*Entrevista Necessária*
– Francis Fachetti, por Cesar Augusto.
É com alegria que recebo esse convite de assumir, hoje, a função de entrevistador, embora ache que provocador combine melhor com o meu estilo e ideário.
Através deste Blog/Site – no projeto “Entrevistas NECESSÁRIAS”, dedicado às cênicas artes, tivemos a oportunidade de conhecer melhor vários dos nossos colegas: Atores, diretores, bailarinos, coreógrafos, técnicos da cena e, principalmente, sermos homenageados por Francis Fachetti, em seus textos tão profissionais, dedicados e carinhosos.
Nessa comemoração de final de ano, uma ideia se apresentou, também, NECESSÁRIA. Pois que Sr. Fachetti se posicione no banco do entrevistado para desvendarmos um pouco mais deste ator, bailarino, dançarino de flamenco, diretor de movimento, coreógrafo e crítico teatral e de dança; formado em Artes Cênicas pela Faculdade de Teatro Dulcina de Moraes, em Brasília e Pós-graduado em Linguagem Teatral.
A seguir, convido vocês a conhecerem esse artista múltiplo e descobrirmos mais sobre sua trajetória e anseios.
Cesar Augusto – Diretor; Ator; Diretor/curador do Festival Internacional Tempo Festival; um dos mentores e integrante da carioca e renomada Companhia dos Atores.
Com alvíssaras, exclamação de alegria – me coloco diante do provocador e entrevistador tão experiente e respeitado no cenário – inclusive, ele foi um dos artistas que expos sua trajetória nesse projeto. Sento-me sim, agora, no banco dos entrevistados.
Essa ideia me veio depois de mais de 01 ano e meio desse documental projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS”.
Abaixo vocês saberão um pouco da minha trajetória artística e do que virá mais à frente na minha carreira.
Começo citando alguns trabalhos como ator e bailarino para serem esmiuçados mais adiante:
– “MUSICAL BRASIL 500 ANOS”. Direção: Jorge Azevedo. Coreografias: Francis Fachetti e Fabiano Acioli. Como ator e bailarino.
– “DANTE E A DIVINA COMÉDIA”. Direção: Regina Maura. Cia Ballet Regina Maura, DF. Como ator e bailarino.
– “A ÓPERA DOS TRÊS VINTÉNS” de Bertold Brecht. Direção: Murilo Eckhardt, DF. Como ator e bailarino.
– “SÓ O FARAÓ TEM ALMA” de Silveira Sampaio. Direção: Murilo Eckhardt, DF. Como ator.
– O musical “NEGRO ANJO AZUL”. Texto e direção: Ricardo Torres. Como ator.
– “EU SOU VIDA, EU NÃO SOU MORTE” de Qorpo Santo. Direção: Cesar Huapaya, Vitória, ES. Como ator – 0 início de tudo.
– “CHORUS LINE – O MUSICAL”. Direção: Fernando de Azevedo. DF. Como ator e bailarino.
– Duas montagens distintas de “CARMEM” de Georges Bizet. Teatro Municipal do Rio de Janeiro e Teatro Municipal de Niterói. Como ator e bailarino.
– Ballet de repertório “COPPÉLIA”. Cia de Ballet Regina Maura, DF. Como ator e bailarino.
– “O MÁGICO DE OZ – O MUSICAL”. Direção: Gabriel Cortez. Com Carla Diaz como “Doroti”. Participação como coreógrafo.
– Em ritmo de estreia o monólogo “OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO” de Caio Fernando Abreu. O encontro do texto de Caio com a música e dança flamenca. Direção: Ricardo Torres. Músico: Rodrigo Araújo. Como idealizador do projeto, ator e dançarino flamenco. A espera de uma produção.
Algumas participações na teledramaturgia como ator e bailarino (Tv Globo).
O provocador/entrevistador Cesar Augusto vai se embrenhar a partir de agora na minha trajetória artística e desvelar algumas cenas que o universo me presenteou.
Francis Fachettti.
Francis Fachetti.
Foto: Luis Teixeira Mendes.
Divulgação do monólogo que está para estrear, procurando uma produção.
Foto: Ariel Guevara.
Francis Fachetti no monólogo “OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO” – O encontro de Caio Fernando Abreu com a música e a dança flamenca.
Direção: Ricardo Torres. Na foto, em cena na sua terceira leitura encenada, o músico Rodrigo Araújo e Francis Fachetti.
Francis Fachetti apresentando um pequeno trecho da abertura do monólogo – “OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO” de Caio Fernando Abreu no palco do Teatro das Artes.
Foto: Jow Coutinho.
Francis Fachetti no espetáculo “NEGRO ANJO AZUL”.
Texto e Direção: Ricardo Torres. Brasília, DF.
Francis Fachetti interpreta “LÚCIFER”.
Espetáculo: “DANTE E A DIVINA COMÉDIA”.
Francis Fachetti em cena no final do inferno como “LÚCIFER”.
Espetáculo: “DANTE E A DIVINA COMÉDIA”.
Cia de Ballet Regina Maura, Brasília, DF.
Francis Fachetti como “Lúcifer” no final do Inferno do espetáculo:
“DANTE E A DIVINA COMÉDIA” – Cia de Ballet Regina Maura, Brasília, DF.
Em cena no Teatro das Artes.
Foto: Ariel Guevara.
Entrando na – Entrevista NECESSÁRIA – com:
FRANCIS FACHETTI.
CESAR AUGUSTO – Como as artes cênicas apareceram na sua vida. Quais foram as suas referências artísticas em sua formação? Brasília teve influência sobre suas decisões? Levando em consideração a geografia e a própria convivência social, ambientes e/ou outras cidades foram determinantes para suas escolhas artísticas e profissionais?
F.FACHETTI – Sem me aprofundar eu digo/grito:
Literalmente o teatro me salvou.
Sou capixaba, ES, ainda não tinha completado 16 anos, quando, através de um anúncio de jornal sobre um curso de interpretação teatral – eu submergi nas artes. Esse curso era do diretor do Teatro Experimental Capixaba: Cesar Huapaya.
O diretor Cesar Huapaya e seu livro:
“Encenação de Gestus Social” – uma das arquiteturas cênicas do
GTEC: Grupo de Teatro Experimental Capixaba.
Através desse curso que durou meses, desencadeou uma montagem teatral com texto do dramaturgo gaúcho: “Qorpo Santo” – José Joaquim de Campos Leão. Um dramaturgo da corrente teatral, teatro do absurdo, pouco montado e conhecido; poeta, jornalista, tipógrafo e gramático brasileiro.
Escreveu 8 peças teatrais, sofria de transtornos psíquicos, com diagnósticos controversos. Se dizia perseguido ideologicamente. Morre de tuberculose em 1877. Acrescentou a alcunha de Qorpo Santo – com “Q” – para que sua obra conquistasse reconhecimento.
Precursor de modernas tendências da arte teatral, como o teatro do absurdo, em sua época e antecessor do teatro moderno, tendo o nonsense muito presente em suas obras.
Pisei no palco do Teatro Municipal de Vitória, ES, através de Qorpo Santo, em seu texto “Eu Sou Vida, Eu Não Sou Morte” – nas mãos do grande diretor Cesar Huapaya.
Esse espetáculo levava a cena a o teatro de sombras, um momento de uma beleza incrível, delineada em contornos corporais, que pouco é utilizado em espetáculos teatrais, e todo permeado com o sopro poético da linguagem do kabuki; uma forma de teatro japonês, conhecido pela estilização do drama e pela elaborada maquiagem utilizada pelos seus atores, com forte presença do canto, dança e habilidades gestuais.
Ilustrando a linguagem kabuki.
Elenco do espetáculo: “Eu Sou Vida, Eu Não sou Morte” de Qorpo Santo.
O diretor Huapaya segue hoje com o Teatro Experimental Capixaba e suas pesquisas, tendo grande repercussão de seu primoroso trabalho fora do Brasil.
Minha estreia foi em grande estilo, totalmente cru para a cena, porém, com meses de pesquisas, ensaios e aprendizado. A partir daí o espetáculo “Eu Sou Vida, Eu Não Sou Morte” obteve uma visibilidade e críticas muito favoráveis, nos levando para outros estados: São Paulo, Salvador… como ilustra as fotos abaixo com comentários críticos.
Espetáculo: “Eu Sou Vida, Eu Não Sou Morte” de Qorpo Santo. Direção: Cesar Huapaya. Foto capa da “Ilustrada”- segundo caderno – jornal Folha de São Paulo.
Na foto: Francis Fachetti, Julio Furtado, Eliezer de Almeida, Angela Caulit, Leidmar Torrentes, Zilma Rossi e Adriana Maia. E ainda Verônica Gomes que não está nessa foto.
Matéria do jornal de Salvado. Apresentação no Teatro Castro Alves (sala do coro).
“Eu Sou Vida, Eu Não Sou Morte”
Matéria do jornal: Folha de São Paulo.
Francis Fachetti descobre o teatro, a arte, e para o espanto de todos torna-se artista da cena. Mal sabia eu as maravilhas que vinham pela frente.
Logo após a temporada alvíssara desse trabalho, me desloco para Brasília, onde minha mãe já residia, para fazer o vestibular na instituição Faculdade Dulcina de Moraes, pois, não podia naquele momento vir direto para o Rio de Janeiro, como eu queria.
Dulcina de Moraes, ainda viva, foi uma das examinadoras da banca na minha prova prática do vestibular – interpretando pequeno trecho do “Arquiteto e o Imperador da Assíria” de Fernando Arrabal. Nossa!!! Que medo daquele monstro dos palcos me avaliando por trás dos seus óculos escuros. Resultado: Ingressei em sua instituição e durante alguns anos, afortunado e me embrenhando em um aprendizado de qualidade.
Me formei Bacharel em Artes Cênicas – Ator. Um ano depois fiz uma Pós-graduação em Linguagem Teatral, nessa instituição, com nomes renomados do cenário cênico de vários estados, como consta abaixo na foto com nome dos docentes da Pós-Graduação. Um luxo com grande aprendizado!
Docentes da Pós-Graduação.
Como me perguntou Cesar Augusto acima, Brasília foi o celeiro do meu conhecimento teórico e prático, me possibilitando a ter outras formações, como falarei mais adiante – através da Faculdade Dulcina de Moraes – onde durante o curso de 3 anos e meio, com mais 1 ano e meio de Pós-Graduação – subi no palco inúmeras vezes, em diversos espetáculos. Fazia 4 a 5 espetáculos por ano; não havia temporadas longas por falta de público, aí montava-se muitos trabalhos cênicos.
CESAR AUGUSTO – A dança me parece sua fiel companheira e determinante em sua atuação. A dança flamenca tem, por assim dizer, um protagonismo nas suas performances, salvo algum engano da minha parte. Dentro deste viés, nos revele como este universo da dança reverberou na sua história e quais momentos foram decisivos neste percurso?
F.FACHETTI – Descobri a dança através da instituição Faculdade Dulcina de Moraes – onde na grade curricular de bacharelado em artes Cênicas era obrigatório cursar 4 semestres desse esgar corporal que chamamos de dança -, de extremo necessário para a performance de um ator, tanto que lá na frente, a defesa de minha monografia na Pós-graduação era: “A Importância do ator/Bailarino”.
Meu professor de dança no Bacharelado: Fernando de Azevedo, que coreografou alguns musicais para Bibi Ferreira, logo nas primeiras aulas me disse: “Garoto, se você quiser, poderá ser um grande bailarino”. Não tinha a mínima noção disso. Assim, descobri que os compassos determinavam mais uma função como artista em minha carreira, e que eu conseguia dominá-los com meu corpo e sensibilidade.
Nunca quis ser somente bailarino, queria usar a dança de impossíveis formas na minha trajetória como ator.
O Fachetti bailarino era cada vez mais latente na minha vida e consequentemente passei a ser muito requisitado nesta função – me dando mais cabedal cênico e domínio no cenário de sonhos artísticos que almejava.
Passei a fazer inúmeros espetáculos que exigiam a técnica do ouvido, do corpo, da busca expressiva advinda da música.
Transitei e obtive formações em várias áreas da dança – moderna, clássica, jazz, tango, chegando a dança flamenca – minha grande paixão, por ser um trabalho de teatralidade estonteante, sem dizer uma palavra, onde a narrativa dos palos/ritmos flamencos tem que vir das profundezas do sensível, nos tornando intérpretes, com apoio da alma, da força varonil que um palco exige, que o flamenco exige.
Fui totalmente influenciado pelo emblemático bailarino flamenco: Antonio Gades, até hoje sou; ele foi um “ator” que revolucionou o flamenco com sua teatralidade. Obrigado Gades.
DESTACO ALGUNS TRABALHOS LIGADOS PATICURLAMENTE À DANÇA:
– Ópera “AIDA” de Giuseppe verdi. Coreógrafo: Juan Carlos Berardi. Apresentada no Forte de Copacabana, RJ.
– Ballet de repertório “COPPÉLIA”. Coreógrafa: Regina Maura Berardinelli– Studio de Dança Regina Maura, Brasília, DF. Teatro Nacional de Brasília – Sala Vila Lobos.
“Ballet Coppélia”.
Em cena Monica Berardinelli, bailarinas e Francis Fachetti como “Dr. Coppélius”.
“Ballet de Repertório Coppélia”.
Francis Fachetti como “Dr. Coppélius” e Monica Berardinelli.
– “DANTE E A DIVINA COMÉDIA”. Direção e coreografias Regina Maura – Cia Studio de Dança Regina Maura. Teatro Nacional de Brasília – Sala Vila Lobos.
Participação como ator e bailarino.
Francis Fachetti como “Lúcifer” no final do inferno do espetáculo:
“DANTE E A DIVINA COMÉDIA”.
– “A ÓPERA DO MALANDRO – O Musical”. Coreógrafo: Fernando de Azevedo. Brasília, DF.
– “CHORUS LINE – O Musical”. Coreógrafo: Fernando de Azevedo, Brasília, DF.
Ensaio do espetáculo: “Chorus Line – O Musical”.
Ensaio do espetáculo “Chorus Line” O Musical”.
– “GOTA D’ÁGUA” de Chico Buarque e Paulo Pontes. Como bailarino em momentos coreografados por Fernando de Azevedo, Brasília, DF.
Espetáculo: “Gota D’Agua” No Canto esquerdo A atriz Wol Nunes num número musical onde estou no meio dos bailarinos.
– “ÓPERA CARMEM” de Georges Bizet. Montagem com concepção de um diretor de fora do Brasil. Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde foram apresentadas 9 récitas. Direção cênica e cenografia: AllexAguilera. Regência: Isaac Karabtchevsky – Coro e Orquestra do Teatro Municipal.
“Ópera Carmem” de Bizet. Direção: Allex Aguilera.
Regência: Isaac Karabchevsky com Coro e Orquestra.
Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
“Ópera Carmem” de Bizet.
Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
“Ópera Carmem”.
Regência: Isaac Karabtchevsky com Coro e Orquestra.
“Ópera Carmem” de Bizet.
No palco do Teatro Municipal do RJ com a bailarina Candida.
“Ópera Carmem” – momento final para os aplausos.
Um vídeo bem pequeno do flamenco no espetáculo divulgado pelo Teatro Municipal do RJ da participação do flamenco na ópera. Assistam abaixo:
– “ÓPERA CARMEM” de Georges Bizet. Montagem do Rio de Janeiro no Teatro Municipal de Niterói, 1 ano depois de fazer a montagem no Teatro Municipal do RJ. Participação como -Ator e Bailarino Flamenco.
“Ópera Carmem” de Bizet – Programa do espetáculo com elenco.
Teatro Municipal de Niterói.
“Ópera Carmem” de Bizet – Teatro Municipal de Niterói.
Foto da plateia em um dos dias da apresentação da
“Ópera Carmem” de Bizet.
“Ópera Carmem” de Bizet.
Teatro Municipal de Niterói.
– “ROQUE SANTEIRO – O Musical” de Dias Gomes. Direção Bibi Ferreira. Cenografia de José Dias. Como ator e bailarino.
Francis Fachetti em cena em “Roque Santeiro – o Musical” de Dias Gomes. Com Maria Lucia Priolli e Maciel Tavares.
Direção: Bibi Ferreira.
Em cena com Benvindo Siqueira, Ary Freitas em “Roque Santeiro”
Em cena em número musical.
“Roque Santeiro – O Musical” – Rogéria em cena como Matilde a dona do cabaré.
Em cena em “Roque Santeiro – O Musical”.
Direção: Bibi Ferreira.
Sidnei Magal em cena como Roque Santeiro com Maciel Tavares como Zé das Medalhas substituindo Benvindo Siqueira.
Em cena com Maria Lucia Priolli e Maciel Tavares.
Em cena Rogéria, Maria Lucia Priolli, Luiz Carlos Buruca e
Francis Fachetti.
Em cena a inesquecível e necessária Nicete Bruno como “Porcina”.
O ser humano mais carinhoso que já conheci.
– “SHOW BANDA CALÓ” – Show de música e dança flamenca realizado no Teatro Nacional de Brasília, sala Vila Lobos.
“Banda Caló”.
Na foto Francis Fachetti, Claudia Giselle, Maíra e os músicos junto com o cigano Caló (com violão a direita da foto).
Como disse Cesar Augusto em sua pergunta, o flamenco tem sim um protagonismo na minha vida. Coloco-o em tudo que realizo como artista. Me inspiro através do conhecimento que adquiri com essa arte espanhola – onde tive o privilégio de ter aulas com vários expoentes que vem direto da Espanha para nos enlouquecer de técnicas com suas habilidades.
Passei a efetivar na criação em meus trabalhos, inserindo o flamenco como coreógrafo, como ator, como diretor de movimento e até escrevendo críticas de teatro e de dança para esse Blog/Site. O flamenco está sempre pulsando nas minhas criações em cada uma dessas funções.
A arte flamenca é de uma abrangência absurda em sua técnica corporal e de taconeos (sapateado) numa entrega em cena arrebatadora para quem sabe utilizá-lo e tirar proveito da sua irrefutável presença artística, nos empoderando para enriquecer outras áreas das artes.
Não posso deixar de registrar um show de música e dança flamenca, que obteve muita visibilidade em Brasília: “SHOW BANDA CALÓ”, citado acima. “Caló” é o cigano vocalista da banda – com um teatro enorme e lotado e muita repercussão na imprensa escrita. Uma mescla de música cigana e técnica flamenca. Esse show foi realizado no teatro referência em Brasília, hoje em desmonte, na enorme sala Vila Lobos do Teatro Nacional de BSB, onde fiz outros espetáculos já citados. Lembrando também a participação da percursora do flamenco na cidade – Patricia Weingrill de Moraes – que já passou por esse Blog/Site nesse projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS”, por favor leiam, está aqui no Blog, e que ainda continua fomentando a cultura na cidade com seu trabalho mega necessário, com aulas em seu estúdio de dança flamenca e shows em diversos lugares e teatros.
Infelizmente eu perdi um material muito valioso de fotos, vídeos, matérias de jornais, livros de teatro, etc… que estava em duas caixas grandes quando me mudei para o Rio de Janeiro. Fiquei com poucos registros de fotos.
A dança flamenca é imprescindível e transparente nos meus trabalhos.
Por todos esses motivos, estou realizando um monólogo com texto de Caio Fernando Abreu fazendo um encontro surpreendente com a música e dança flamenca. Falaremos muito sobre esse espetáculo mais abaixo.
Não posso deixar de sublinhar com ênfase, minha presença integrando a Cia Ballet Studio Regina Maura, efetivando vários trabalhos autorais de Regina Maura e Ballet de repertório, como citei acima: “COPPÉLIA”. Dei vida ao personagem “Dr. Coppélius” – um trabalho de ator que exigiu muita disciplina e entrega, principalmente por ser um velho, e eu era um “garoto”, com uma caracterização bem específica em maquiagem e como intérprete.
Sublinho também um inefável e marcante trabalho que Regina Maura transportou para a linguagem da dança – DANTE E A DIVINA COMÉDIA – e me deu de presente a criação como ator do portentoso “Lúcifer”, e ainda participava como bailarino permeando todo o espetáculo. Marcou minha carreira para sempre.
Como diz Regina Maura em seu depoimento sobre meu trabalho: “Sei que muitos anos se passaram, mas aquela imagem ficou eternizada”. E eu digo: Aquele espetáculo ficou eternizado:
Cena de “LÚCIFER” no espetáculo: “Dante e a Divina comédia”
Francis Fachetti como “Barqueiro das Almas” em: “Dante e a Divina Comédia”
Na Foto com Monica Berardinelli.
Monica Berardinelli – Primeira bailarina da Cia de Dança Regina Maura como intérprete de “Beatriz” em:
“Dante e a Divina Comédia”.
Francis Fachetti em cena em mais um momento do espetáculo:
“Dante e a Divina Comédia”.
Bailarinas em cena no espetáculo:
“Dante e a Divina comédia”.
Francis Fachetti / “LUCIFER”
Um generoso depoimento da mestra fundadora e diretora da Cia de Ballet Regina Maura em Brasília, DF – sobre a época que era integrante de sua Cia e realizei vários trabalhos como bailarino e ator:
“Fui bailarina clássica formada na escola estadual de Danças Maria Olenewa. Pertenci por 12 anos ao Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio, no qual cheguei a solista.
Fundei minha escola em Brasília há 40 anos e nestes muitos anos de estrada pude trabalhar com uma infinidade de artistas, Francis Fachetti veio trabalhar conosco ainda garoto, com uma beleza e conhecimento próprio enormes. Desenvolvemos muitos trabalhos onde ele se sobressaiu de forma contundente, se apresentou em trabalhos como bailarino e ator, como os autorais de minha Cia de dança – “Brasilidade e Sintonia” – em alguns Clássicos de repertório; criou um Dr. Coppelius no Ballet Coppelia inesquecível, que emocionava bailarinos e plateia em cada apresentação, mas, não poderia nunca deixar de mencionar um dos trabalhos mais marcantes de minha Cia de Dança: “Dante e A Divina Comédia”. Neste espetáculo que contou com o primeiro bailarino do TMRJ Marcelo Misailidis no papel de Dante, Francis Fachetti fazia o papel de Lúcifer e participava durante o espetáculo como bailarino. Sua aparição saindo do inferno – Lúcifer – em um enorme tecido que cobria quase toda a extensão do palco, onde o arquétipo do mal era apresentado pelo anjo mais lindo e poderoso jamais visto pela humanidade, trouxe um artista pleno e competente.
Presenciar todo aquele magnetismo natural, aliado a força cênica destinada por ele ao momento fez com que a plateia ficasse hipnotizada”.
Sei que muitos anos se passaram, mas aquela imagem ficou eternizada”.
Regina Maura.
Regina Maura Berardinelli e Monica Berardinelli.
FACHETTI EM OUTROS TRABALHOS NA DANÇA:
Francis Fachetti em cena num espetáculo de flamenco no Teatro Nacional de Brasília – Sala Martins Pena.
Em cena num palo/ritmo flamenco dançando uma “Farruca”.
Francis Fachetti e a Mestra Maria Teresa Canário.
Francis Fachetti e Maria Teresa Canário bailando por “Farruca”.
No violão flamenco o grande Allan Harbas.
Francis Fachetti e Ariel Vaz
Em cena dançando num tablado flamenco.
Francis Fachetti e Ariel Vaz.
Teatro das Artes. Em cena com os músicos e a bailarina Patricia Carreta.
Em cena no Teatro das Artes.
Em cena dançando um palo flamenco: “Alegrias”.
Teatro Princesa Isabel.
Dançando um palo flamenco chamado “Soleá” – Denso, introspectivo…
Solo realizado no Teatro Princesa Isabel com a música “SOS” de Maite Martín.
Solo “SOS” da música de Maite Martín no Teatro Princesa Isabel.
Solo Com a música “SOS” de Maite Martín.
Solo “SOS” com a música de Maite Martín.
Solo “SOS” – Teatro Princesa Isabel – Copacabana.
Em cena uma apresentação de “Tango” com a bailarina Tuila em comemoração às Bodas de Ouro de um casal no Hotel Marriot – Copacabana.
CESAR AUGUSTO – 3.1 -O teatro surge através da escola de Teatro Faculdade Dulcina de Moraes. No que se refere a esta formação, especificamente, esta instituição brasileira tão importante, foi decisória em sua história.
3.2 – Dentro deste ambiente educacional, é possível traçar uma linha nas suas escolhas artísticas? E de forma geracional, qual foi seu espaço de criação? Houve um grupo de pessoas ou artistas que te influenciaram?
F. FACHETTI – 3.1 – O teatro surgiu – me salvou – como disse acima, no Grupo de Teatro Experimental Capixaba, em Vitória, ES.
Hoje, tenho quase 30 anos de ofício.
Quando me aporto para Brasília em busca de estudo e pesquisas, entra o conhecimento efetivo: Faculdade de Artes Dulcina, que me fez alçar voos inimagináveis e transcender minha história de maneira inefável, sólida oficiosa; o artista vem para a cena e descobre diversas funções.
A instituição foi decisiva para o caminho que me conduziu para as experiências atuais, e não foram poucas e extremamente surpreendentes.
– 3.2 – Costumo dizer: tudo que é desenhado na minha caminhada, e que busco com obstinação – é o universo que conspira a favor. Ele mostrou escolhas artísticas que só se corroboraram a medida que o estudo e práticas eram encaradas; o ator, a dança, a ânsia e a fome de estar no palco; viver outras vidas, me sentir útil, pessoa, ter visibilidade trabalhando.
Meu espaço de criação foi invadido, cada dia mais, por trabalhos advindos de movimentos junto com a técnica (dança), e preocupado com o intérprete (ator). Foram muitos musicais, ballet de repertório, querendo sempre que o ator de alguma forma engolisse o bailarino.
Em geral, tudo e todos estando naquele espaço, naquele tempo demarcado dentro da Faculdade Dulcina foram fontes e aprendizados indiscutíveis para minha formação.
Trabalhei com muitos artistas que marcaram a cena teatral brasiliense: Fernando de Azevedo, Murilo Eckhardt, Luciana Martuchelli, Glória Diniz (ballet), Regina Corvello (ballet), Rosa Coimbra (ballet), Regina Maura Berardinelli (ballet e como ator), Ricardo Torres, dentre outros.
Um capítulo à parte para o docente e diretor teatral com quem trabalhei muito e aprendi o que é ser um intérprete: Murilo Eckhardt – Bravo!!!
Por último aquele que marcou e até hoje continua marcando minha vida e carreira: Ricardo Torres. Um diretor de ator, além de outras competências nos signos teatrais; hoje mora no Rio de janeiro e deixou um legado inigualável em riqueza teatral disseminado na cultura de Brasília. Praticamente implorei na época para me infiltrar em seu seletíssimo grupo teatral, tendo o ator Deo Garcez – que está trabalhando até hoje com ele, sendo um nome respeitadíssimo na teledramaturgia e no teatro. Bravíssimo!!!
– CITO ABAIXO ALGUNS TRABALHOS EFETIVADOS NA CENA TEATRAL E DE DANÇA EM BRASÍLIA E NO RIO DE JANEIRO, DENTRE OUTROS:
– Musical “NEGRO ANJO AZUL” de Ricardo Torres. O Texto de Ricardo tinha referencias do livro “Anjo Azul” do Professor Unrat de Menrrich Mann, e levou ao filme onde Marlene Dietrich alcançou o estrelato. O cantor “Rubi” interpretava várias músicas marcadas na voz de Elis Regina.
Texto e Direção: Ricardo Torres. 3 meses em cartaz no Teatro Dulcina, dentro da Faculdade Dulcina.
Marlene Dietrich no filme, onde alcançou o estrelato. Direção de Josef Von Stemberg.
Musical “Negro Anjo Azul”. Em cena Francis Fachetti, Antonio Fábio e mais um ator no canto esquerdo.
Texto e Direção: Ricardo Torres.
Musical “Negro Anjo Azul”. Em Cena o cantor “Rubi”.
“Negro Anjo Azul”. Em cena os atores Deo Garcez e Antonio Fábio. Texto e Direção: Ricardo Torres
“Negro Anjo Azul”. O cantor “Rubi” em cena, onde interpretava várias músicas que foram eternizadas na voz de Elis Regina.
Em cena “Rubi” e o ator Alberto Bruno. Brasília, DF.
Em cena Francis Fachetti, Alberto Bruno e Antonio Fábio e mais um ator no canto esquerdo.
– “A CASA DE BERNARDA ALBA” de Federico Garcia Lorca. Direção: Claudio Mendes. Permeava todo o texto com inserções com o personagem que aguça a libido das 7 mulheres, através de intervenções com dança e a música ao vivo do reconhecido violinista flamenco Allan Harbas.
Suzana Faini fazia a grande matriarca Bernarda Alba com as atrizes: Mariana MacNiven, Regina Gutman, Rita Elmor, Rosa Douat, Célia Grezpan, Jeanine Moreno. Teatro Nelson Rodrigues, RJ.
– “HUMULUS – O MUDO”. Direção: Luciana Martuchelli.
– “A ÓPERA DOS TRÊS VINTÉNS – de Bertold Brecht. Direção: Murilo Eckhardt. Teatro Centro de Convenções de Brasília.
Bertold Brecht e Kurt Weill contaram a história de Mackie Messer e do seu amor por Polly, filha de JJ. Peachum – conhecido como Rei dos Mendigos – que vestia o seu sangue como deficientes ou mendigos e mandava-os pedir esmola.
Esse espetáculo foi uma montagem emblemática na capital.
Murilo Eckhardt – O grande diretor a quem devo muito conhecimento e um carinho sem tamanho. Gratidão! Falecido a alguns anos.
Nesta foto de valor descomunal está: Dulcina de Moraes, Gê Martú (espetacular ator que interpretou o Sr. Peachum na montagem da “Ópera dos três Vinténs”), Helena Lacombe e Murilo Eckhardt.
– “BRASIL 500 ANOS – O MUSICAL”. Direção: Jorge Azevedo. Coreografias: Francis Fachetti e Fabiano Maciel. Teatro Serrador, Cinelândia, RJ.Participação como ator, bailarino e coreógrafo, fazendo vários personagens de nossa história.
Espetáculo: “Brasil 500 Anos – O Musical”.
Participação como coreógrafo e bailarino, também fazendo vários personagens da nossa história
“Brasil 500 Anos – O Musical”.
Na foto cena interpretando o Padre José de Anchieta.
“Brasil 500 Anos – O Musical”.
“Brasil 500 Anos – O Musical”.
Na foto dançando a música “Brasil” de Cazuza.
“Brasil 500 Anos – O Musical”.
“Brasil 500 Anos – O Musical”. Em cena como “Padre José de Anchieta”.
– “SÓ O FARAÓ TEM ALMA” de Silveira Sampaio. Direção: Murilo Eckhardt. Personagem: “Jaftás”. Teatro Dulcina, BSB.
– “ONDE CANTA O SÁBIA” de Gastão Torjeiro. Direção: Murilo Eckhardt.
– “ROMEU E JULIETA”. Adaptação do texto de Shakespeare para o encerramento do semestre. Direção: Fernando – não consigo lembrar o sobrenome).
– “O HOMEM DA FLOR NA BOCA” de Luigi Pirandello. Direção: Gilberto Rios.
– “CICLO DE LEITURAS DRAMATIZADAS DOS TEXTOS DE NELSON RODRIGUES”. Coordenação: Rose Abdaala.
Foram feitas as leituras dramáticas dos 17 textos de Nelson, onde eu participei de 9 textos. Cada texto era convidado um diretor do cenário teatral da cidade – Alexandre Contini, Daniel Dias da Silva, Antonio Gonzalez, Roberto Lobo, Silvia Monte, Marcelo Portes, Vitor Novelo, dentre outros, a maioria deles já passaram por esse projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS” e estão aqui no Blog/Site, é só conferir suas trajetórias. Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, RJ.
– Ilustrando abaixo dois momentos dessas Leituras Dramatizadas e Encenadas:
Francis Fachetti como “Dorotéia” de Nelson Rodrigues.
Francis Fachetti como “Dorotéia” e o ator Zé Carlos como Nelson Rodrigues.
Elenco de “Dorotéia”. Direção: Vitor Novelo.
Elenco de “Dorotéia” com a atriz e coordenadora do espaço – Gabinete de Leituras Guilherme Araújo: Rose Abdalah.
Francis Fachetti como “Dorotéia” – Em cena no Gabinete de Leituras Guilherme Araújo, Ipanema.
“Perdoa-me por me Traíres” – onde fizemos três Leituras Dramatizadas e Encenadas, em duas delas eu fiz o personagem “Gilberto” e em uma o personagem “Polanegri”.
No Midrash fui intérprete de “Gilberto” na direção de Marcelo Portes.
Em cena Francis Fachetti como “Gilberto” contracenando com Luciana Albertin que fazia sua mulher. Midrash Centro Cultural.
“Perdoa-me por me Traíres”.
Em cena Francis Fachetti e Jorge Leite.
Midrash Centro Cultural.
Final da apresentação no Midrash com a presença de Rosamaria Murtinho.
Final da apresentação no Midrash Centro Cultural. Na foto conosco a grande atriz Stela Maria rodrigues (que já passou por esse projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS”, confiram aqui no Blog/Site a sua entrevista), e que fazia parte do elenco de “Perdoa-me Por Me Traíres”.
Gabinete De Leituras Guilherme Araújo (Ipanema)
– “O MÁGICO DE OZ – O MUSICAL”. Direção: Gabriel Cortez.
Coreografias: Francis Fachetti. Quase 01 ano em cartaz com sucesso de público e tendo Carla Diaz fazendo uma “Doroti” impecável. Ainda no elenco Marcos Veras (antes da fama), Ronaldo Júlio e Genilson Gouvêa. Teatro das Artes, RJ.
Momentos coreográficos criados por Francis Fachetti em:“ O Mágico de Oz – O Musical”.
Momento de coreografia por Francis Fachetti do Homem de Lata: Genilson Gouvêa.
Momento coreográfico do Leão: Ronaldo Júlio.
Momento coreográfico – Carla Diaz, Marcos Veras e Genilson Gouvêa.
Coreografias: Francis Fachetti.
Terminando meu ciclo artístico em BSB, logo após minha Pós-Graduação em linguagem Teatral, abandonei Brasília, por nunca ter me identificado com a cidade – onde tinha um emprego efetivo como docente em teatro na Fundação Educacional de BSB, ganhando muito bem. Cheguei ao Rio, sozinho, com muita coragem e ousadia e passei anos me dedicando ao Teatro Infantil.
Criei uma Cia de Teatro com 8 espetáculos no seu repertório, dirigindo, atuando nos primeiros papéis, coreografando tudo; colocava o espetáculo no palco e entrava em cena.
Fiz todos os príncipes da Disney – aprendi muito nesse universo que parece menor – e por diversas vezes fui de Peter Pan a Alladin; fiz também todos os vilões; de Capitão Gancho à bruxa Úrsula da Pequena sereia; em diversas montagens feitas em diferentes teatros, por anos e anos. Fui muitas vezes Alladin, príncipe Érick, príncipe da cinderela, da Bela e a Fera – onde fui a Fera e o principe… e por aí vai. Nossa! Saudade! Entrava em cena impecável, com roupas lindas de época. Uma pena que não tenho como colocar as fotos que tenho de todos esses infantis – são incontáveis e lindas.
Fiz projeto escola sem parar em todos os cantos do Rio de janeiro, com isso poderia sobreviver, morando sozinho ou dividindo com outras pessoas.
Há 24 anos sou um carioca/capixaba. São muitas, muitas fotos desses trabalhos infantis todos. Um passado que me emociona, com personagens que não parecem que fui eu quem interpretei.
– ALGUMAS ILUSTRAÇÕES DAS MONTAGENS TEATRAIS INFANTIS E INFANTO-JUVENIL:
Em cena Carla Diaz e Marcos Veras.
Coreografias: Francis Fachetti.
Adaptação dos “Saltimbancos” feita por mim dentro da minha Cia de Teatro Infantil.
Direção, coreografias, o personagem “jumento”: Francis Fachetti.
Para encerrar deixo registrado algumas participações na teledramaturgia (Tv Globo), novelas e seriados e alguns programas musicais como bailarino – Programa “Amigos”, gravado em algumas cidades do Brasil e “Criança Esperança”,
No cinema ainda não tive experiência nesta arte que nos seduz enquanto artistas e espectadores.
CESAR AUGUSTO – No que se refere ao pensamento crítico e o desenvolvimento de ações referentes a cena, levando em consideração seu trabalho em torno do seu Blog/Site: Espetáculo NECESSÁRIO: críticas de teatro e dança, como tudo isso se construiu? Quais são as suas perspectivas, depois das tormentas pandêmicas? Algo mudou?
F.FACHETTI – Construí mais esse caminho – da narrativa do pensamento crítico por sempre gostar de analisar e escrever sobre as artes cênicas, principalmente sendo artista da cena. O meu olhar se aprofunda por saber exatamente como é estar no olho do furacão. Somou-se a isso o meu aprendizado em minha Pós-graduação onde estudei as minúcias dos signos teatrais (iluminação, cenografia, etc). Fiz 3 cursos de críticas teatrais, sendo o último de extremo necessário para o meu deslanchar, no Sesc Copacabana, com o crítico que tanto admiro Patrick Pessoa.
Fui sempre incentivado por colegas artistas a me tornar um pensador crítico, e acabei colocando no ar meu Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança: ESPETACULONECESSARIO.COM.BR – com conhecimento nessas duas áreas. Também dentro dele um pouco do meu trabalho na cena teatral e dança; fotos, vídeos.
Antes, eu comecei a escrever postando somente no facebook, como ainda faço, sem criar o Blog/Site. A visibilidade e credibilidade foram tantas e tão rápido que efetivei criando o ESPETACULONECESSARIO.COM.BR
Hoje, continuo fazendo sucintos comentários críticos no face, como eu denomino, e quando acho que devo e é possível, coloco através/dentro do Blog. São duas maneiras muito positivas de divulgar inúmeros trabalhos nas artes em geral e que é muito favorável a todos nós artistas.
Divulgo, dissemino, procuro fomentar todos os trabalhos e artistas da cena, independente se faço crítica teatral ou de dança, ou não.
Deixando muito claro que – quando divulgo colocando: Espetáculo NECESSÁRIO é por que realmente assisti e no meu olhar o trabalho é necessário, precisa ser apreciado, escrevendo ou não minhas críticas.
Resumindo, costumo divulgar o cenário cultural todo do Rio de Janeiro, por que quero, gosto, uma atitude empática, sem visar remuneração.
O projeto “Entrevistas NECESSÁRIAS” veio no começo da pandemia, pois não tinha mais espetáculos em cartaz para fazer críticas, sendo que fiz vários sucintos comentários críticos de espetáculos online que assisti e os divulguei muito.
Essas palmas tornaram-se imprescindíveis, necessárias para os trabalhos e alguns artistas do cenário cultural.
As “Entrevistas NECESSÁRIAS” foi minha redenção, meu alimento para a alma, com o intuito de ser um documento cultural e homenagear a trajetória artística do universo teatral e da dança. Bingo!!! Existem entrevistas com um caráter cultural/documental enriquecedor ferrenho; colocando a história teatral e cultural de cada artista nas mãos e olhos de todos. Obrigado mais uma vez ao universo.
Sobre o que me perguntou, Cesar Augusto, das minhas perspectivas “pós- pandemia”, nesse tempo deu para assentar algumas coisas no meu pensamento:
– Continuo com as críticas de teatro e dança no Blog, não em volume que fazia, por estar retomando meu lado artista da cena com força; meu monólogo principalmente.
– Continuarei divulgando – com mais parcimônia – o cenário cultural do Rio, com sucintos comentários críticos de alguns trabalhos e fazendo a narrativa também dentro do Blog/Site.
– Estou muito focado na minha retomada como ator e bailarino.
CESAR AUGUSTO – Sobre sua última investida como ator e idealizador, o monólogo “Os Dragões”… uma montagem do texto/conto de Caio Fernando Abreu, *Os dragões não conhecem o paraíso*- conte-nos sobre o projeto e suas perspectivas? Quais caminhos que esta obra ainda vai percorrer?
F.FACHETTI – O solo onde eu idealizei o encontro de Caio Fernando abreu com a música ao vivo e a dança flamenca – é uma compilação de toda minha trajetória artística.
Em cena na apresentação do Gabinete Guilherme Araújo, no dia 10/3/2020. Foto: Luis Teixeira Mendes.
Depois de quase 30 anos de ofício, com formação em várias funções, amalgamei tudo que amealhei como profissional das artes, num monólogo que o universo colocou na minha mão.
Em cena na apresentação feita no Gabinete de Leituras Guilherme Araújo, Ipanema, no dia 10/3/2020. Foto: Luis Teixeira Mendes.
O texto intacto de Caio é apaixonante e provoca cada ser humano, quando ele relata em primeira pessoa suas fragilidades e seus momentos de liberdade. Essa fragilidade está explicita em cena na minha concepção do espetáculo – não posso falar aqui, pois o público descobrirá através da minha desenvoltura cênica. É o frágil no abissal de suas emoções e o empoderado/liberdade na sua entrega aos “convites” da vida, num abismo que ele não conseguiu livrar-se. Ele era tão verdadeiro que se permitia ser o melhor e o pior, principalmente em suas aventuras.
Em cena no Gabinete de Leituras Guilherme Araújo, no dia 10/3/2020. Foto: Luis Teixeira Mendes.
Esse projeto/monólogo ia ser dirigido por Bruce Gomlevsky – que é um artista que me encanta muito como ator e diretor – porém, Bruce tem uma agenda que não permitia se dedicar a essa empreitada cênica que me é tão particular, por isso, achei melhor procurar outro diretor para não criar nenhum desconforto em nossos laços que são necessários e presentes.
Exatamente o mesmo aconteceu com Sueli Guerra, que assumiu a direção e se enquadra no mesmo motivo no que se refere à sua saída do projeto. Resolvi preservar tudo que tenho de bom com ela; inclusive, estamos engajados em um outro projeto, que ela me convidou, logo vocês saberão.
O universo se incumbiu de colocar aquele que realmente dirigiu esse monólogo: Ricardo Torres – que eu já havia trabalhado, uma referência no universo artístico de Brasília, onde estive em cena pelas mãos dele e também aqui no Rio.
O primeiro músico foi Alejo Gonzalez e agora estou na direção musical, e tendo como companheiro de cena o competente e profissional Rodrigo Araújo.
Em cena na apresentação do Gabinete Guilherme Araújo, no dia 10/3/2020:Rodrigo Araújo e Francis Fachetti.Foto: Luis Teixeira Mendes.
Em cena na apresentação do dia 10/3/2020.
Sendo muito sucinto, fizemos três leituras dramáticas, antes da pandemia, para eu sentir como seria essa convergência da dança e dos palos flamencos ao vivo com o texto de Caio Fernando Abreu. Como eu imaginava o amálgama foi lindo, necessário.
Fiz a última leitura dramática no dia 10/3, três dias antes da pandemia nos aprisionar. Em cena estava sempre o texto inteiro de Caio e seu encontro com a música, permeando todo espetáculo, e a dança fazendo inserções nos momentos pertinentes.
Tudo foi feito sem nenhuma produção, um acordo lindo de amor pela arte entre direção e músicos. Como idealizador e ator do projeto, correndo atrás de tudo, até esse monólogo achar uma produção para colocá-lo em cartaz como ele merece.
Em cena na apresentação no Gabinete Guilherme Araújo, no dia 10/3/2020. Foto: Luis Teixeira Mendes.
Durante a pandemia continuei trabalhando incansavelmente nele – fazendo vídeos com trechos do texto de Caio inserindo a dança em 3 dos 6 vídeos feitos. Isso para o projeto não morrer e para eu não morrer de tristeza durante esse cruel período pandêmico. Todos os vídeos sendo orientados pelo celular, e aprovados por Sueli Guerra. Feitos na minha casa, sem nenhum recurso técnico. Estão todos expostos aqui nesse Blog/Site, é só conferir. Claro, uma outra linguagem, exercitando o texto, com o objetivo de sobreviver e não deixar morrer minha afluência com Caio Fernando Abreu.
A partir do momento que Ricardo Torres assumiu a direção presencialmente, houve uma guinada cênica definitiva. Na verdade Ricardo apaixonou-se pelo trabalho quando ele assistiu a terceira leitura dramática comigo, o músico (Rodrigo), a dança – no dia 10/3, no Gabinete de leituras Guilherme Araújo, Ipanema.
Fizemos alguns ensaios presenciais e Ricardo fez uma direção de ator nevrálgica/crucial para o trabalho tomar forma cênica – com marcação de todo o texto e o que mais importa: me colocando como o intérprete dessa narrativa tão pessoal e impactante que Caio transportou para a escrita, definhando sua alma e corpo, se expondo, abre a porta de sua intimidade e emoções nos fazendo cumplices e nos identificando com tudo que ele relata à flor da pele. Juntando tudo isso à beleza escultórica e viripotente da música e dança flamenca.
Realmente foi muito comovente e profundo para mim o trabalho de direção de ator na cirúrgica direção desse homem das artes cênicas.
Francis Fachetti e Ricardo Torres.
Foto: Zack Barreto.
Enfim, o trabalho está pronto, o espetáculo está louco para subir nos palcos, e eu enlouquecendo procurando uma produção que aposte nesta viagem cênica tão latente e sedenta de toda a técnica necessária que se precisa para nascer nos palcos, nos cantos, nos teatros, na vida.
O universo me presenteará na minha necessidade à essa produção de um trabalho com total entrega.
Lembrando ainda, que Ricardo Torres está na direção a mais de 6 anos ininterruptos em cartaz com um lindo e necessário espetáculo: “Luiz Gama – Uma Voz Pela Liberdade”, que tem o talentoso ator Deo Garcez no papel título; está aqui no Blog/Site a crítica teatral que eu fiz de “Luiz Gama”, é só ler e conferir o trabalho, quando possível.
Apresentação do dia 10/3/2020.
Francis Fachetti.
Francis Fachetti e Rodrigo Araújo, no dia 10/3/2020. Momento que o músico vai para Caio (Francis Fachetti). Foto: Luis Teixeira Mendes.
Em cena no dia 10/3/2020.
Foto: Luis Teixeira Mendes.
Em cena no dia 10/3/2020. Gabinete Guilherme Araújo, Ipanema.
Cartaz/flyer da terceira apresentação no dia 10/3/2020.
Final da apresentação do dia 10/3/2020 no Gabinete Guilherme Araújo.
Francis Fachetti, Rodrigo Araújo, Sueli Guerra e parte do público.
O projeto/monólogo se trata do encontro surpreendente do texto denso, visceral, em primeira pessoa: “Os dragões não conhecem o paraíso”, de CAIO FERNANDO ABREU.
O olhar de Caio sobre o amor, colocando os dragões como metáfora de seus próprios amores, permeado pela impactante força da arte flamenca.
Caio manuseia sua dramaturgia em torno de um mesmo tema – o amor. Amor personificado na força, no invisível, na metáfora das palavras, que nos faz refletir em lirismo desenfreado, na realidade de suas revelações, para podermos alcançarmos o paraíso/amor.
Um amor em busca de todos os sentimentos que nos acomete; sexo, abandono, alegria, medo, loucura e morte…
Caio usa os símbolos da mitologia – dragões, hamadríades, gaviões reais, elfos… alecrim, hortelã, para nos nortear e desnortear.
“Os dragões não conhecem o paraíso”, fica e acontece onde os dragões/amor sobrevivem, e não querem se desapegar -do lado esquerdo do peito.
Uma vertiginosa e necessária experiência teatral, com música ao vivo e dança, nos atravessando, esclarecendo, ampliando e nos remetendo a um todo desconhecido, e ao mesmo tempo muito familiar.
É oferecido ao público, a oportunidade de interagir no universo literário que marcou uma época, e efetivou esse dramaturgo tão singular.
POR QUE MONTAR E PATROCINAR ESSE TRABALHO CÊNICO?
Proporcionar a oportunidade de levar ao grande público, uma obra literária existencialista, e de profundo entendimento dos conflitos humanos – que marcou uma época e projetou um dos nossos maiores e sensíveis dramaturgos, conectando-o com o poder da impactante arte flamenca – tão amalgamada à retórica de Caio Fernando Abreu.
Um trabalho diferenciado nessa convergência; texto e flamenco.
“OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO” foi uma das obras de Caio que ganhou o nosso maior prêmio literário: “Prêmio Jabuti”.
Em cena na segunda apresentação feita na Academia Estação da Dança, Ipanema, com o músico Alejo Gonzalez – 25/01/2020.
Foto da segunda apresentação feita na Academia Estação da Dança.
Em cena um momento que o músico está com Caio – Francis Fachetti.
Em cena na apresentação em outubro de 2019, na estreia, no Midrash Centro Cultural.
Foto: Ariel Guevara.
Estreia do monólogo no Midrash Centro Cultural em outubro de 2019.
Foto: Ariel Guevara.
Estreia no Midrash Centro Cultural, Leblon.
Foto: Ariel Guevara.
Midrash Centro Cultural, Leblon. Foto: Ariel Guevara.
Em cena na apresentação do Midrash – estreia em outubro 2019.
Foto: Ariel Guevara.
“OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO”.
Teatro das Artes – Agosto de 2021.
Pequeno trecho da abertura do monólogo.
Foto: Jow Coutinho.
Teatro das Artes – Agosto de 2021.
Pequeno trecho da abertura do monólogo.
Foto: Jow coutinho. Teatro das artes 2021
Teatro das Artes – Agosto de 2021.
Teatro das Artes – Agosto de 2021.
“OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO”.
CESAR AUGUSTO – Uma última pergunta-provocação.
Atuando no campo das artes cênicas em tantas frentes, ainda existe espaço ou desejo de abrir caminhos para outras formas criativas? Até onde o talento e a determinação de Francis Fachetti pode, ou está reverberando, surpresas estão por vir?
F.FACHETTI – Adoro suas perguntas/provocações.
Atuando em tantas frentes nas artes, eu só quero espaço e credibilidade para desbragar meus desejos e conclui-los no atual momento – conseguir uma produção para colocar nos palcos “OS DRAGÕES NÃO CONHECEM O PARAÍSO”, trabalho que estou apostando todas as minhas fichas e toda minha responsabilidade. E um outro espetáculo/musical, que mencionei na pergunta mais acima, convidado por Sueli Guerra; um musical falando da vida e obra de uma das grandes vozes do cenário popular: Sidnei Magal, com quem trabalhei em “Roque Santeiro – O Musical. “Magal, Eu Te Amo! ” terá direção de Chiquinho Nery e Sueli Guerra, começando os ensaios agora em janeiro de 2022.
Até onde o talento e determinação/obstinação de Francis Fachetti está reverberando? Em tudo que me entrego de alma, experiência que o tempo me proporcionou, disciplina e lealdade a mim e ao universo.
As surpresas que virão serão esses dois espetáculos que farei em 2022.
Quero agradecer a meu grande parceiro de vida, com quem eu moro e me dá inúmeros subsídios para ser o artista que sou.
Gratidão a todos os entrevistados desse projeto que submergiram nas – Entrevistas NECESSÁRIAS – e confiaram suas trajetórias artísticas às minhas mãos, ao meu olhar e dedicação. Esse projeto é uma homenagem mais que merecida à retumbante batalha de nós artistas.
A você, Cesar Augusto, o universo mandou um recado acachapante:
NÓS TE AMAMOS!
Em cena bailando no Teatro das Artes.
Reveillon pandêmico na Praia de Copacabana. A Praia só minha, tomando um prosseco, sorrindo, porém, orando por todos nós.
Vista deslumbrante nas pedras do Arposdor de Ipanema e Leblon.
Simplesmente:
FRANCIS FACHETTI.
– Ator; Bailarino, Dançarino Flamenco; Coreógrafo; Diretor de Movimento e Crítico Teatral e de Dança.
2 Comments
Bruno
Excelente trabalho realizado
Rui Marinho
Entrevista mais que necessária.
Linda homenagem a quem nos últimos anos, deu visibilidade GRANDE a tds os nossos GRANDES artistas.
Excelente.
Bravo👏👏👏👏👏