Temporada 2022/2023
Blog/Site:
“RETROSPECTIVA”
Projeto:
“Entrevistas NECESSÁRIAS”
O Blog/Site iniciou a temporada de retrospectiva das inúmeras (78) homenagens feitas aos artistas das artes cênicas em geral – teatro, dança, cinema…
Projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS”, inserido nesse Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança, no começo da pandemia.
“Ruído” – direção: Adriano Guimarães.
Antes de entrarmos na retrospectiva da Entrevista NECESSÁRIA de Denise stutz, feita a dois anos atrás no meio da pandemia – faremos uma breve atualização de seus trabalhos efetivados mais atuais no presente momento.
São eles:
Fez uma criação: “Espetáculo REMIX”, junto com o “Grupo Movidos” – dança contemporânea, de Natal –
como direção artística Anderson Leão
Grupo Movidos, dança contemporânea.
Direção artística Anderson Leão.
Denise Stutz dirigiu o espetáculo REMIX em Natal que estreou no dia 13 de setembro no Teatro Ribeira, e no dia 24 de outubro no Teatro Alberto Maranhão, também em Natal.
Remix histórias e memórias, é como remisturar os ritmos em forma de reverência à dança e à sua constante transformação através do tempo. É o momento de se encontrar e libertar todo sentido que se expressa na busca de um bem maior na conexão com o próximo.
Remix é um convite para dançar, um jogo de ficção e realidade que cria novas referências e possibilidades de enxergar os mundos da sua urbana digital. São lembranças que tocam como trilhas sonoras que movimentam as nostalgias, o tempo em que vivemos atualmente. É a diversidade de fazer dançar.
Espetáculo “REMIX”.
“REMIX”.
Espetáculo: “REMIX”.
“REMIX”.
“REMIX”.
O espetáculo “SÓ”, foi apresentado nesses últimos meses em Salvador, interior de São Paulo e Brasília.
“SÓ”.
“SÓ” convida o público a refletir sobre a passagem do tempo e a chegada da velhice.
A peça é sobre uma mulher que passa um tempo isolada, sozinha, e volta para o teatro por que ela precisa contar essa história para que ela não seja esquecida.
Pensado para o momento pós-pandemia a peça é um depoimento de um momento que todos enfrentaram, esse tempo que tivemos perdas; a pergunta é: Como seguimos daqui para frente? Tantas mudanças, tantas perdas e seguimos resistindo a tudo isso.
O espetáculo “DeCor” é trabalho antigo, mas, que atualizo sempre que apresento e tenho me apresentado muito com ele recentemente.
Espetáculo “DeCor”.
“DeCor” – a memória inscrita no corpo, as relações da identidade na dança e no movimento me permite brincar com o espaço e o tempo. Um jogo cênico. Em alguns momentos tranformando a plateia em parceira e, em outros, convidando o espectador para um olhar de contemplação, imagens e pensamentos.
Espetáculo ”DeCor”.
Aqui termina a atualização dos trabalhos efetivados mais recentes de Denise Stutz.
Abaixo começa a Retrospectiva de sua Entrevista NECESSÁRIA, há dois anos atrás.
Entrevista NECESSÁRIA leva até vocês, essa artista tímida no seu particular, porém, feérica nas suas realizações de aporte nas artes.
Vocês vão se surpreender com essa mulher/artista de acuidade na perspcaz força necessária de sua criação – Denise Stutz.
Stutz, em 1975, fundou com dez bailarinos, o nosso grande orgulho coreográfico – “Grupo Corpo” – com inventiva liberdade poética levada para o mundo, através das belíssimas liberdades coreográficas.
Trabalhou na Cia Lia Rodrigues e na Escola Angel Viana.
Começa a desenvolver seu trabalho solo, se infiltrando em capitais do Brasil, França, Espanha, Portugal, África e Austrália.
Seus três trabalhos solos foram apontados pela crítica de “O Globo”, como: “Um dos melhores espetáculos apresentados no RJ nos anos de 2004 (DeCor); 2013 (Finita); “Entre Ver”, 2015.
“3 solos em um tempo” – Texto, direção e intérpete: Denise Stutz.
Seu trabalho solo “Só”, foi considerado um dos destaques pela crítica do Jornal O Globo, na programação do Festival Panorama da Dança de 2018.
Com o diretor Luis Fernando Carvalho, coreografa as miniséries: “Hoje é dia de Maria”; “Capitu” e “Clarice”, e fez parte da equipe para a preparação dos atores da novela “Velho Chico”.
Em 2018 dirigiu a peça “O que não Sabemos”, projeto do Grupo Roda Gigante, e atuou na peça “A Mentira”, de Nelson Rodrigues, dirigida por Inez Viana.
Nesse mesmo ano estreou o solo “Só” com a colaboração na direção de Inez Viana.
Atuou em “Caixa de Guerra”, em 2019, monólogo dirigido por Adriano Guimarães.
“Caixa de Guerra” – Direção: Adriano Guimarães.
2020 dirigiu o Infantil “A Maquina do Tempo”, um projeto idealizado por Gui Stutz, que estreou em março e teve a temporada interrompida por causa da pandemia.
Em julho apresentou dentro do projeto “Sesc em casa”, a live do espetáculo “3 solos em 1 tempo”, e a convite da semana da dança UFSC, criou uma releitura para video do seu trabalho solo “Só”.
Entrando na RETROSPECTIVA da
Entrevista NECESSÁRIA com:
DENISE STUTZ.
Francis Fachetti – Desfie para nós esse longevo feito, na fundação do “Grupo Corpo”, que nos representa de maneira indiscultivelmente seivosa pelo mundo. Acrescente algo inusitado que ainda não temos conhecimento. Muitos não sabem que você teve participação na sua fundação. Comente.
Denise STUTZ – Belo horizonte foi onde nasci e onde começou a minha história na dança.
No início dos anos 70 eu entrei para uma escola de dança moderna chamada “Transforma”. Era a escola da Nena ( Marilene Martins) e foi a primeira escola de dança moderna de Belo Horizonte. Foi aí, que eu tive os primeiros contatos com grandes professores e pensadores da dança, como Angel Vianna, Klauss Vianna, Graciela Figueiroa , Clyde Morgan, Rolf Gelewski, entre outros. Foi nessa escola que eu conheci o meu primeiro marido, Rodrigo Pederneiras. Além do Rodrigo, as irmãs e os irmãos dele frequentavam essa mesma escola.
Eu estava descobrindo o universo da dança e o namoro com Rodrigo se misturava com a curiosidade, e o desejo de aprender.
A ideia de criar uma escola de dança partiu do Paulo Pederneiras, diretor do Grupo corpo e irmão mais velho do Rodrigo.
Paulo conseguiu convencer os pais a cederem a casa em que eles moravam para ser transformada em uma escola de dança. Os pais concordaram e então nasceu Corpo Escola de Dança Livre .
Logo depois da inauguração da escola, surgiu a ideia de se formar um grupo de dança e de criar um espetáculo. O primeiro espetáculo do Grupo Corpo se chamou Maria Maria. Milton Nascimento fez a trilha, Fernando Brant o texto, e Oscar Araiz a coreografia, e foi um grande sucesso.
“Maria Maria”, foi apresentado durante muito tempo pelo Brasil e pelo mundo. Hoje penso nessa parte da minha história com muito carinho. Foi o começo de muita coisa, o sucesso do Grupo Corpo, a minha escolha profissional e o meu casamento.
Foram anos de muitas viagens, muitas apresentações, muitas aulas de dança, muitos ensaios….e depois veio o fim desse tempo: me separei do Rodrigo, saí do grupo Corpo e mudei para o Rio de Janeiro e acabou a minha adolescência.
Francis Fachetti – Como foi seu trabalho como coreógrafa ao lado de um diretor de princípios artísticos firmes e austeros – como Luis Fernando Carvalho – dentro das miniséries? Tem que existir uma preparação muito diferenciada, em linguagem tão imprevisível, como a TV. Por favor, revele coisas, que nos surpreenda e nos faça entrar um pouquinho nesse universo.
Denise STUTZ – Foi uma grande e linda experiência.
Nunca tinha trabalhado na televisão. Não tinha nenhuma idéia como seria o trabalho.
um dia recebi um telefonema da produção da minissérie “Hoje é dia de Maria” marcando uma reunião com Luiz Fernando Carvalho. Foi o meu primeiro contato com um mundo surpreendente. Lembro de entrar dentro de um espaço que me parecia um imenso teatro construído dentro de uma imensa bolha . Do lado de fora dessa bolha vários ateliers de vários artistas trabalhando cenários, figurinos, objetos, bonecos….
Meu trabalho seria coreografar uma cena de um baile com bonecos gigantes feitos por um grande artista, estilista, produtor de arte chamado – Jum Nakao.
Eu trabalharia junto com o diretor de animação Cesar Coelho.
Foi um presente esse trabalho. Foi uma grande oportunidade poder observar os trabalhos que iam sendo feitos durante a produção do programa. Ter a oportunidade de visitar os ateliers, ver Jum Nakao trabalhando, ver os cenários e os figurinos sendo construídos e principalmente assistir de perto a direção do Luiz Fernando.
Depois veio o convite para coreografar e dar oficina de corpo e improvisação para os atores da minissérie “Capitu”. Foram meses de trabalho e ensaio. A gente ensaiava em um galpão no centro da cidade, e eu tive outra grande oportunidade de poder fazer as outras oficinas de preparação junto com os atores.
A partir dessa experiência no meu corpo, eu comecei a pensar que trabalhar com um diretor é tentar olhar para o que está sendo construído através do olhar do outro, sem anular o seu próprio olhar.
Ainda trabalhei com Luiz Fernando em ‘Clarice só para mulheres” e fiz parte da equipe de preparação de atores da novela “Velho Chico”.
Foi um aprendizado que levo para minha vida.
Nesse tempo trabalhei com pessoas que nunca imaginei que um dia pudesse trabalhar. Olhar, escutar e observar, abriu um espaço imenso de possibilidades para pensar no meu próprio trabalho de criação.
Visita guiada a uma paisagem desaparecida.
Projeto de Ismael Monticelli – direção: Adriano Guimarães.
Francis Fachetti – A Cia. Lia Rodrigues e a Escola Angel Viana, são referências de grandes nomes que temos hoje. Como você, com seu cabedal artístico, ajudou a sublimar essas notáveis instituições?
Denise STUTZ – Conheci a Lia em 1990 e foi por um acaso em uma aula de ballet do Flavio Sampaio, que era professor da Escola de Ballet Tatiana Leskova.
Eu já morava alguns anos no Rio de Janeiro. Lia estava chegando da França, onde tinha dançado na Cia Maguy Marin . Ela queria criar um trabalho para apresentar em uma mostra de dança.
Lia já tinha feito junto com João Saldanha uma primeira peça, mas para essa mostra ela queria coreografar sozinha. Então, me convidou para participar dessa montagem. A Cia da Lia se profissionalizou, e a gente começou a ter aulas regularmente e ensaiar todos os dias durante 6 horas, e isso foi graças aos programas de incentivos, junto com o programa de subvenção que vários artistas da dança ajudaram a contruir neste periodo.
Abro um parenteses aqui, porque para mim é importante falar desse tempo que a dança viveu nos anos 1990, e da importância da Lia e de outros coreógrafos nessa epoca, entre eles João Saldanha, Marcia Milhazes, Paulo Caldas – que trabalharam muito por políticas culturais para a dança na cidade.
Lia também criou em 1992 o Festival Panorama da dança do Rio Janeiro que foi, e ainda é um dos festivais mais importantes do Brasil e que projetou internacionalmente vários artistas da dança contemporãnea do Rio de janeiro.
Nessa mesma época em que dançava com a Lia, comecei também a dar aulas no curso técnico da Escola Angel Vianna.
Angel e Klauss Vianna foram meus professores em Belo Horizonte no tempo em que eu dançava no “Grupo Transforma”, e foi uma coincidência que uma das razões da minha mudança para o Rio de Janeiro, ter sido um convite do Rainer Vianna para me integrar à sua pesquisa coreográfica no ano de 1987.
Antes de mudar definitivamente para a cidade, fiquei durante 3 meses hospedada na casa da Angel, e me lembro das visitas do Klauss que morava em São Paulo . Klauss também se hospedava no apartamento da Angel e foi um privilégio conviver tão perto com a familía Vianna. Eu escutava conversas e discussões sobre as pesquisas do Klauss no movimento e na gestualidade e os estudos de Angel sobre o desenvolvimento consciente da estrutura corporal nas ações da dança. .
Isso tudo estou contando para responder sua pergunta. Não fui eu quem ajudou a engrandecer o trabalho da Lia ou da Angel. Ao contrário, aprendi muito e agradeço por ter tido a oportunidade de ter vivido com elas, parte da minha história. Foram elas quem me ensinaram a inquietude, a desorganizar o que esta muito organizado, e a desestruturar as minhas estruturas, e seguir pela vida observando e perguntando.
Espetáculo “Só”.
Espetáculo “Finita”.
Francis Fachetti – Nos conte tudo sobre as circunstâncias que trilha em seu trabalho solo. Nos dê a oportunidade de saber minúcias de Stutz.
Denise STUTZ – Depois de 10 anos dançando com a Lia eu resolvi parar de dançar.
Fui para Campinas para fazer os treinamentos da cia de teatro Lume, fazia também o treino do Grotowski, comecei a estudar e atuar com Celina Sodré e entrei para a Cia de Mystérios e Novidades que é um grupo de teatro de rua, e junto a tudo isso aconteceu mais um grande encontro na minha vida que foi com o Coletivo Improviso.
Essa história, com o coletivo, começa por volta do ano 2000 ou 2001 e permance na minha vida para sempre.
Enrique Diaz e Mariana Lima, estavam voltando de um estágio em Nova York na Siti Company, companhia dirigida por Anne Bogart e queriam continuar os estudos de cena e improvisação. Então propuseram um grupo de estudos com artistas independentes e que se reuniam duas vezes por semana para treinar, trocar experiências e possibilidades cênicas a partir do método View Points .
Um dia no treino, o Kike fez uma proposta; lançou frases e palavras como material para construção de uma cena e foi então que surgiu a primeira ideia do que seria, um ano depois, o meu primeiro solo.
Em 2002 fui convidada para uma residência artística com o coreógrafo alemão Thomas Lehmen. A oficina era destinada a criadores da dança e propunha questionamentos como: Porque você dança? para quem você dança? qual é o sentido da sua dança? Era meu primeiro contato com a geração conceitual da dança européia dos anos 1990. E apesar de não me considerar uma criadora, e estar afastada da dança, as questões levantadas durante a oficina me provocaram.
Pela primeira vez trabalhei sozinha e surgiu o meu primeiro solo “Decor”, que foi uma resposta às questões colocadas na residência.
Depois disso, passei muitos anos trabalhando sozinha.
Alugava uma sala para ensaiar , trabalhar e pesquisar. Nesses anos surgiram outros trabalhos, alguns em parceria com outros artistas , e vários trabalhos solo: “Decor” ( 2003), “Absolutamente Só” (2005), “Estudo para impressões” (2007), “3 solos em 1 tempo” ( 2008, esse trabalho é uma releitura dos 3 solos anteriores ), “Finita” (2013), “EntreVer” (2015), e o último solo chamado “Só”, que teve a estréia no Festival Panorama da Dança do Rio de Janeiro de 2018.
Espetáculo “Só”. Texto, direção e intérprete: Denise Stutz.
Francis Fachetti – Acompanhei e assisti; “Sobre o que não Sabemos”; o solo “Só”; “Caixa de Guerra”; e a imprecionante montagem do Grupo Omondé, do texto de Nelson – “A Mentira” – onde fiz uma crítica teatral muito emocionado pela ressignificação cênica dada ao texto, por Inez Viana.
Por favor, fale o que achar de mais necessário de cada um desses trabalhos citados.
Denise STUTZ – Vou pela ordem cronológica:
O grupo Roda Gigante é um grupo de palhaços que fazem intervenções artísticas na saúde pública. O primeiro convite que me fizeram foi para pensar um treinamento e pesquisar material para as intervenções. A proposta veio junto com o convite de acompanhar o trabalho deles no hospital para que eu pudesse pensar na especificidade da criação desse material .
Essas visitas ao hospital foram uma lição de vida para mim. Posso aqui escrever páginas sobre essa experiência que transformou tão profundamente minha visão de mundo…
Trabalhei com o Grupo bastante tempo, dei alguns treinamentos e fiz alguns outros junto com eles.
Quando o grupo completou 10 anos, me convidaram para dirigir o espetáculo de comemoração. Minha proposta foi criar uma obra que trouxesse a minha experiência como observadora junto com a memória e a vivência deles como palhaços no mundo. Eu acho que “Sobre o que não sabemos”, é uma reflexão sobre a vida, o teatro e o hospital . A eterna espera por um acontecimento .
Conheci Inez Viana em uma montagem de um projeto em que fizemos juntas a direção . Fiquei admirada com a maneira com que ela conduzia os ensaios, e um dia ela me falou do Omondé e da nova peça que iam começar ensaiar: “A Mentira” de Nelson Rodrigues.
Perguntei a ela se poderia participar da montagem e ela disse sim. Foi simples assim. Mas não foi nada simples acompanhar os atores da Cia. Era uma linguagem muito própria do grupo e para mim muito desconhecida.
Inez e todos os atores foram de uma generosidade imensa. Só posso mesmo agradecer a paciência que o grupo teve comigo. Fui entendendo muito aos poucos a linguagem e os estados que Inez buscava . Este trabalho junto com Omondé, foi o início de uma parceria com a Inez que acredito e espero que continue por muito tempo.
“Caixa de Guerra”, diferente dos outros solos, é um monólogo com a direção de Adriano Guimarães. A estréia aconteceu em novembro de 2019 no Sesc Copacabana. Adriano é um dos diretores de teatro que mais admiro e com quem eu tive muito prazer de trabalhar mais de uma vez.
A minha maneira de pensar cena, performance, dramaturgia, sempre encontra um diálogo próximo ao pensamento dele .
A primeira vez que trabalhei com ele, foi em uma performance quando o Coletivo Irmãos Guimarães ocupou em São Paulo o Sesc Belenzinho com obras de Samuel Beckett. Algum tempo depois, ele me convidou para atuar em um monólogo de uma peça de 15 minutos, dentro de um projeto que se chamava micro-teatro, que aconteceu no Castelinho do Flamengo.
Na peça eu contava uma história baseada em um conto do escritor argentino Cortazar . O texto misturava realidade e ficção sobre o Castelinho. No ano passado, 2019, Adriano me convidou para junto de Gisele Fróes e Carol Virguez, fazer parte de um projeto do artista visual e pesquisador Ismael Monticelli: uma visita guiada a uma paisagem desaparecida.
A gente contava a histórias do morro do Castelo. Então, depois de contar e pesquisar tantas histórias sobre o Rio de Janeiro, surgiu a ideia do projeto “Caixa de Guerra” É uma peça em processo. A idéia é ainda seguir com a pesquisa, mas, diante da pandemia tudo foi adiado.
Eu quero muito falar de um trabalho que você não perguntou . A peça infantil que eu dirigi e estreou em março deste ano de 2020. O nome da peça é “A Máquina do Tempo”, e é um monólogo musical infantil e foi a primeira vez que dirigi meu filho Gui Stutz.
O processo desse trabalho levou mais de um ano entre escrever o texto, compor as músicas, a produção de todo o material cênico e os ensaios da peça.
O que é importante aqui falar desse trabalho, além do amor do meu encontro com meu filho no teatro, é também pela situação do momento em que o trabalho estreou e pela situação em que fomos colocados diante do mundo.
A peça estreou uma semana antes de ser decretado o isolamento social, foram 3 apresentações e o teatro fechou e como aconteceu em muitas outras produções, a temporada foi interrompida e sem previsão de continuidade.
“Máquina do Tempo” – Texto e atuação: Gui Stutz.
Direção: Denise Stutz.
A gente achou no primeiro momento que em pouco tempo tudo voltaria ao normal, mas depois começamos a entender a gravidade da situação e nos perguntar como seguir fazendo o nosso trabalho. Ainda não consigo chegar a nenhuma conclusão. Mas seguimos de outra maneira. Alguns convites e projetos surgiram no espaço virtual, o que me deu a oportunidade de refletir sobre como usar essa ferramenta. O Gui ganhou um pequeno edital e conseguiu gravar cinco episódios de 4 a 8 minutos da Máquina do Tempo, e eu tive convite do Sesc em casa para apresentar uma live do 3 solos em 1 tempo, e um outro convite de um festival de dança de Santa Catarina para filmar uma versão virtual do Só.
Eu aqui termino refletindo sobre minha história que não é só minha. Ela é povoada por tanta gente e por tantos ” tempos”, tantas mudanças e transformações por “tudos e tudas”. Sigo apesar de… e sigo com as minhas memórias aqui no presente e tentando, quem sabe projetar algum futuro.
“Sobre o que não Sabemos” – direção: Denise Stutz.
Espetáculo “A Mentira”, de Nelson Rodrigues – Direção Inez Viana.
Espetáculo “Finita”.
Nos deparamos com a trajetória da “silenciosa” e necessária artista/mulher, de presença que não se pode contestar – Denise STUTZ.
Simplesmente:
Denise stutz.