Retrospectiva:
Atriz; Diretora e Produtora:
GUIDA VIANNA
O universo me deu as Entrevistas NECESSÁRIAS, suprindo o conteúdo do Blog – no presente momento pandêmico – e o mais importante, me aproximando e deleitando o público leitor, com inefáveis artistas de carreiras indestrutíveis, e ainda, acendendo os holofotes no seus corpos e almas tão maltratados, pelo dado momento cruel: Pandemia.
Fechando o ano de 2020 com uma das Operárias da Arte – a atriz Guida Vianna.
Um de seus grandes momentos no teatro: “A Escola do Escândalo”, de Richard Brinsley Sheridan. Direção de Miguel Falabella. Rio / SP 2011. Indicação para o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante.
Guida Vianna Atriz, diretora e produtora. É formada em Comunicação Social pela PUC/RJ.
Foi indicada 8 vezes a prêmios – Atriz, revelação e coadjuvante.
Antes de entrarmos na Retrospectiva de Guida Vianna no projeto “Entrevistas NECESSÁRIAS” – faremos uma pequena atualização abaixo dos mais recentes trabalhos dela efetivados da pandemia até os dias de hoje.
“Na pandemia, em 2020 participei de muitas leituras de peças on-line e gravei muitos textos para o programa Feira de Opinião do Instituto Augusto Boal”.
“No presencial, o primeiro ciclo de leitura do Teatro Prudential. Li 3 textos inéditos de autores brasileiros: Daniela Pereira de Carvalho, Sérgio Roveri e Renata Mizrahi”.
“Ainda em 2020, gravei 5 X Comédia para o Prime Vídeo, com direção de Monique Gardenberg”.
“5 x Comédia”.
“Depois em 2021, gravei a série Rensga Hits para Globoplay, direção de Leandro Neri e Carol Durão”.
Série Rensga Hits para Globoplay.
“Emendei gravando a primeira temporada de Família Paraíso para o Multishow, direção de César Rodrigues, em janeiro de 22”.
Primeira temporada “Família Paraíso” em 2022.
“Em Abril comecei a gravar a novela Cara e Coragem, direção de Natália Grinberg, até dezembro”.
“E finalmente, começo a gravar agora em janeiro de 2023 a segunda temporada de Família Paraíso”.
Segunda temporada da “Família Paraíso”.
“Só volto aos palcos no segundo semestre desse ano – Auguri”!
“Ah! Também dei uma oficina de formação do ator, em setembro/Outubro/ Novembro de 2021 no teatro Sérgio Porto, na reabertura dele”.
Oficina de formação de ator – reabertura do Teatro Sergio Porto.
Entrando na Retrospectiva da
Entrevista NECESSÁRIA com:
Guida Vianna:
Francis Fachetti – Quase todo lapidado cenário teatral que temos, se embrenhou de formas distintas, na incontestável “Cartilha” do TABLADO.
É muito rico para nós sabermos detalhes, segredos, a peculiar maneira apaixonante desse lugar. Nos conte, nos revele, coisas que você acha de necessária importância, que possa nos surpreender, ou simplesmente nos informar, com sua passagem por lá.
Guida Vianna – O Tablado, como grupo de teatro Amador, foi fundado em 1951. Ano que vem faz 70 anos. Pode imaginar um grupo amador e uma escola de teatro que funciona há 70 anos no mesmo lugar?
Maria Clara Machado foi uma visionária. Entendeu que arte e educação caminham juntas. Várias gerações de artistas passaram por lá. A cada geração suas características e seu repertório.
O tablado enquanto Escola de teatro começou a crescer na década de 70. Quando eu entrei em 1971, só Maria Clara dava aulas. Eram 3 turmas iniciantes, intermediários e adiantados. A gente ficava doida para chegar na turma de adiantados e fazer parte do elenco das peças nos finais de semana.
O Tablado até hoje é um curso livre e cresceu muito. São várias turmas de 11 a 99 anos. Você fica lá quantos anos quiser e se matricula com o professor que escolher.
O tablado é um celeiro de talentos e de crescimento pessoal. Lá você descobre que o olhar artístico sobre as coisas amplia muito sua visão de mundo. É um ótimo lugar para fazer amigos, aprender a conviver com os outros, descobrir sua criatividade e fazer arte.
Hoje em dia, O Tablado tem em Maria Clara Mourthé ( diretora artística, a continuação da paixão, da visão, e da realização do desejo de sua tia – Maria Clara Machado.
Francis Fachetti – Gostaria que fizesse um “raio x”, com qualidades imprescindíveis, de cada um – Sérgio Britto, Amir Haddad, Augusto Boal, Klaus Vianna e Gloria Beuttenmuller – que ajudou a alimentar e transformar Guida Vianna, nesta atriz implacável em talento e carisma. O que você, Guida, tem de mais relevante em cena, na sua autocrítica, seja no denso ou no jocoso?
Guida vianna – Sergio Britto foi meu professor no curso do Teatro dos 4, depois que saí do Tablado.
Sergio, foi meu grande incentivador. Viu em mim o que eu mesma nem via. Sergio me deu muita confiança. Me fez ver que podia trabalhar tanto na comédia quanto no drama. Era um professor apaixonado. Adorava se misturar com os alunos, transmitir seu conhecimento, passar vídeos, incentivar nossas criações.
Fiz duas peças no teatro dos 4 e depois fui para o mundo. Nunca deixamos de nos falar, e ele nunca deixou de ir ver meus espetáculos. Tenho muitas saudades de conversar com ele. Ele faz muita falta no cenário teatral carioca.
Glorinha Beuttenmuller, me foi apresentada por Sergio. Uma Mestra!
Ela ensinou tudo de voz para a minha geração. Seu método do abraço sonoro foi importantíssimo para gente aprender a falar bem o texto teatral. Fiz o curso com ela, e depois durante um ano frequentei o estúdio dela, na Tijuca, uma vez por semana, para continuar e melhorar meu trabalho vocal. Foi importantíssima na minha formação.
Amir Haddad é um Mestre do teatro. Até hoje eu faço seus cursos. Ele sabe tudo de teatro, dos autores, dos atores e da cena teatral. Nesse curso, eu frequentava as aulas teóricas do Amir, e foi uma abertura na minha cabeça.
Ali entendi que eu tinha que ler, ler muito para entender o que é uma cena teatral. Eu tenho um caderno que me acompanha em toda oficina do Amir. Seus pensamentos e frases são um flash de genialidade.
Klauss Vianna acabou não dando aula nesse curso. Acabei fazendo um trabalho de corpo maravilhoso com Susana Braga no Tablado e Lourdes Bastos numa oficina do teatro Ipanema. Depois fizemos um trabalho incrível com Ausonia Bernardes no “Pessoal do Cabaré” – grupo teatral ao qual pertenci durante muitos anos – fiz aula com Bianca Marinho, assistente da Lourdes Bastos.
A compreensão da importância do corpo para o ator e do corpo cênico, faz parte da formação de qualquer ator. Sinto muito ter perdido o Klauss. Mas, Angel, ficou e formou uma legião de professores maravilhosos.
Augusto Boal, eu fiz a primeira oficina dele quando voltou ao Brasil.
Era uma geração de atores jovens que correram para fazer essa oficina, que foi no Teatro Cacilda Becker.
Tínhamos a maior curiosidade sobre o Teatro do Oprimido. Na época li todos os livros dele. Boal me ensinou sobretudo a dar aula. Através dele aprendi que há um método e precisamos “metodotizar” nossas aulas. Brilhante!
Espetáculo “Morte Acidental de um Anarquista”, de Dário Fo.
Direção: Sergio Britto.
Francis Fachetti – Nos conte sobre “Cadernos de Teatro” – você foi redatora durante 15 anos. Enumere no seu olhar a força dessa revista que orientava tantos incautos perante a arte teatral.
Guida Vianna – Maria Clara Machado, visionária mais uma vez, junto com sua geração, pensou em criar os cadernos de teatro à semelhança dos Cahiers du cinéma. Na visão dela era importante levar para o interior do país os conhecimentos da capital.
O lema dos cadernos de teatro era “remember Piauí”.
Tínhamos que fazer um livrinho com clareza de ser entendido no interior. Publicávamos textos teatrais, exercícios de teatro, alguns textos teóricos e algumas entrevistas.
Bernardo Jablonski, eu, e Ricardo Kosovski, ficamos anos editando os cadernos. Depois passou para Leonel Fischer.
Francis Fachetti – Você tem uma pluralidade como intérprete que convence e encanta muitos – o limítrofe do denso no palco e o humor fino nas telas, ou mesmo misturando tudo nas várias linguagens. Seu percurso em cena, no palco, é decisivo – enquanto seus trabalhos na mídia, nos enche de momentos jocosos. O que a TV e o cinema, te proporciona de mais precioso? Três linguagens tão diferenciadas e que se complementam, se ajudam.
Guida Viana – Quando comecei fazia muita comédia. E meu tempo cômico era muito elogiado. Isso me deixou muito marcada como uma atriz cômica. Mas, eu gostava de trabalhar no humor sério.
Uma vez, o Yan Michalski, falou isso para mim, que eu não facilitava. Gostei disso e comecei a pensar nisso. Gosto dessa linha cômico-dramático que beira o patético. Fiz isso em vários trabalhos e deu muito certo.
“A Mulher Desiludida”, é um exemplo disso. O texto seríssimo e a plateia rindo do avesso do avesso. A medida que fui envelhecendo, comecei a me arriscar mais em dramas. Mas, eu gosto de todos os gêneros.
“A Mulher Desiludida”, de Simone de Beauvoir. Direção Gilberto Gawronski. Rio/SP 2006. (atriz e produtora) – Prêmio Qualidade Brasil de melhor atriz e melhor espetáculo.
Como Atriz e Produtora: “2 X Matei”, de Matèi Visniec.
Direção Gilberto Gawronski.
Espetáculo “2 x Matéi” – de Matèi Visniec.
Direção: Gilberto Gawronski.
Espetáculo “Fim de Jogo”, de Samuel Beckett. Direção: Pedro Brício.
Guida Vianna e Isabel Cavalcanti.
“Roberto Zucco, de Bernard Koltes – Direção: Moacir Chaves.
“Lamartine para Inglêz Ver”, de Lamartine Babo.
Direção de Antonio De Bonis. Rio/SP, 1989/90. (Atriz e produtora).
“El Grande De Coca-Cola”, adaptação e direção de Naum Alves de Souza. Rio, 1986.
“As You Like It”, de William Shakespeare. Direção de Aderbal Freire Filho. Rio, BH, 1985. (Atriz e produtora).
“Poleiro dos Anjos”, texto e direção de Buza Ferraz. Rio, SP e turnê Brasil, 1981/82 (atriz e produtora) – (Indicada ao Prêmio Mambembe de Melhor Atriz).
Novela “Totalmente Demais”.
Cinema: Filme – “Gregório de Mattos”, de Ana Carolina.
Na foto com Wally Salomão.
Espetáculo “Nada de pânico” – Direção: Enrique Diaz.
Guida Vianna ganhou o Prêmio Shell de melhor atriz, com esse espetáculo.
Francis Fachetti – Teatro dos 4, marcou época com feitos memoráveis. O que foi o “Ato Cultural” de José Cabrujas, onde foi indicada ao prêmio de melhor atriz? Explique para os leitores desse Blog/Site.
Guida Viana – “Ato Cultural”, foi minha terceira peça profissional. Era um texto novo de um autor venezuelano, direção do Marcos Fayad, e um elenco jovem.
Íamos inaugurar o horário alterrnativo do Teatro dos 4.
O trabalho era bastante nessa linha patético. Eu fazia seríssima, e a plateia ria.
Fui indicada para revelação de atriz. Daí em diante não parei mais. Foi um sucesso a peça no Teatro dos 4.
Francis Fachetti – Tracy Letts – “Agosto”. Ficará indelével na cena cultural brasileira. Fiz a crítica teatral por esse Blog/Site – um espetáculo icônico. Nos defina, dê sua opinião, com seu olhar de atriz, dessa partitura cênica – favorecida com toda sua experiência – que teve em seus signos teatrais valiosas soluções, com direção de André Paes Leme.
Guida Vianna – “Agosto”, é um texto brilhante, de uma dramaturgia clássica; apresentação dos personagens – desenvolvimento dos conflitos – clímax e desenlace. É daqueles textos que a gente não vê mais com frequência nos palcos.
É um texto que ensina teatro, ensina os atores e ensina o fazer teatral.
O texto é realista, mas, Andre Paes Leme fez uma direção brilhante e resolveu com muita criatividade a simultaneidade das cenas que pediam um cenário realista.
Esse foi um ponto alto da montagem, além de deixar os atores quase o tempo todo em cena. Isso nos deu muita proximidade e concentração para contracenar.
Foi uma montagem que resultou muito bem, pela direção, pelo fato dos atores serem uma galera de teatro sem nenhuma estrela, pelo conjunto da obra.
Espetáculo “Agosto” – Guida Vianna como “Violet”.
Simplesmente:
GUIDA VIANNA.