BLOG/SITE DE CRÍTICAS TEATRAIS E DE DANÇA
APRESENTA:
CRÍTICAS DE DANÇA
Marcio Cunha Cia. de Dança
Duas Críticas com Direção e Dramaturgia de
MARCIO CUNHA:
“SACRO”
E
“COSMOFOBIA”
“SACRO”
Diz Marcio: “Voltar para essa obra tem sido um refúgio como foi seu nascimento em 2022.
Naquela época um bálsamo pós-pandemia, cheio de desejos de autenticidade e mudanças estruturais. Agora, após dois anos, Sacro vem como três respiros pós trauma. Vem se sacudindo em meio aos escombros, em meio a queda arrastado do mundo que conhecemos, buscando regulação e saude”.
Esse espetáculo se resume numa única frase que vai ser destrinchada:
“ESSE MUNDO É INCONCLUSIVO, ALÉM, HÁ CONTINUAÇÃO”.
Apesar da inconclusão, o que vemos em cena, é nenhuma hipótese de enxergar a demonstração do nada; o ilógico – o que os intérpretes nos ensina é que corpos desmontados se auxiliam por uma alma elevada transformando e transcendendo qualquer incerteza pós-hecatombe.
Essa criação de Marcio Cunha tem referências no mestre/filósofo Antônio Bispo Dos Santos – Nêgo Bispo, no trecho de sua obra: “A Terra Dá, A Terra Quer”; e no poeta Rumi, também relevante no processo, onde ele diz:
“ATRAVÉS DAS FERIDAS, É QUE ENTRA LUZ EM NOSSOS CORPOS”.
Vemos em bela harmoniosa ocupação cênica os Intérpretes/Criadores – Giselda Fernandes, Alexandre Bhering e Frederico Paredes -, abrirem suas feridas expostas pós-traumas, e em primeiro momento do trabalho escancarar suas sensibilidades, entregando para o público cúmplice, uma performance digna e desprovida de um trabalho técnico de dança, porém, entrelaçado na entrega, no cuidado corporal de suas longas experiências para moldarem corpos, desejos, almas, enfim, suas vidas como Operários Das Artes.
Como disse, em primeiro momento interagimos com suas feridas e traumas, para logo após vir as alvíssaras – onde eles se embrenham nas palhas secas fazendo suas mazelas anunciarem partida e entregando e recompondo suas almas para viverem o que seria o segundo momento: a CONTINUAÇÃO.
Continuação para terem forças para viverem com o corpóreo refeito, cheio de cicatrizes, e a alma torná-los redentores de suas próprias vidas – é quando eles nos deixam e saem de cena.
Tudo isso apoiado por todos os outros signos teatrais: uma cenografia também por Marcio Cunha – com cadeiras de designers contorcidos e visibilidade linda, adequada para as relaçoes íntimas e necessárias, de maneira intensa e verdadeira, que os intérpretes mantém com elas, assim como fazem com as palhas, que se torna a salvação das mazelas que tentaram destruir seus sonhos e vidas. Lindo!!!
Leonardo Miranda nos oferece delicada e inclusiva trilha sonora atendendo ao minimalismo do espetáculo e se colocando imprescindível para esse transformador acontecimento.
Juca Baracho é tão necessário em sua iluminação que nos transporta para cena em holofotes na sutilileza feérica das feridas que procuram abrigo nas palhas secas e são alentadas por luzes de mãos de um resiliente e talentoso Operário Das Artes que enaltece o cenário cultural.
Lindíssima sua luz Baracho.
Os veteranos da dança carioca com suas sesibilidades tamanhas nos entregam sua feridas e nos comtemplam com alvissareiras sagradas – com seus ossos em corpóreos movimentos de sinceridade incontestável. Bravíssimo!!
O diretor de “Sacro”, Marcio Cunha, alcança seu intento e em imensa generosidade ilustra mais uma vez como destrinchar e transformar a cena em sabedoria resiliente com seus estudos, experiências e afinco.
Talento NECESSÁRIO!!!
“SACRO” VEM NOS ENSINAR O MINIMALISMO CÊNICO EM GRANDEZA DA ALMA E SENSÍVEL ENVOLVER – AO POR OS PÉS NO PALCO SAGRADO DAS TRANSFORMAÇOES.
CRÍTICA DE DANÇA
“COSMOFOBIA”
“Grupo De Pesquisa e Criação”
Direção: MARCIO CUNHA
“O Espetáculo “Cosmofobia”
se apresenta como uma reflexão artística e poética sobre as relações humanas com o meio e consigo mesma; explorando a metáfora do plástico como símbolo de consumo desenfreado, da acumulação e descarte.
Através de uma abordagem crítica e sensível, a performance questiona a desconexão do ser humano com o cosmos, a maneira como ele coloniza e explora o mundo, e as consequências desse comportamento para a vida do planeta”.
“Uma obra livremente inspirada no livro “Sonho Manifesto” do neurocientista Sidarta Ribeiro: “A Terra Dá, A Terra Quer” do filósofo quilombola Nêgo Bispo – que criou o conceito de “Cosmofobia”.
O espetáculo se apresenta como um soco no estômago e um puxão de orelha embrenhado no âmago da abissal crítica, reflexão, sensações incontáveis e uma poesia desenfreada vertiginosa e consciente no corpóreo de 24 mulheres que parecem dar suas vidas para registrar aquele momento indelével.
Mulheres agueridas com suas sensibilidades acachapantes para fazer o público experimentar infinitas sensações pela importância da mutação ambiental.
Mulheres concentradíssimas para educar seus corpos e expressões no intuito de nos demover, dissuadir, provocar a renúncia de nossas atitudes e ideias – que erroneamente – usamos inadequadamente com sua textura; sua contextualização destruidora do universo, com nosso total equívoco ao utilizá-lo: O PLÁSTICO.
Mulheres onde uma a uma não medem esforços para se imiscuir; ingerir; no intervir; no intrometer-se; se vestem; se enredam num embate de beleza cênica ressignificadora e força dramática que transforma o lixo insuportavelmente desnecessário em um luxo irrefutável em contornos de corpos e coração absolutamente:
NECESSÁRIOS!!!
Essas mulheres corriqueiras; habituais; comuns e artistas; normais… compõe o
GRUPO DE PESQUISA E CRIAÇÃO DE INVERTIGAÇÕES E AÇOES NECESSÁRIAS: capitaneadas pelo gigante artista:
MARCIO CUNHA
Fotos: Francis FACHETTI.
Todo esse evento cênico; Espetáculo NECESSÁRIO; grandezas de corpos e sensações… não seriam possíveis sem o sustentáculo signo teatral da iluminação e da trilha sonora:
Juca Baracho e Leonardo miranda.
A Poesia reflexiva e contundente ambiental que acomete diretamente as relaçoes humanas faz do plástico o protagonista, porém, faz da arte e dos Operário Das Artes os educadores de uma nação e o impulso para se orquestrar em nossas vidas cruelmente afetadas pela avalanche dos homens em seu consumo desenfreado – achando possuir o poder onipresente – juntamente com a arrogância que pretende esmagar céus e terra.
A visão de COSMOS é exibida nesse trabalho de precioso olhar artístico de um dos maiores artistas do palco que agradecemos por direcionar essas mulheres aos lugares que elas merecem e que nós merecemos.
Gratidão: MARCIO CUNHA.
Foto: Francis FACHETTI
Foto: Francis FACHETTI