Teatro Crítica:
Por Francis Fachetti.
“A LISTA”
De: Gustavo Pinheiro – Direção: Guilherma Piva
Depois de quase dois anos de processo de criação artística em meio a uma pandemia que parou o mundo – efetivou-se no formato on-line.
O presencial concretizou-se no teatro em sua íntegra; o charmoso e histórico Teatro dos Quatro – onde continua em cartaz, de sexta a domingo, até 26/03.
Gostaria de registrar, por tamanha coincidência alvíssara, com esse frutífero, necessário, delicioso… trabalho, com nítidos operários da arte competentes; outra cena teatral que teve curta temporada no final do ano de 2022 num pequeno espaço de cultura dentro do Shopping Barra Point – com atuação e texto da atriz Rita Fischer – “ Como Sobreviver a Mim Mesma Nesta Quarentena”.
Com a mesma temática, que nos dias de hoje poderia apresentar-se ultrapassada e desgastante, esses dois espetáculos abordam e abarcam esse tema num formato de comédia deixando prevalecer e nadando em extrema simplicidade ao usar todos os signos cênicos, a força teatral em talentos e vocações de “embates” palco/pláteia que lavam nossas almas.
Dois espetáculos onde os artistas atestam a que vieram ao se embrenharem na arte meio a nudez de argumentos atrelados a altos investimentos nos palcos. Com certeza, logo, Rita Fischer volta com seu monólogo e todos poderão presenciar seu viés aurífero para cena. Aos interessados leem a crítica teatral inserida neste Blog/Site.
O espetáculo “A Lista” é um trabalho capitaneado pela emoção, que surpreende com o simples e nos faz apaixonarmos pelo singelo, pela experiência profissional da ficha técnica, entrega em construir o maior desafio da cultura nos dias atuais: empatia, lealdade diante do “nada”, comunicação imediata com a alma, e superação na convivência com detratores – vírus ou corjas indiferentes a cultura.
Gustavo Pinheiro constrói um texto na coletividade – existe coisa mais teatral do que isso -, passa o recado e nos faz feliz.
J.C.Serroni no cenário e figurino segue a conformidade peculiar de Copacabana e fica também no simples enaltecedor, onde Wagner Antônio pega uma linda carona e nos dá o necessário para o que já é iluminado tornar-se a clarividência do melhor caminho.
Marcia Rubin sempre na medida certa que seu olhar alcança, transforma o corpóreo com visibilidade em sua direção de movimento.
Guilherme Piva além de grande ator, uni-se a fisicalidades e técnicas da operação teatral regados de pura satisfação cênica. A esse ator/diretor poso dizer que é e foi – NECESSÁRIO!
Lilia Cabral e Giulia Bertolli se tornam luzes que se diferenciam e se unem num feito demiurgo, criando algo de envolvência linda com o público. Um momento atávico – o atavismo reaparecendo com características de antepassados que se revelam com estonteante amálgama de vocações. Giulia Bertolli se faz presente brilhando e fazendo sua mãe ser ainda mais necessária para os olhares do coração. Belíssimo!!!
O que dizer de Lilia Cabral? Carisma, experiência, doação, sinuosa, sedutora, dona da arte de interpretar… tudo isso e muito além do seu, do meu, de qualquer horizonte.
“A Lista” desprovido de ornatos, enfeites, de luxo. Talvez o luxo da alma! Excessivamente simples, porém, com excesso de glamour em doação/empatia. Aquilo que não foi corrompido, puro.
Um espetáculo recheado de alegria, contrapondo a temática, bom humor em qualidade máxima.
“A Lista” é o carisma, a verdade cênica impregnada nos palcos em 2023.
Ficha Técnica.
Por Francis Fachetti
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