– CRÍTICA TEATRAL: Espetáculo: “MOLIÈRE”.

Teatro Crítica

 Por Francis Fachetti.

 

“MOLIÈRE”

Texto: Sabina Berman.

Direção: Diego Fortes.

Tradução: Elcio Nogueira Seixas e Renato Borgui.

 

 

Sabina Berman, Diego Fortes – na direção -, e seus atores desbragadamente necessários, torna libertino, urgente, inquietante e nevrálgico esse momento cênico mais do que desaforado e oportuna conveniência do cenário das artes.

Não quero e não vou destacar nenhum artista em cena – todos se embrenham nesse espetáculo de maneira quase “invejável” de tão presentes e donos da cena e de seus personagens – Bravíssimos!!!

Diego Fortes se arraigou com sua direção no espetacular da literatura e transpôs para cena um espetáculo diferenciado na sua linguagem encenada, oportuno, de uma atualidade assustadoramente bela e necessária.

O maniqueísmo, o reino da luz e o reino das sombras, de mãos dadas com o essencial – a arte -, onde Molière e Jean Racine nos deixa embriagados de prazer ao revelar com uma diplomacia teatral estonteante a corja, os deletérios que cancelam o crucial para um povo: Cultura.

Esse é o espetáculo que se apresenta diante de nossos olhos – de absoluto luxo retórico cênico com traquejos populares que alcançam abastardos ou não.

Esse encontro no palco nos faz alçar voo e nos traz alvíssaras para acreditarmos no transcender, no transformar ou no “simples” fazer pensar diante de tempos obscuros que vivemos e que estão por vir – basta virarmos a chave e iluminar o palco, deixá-lo acontecer: o teatro, as artes.

Um trabalho de cenas hilariantes e grotescas, em intensa jocosidade vinda de Nachtergaele (Molière), emaranhado numa ousadia deliciosa e letal em Jean Racine (Elcio Nogueira Seixas), juntamente com o ignóbil e vilanagem do arcebispo composto pelo grande Renato Borghi, todos aliados a marcantes atuações de Luciana Borghi e Josie Antello .

Existe algo mais atual e que nos acomete do que isso?

Intérpretes em histrionismos de extremo necessário para nos acudir, nos acordar desse monstruoso momento, que não é cênico.

O banimento total do reino teatral é permeado nesse Molière – Espetáculo NECESSÁRIO que nos faz rir, se indignar e o melhor: Refletir.

Que se faz presente para avaliarmos quem somos, o que nós artistas podemos ou não criar, revelar, dignificar com nossas obras artísticas.

Molière ressignifica até nossas máscaras, ultrapassadas e com pouco poder.

Máscaras ressignificantes no embate emblemático, sublime, de faces opostas em favor do ser, da alma artística ou não.

Que a corte carnavalesca do Rei Sol não seja a corte carnavalesca do país do carnaval e seus feitos culturais expressionistas, solares e luminares.

Um espetáculo: “Molière”- onde a luta travada pelo histriônico Rei do hilário nos encaminhe ao extravagante tragicômico com nosso poder de superação e eliminação de excrementos desnecessários que nos sufoca a cada átimo/segundo do nosso pensar.

Assistam! Imperdível!

Sextas, sábados e domingos: Teatro Prudential, Glória.

 

Por Francis Fachetti – Ator, bailarino, coreógrafo, dançarino de flamenco, diretor de movimento e crítico teatral e de dança.

 

Instagram: @f.fachetti

@dragoescaiomonologo

 

E-mail: f.fachetti@hotmail.com

 

 

 

 

 

 

 

Final do espetáculo MOLIÈRE”.

Foto: Francis Fachetti.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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