Temporada 2022 – Blog/Site:
“RETROSPECTIVA”
Projeto:
“Entrevistas NECESSÁRIAS”
O Blog/Site iniciou a temporada de retrospectiva das inúmeras (78) homenagens feitas aos artistas das artes cênicas em geral – teatro, dança, cinema…
O Blog/Site, faz a ponte com mais uma de suas Entrevistas NECESÁRIAS – projeto inserido nesse Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança – na ausência de espetáculos, devido à pandemia, para efetivar as críticas.
O alvo da vez, é o estimado criador de movimentos; o coreógrafo respeitado, Renato Vieira – com sua renomada Renato Vieira Cia de Dança – onde presenciei, como espectador e crítico, várias de suas obras necessárias e existencialistas; com mote na “Dramaticidade do ser humano”.
Renato Vieira.
Esse é o mais recente trabalho da RENATO VIEIRA CIA. DE DANÇA.
Elenco de “SUÍTE ROCK – PARA LOUCOS E AMANTES”.
Essa é a nossa inefável Soraya Bastos em:
“MALDITOS” – espetáculo que em setembro vai se apresentar emParis noTeatro Regard Du Cygne.
Abaixo uma breve atualização do que foi feito recentemente e o que virá um pouco mais a frente.
Logo após entraremos na RETROSPECTIVA da Entrevista NECESSÁRIA de Renato Vieira feita no começo da pandemia.
Renato Vieira diz:
“Devido ao sucesso de “Suíte Rock – para loucos e amantes” pretendo fazer uma circulação com espetáculo e depois uma temporada no Rio de Janeiro em 2023”.
“SUÍTE ROCK – PARA LOUCOS E AMANTES”.
“SUÍTE ROCK”…
“SUÍTE ROCK”…
“SUÍTE ROCK”…
“SUÍTE ROCK”…
“SUÍTE ROCK”…
“SUÍTE ROCK”…
“Em setembro, Vou me apresentar em Paris com o espetáculo “MALDITOS” no Teatro Regard du Cygne, e uma oficina de criação coreográfica no Carreau du Temple”.
– Sucinta Resenha do espetáculo:
“SUÍTE ROCK- PARA LOUCOS E AMANTES”.
(Renato Vieira Cia. De Dança).
UM ESPETÁCULO ARRAIGADO NA DELICADEZA, VIGOR TÉCNICO E CONTRAPONTOS EMOCIONAIS E FÍSICOS.
O Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança conferiu e recomenda com urgência essa vivência cênica/espectador.
A partir da difícil experiência do isolamento e da solidão – a busca da liberdade e dos encontros.
Reuni sucessos que amálgama música e músicos com seus incontestáveis legados – os profissionais em cena numa “colcha de retalhos” preciosíssima, confrontando desejos, amarguras e virtuosos corpos imbuídos de bela emoção – alçando voo e construindo uma obra cheia de contrapontos de extremo necessário; o mais impactante deles é o contraponto da delicadeza, da núbil cênica, com a viripotencia em técnica na fisicalidade e maturidade.
Sob a égide de Renato Vieira e Bruno Cezario , os mais do que competentes operários artísticos disseminam em cena uma obra imagética, passional e arrebatadora – totalmente apoiados em: Led Zeppelin, Supertramp, Pink Floyd, Queen, Sting e Rolling Stones, e nos músicos/atores que estão presentes no desenredar do trabalho, em um interagir comovente, num quarteto de cordas inefável – o casamento de bailarinos e músicos, rock e erudito, é indissociável e para sempre dentro do cenário artístico da dança nessa obra necessária. Bravíssimo!!!
Destaque certeiro e onipresente para a direção musical de Maria Clara Barbosa ( um violino, uma viola e dois violoncelos).
A leitura feita pela corporeidade dos bailarinos no capitanear de Renato Vieira, é da mais pura e genuína execução diáfana:
Límpida, translúcida, envolvente, diferenciada em técnica.
Um espetáculo híbrido arraigado na delicadeza, vigor técnico corporal e contrapontos emocionais com espasmos físicos voluntários e involuntários.
A elegância cênica do fazer artístico.
Por Francis Fachetti – Ator, bailarino, dançarino flamenco, coreógrafo, diretor de movimento e crítico teatral e de dança do Blog/Site:
WWW.ESPETACULONECESSARIO.COM.BR
Renato Vieira Iniciou sua carreira artística no Ballet Dalal Achcar, passando por mestres como; Demond Doyle, Maria Luiza Noronha, Lennie Dale, Marly Tavares, Alvin Ailey, Judith Jamison, entre outros.
Sob direção de Dalal Achcar, dançou coreografias de Gilberto Motta, Maurice Bejart, Fernando Bujones, Adan Darius, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Diretor Artístico e coreógrafo da Renato Vieira Cia de Dança.
Em seus mais de 35 anos de carreira artística, Renato Vieira criou peças que receberam excelentes críticas da imprensa especializada, destacando-se os espetáculos:
“Terceira Margem”; “Suíte Jazz”; “Ritornelo”; “Dociamargo”; “Boca do Lobo” e “Blue Bonjour Tristesse”; (os quatro últimos em parceria com Bruno Cezario), e foram indicados como “Melhores do Ano”, pela crítica do Rio, e de São Paulo.
Entre os convites internacionais, “Ritornelo”, foi apresentado na Costa Rica, e “Rizoma” e “Boca do Lobo”, foram escolhidos pela Funarte para representar o país no Ano do Brasil em Portugal (Porto, 2013).
Renato Vieira coreografou, a convite, para o Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Ballet da Cidade de São Paulo, Ballet da Cidade de Niterói, Ballet do Teatro Guaíra, Ballet do Theatre Du Plaven (Alemanha), PDC (Tóquio) e companhias independentes.
Fez algumas incursões como coreógrafo no cinema, sendo seu último filme “ENSAIO”, dirigido por Tania Lamarca.
Sua história com musicais é um capítulo à parte. São mais de trinta espetáculos na cena carioca, uma contribuição irrefutável.
Fundou o grupo “Vacilou Dançou”, ao lado de Carlota Portella.
Foi várias vezes contemplado pela Prefeitura do Rio de Janeiro; Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e pelo Prêmio Klaus Vianna, (FUNARTE/Petrobrás).
Pelo conjunto de sua obra, recebeu da “Icatü Holding”, uma residência artística de seis meses na França.
Foto referente ao prêmio Cesgranrio, que Renato Vieira dirigiu.
A Renato Vieira Cia. de Dança foi fundada em 1988, e desde sua criação o diretor e coreógrafo Renato Vieira, optou por pesquisar uma linguagem de movimentos, que trouxesse à cena, o que conceituou como a “Dramaticidade da condição humana”.
Para este fim, desenvolveu seus trabalhos a partir de textos teatrais e da literatura, tendo um resultado tão interessante, que logo passou a ser convidado a realizar trabalhos de corpo em diversas peças de teatro.
Especificamente, na sua companhia, desenvolve uma linguagem coreográfica que, tendo como foco um tema específico, faz uma síntese entre diversos vocabulários de corpo (balé clássico, moderno, jazz e contemporâneo), buscando relacioná-los com um conceito bem definido do espetáculo proposto – tudo gira em torno dessa ideia central, que prevê uma estética, um jogo de movimentos, que se relacionam com um determinado conceito de luz, com um cenário e sempre tendo como base um elaborado roteiro musical.
A integração de todos esses elementos cria as condições para a construção de um ambiente entre o erudito e o popular – onde o coreógrafo Renato Vieira, expande diversos canais de expressão para o corpo, e desemboca em uma cena contemporânea.
Espetáculo: “Boca do Lobo”.
Espetáculos da Renato Vieira Cia de Dança:
“Malditos”; “BLUE Bonjour Tristesse”; “No me digas que no”; “Poeira e Água”; “Dociamargo”;
“Rizoma”; “Boca do lobo”; “Ritornelo”; “Terceira margem”; “Canção improviso”; “Concreto”;
“Suite jazz”; “Sobre despalavra”; “Mulher sozinha no palco”; “Memória do corpo”;
“Me diz diniz”; “Cariocas”; “Vanitas”; “A voz da imagem”; “Capital da libido”; “Vertigem”.
Aprofundando um pouco, em três obras da Renato Vieira Cia de Dança, para exemplificar suas inquietações, e seu mote nas concepções – cito abaixo um pequeno apanhado das suas construções em três obras portentosas:
“Blue Bonjour Tristesse”; “Malditos” e “No me digas que no”:
Espetáculo: “No me digas que no”.
A literatura e a poesia, sempre inspiraram os processos de criação dos espetáculos da Renato Vieira Cia de Dança.
Na concepção de ‘Malditos’, elas vieram misturadas a uma certa fúria, que dialoga com o momento vivido pelo país. Se, num primeiro momento, o lamento foi propulsor da criação (‘BLUE bonjour tristesse’, de 2017), a mudança no panorama não atenuou as dificuldades enfrentadas pelos artistas. Da raiva e da angústia, começou a nascer o novo espetáculo, que apresenta dois momentos: um coreografado por Renato, e que leva o nome do espetáculo, e o solo “Fu”, assinado e interpretado por Bruno Cezario. E é a criação de Bruno que aponta para o novo projeto, a ser realizado em 2020, encerrando a trilogia. O ponto de partida para a criação da nova obra foi a aproximação com os “poetas malditos”.
Há 150 anos, os simbolistas propunham uma escrita livre, revolucionária, cheia de símbolos e musicalidade.
‘Malditos’, bebeu de várias fontes”, sublinha Renato Vieira. “Entre referências poéticas e musicais, surgiu uma obra que passeia pelos grupos vistos como “malditos”, que criaram conteúdos “insolentes e questionadores”.
No início de 2017, impactado pela crise geral que dominava o país, atordoado pelas mudanças súbitas e difíceis de serem assimiladas, o coreógrafo Renato Vieira resolveu absorver o impacto, entrando numa sala de ensaio. Reuniu um novo grupo de bailarinos – somente homens – e começou a experimentar movimentos, ouvindo o blues. Tendo a literatura, sempre, como um dos pontos de partida de suas criações; nasce a bela e necessária criação cênica – “Blue Bonjour Tritesse”.
O espetáculo de dança contemporânea “No me digas que no”, tem como fonte de inspiração a obra e as referências do escritor Gabriel Garcia Marquez.
Gabo, como o autor colombiano era conhecido, foi um dos pais do realismo fantástico, corrente literária que movimentou e inspirou as letras na América Latina, a partir dos anos 50-60, projetando-a a um lugar de destaque no cenário mundial.
A peça trata de elementos fantásticos da obra de Marquez, que são trazidas à cena de forma não linear nem representativa, e sim por meio do movimento.
“O realismo fantástico está no corpo. Foram fundamentais na elaboração da coreografia, a leitura de livros como: “O amor nos tempos de cólera” e “Cem anos de solidão”.
Quando a ideia de abordar o realismo fantástico surgiu, Bruno Cezario, excursionava pelo deserto de La Rumorosa, no México. “Tem vida na morte, e isso remete muito à literatura do Gabriel”, reflete Bruno Cezario.
Sobre o título, ele conta, que a escolha de um título em espanhol deveu-se, ao fato de ser a língua de García Marquez.
Espetáculo: “Malditos” – Bailarino: Felipe Padilha.
Foto: Bruno Veiga.
Algumas experiências em TV:
“Fama”: Rede Globo 2000; “Criança Esperança”: Rede Globo 1999; “Brasil 500 Anos”: Rede Globo 1998; “A Vida ao Vivo”: abertura, Rede Globo 1998; “Hilda Furacão”: minissérie dirigida por Wolf Maya, com Ana Paula Arósio, Rodrigo Santoro, Matheus Nachtergaele, entre outros. Rede Globo.
Professor convidado 1995 – Theatre du Plaven, Alemanha. 1994 – Professional Dance Center, Tóquio.
Entrando no “realismo fantástico” e corpóreo com a
RETROSPECTIVA da Entrevista NECESSÁRIA com:
Renato Vieira.
F.Fachetti -Tendo iniciado com Dalal Achar, passando por Mestres que marcaram época; o que você destacaria dessas personas singulares, e da experiência em coreografias executadas no palco do TMRJ?
Renato Vieira – Foi uma época muito criatividade. Tínhamos que aprender rápido as coreografias, de estilos diferentes.
A Dalal tinha um repertório muito extenso, e com um rigor técnico. Gilberto Motta, tinha um fluxo de criação intenso, e mudava muito as frases coreográficas de um dia para outro, às vezes jogava fora criações incríveis.
Maurice Bejart, já vinha com um repertório pronto.
O Grande desafio era o “Quebra Nozes”.
Espetáculo: “Improviso concreto”.
F.Fachetti – Dentre os últimos espetáculos de dança, comente com seu olhar esteta, sobre suas 4 últimas obras, feitas em parceria com Bruno Cezario, e qual a palavra-chave dessa união cênica, conflagrada de êxitos?
Renato Vieira – A palavra chave dessa união criativa é “cumplicidade”; às vezes abrir mão de alguma estética, ou coreografia em prol do artístico.
Cada espetáculo tem sua peculiaridade.
O “Malditos”, foi um pouco biográfico. Aproveitei o movimento dos poetas malditos, para contar a minha história na época da Ditadura. Por isso as quatro mil bolinhas de gude no palco. Era o que usávamos na época para impedir à polícia a cavalo.
Na ditadura eu fiquei preso uma semana, mas felizmente não fui torturado fisicamente.
Resgatei fotos da minha adolescência e das passeatas.
Projetava no chão, e os bailarinos dançavam, encima das imagens.
A trilha foi calcada nessa época; Pink Floyd, Santana, Joe Coker etc. O espetáculo “Blue” teve uma formação diferente; 8 bailarinos.
O espetáculo foi inspirado no documentário da Nina Simone, daí à sua sonoridade; e com trilha composta por Felipe Storino.
Tínhamos como tema o racismo, e as minorias marginalizadas.
Foi também um protesto ao bailarino que foi censurado no museu em São Paulo, e a censura da “Exposicão Queermuseu”, no “Mar”.
O espetáculo “Poeira e Água”, foi inspirado no Tempo. A interferência do homem na Natureza.
Espetáculo: “Poeira e Àgua”.
F.Fachetti – Sua relação com os musicais, é de um amálgama de resultados de visível coroação. Fale um pouco, sobre esse feito de grande relevância para a cena cultural; e cite, dentre tantos, alguns que mais te orgulham de ter efetivado.
Renato Vieira – São mais de trinta musicais. Todos têm sua relevância e seu momento.
Os espetáculos que eu destacaria: “Ele nunca disse que me amava”; “Company” e “7 o Musical”, dirigida por Charles Mueller e Cláudio Botelho; “South American Way”, dirigido por Miguel Falabella.
Todos os últimos espetáculos feitos em parceria com Gustavo Gasparani. O “Samba Futebol Clube”, tem um lugar diferente, porque foi o primeiro que eu fiz com o Gustavo Gasparani, e ganhei o Prêmio Cesgranrio de Teatro.
Quase todos os que eu fiz com parceria com Gasparani tenho o maior orgulho.
F.Fachetti -Tendo feito a crítica, que está nesse Blog/Site, de: “BLUE Bonjour Tristesse”; muito me arrebatou a vigorosa e feérica tessitura desse trabalho. Discorra sobre o processo, e o que ele deixou de legado para a Cia?
Renato Vieira – O processo foi muito intenso, tive muito pouco tempo para montagem.
Foi um espetáculo feito para um projeto do Sesc Entre Dança; impactado pela crise que dominava o país, e atordoado por mudanças súbitas na política e na cultural. Emocionado com o documentário biográfico da Nina Simone.
Arrisquei a coreografar uma poesia da Wislawa Szymborska, em “Cem pessoas”, descrevia essas intolerâncias, e da força do seu pensamento. “Prefiro o ridículo de escrever poemas, ao ridículo de não escreve-los”.
Resolvi enfrentar esse mal estar, me desafiando em uma nova formação para Cia.; 10 homens, como um protesto dançado, como falei anteriormente – todos nus.
Espetáculo: “Blue Bonjour Tristesse”.
F.Fachetti – Essa “Dramaticidade da condição humana”, presente no urdimento de seus trabalhos, os tornando adeptos de uma teatralidade que se embrenha na literatura. É uma forma de reivindicar seus direitos, de “gritar” por mais respeito e liberdade? Sua maneira política de se expressar?
Renato Vieira – Sempre foi a minha indignação e protesto, quando o ser humano é excluído por qualquer que seja a sua condição.
A literatura sempre me aproxima a esse tema.
Quando eu fiz o espetáculo “Terceira Margem”, a aproximação que Guimarães Rosa me fez entender; que na verdade é o “estado de terceira margem que vivemos, ou nos encontramos em certas situações”. Sim foi uma forma de reivindicar o respeito ao pensamento e os direitos humanos.
Espetáculo: “Malditos” – Bailarina: Soraya Bastos.
F.Fachetti – Nos conte sobre essa experiência de professor convidado na Alemanha, Tóquio… O que você “usurpou” de mais vicejante, para aliar com nossa cultura?
Renato Vieira – A experiência de se coreografar em uma Cia fora do Brasil, é ter a língua como dificuldade de comunicação.
Foi aí, que entrou os diálogos corporais, e facilitou o entendimento.
0 que mais me impressionou, foi a tecnologia nos teatros, a disciplina que eles encaram, a facilidade dos editais, apoio a Dança – à cultura.
Espetáculo: “Malditos” – Bailarino: Hugo Lopes.
Foto: Bruno Veiga.
F.Fachetti – Na contextura de seus trabalhos, você submerge fundo na literatura, poesia, e transpõe para os corpos de seus excelentes bailarinos – como Soraya Bastos, Bruno Cezario – muitas vezes, como coautor. Fale do seu processo de criação, com esses tantos corpos muito bem entregues e preparados.
Renato Vieira – Eu passei por várias transições no meu processo de criação. Cada tema de um novo espetáculo é que me leva intuitivamente ou não a esse processo.
Antigamente, eu já chegava para os ensaios com a coreografia pronta. Hoje já trabalho dessa forma: procurar respeitar a individualidade de cada corpo, e tentando tirar de cada um o melhor resultado.
A minha Dança mudou muito com o tempo.
Apresento as ideias e vou experimentando movimentos e improvisando junto com os bailarinos criadores/intérpretes.
O Bruno Cezário e Soraya Bastos, por trabalharem comigo mais de 20 anos, conseguem ter um entendimento maior, e traduzir com mais precisão e rapidez.
A ideia está na minha cabeça. Eu sei aonde eu quero chegar. Vou tateando e criando uma dramaturgia para esse puzzle.
Espetáculo: “Malditos”.
F.Fachetti – Como foi aportar a obra, às referências, o “realismo fant[ástico”, do escritor colombiano, Gabriel Garcia Marques; para movimentos de contornos corpóreos?
Renato Vieira – Foi um mergulho profundo em suas crônicas e livros. Foi muito difícil levar o universo da sua obra para cena.
Como, “Amor nos tempos de cólera “, era o meu livro preferido desde adolescência; esse clima teve muita influência no espetáculo. Não contávamos linearmente nenhuma estória.
O resultado do espetáculo foi o clima da obra dele.
Esqueci de colocar que para construção do espetáculo, “O realismo fantástico”, foi esse elemento transfigurador da realidade que nos serviu de estímulo.
Foi o fantástico em Gabo, que nos encontramos no absurdo da realidade imediata e concreta.
Espetáculo: “No me digas que no”.
F.Fachetti – Como definiria, Bruno Cezario, dentro das suas obras, e na enorme importância presencial/cênica, na Renato Vieira Cia de Dança?
Renato Vieira – O Bruno sempre foi um grande influenciador na criação dos espetáculos, mesmo quando era só intérprete.
Desde os quinze anos de idade, já despontava como coreógrafo. Estreou profissionalmente quando eu coreografei “Romeu e Julieta”, dirigida por Sérgio Britto, passando a fazer parte de todas as criações da Renato Vieira Cia de Dança, desde então.
Paralelamente integrou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com direção de Dalal Achcar, estreando aos 17 anos; “L’après-midi D’un Faune”.
Foi para fora do Brasil passando pelo “Ballet du Grand Theatre de Genève”; “Cullberg Ballet”; “Ópera de Lyon”, e primeiro bailarino em Madrid, na Cia Nacional de Dança.
Dançou peças de mais 40 coreógrafos internacionais: William Forsyth, júri Kyliân, Matz Ek, Sasha Waltz entre outros; sempre de volta ao Rio, mantendo essa parceria comigo, em todas as obras da Cia desde então, além de assinar alguns figurinos e trilhas.
Ele se formou comigo, e foi ganhar o mundo. Mas continua sempre presente.
Uma grande parceria.
F.Fachetti – Terminando essa prazerosa entrevista necessária, como fica a estética, o jogo de movimentos, suas concepções eruditas e populares, no “final” dessa pandemia, que está nos obrigando a nos reinventarmos?
Renato Vieira – Vai ser muito difícil essa volta; a dança exige uma proximidade.
Mas, já estamos trabalhando os solos, duos e trios sem aproximação. Vamos ter que ser criativos nesse jogo Coreográfico.
Inventar novos artifícios, para um duo com aproximação.
Simplesmente:
RENATO VIEIRA.