Temporada 2022 – Blog/Site:
“RETROSPECTIVA”
Projeto:
“Entrevistas NECESSÁRIAS”
O Blog/Site iniciou a temporada de retrospectiva das inúmeras (78) homenagens feitas aos artistas das artes cênicas em geral – teatro, dança, cinema…
O retrospecto da vez – é à quem costumo chamar de “Mestre da Fotografia” – por conhecer bem seu trabalho e por ter me clicado inúmeras vezes; no seu estúdio, em cena de espetáculo: o fotógrafo que elegi para fazer parte da ficha técnica do meu monólogo, que entrará em cartaz – trabalho que ele já fez fotos incríveis.
LUIS TEIXEIRA MENDES e seu olhar inefável, depurador, necessário e revelador de almas – sejam debaixo dos holofotes, ou de submundos desalmados que precisam adquirir luz – essa luz começa pelo seu olhar apurado.
Como ele mesmo diz: “Esses últimos dois anos meu trabalho mudou tanto no conceito quanto na idealização”.
Lentes necessárias por um olhar inefável:
Luis Teixeira Mendes
O olhar que capta o surpreendente.
Foto premiada que faz parte do livro: “Fé – Perspectivas”.
Abaixo uma pequena atualizacão do que Luis Teixeira fez de mais recente, e logo após entraremos na sua retrospectiva do projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS, feita a quase dois anos.
Luis Teixeira Mendes nos diz:
“A pandemia acabou extinguindo um trabalho que eu vinha fazendo desde 2018 quase que diariamente, que era a fotografia em estúdio para modelos e artistas e a fotografia de espetáculos e shows”.
Autorretrato como expressão interior durante a pandemia.
Autorretrato como expressão interior durante a pandemia.
Autorretrato como expressão interior durante a pandemia.
“Ao mesmo tempo que os trabalhos sumiam, sobrava tempo para fazer o que eu mais gosto: estudar! Foram dezenas de cursos on line onde pude aprimorar minha visão artística e conceitual. Com isso, minha fotografia passou a ser mais híbrida, com base nas artes plásticas, na colagem e no estudo profundo da arte contemporânea. Posso afirmar que nesses últimos dois anos meu trabalho mudou tanto no conceito quanto na idealização”.
“Vidas Enquadradas” – mais uma foto premiada.
“Pinceladas de Fogo”
Inspiraçao na obra de Yayoi Kusama: Expoente artista plática e escritora japonesa.
Foto vencedora de vários prêmios. Faz parte também do livro “Urbs Brasil 2021” – Editor Vivara.
O detalhe de um cacto se transforma em arame farpado.
Foto colagem:
Primeiro lugar no Concurso Universo Feminino.
“Também me sobrou tempo para participar de concursos fotográficos, onde tive a honra de receber dezenas de prêmios nacionais e internacionais. Entre os inúmeros, destaco que fui TOP 10 Finalists do Concurso Global Photography 4 Humanity, em 2020, onde minha foto “A Evolução das Espécies”, foi exibida no Museu da Fotografia em Nova York e nas Nações Unidas”.
“Também me voltei para um polêmico projeto fotográfico que havia começado em 2018 e tive que interromper pelo excesso de trabalho nesse ano”.
“O livro e o foto filme “Cine Pornô: Fragmentos de Desejo e Medo” estão em fase final de produção e devem ser lançados ainda esse ano”.
“O trabalho é uma série documental que retrata a atmosfera dos Cines Pornôs do RJ. Com inspirações no Expressionismo Alemão; é um apanhado antropológico onde a solidão, o lúgubre, a insalubridade e a busca pelo sexo anônimo são levados a nível extremo”.
Foto do livro “Cine Pornô”. A maioria é rigorosamente proibida para menores.
Foto do livro “Cine Pornô”.
Foto do livro “Cine Pornô”.
“Calçadão de Copacabana” – um tema obsessivo.
“Calçadão de Copacabana”.
Foto de rua.
Rio de Janeiro no olhar de Luis Teixeira Mendes.
O astro Rei no olhar de Luis Teixeira Mendes.
Luis Teixeira Mendes.
“Calçadão de Copacabana – Carlos Drumond de Andrade”.
Simplesmente:
INEFÁVEL!
Depois dessa atualização que nos mostrou a potência de seu trabalho, vamos para o retrospecto de sua entrevista feita a quase dois anos atrás.
Luis Teixeira Mendes é atualmente um fotógrafo, sem dúvida alguma, necessário.
Com lentes que desvelam, para nossos olhos contemplarem. Já fui capturado por suas lentes perspicazes, que possuem resultados de uma beleza que não podemos definir. O Mestre da fotografia de rua, natureza e espetáculos teatrais.
Carioca, morador de Copacabana, apaixonado pelo Rio, faz diariamente vários cliques da cidade. São momentos em que a lente encontra a curiosidade urbana.
Fotógrafo, jornalista, empresário e produtor cultural, foi, durante 23 anos, proprietário da lendária Paradise Vídeo; locadora que revolucionou o mercado de home vídeo, e foi a preferida de cinéfilos, estudantes de cinema, artistas e intelectuais.
Discípulo do renomado Walter Firmo, Teixeira Mendes, é especialista em fotografia de rua e de espetáculos teatrais. Possui estúdio em Copacabana, onde realiza fotos para divulgação de espetáculos, books e ensaios artísticos, sensuais e conceituais.
Em 2018 realizou a exposição “Crônica Carioca de um Rio Particular”, no Museu da República. Sucesso de público e crítica, bateu recorde de permanência e público no museu, atraindo mais de 13 mil visitantes, em três meses.
Em 2019, convidado pelo Departamento de Cultura do Palácio Tiradentes, realizou “Crônica de Uma Cidade Amada”; e novamente teve recorde de público e permanência no Palácio. As duas exposições tiveram curadoria do Mestre Walter Firmo.
Quem, no Rio, nunca frequentou, ou não foi ao menos uma vez à Paradise Vídeo, em Copacabana, entre 1992 e 2016? Especializada em filmes clássicos, cults, europeus e nacionais. A locadora virou referência na cidade. Entre os ilustres clientes, que alugavam filmes para composição de personagem, destacam-se: Rodrigo Santoro, Bete Mendes, Flávia Alessandra, Francisco Cuoco, Sonia Braga, Malvino Salvador, Teresa Cristina, Alessandra Maestrini. Os cineastas Walter Lima Junior, José Joffily, Paulo Thiago e Silvio Tendler, também eram figuras constantes.
Em janeiro de 2016, o proprietário Luis Teixeira Mendes encerrou as atividades, após 24 anos de funcionamento em Copacabana. O fechamento causou comoção no bairro, nas redes sociais, e foi matéria de capa do Segundo Caderno do jornal O Globo, que a intitulou de: Paradise: O Fim de uma Era.
Mas o empresário não ficou de braços cruzados. Tornou-se fotógrafo profissional.
Durante a pandemia o artista está trabalhando com autorretratos, dentro da estética do isolamento social.
Há cinco anos ele se especializa em fotos da cidade, retratando seus encantos e desencantos, seus melhores ângulos, sempre com um olhar poético.
Segundo, Walter Firmo, que lançou o fotógrafo, “Luis Teixeira Mendes pertence à nova safra que usa a fotografia como leitura e legítima defesa do belo, dissecando temas com linguagem de luzes rebuscadas, narrando com peculiaridades de formosura, requintes formais, como quem escreve uma crônica carioca, com uma visão particular”.
Além das lentes, outra paixão do jornalista é o teatro. De 2005 a 2007, produziu dois espetáculos infantis no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea. Em janeiro de 2017, produziu, juntamente com Dolores Del Rio, dois espetáculos teatrais.
As peças fazem parte do projeto Comédias Cariocas, que é responsável pela revitalização do Teatro Princesa Isabel, em Copacabana, um dos pontos mais tradicionais da cidade.
Entrando na Entrevista NECESSÁRIA com:
LUIS TEIXEIRA MENDES.
Fachetti– Fotógrafo, jornalista, empresário e produtor cultural. Onde está o verdadeiro homem e profissional nessas 4 profissões? Em qual delas a vocação se instala? E por que?
Luis Teixeira –A fotografia me atingiu de forma tão implacável, que já a respiro 24 horas por dia. Não consigo mais me ver fazendo outras coisas. Somente a fotografia e suas ramificações, como a imagem em movimento e as artes plásticas, me deixam realizado artística e profissionalmente.
“Calçadão Impermanente”, trabalho em andamento.
Fachetti – Discernido na introdução, o que foi para você ser proprietário da lendária Paradise Vídeo – que fez história e marcou a cultura carioca? Qual o sentimento de encerrar após 24 anos, esse lugar que revolucionou o mercado de home vídeo? Cultuado, atípico, preferido de cinéfilos e artistas?
Luis Teixeira –A Paradise Vídeo foi um sucesso desde que abriu até seu encerramento, 24 anos depois. O que mais me orgulha é quando as pessoas falam que a Paradise foi fundamental em sua formação cultural e artística. Numa época onde só se podia assistir a filmes no cinema, na TV ou alugando-os, a Paradise quebrou paradigmas quando entrou no mercado com seu acervo especialmente dedicado aos filmes de arte, cults, europeus e nacionais.
A fama se espalhou na cidade e, em pouco tempo, virou a preferida de cinéfilos, artistas e intelectuais, revolucionando o mercado de home vídeo e, ao mesmo tempo, fez com que outras locadoras apostassem também nesse filão. O seu fechamento causou comoção no bairro e foi divulgado nos principais meios de comunicação da cidade. Restou a sensação de um dever muito bem cumprido, pois quase cinco anos após seu fechamento, pessoas ainda me param na rua, emocionadas, para falar o quanto a locadora faz falta em suas vidas. A TV Puc fez um belíssimo documentário sobre os últimos dias da Paradise, a ser lançado em breve.
“Salve Jorge”: fascínio pelas festas populares.
Fachetti– Seu estúdio em Copacabana é privilegiadíssimo, com uma vista inenarrável para “A princesinha do mar”. Quais os trabalhos que mais te procuram para fazer em fotografia? E o que te dá mais prazer em fotografar dentro do seu estúdio?
Luis Teixeira –Estúdio, e ao mesmo tempo ateliê de criação, os trabalhos mais procurados são fotos para divulgação de artistas, modelos e espetáculos teatrais. A procura por ensaios sensuais também é muito grande. O que mais gosto de fotografar são os ensaios artísticos, principalmente quando o modelo aceita uma proposta dentro de um conceito.
Foto sensual realizada em estúdio.
Fachetti – Ser discípulo do renomado fotógrafo Walter Firmo, te dá um status de expressividade habilidosa e aguda. Quem foi Walter Firmo na sua trajetória? Em que ele mais te influenciou?
Luis Teixeira –Walter Firmo sempre será minha fonte inesgotável de conhecimento. Sou muito grato por sua generosidade, e muito me honro dele ter sido curador das minhas duas exposições. A maior lição que ele me passou foi que devemos fotografar com curiosidade, e alegria. Ele, aos 83 anos, quando está com sua câmera, parece um adolescente que acabou de ganhá-la. Isso é muito bonito.
O Gigante da Cinelândia, a foto de maior sucesso de público do Museu de República.
Fachetti– Acompanho seu atual ofício de fotógrafo, fui clicado por você diversas vezes. Gratidão! A definição de Walter Firmo para seu trabalho é meritória e crível: “Defesa do belo”; “Luzes rebuscadas”; “Peculiaridade”; “Requintes formais”… Defina você – no seu olhar, que é necessário – esse seu trabalho que possui nuances impressionistas particulares.
Luis Teixeira –Sim, muitos me chamam de caçador de luz. As luzes noturnas e artificiais da cidade são o que mais me encantam, e me inspiram em fazer belas composições. Amo o Rio de Janeiro, e saio diariamente, como um flaneur, em busca de ângulos inusitados, tanto na natureza, na arquitetura, e na street photography.
O povo brasileiro também é retratado na série “Retratos do Brasil”.
Fachetti– Presenciei duas exposições suas de “retórica” imagéticas ostensivas. Nos conte um pouco o que foi esses dois feitos: “Crônica Carioca de um Rio Particular” e “Crônica de uma Cidade Amada”; um grande sucesso de crítica e público. Disseque-os para nós.
Luis Teixeira –Tive bastante sorte em inaugurar minha primeira exposição; “Crônica Carioca de um Rio Particular”, ao reabrir três salas que estavam fechadas, há anos no Museu da República. A exposição fez tanto sucesso, que criou até ciúmes entre os funcionários do Museu, pois o público chegava querendo ver a exposição, como se fosse a principal atração. Em princípio, para ficar dois meses, acabou batendo recorde de público e de permanência, ficando quatro meses em cartaz e atraindo mais de 15 mil pessoas.
Um mês depois o Departamento de Cultura do Palácio Tiradentes me convidou para fazer uma nova exposição sobre o Rio em seu Salão Nobre. “Crônica de Uma Cidade Amada”, acabou sendo uma coletânea das principais fotos da primeira exposição com fotos novas, onde busquei um Rio mais romântico e poético. Lá também fui recorde de público e permanência.
Fachetti– O que você busca em suas fotos de rua? Que encantos e desencantos te atravessam?
Luis Teixeira – Busco luzes e cores, numa estética rebuscadamente barroca e, ao mesmo tempo, com muita simplicidade. A vida boêmia, os guetos e redutos, as vielas e os becos e o universo underground, são o que mais me fascinam.
A fotografia de rua é uma de suas grandes paixões.
Fachetti– Suas fotos têm sempre um olhar poético, tanto na rua, natureza, no corpo humano. Parece que você quer sempre dar alma em cada foto sua. Correto? Um artista de imensa sensibilidade, mesmo que diante dos pormenores. Fale sobre essa minha constatação, que é verdadeira, verossímil.
Luis Teixeira –Isso me deixa muito feliz e grato. O que mais me encanta na fotografia, é que há sempre assunto para se aprofundar e se aprimorar. Estou sempre fazendo cursos. Adoro estudar!
Tento através das coisas simples da vida, trazer para a fotografia essa “alma” e essa poesia que você tão bem definiu em sua pergunta.
“Reinventando Ipanema”: a natureza é constante em suas fotos.
Simplesmente:
LUIS TEIXEIRA MENDES