falcão Luciana Magalhães e Leandro Almeida. Os ensaios eram deliciosos, mesmo as 9 da manhã (eu detesto ensaiar cedo), e a resenha pós ensaio as vezes ia do almoço ao jantar no baixo Gávea.

Em Tim Maia, creio que foi minha última assistência com João, não tenho certeza, mas ali eu realmente percebi que estava pronto para dirigir. Foi sem dúvida o maior sucesso que já participei, a peça esgotava em 10 minutos as vendas online 1 mês antes da data. Era muita gente na equipe, no elenco, uma responsabilidade gigantesca. Durou anos, temos o grupo de whatsapp até hoje.

Elenco e equipe do espetáculo: “Tim Maia, O Musical”.


Quando o Tiago (Abravanel) foi fazer a novela da Glória Perez, precisávamos substituí-lo em três semanas, o João estava dirigindo a Aline Moraes em Dorotéia no RJ, e eu parti para São Paulo na tarefa; preparar o Danilo de Moura para entrar na peça. Foi uma loucura.

Eram 30 músicas, 3 horas de espetáculo sem sair do palco. O elenco estava em cartaz de Quarta a Domingo, não podiam ensaiar. Muitas vezes éramos eu (fazendo todos papéis) e Danilo (fazendo Tim), horas de ensaio.
No ensaio geral me lembro estar sentado entre Nelson Motta e o Sandro Chaim, era responsabilidade enorme, estávamos falando de um sucesso de milhões em bilheteria que estava trocando seu protagonista, era para eu estar em pânico com essa situação, mas João tinha me ensinado tanto, a trabalhar sobre pressão, eu conhecia tão bem o espetáculo, a equipe o elenco, eu sabia cada agulha que entrava e saía de cena, e a hora que tinha que entrar (rs). Quando tocou o terceiro sinal e abriu a cortina, me deu uma paz tão plena que eu pensei: Estou pronto para dirigir um espetáculo meu. Está na hora.

Espetáculo: “Tim Maia – O Musical”.

E como o universo escuta a gente, principalmente nessas horas, dois dias depois, Marcelli Oliveira me ligou e me convidou para dirigir seu primeiro texto, sobre noivas, “Casório”. Eu aceitei e ano que vem completaremos 10 anos em cartaz.

Espetáculo: “O Casório”. Com Tammy de Calafiori, Paula Gifonne, Carol Garcia e Marcelli Oliveira.

 

 

F.Fachetti O que é a série “ICI PLAY”, que será lançada em 2022 pela Marcatto Produções?
Diga, sinceramente, a respeito do seu olhar nesses produtos híbridos – teatro/cinema/virtual, como por exemplo na sua direção de “Suite 2”, com a atriz Mari Feil.
Fechando com chave de diamante, como costumo dizer aqui, fale tudo de “Sobrevivência SP” – Ramo Editorial.

 

Alexandre ContiniInfelizmente não posso dar muitos detalhes ainda sobre ICI PLAY por conta do contrato, mas é uma série de streaming para o público infantil idealizada pela Vanessa Marcatto e pela Thaís Pacholek, com direção do Daniel Herz e eu faço parte da sua equipe de roteiristas.

Eu estou chocado com o sistema de trabalho deles, uma produção magnífica, cenários gigantescos retratam 20 mil anos atrás, o futuro, cidade fictícia, personagens que voam.

Me sinto muito grato de estar nessa equipe dos sonhos. Vanessa se tornou uma irmã. Detalhe curioso, integram nossa equipe também a Ana Paula Secco, o Augusto Pessoa e a Isabela Rescala.

Estou trabalhando com eles a 1 ano, reuniões virtuais, mas desenvolvi um carinho tão singelo pela equipe, uma intimidade sem nunca os ter vistos pessoalmente. É o novo mundo.

Reunião online de ICI PLAY. Vanessa Marcatto. Isabela Rescala, Augusto Pessoa e Ana Paula Secco.

Esse assunto do Híbrido é muito pertinente para concluir a reflexão que propus no início da entrevista, sobre superação e mergulhar no desconhecido sem medo.

Não vou me alongar no debate saturado de se é ou não Teatro, pois muitos colegas ao longo de 2020 já provaram que o Teatro se dá pelo presencial e concordo com eles, porém, nessa discussão – abre-se uma porta que para o artista é sensacional. Ok, não estou fazendo cinema, não estou fazendo teatro, estou fazendo o que? Quais as regras dessa parada? O que o público gosta de consumir? Funciona, não funciona? Como devo chamar esse produto? Como consigo vender esse produto? E por aí vai…

Estamos no início de um novo olhar, olha que sensacional. Somos os primeiros pesquisadores de Híbrido do mundo, porque ficar fora dessa? E se for o futuro? E se os conservadores não tiverem enxergando que o taxi foi substituído pelo Uber? Longe de mim achar que algo possa substituir o Teatro, isso jamais acontecerá, mas eu preciso pesquisar, inventar, é um prato cheio para minha criança interior. Cinema ao vivo??? Será que dá para fazer?

Dentro dessa proposta eu me joguei em diversas linhas de estudo e hoje posso me considerar um Ator/Diretor virtual também.

Eu dirigi uma versão no zoom do espetáculo “Às Terças”.

Ensaio online de “As Terças”. Com: Marcella Muniz, Stella Maria Rodrigues, Marcelli Oliveira e Carina Sacchelli.

Eu estou dirigindo uma versão de “Casório” quase que um grande plano sequência teatral, não dá só para filmar o palco e achar que está atingindo seu êxito como experimento, como produto com certeza, está o “Vai que Cola” e o “Sai de Baixo”, que ajudaram inclusive a popularizar o teatro, mas digo como experimento de híbrido, dá para fazer um “Birdman” dentro do teatro? Daqui a 20 quando se perguntarem sobre o que fez na Pandemia, qual sua resposta? Será que daqui a 100 anos na história da arte, o híbrido vai estar lá? Eu fico super empolgado com essa pesquisa.

E nesse tempo veio o convite da Mari Feil para eu dirigi-la no texto do Afonso Nilson, “Suite nº 2” para Streaming.

O primeiro passo foi encontrar uma linguagem onde a atriz e a câmera conversassem com verdade e naturalidade e resolvi rodar em um hotel ao invés de ir pro palco, pois creio que a catarse do público será maior, afinal temos que levar em conta que 70% ou mais assistem esse tipo de conteúdo de um celular ou computador… Uma locação fala mais que um cenário, um diretor de fotografia é imprescindível.
O espetáculo se trata de uma violoncelista com esclerose múltipla conversando com seu enfermeiro (a câmera) e a teatralidade está nessa relação e na movimentação, ou na dificuldade dessa movimentação pelo espaço real de uma Suíte de Hotel.

Gravação de “Suite 2” com Mari Feil.

E para responder com chave de diamante sua pergunta sobre Sobrevivência SP, se trata de uma Graphic Novel de autoria minha com desenhos de Eduardo Brasil, editada pelo Taira Yuji da Desire e da New Dreams Produção.

Se passa no início de um novo mundo em 2025 onde uma Pandemia Zumbi começa na cidade de São Paulo e se espalha pelo mundo, onde um motorista de Uber se vê sozinho com uma criança de 10 anos em seu carro, tentando sobreviver ao novo mundo.
É uma metáfora com o que estamos vivendo, uma luta pela sobrevivência entre o conservadorismo na zona de conforto e a criança curiosa que habita em nós, claro que com uma roupagem bem sangrenta digna das grandes HQs dos anos 90. Eu convidei o Augusto Pessoa para encarar essa jornada comigo, ele é mestre no ramo editorial.

Me despeço aqui agradecendo imensamente pelo carinho e pelo teu trabalho incrível e generoso em dar voz aos artistas que vivem de teatro, teu blog é um grito de amor em meio a tudo que vivemos.

Ressalto, o teatro está voltando e estamos sedentos para consumir e fomentar novos – espetáculos necessários.

 

OUTROS TRABALHOS REALIZADOS POR CONTINI:

 

Espetáculo: “Como a gente Gosta”. Em cena Camila Amado. Direção: Vinícius Coimbra.

Espetáculo: “Como a Gente Gosta”. Alexandre Contini e Camila Amado.

 

Espetáculo: “Um Casamento Feliz” – Marcos Wainberg, RenatoRabello, Fabio Vila Verde e Regiane Cesnic.

 

Espetáculo: “Solteira, Inteira e Feliz” – ensaiando com Yaya Gazal.

 

“R&J Shakespeare” – Pablo Sanabio, Ícaro Silva, João Fonseca e Jhonny Massaro.

 

Espetáculo: “O Segredo de Cocachim”, com Laila Zaid. Direção: Beto Brown.

 

Ensaio online com minha Cia – Naiana Borges, Victor Drummond (autor), Maria Carolina Ribeiro e Bruno Padilha.

 

Leitura Dramática que Alexandre Contini dirigiu no Ciclo de leituras de Nelson Rodrigues – Gabinete de Leituras Guilherme Araújo – onde tive o prazer de estar em cena com o texto: “A Falecida”.

 

 

Amigos! Na próxima quarta, 17/8, o Blog/Site dá o terceiro sinal – para a entrada em cena no seu palco – uma preciosidade artística com 36 anos de carreira, amalgamando verdades e mentiras cênicas de irrefutável grandiloquência.

ATRIZ, CANTORA, PRODUTORA e AUTORA:

STELLA MARIA RODRIGUES.

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