INÉDITA! Miriam Halfim: Dramaturga Teatral – Entrevista NECESSÁRIA.

O Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança

Apresenta:

O Blog/Site iniciou a temporada de Retrospectivas e INÉDITAS das inúmeras homenagens feitas aos artistas das artes cênicas em geral – teatro, dança, cinema, técnicos:

Operários das Artes.

Projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS”, inserido nesse Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança, no começo da pandemia.

INÉDITA!

Dramaturga Teatral:

MIRIAM HALFIM

MIRIAM HALFIM

 

 

Acima o flyer de mais uma apresentação nos dias 28 e 29/10, no Teatro Café Pequeno – Leblon. Confiram!

 

Miriam Halfim cada vez mais nos coloca diante de dramaturgias de extremo necessárias – A Trajetória de uma Operária Das Artes, com sua escrita Elucidativa; Reflexiva e Refinada.

Diz Miriam Halfim:

“As pessoas escrevem quando acumularam tanta leitura e vivência, que a escrita lhes escorre pelos poros – É compulsório”.

“Escrevi contos desde cedo – pelo prazer de narrar histórias”.

“Cursei Letras na UFRJ e lá fiz Mestrado em literatura inglesa. Pesquisadora da Fulbright no Mississipi, a obra de William Faulkner me encantava. Em vez do Doutorado, optei pelo Direito, onde militei por quase 20 anos”.

“A virada veio num concurso de contos – que venci e cujo texto foi lido por Neuza Amaral. Isto é teatro, ela disse ao terminar: sua personagem sou eu”.

“Dali em diante, escrevi 50 peças, duas cedidas a um grupo popular de Pernambuco, desde 2012 e 2017 respectivamente. Se algum nome me instiga, vou atrás de sua história – Até achar”.

“Pouco depois, comecei um curso de dramaturgia na SBAT, com João Bethencourt. Dali em diante, escrevi peças loucamente, recuperando o tempo perdido”.

“João Bethencourt foi meu mestre, primeiro leitor crítico e amigo até sua morte”.

“O Língua Solta’, sobre Bento Teixeira, ganhou edital do CCJF, após ser um dos 4 finalistas brasileiros de um concurso luso-brasileiro. E ainda ‘Ecos da Inquisição’, vencedor de edital da Eletrobrás, também encenado no Centro Cultural Justiça Federal, dirigido por Moacir Chaves”.

“Em 2013 foi a vez de ‘Lar longe lar’ – Direção de Gilberto Gawronski”.

“2018 trouxe ‘Meus 200 Filhos’, sobre Janusz Korczak, médico e pedagogo cujo orfanato abrigava 200 crianças que ele amava e preparava para a vida adulta, antes e durante o nazismo. Direção de Ary Coslov”.

“Em 2019, ‘Freud e Mahler’ trouxe o encontro entre o psicanalista e o compositor Gustav Mahler. Direção de Ary Coslov, com Giuseppe Oristânio e Marcelo Escorel”.

“2022 trouxe ‘O homem do planeta Auschwitz’, um encontro imaginário entre Hannah Arendt e o escritor sobrevivente do Holocausto, Yehiel Denur. Direção de Ary Coslov, com Mário Borges e Suzanna Kruger. No teatro Laura Alvim e depois no Poeirinha”.

“Em 2023, ’Matar ou Morrer: Dilermando de Assis e Euclides da Cunha abordou a Tragédia da Piedade. De novo, a direção de Ary Coslov, com Maria Adélia, Marcelo Aquino e Sávio Moll”.

Entrando na INÉDITA Entrevista NECESSÁRIA com:

MIRIAM HALFIM

Francis Fachetti– Gostaria que expusesse, nos informando e clarificando sua imersão no seu Mestrado em Literatura Inglesa; Sua pesquisa na obra de William Faulkner; nos fale desse relevante aprendizado, e quem é Faulkner.

É de extremo necessário sabermos minúcias nesse seu submergir em literaturas de importância indiscutível no nosso crescimento pessoal e cultural.

 

Miriam HalfimSou uma pessoa que acredita completamente na Educação para o aprimoramento do homem.

Assim sendo, consumi muitos livros, desde que aprendi a ler, aos 5 anos. Confesso que ouvi meu avô me contar histórias desde bem pequena, e tive tias (Berta Loran e Bina Ajs, ambas artistas de teatro) que me impulsionaram em todas as áreas de leitura, à medida que eu crescia.

Vinda de família de imigrantes, nada chegou-me muito fácil, porém a dificuldade apenas contribuía para ajudar a vencer cada obstáculo. Ao concluir a Faculdade de Letras na UFRJ, o Mestrado em Literatura Inglesa pareceu-me a sequência natural para uma apaixonada por Shakespeare. E pouco depois, a bolsa de estudos da Fulbright para pesquisar William Faulkner, um dos maiores escritores norte-americanos, veio como um prêmio muito desejado.

Fui enviada para um Seminário na Universidade do Mississipi, na cidade universitária de Oxford, onde pude visitar e estudar também na casa de Faulkner, localizada bem em frente à Universidade. Ganhador do Nobel em 1949, seus livros falam de ganância, violência, decadência, retratando, muitas vezes, os ‘white trash’, o lixo branco, pessoas brancas fracassadas e frustradas, agindo com violência contra outras, negras em especial, por despeito, raiva ou outros motivos mesquinhos.

Tido como autor difícil, busquei uma abordagem que meus alunos universitários entendessem e pudessem usar a lição em toda a obra de Faulkner, e na vida.

Ter sido pesquisadora da Fulbright foi uma das grandes experiências de minha vida, e me confirmou o poder da Cultura. 

Willian Faulkner

Francis Fachetti – Nos dê mais evidências, expondo esse episódio a partir dessa virada, como você mesma diz, numa narrativa luzidia – uma sólida escrita/dramaturgia -, no concurso que venceu com texto lido por Neuza Amaral. Como foi esse enlace e o que desencadeou esse acontecimento?

Miriam HalfimQuando a gente lê muito, é quase espontâneo que sobrevenha a escrita. Escrevo contos desde muito jovem. E habituei-me a participar de concursos, que reputo importantes para mostrar erros e acertos, como me ensinou o mestre João Bethencourt.

Num desses concursos, onde a professora PhD. Bella Jozef fazia parte do júri ao lado de Stella Leonardos, acadêmica da ACL e escritora, tirei o primeiro lugar.

Havia prêmio em dinheiro e a leitura do conto pela atriz Neuza Amaral. E ela ficou tão emocionada e só fazia repetir que a personagem era ela, e que meu conto era teatro; daquela leitura, eu tive uma epifania e decidi que iria escrever teatro dali em diante.

Por coincidência, ou destino, semanas depois ouvi no rádio, descendo a serra, que o comediógrafo João Bethencourt estava selecionando alunos para seu curso de dramaturgia na SBAT. Fui aceita ao apresentar meu conto em diálogos e não parei mais de escrever teatro.

Com o incentivo do grande dramaturgo, escrevi uma peça a cada 15 dias, que era lida por atores e discutida em sala.

As mais de 50 peças que escrevi desde então, 15 delas já encenadas, foram um presente dos deuses do teatro, sem dúvida. Com inspiração e muita transpiração, pois escrever, dizia o mestre João, é a arte de reescrever. Sempre.  

 

Francis Fachetti – Torne conhecido para todos nós a dramaturgia de “Lingua Solta”, que envolve Bento Teixeira; fale quem é ele. Fale do texto e do espetáculo “Lar Longe Lar” que foi dirigido por Gilberto Gawronski.

Fale do texto “Ecos da Inquisição”, dirigido por Moacir Chaves.

Conte-nos o que achar necessário dessas obras.

Miriam Halfim‘O Língua Solta’ cuida da vida do primeiro poeta do Brasil, o cristão-novo Bento Teixeira, que veio para o Brasil com os pais, ficou órfão aos 6 anos e foi educado por jesuítas.

No monólogo – inspirado na leitura da obra de Gilberto Vilar – O primeiro brasileiro evidencio a cultura de Bento.

O bullying que sofria por parte dos colegas; sua fama de boquirroto, jogador de xadrez, amante de vinhos e de poesia.

Seguimos sua trajetória, seu infeliz casamento com Felipa Gavião Raposo, que o humilhava e traía, a morte de seus filhos ainda pequenos, o assassinato da mulher num acesso de raiva, o refúgio no mosteiro onde é traído e enviado para Portugal, a prisão e depois a liberdade com uso do sambenito (veste que o marcava como judaizante), a proibição de voltar ao Brasil, a volta espontânea para a prisão, onde morreu sem ver a publicação de seu belo poema ‘Prosopopeia’ – editado um ano após sua morte, em 1601.

O projeto teve o patrocínio do Centro Cultural Justiça Federal, CCJF, e foi muito elogiado pelos patrocinadores. Sua trajetória foi cortada porque o ator se viu convidado pela TV Globo e deixou o projeto após a primeira temporada.

‘Lar longe Lar’ conta a história de uma família em fuga do nazismo (no caso, a família de meu pai), e todos os percalços das idas e vindas para o Brasil, a mudança de cultura, de clima, a dificuldade de abandonar toda uma vida na Europa e se adaptar a um outro mundo. O projeto ganhou o edital SESI após ser finalista da seleção Brasil em cena, do CCBB) e foi dirigido pelo ótimo Gilberto Gawonski, merecendo da revista VEJA uma crítica que exaltava a emoção levantada pelo texto.

“Lar Longe Lar”.

‘Ecos da Inquisição’ ganhou edital da Eletrobrás e foi dirigido por Moacir Chaves, um mestre em tirar proveito de cada item do texto, inclusive rubricas.

A peça mostra 3 momentos da Inquisição. A Visitação do padre Heitor Furtado de Mendonça a Pernambuco, em caça a hereges, especialmente judaizantes, depois a saga do padre Antonio Vieira, que desejava a volta dos cristãos-novos a Portugal, cujos cofres estavam vazios devido às guerras, mas cujo trabalho foi visto como possibilidade de ter o padre sangue judeu e daí seu empenho, prisão e depois exílio no Brasil, onde escreveu seus belos sermões.

Por fim, aborda a saga do dramaturgo Antonio José da Silva, o judeu, e todo o sofrimento causado à sua família pelas denúncias anônimas, fruto de ódio e despeito.

A peça foi encenada com toques de humor ácido, também no CCJF.

Paulo Giardini em “Ecos Da Inquisição”.

Direção: Moacir Chaves

Foto: Thiago Sacramento

Marcos Martins como Padre Antonio Vieira em “Ecos Da Inquisição”.

“Ecos Da Inquisição” – Diretor Moacir Chaves.

Elenco: Peter Boos, Paulo Giardini, Marcos Martins.

Francis Fachetti– Nos explane a respeito dessa obra – que eu resenhei uma Crítica Teatral nesse Blog/Site-, chamada: “Meus 200 Filhos”, e relate aqui sobre o espetáculo “Freud e Mahler”, um belo encontro inusitado em que nos presenteia com sua potente e investigadora escrita; assisti, divulguei muito…

Miriam Halfim‘Meus 200 Filhos’ conta a história de Janusz Korczak, médico e pedagogo judeu polonês, que viveu toda uma vida em prol das crianças órfãs, que abrigou no orfanato que ele fundou.

Janusz Korczak era o pseudônimo de John Goldsmit, um judeu que sonhava em dar um futuro às suas crianças e um mundo melhor a todos os homens.

No monólogo belissimamente encenado por Marcelo Aquino, dirigido por Ary Coslov, acompanhamos toda sua vida, desde a infância preocupado com a miséria de tantas crianças, até o nazismo, que lhe tomou o orfanato, lançando-o com seus 200 órfãos no gueto, e finalmente no campo de concentração Treblinka, e lá, numa câmara de gás, com todos os seus 200 ‘filhos’.

Dentre as muitas resenhas elogiosas, incluo a sua, uma das primeiras.

 

 

Marcelo Aquino em “Meus 200 Filhos”.

Direção: Ary Coslov.

“Meus 200 Filhos”

“Meus 200 Filhos”

‘Freud e Mahler’, por sua vez, fala sobre o encontro entre o psicanalista Sygmund Freud e o compositor Gustav Mahler, este em crise devido à traição de sua esposa, que o deixou impotente.

Em 4 horas de conversa confessional e com pontas de humor, Freud consegue curar o compositor e ver como positiva sua terapia de curta duração (curtíssima, no caso), e como negativa a chance de ver seu trabalho ser remunerado pelo maestro – afinal, se resignou o psicanalista, a humanidade ganhava, e ele se deu por satisfeito.

 


“Freud e Mahler”

Direção: Ary Coslov

Marcello Escorel e Giuseppe Oristânio.

Francis Fachetti – Nos conte os caminhos que essas obras versejavam em sua pesquisa para os palcos.

Toda peça é fruto de um assunto que se conhece bem, ou de muita pesquisa.

O que nos atrai pode ser um nome (a biografia de Alma Mahler foi o gancho para a peça Freud e Mahler, pois Alma Mahler conta como amava o maestro, mas não o homem Gustav. E como se sentia doída pela falta de interesse do marido por sua obra, pois ela escrevia canções e chegou a começar uma ópera.

Só no fim da vida, e após a traição de Alma, Gustav deu atenção ao trabalho musical da esposa.

Freud sempre foi leitura que me atraiu, desde a adolescência, pelo que a peça foi nascendo naturalmente, sendo premiada em Pernambuco num concurso para textos inéditos, em 2007. Para evitar, erros, perguntei a um sobrinho psicólogo quando tinha dúvidas sobre algum termo usado.

Com ‘Meus 200 Filhos’ busquei ler vários livros sobre o personagem principal, inclusive sua biografia.

Só começo a escrever uma peça tendo seu começo e fim na cabeça, o que me ajuda muito. Ambas, ‘Meus 200 Filhos’ e ‘Freud e Mahler’  tiveram ótimas críticas e foram indicadas ao prêmio Cesgranrio pelo melhor texto.

Francis Fachetti– Chegou a vez de elucidar esse embate – que eu tive o privilégio de assistir – uma imaginação fértil de sua dramaturgia de “O Homem do Planeta Auschwitz” – mais um trabalho com direção cirúrgica por Ary Coslov -, da mesma forma que dirigiu “Matar ou morrer: Dilermando de Assis e Euclides da Cunha”; Chancelo de: Espetáculos NECESSÁRIOS.

Conte-nos o que puder para termos a oportunidade de conhecermos essas profundas literaturas, especialmente quem não assistiu aos espetáculos.

Miriam Halfim‘O Homem do Planeta Auschwitz’ nasceu após a leitura do livro Eichmann em Jerusalém, escrito por Hannah Arendt, e de outro, Houseof dolls, de Yehiel Denur.

O julgamento de Eichmann em Israel marca a primeira vez em que sobreviventes do Holocausto causado pela sanha nazista tiveram a chance de falar sobre seu sofrimento e todos os horrores de que foram vítimas.

Hannah Arendt achou o julgamento muito teatral, provocando a ira dos judeus, que a viram – segundo a ótica dos sobreviventes – demonstrar falta de empatia para com as dores de seu povo.

Como Yehiel desmaiou antes de conseguir depor – tamanho seu trauma ao ver Eichmann protegido por uma caixa de vidro -, como se fosse ele a vítima, e sabendo dos livros de ensaios judaicos de Hannah Arendt, achei que um encontro entre eles ajudaria os judeus a conhecerem melhor a icônica filósofa e pensadora, melhorando o julgamento dela.

Argumentando com o diretor, mexi aqui e ali e acabamos chegando ao texto final, que também recebeu ótimas resenhas e 4 indicações ao prêmio Cesgranrio: ator, texto, luz e cenário.

“O Homem Do Planeta Auschwitz”

Direção: Ary Coslov

Com: Mário Borges e Suzanna Kruger.

“O Homem Do Planeta Auschwitz”

‘Matar ou Morrer: Dilermando de Assis e Euclides da Cunha’ aborda o tempestuoso caso ocorrido em 1909, e que até hoje divide opiniões. Criar uma juíza assombrada com aquele processo que resultou da morte de Euclides da Cunha pareceu-me óbvio para fazer surgirem ambos e contar a história de um amor trágico e da pecha de assassino que acompanhou Dilermando de Assis por toda a vida e além.

Abordando o processo judicial exposto no Museu do Tribunal de Justiça do RJ, ficou claro que Euclides da Cunha foi quem buscou uma arma e saiu em caça a Dilermando, para matar ou morrer. Ele premeditou a morte do amante de sua esposa, sabendo que havia muito ela lhe pedira a separação.

Dilermando era exímio atirador, mas só depois de receber vários tiros de Euclides atirou – antes apenas para expulsá-lo de sua casa. Entretanto, vendo o irmão caído e sangrando, atingido pelo escritor, atirou certeiro e matou quem viera matá-lo.

A peça visa mostrar que Dilermando de Assis matou Euclides da Cunha, mas estava desarmado quando o escritor entrou atirando em sua casa, e viu-se obrigado a defender sua vida.

Não houve assassinato, pois se alguém saíra com a intenção de matar, de assassinar, foi Euclides, não Dilermando. A solução chega num acordo de paz entre os homens, em prol das famílias e dos homens, em geral. 

“Matar ou Morre”

Francis Fachetti– Não assisti sua obra literária “Eugênia”, tenho muita curiosidade de saber dos pormenores desse espetáculo com a brilhante atriz Gisela de Castro e a sempre irrefutável direção por Sidnei Cruz.

O excelente crítico teatral Lionel Fischer, a quem admiro muito, diz sobre suas dramaturgias: “Profunda e muito bem elaborada pesquisa”!

“Precisão e economia na escolha das palavras e na construção dos diálogos, sempre muito ágeis e de muita profundidade”!

“Uma linguagem simples, compreensível, porém, com total refinamento lançando material para reflexão”!!!… Corroboro totalmente com as palavras de Lionel Fischer.

Miriam Halfim‘Eugênia’ surgiu com a leitura de um livro de Laurentino Gomes: 1808.

Num pequeno parágrafo, li o nome de Eugênia José de Menezes, amante brasileira de D. João VI, que dele engravidou e foi enviada para confinamento eterno num convento, onde lhe nasceu a filha. Corri ao Real Gabinete Português de Leitura, onde, na fonte mencionada no livro 1808 encontrei página e meia sobre a mulher citada.

Com esses dados e mais alguma coisa encontrada na internet, criei a história de ‘Eugênia’.

A direção imaginativa de Sidnei Cruz e a excelente atuação de Gisela de Castro fizeram da peça um visual belo e instigante, onde o lúdico, o circense e o cômico se alternavam, trazendo risadas e toda a atenção do público.

Eugênia fez temporadas em sete (7) teatros, além de circulação pelo Nordeste e depois pelo CCBB.

Teve indicação para o prêmio Cesgranrio (cenário) e Shell (figurino).

“Eugênia”

Direção: Sidnei Cruz

Com: Gisela De Castro.

“Eugênia”

Direção: Sidnei Cruz

Com: Gisela de Castro

“Eugênia”.

“Eugênia”.

Direção: Sidnei Cruz

Francis Fachetti– Discorra para todos esse inefável aprendizado com o grande mestre João Bethencourt – um dos maiores dramaturgos do Brasil -, que aclarou sua narrativa dramatúrgica, sendo seu primeiro leitor crítico e amigo até sua morte – assim você me relatou.

Conte-nos desse necessário encontro com João Bethencourt e com suas palavras esclareça o tamanho de seu legado, por favor! Isso é de uma riqueza inigualável!

Miriam HalfimSou uma pessoa muito curiosa e obstinada.

Conhecer João Bethencourt foi um privilégio. Ele dirigiu na Hebraica-Rio a leitura de uma das primeiras peças que escrevi em seu curso: uma comédia, gênero que ele dominava totalmente.

Como eu escrevia uma peça a cada 15 dias, terminamos trocando e-mails e nos encontrávamos para discutir meu trabalho e eu abracei cada informação e ensinamento que ele me proporcionou.

Jamais tive medo de rever cada trecho que João Bethencourt me dizia estar falho ou exagerado. Mas sempre lutei para defender meus personagens, o que resultava numa longa e agradável tratativa. Conversamos muito, trocamos vários e-mails sobre teatro e dramaturgia – e como uma peça devia mexer com o espectador -, fazer sorrir ou chorar, mas nunca o deixar indiferente, sair do teatro como entrou.

Por 13 anos usufruí da amizade e do conhecimento do grande comediógrafo, e suas palavras e incentivo sem dúvida acionaram o gatilho que me fez seguir em frente com minhas peças, escrevendo mais e mais.

Sendo uma mulher que acredita na Educação e na Cultura como única maneira de aprimorar um povo e o ser humano em geral, não posso pensar ou aceitar nada que exclua a continuidade de meu trabalho. O teatro é a joia da coroa da Educação e da Cultura. Devemos lutar por ele, pois um povo sem Educação e Cultura está fadado à extinção. 

João Bethencourt

João Bethencourt

Francis Fachetti– Terminando com chave de diamante, como costumo dizer; Dentre suas dez últimas dramaturgias – todas premiadas em concursos e com sucesso de público e crítica no cenário cultural -, “destaque” duas de suas obras que no seu olhar sobressaem, te sublimam e avultam Miriam Halfim, e clarifique o porquê dessa “constatação/orgulho” perante esses:

Espetáculos NECESSÁRIOS”.

Miriam HalfimComo amar um filho mais do que outro?

– ‘O Língua- Solta’ foi importante, mas podia ter tido vida mais longa. ‘Ecos da Inquisição’ merecia uns acertos na execução para melhor compreensão.

– ‘Lar longe lar’ deu-me a chance de falar sobre a luta de meu pai e irmãos para escaparem do inferno nazista.

– ‘Eugênia’ foi uma festa de cores e risadas e surpresas.

“Eugênia”

– ‘Meus 200 Filhos’ foi uma homenagem e uma reza pelo homem que foi um exemplo de grandeza e amor.

“Meus 200 Filhos”

– ‘Freud E Mahler’ foi um passeio pela música, pela psicanálise e pelo humor refinado de ambos os personagens.

“Freud e Mahler”

– ‘O Homem do planeta Auschwitz’ foi outra peça oração pelos 6000000 de judeus mortos, sendo 1500000 de crianças, que teve a atuação magistral de Suzanna Kruger e Mário Borges, sob a direção sensível e perfeita de Ary Coslov.

“O Homem do Planeta Auschwitz”

– ‘Matar ou Morrer: Dilermando de Assis e Euclides da Cunha’ foi um desagravo póstumo, uma retratação e um grito em prol da solidariedade entre os homens. Desarmados e mais sábios.

As peças que encenei antes: ‘Agruras Conjugais’, ‘Antes do Pôr do Sol’, ‘Sexólatras Anônimas’ e ‘Fazer o quê?’ – foram protótipos que minha pouca experiência na área tornou prematuras.

“Matar ou Morrer”

Simplesmente:

MIRIAM HALFIM

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