– Crítica Teatral Espetáculo: “COMO SOBREVIVI A MIM MESMA NESSA QUARENTENA”.

TeatroCrítica: Por Francis Fachetti.

Espetáculo:

“COMO CONSEGUI SOBREVIVER A MIM MESMA NESTA QUARENTENA”.

(Texto e Atuação: Rita Fischer).

Direção: Thiago Bomilcar Braga.

No Shopping Barra Point ( ao lado do metrô Jardim Oceânico), nos deparamos com uma grata surpresa para cultura – três salas: teatro, cinema -, e em uma delas, na simpática Sala Teatro/Espaço Provocações uma deliciosa cena teatral advinda de uma ação exitosa/vitoriosa; um solo afortunado numa comédia rasgada, “escrachada”, onde uma atriz de carisma tornou evidente, desmascarou de modo insultuoso arrumando e desarrumando a cena lindamente; falando de sua corriqueira amarra nos tenebrosos dias de pandemia.

Um solo que teria tudo para ser ultrapassado, confesso que esse era meu medo, porém, a comédia discorre com texto e Atuação de Rita Fischer ressignificando o “óbvio” numa narrativa de jocosa inventividade cênica.

O texto de experiências pessoais hilárias da atriz se coloca num engendrar de original criação em seus dias de reais desespero – a tragédia literalmente se faz em comédia – Claro, com talento cênico e entrega com momentos reflexivos.

Percebe-se nitidamente uma afluência forte com a direção perspicaz e habilidosa de Thiago Bolmicar Braga.

O espetáculo num todo é de fruição, um desfrute palco e plateia de lavar a alma.

Um dos pontos de grande sensibilidade no decorrer do solo/monólogo é o permear inefável das inserções em costuras cênicas, com trilha sonora na voz e música de EDITH PIAF – um achado “impensável” para uma comédia que descortina momentos reais, onde você sorri e de repente o denso em PIAF viceja a cena num contraponto que faz desse trabalho muito peculiar num escracho elegante, deslumbrante, expressando um luxo inesperado.

Fischer/PIAF/Bolmicar – um trio de extremo necessário:

Indômito!!!

O que dizer da atuação de Rita Fischer?

A atriz ostenta-se exuberantemente em desempenho coroado para defender seu guião.

Uma volúpia em cenas bem trabalhadas em uma alaúza/confusão cênica que expressa empenho, doação, pesquisa, num carisma para a comédia em ritmo adequado e envolvente.

Texto, atuação, corpo, emoção se copulam e unem a plateia nessa cópula azeitada insubmergível; a cena não afunda, e sim, submerge no necessário para um ousado solilóquio.

Uma atriz de idiossincrasia que imprimi na voz – onde se arrisca a trautear/cantarolar em plena afinação -, e um corpo que obedece a um temperamento inquietante em contornos visíveis de quem sabe arrematar um texto pelas ações voluntárias e involuntárias que a cena exige; aliás, um belíssimo trabalho corpóreo, quem trabalha com corpo/técnica percebe a sinuosidade quase coreografada em cenas ritmadas à loucura pandêmica.

Rita Fischer provocadora no melhor sentido teatral, bravia, insubmissa aos desesperos de um solo em conformidade de no mínimo ser uma intérprete com um trabalho ferino.

Por tudo isso, cumprindo suas funções precípuas é um sucesso e terá vida longa – o Blog/Site conferiu, recomenda e destaca essa atriz e seu trabalho/espetáculo necessário.

Bravios aplausos!!!

Por Francis Fachetti – Ator, bailarino, coreógrafo, dançarino de flamenco, diretor de movimento e crítico teatral e de dança.

 

INSTAGRAM: @f.fachetti

@dragoescaiomonologo

E-mail: f.fachetti@hotmail.com

Em cena Rita Fischer.

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