O Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança
Apresenta:
O Blog/Site iniciou a temporada de Retrospectivas e INÉDITAS das inúmeras homenagens feitas aos artistas das artes cênicas em geral – teatro, dança, cinema, técnicos: Operários das Artes.
Projeto: “Entrevistas NECESSÁRIAS”, inserido nesse Blog/Site de Críticas Teatrais e de Dança, no começo da pandemia.
INÉDITA!
ALÊ PALMA
Guitarrista Flamenco e Compositor
Em Granada.
Recital com Sergio El Colorao – Curitiba. 2019.
Alê Palma é guitarrista flamenco, relações públicas com pós-graduação em comunicação digital e mestrando em musicologia.
Na Espanha, teve a oportunidade de ter classes com os guitarristas Juan Habichuela Nieto, Ruben Campos, Paco Cortés e Manuel Parrilla; fazer concerto solo no Salón de Plenos (Câmara Municipal) e atuar no Festival de Las Cuevas, ambos em Granada; ser finalista do III Concurso Internacional de Guitarra Flamenca Niño Miguel (V.L.C/Huelva).
Ao longo de sua carreira atuou com diversos nomes do flamenco espanhol como José Anillo, Jesus Fuentes, Inmaculada Ortega, Sergio el Colorao, Alberto López, Cristina Aguilera, entre outros.
No Brasil, realiza shows com cias de dança flamenca de diferentes estados e também é violonista do grupo Apuama, banda finalista do XIV Festival de Música Educadora FM, com CD autoral classificado entre os melhores da Bahia pela El Cabong e parcerias realizadas com grandes artistas nacionais como Zeca Baleiro, Raymundo Sodré, Julio Caldas e Edy Star.
Entrando na INÉDITA Entrevista NECESSÁRIA com:
ALÊ PALMA
Francis Fachetti – Alê Palma “Mestrando em Musicologia”.
Torne conhecido para todos as peculiaridades desse curso que o capacita para ir além.
Alê Palma – Musicologia é basicamente o estudo de música e sociedade ou música e antropologia. Estou terminando minha dissertação que trata a cantora Rosalía como um objeto de estudo do flamenco em sociedades contemporâneas.
“Flamenco na Mateus” – Curitiba, PR. Evento de produção e direção minha.
Francis Fachetti – Fale para nós sobre esses mestres da Guitarra Flamenca que você obteve aulas/classes. Como definiria cada um deles para termos a oportunidade de conhece-los melhor:
Juan Habichuela Nieto; Rubem Campos; Paco Cortés e Manuel Parrilla.
Alê Palma – Eu particularmente sou uma pessoa que se deixa levar em alguns tipos de situação.
Na música me abri em várias circunstâncias e fui vendo o que o mundo tinha oferecer, não considero que ninguem seja meu mestre e nem eu mestre de ninguem.
Estes são alguns dos guitarristas que tive aula, mas, ao decorrer da vida tive outros professores e colegas os quais compartilhei muito, acredito ser um mosaíco de tudo isso.
Particularmente dos guitarristas espanhois citados, o que mais fez frente e categorizou minha expressão identitária no toque é o Manuel Parrilla, porque ele tem uma ótica de guitarra flamenca moderna (apesar de vir de uma dinastia de uma familia de guitarristas já estabelecida e antiga da Espanha).
Meu toque gosta de brincar mais com o compás e com as sincopes; também gosto de explorar harmonias “malucas” e minhas referências para compor… “malucas” também.
Concerto Solo – Salón de Plenos – Prefeitura de Granada, Espanha, 2013.
Francis Fachetti – Os mestres do flamenco com quem você atuou; o que mais destacaria nessa pesquisa/aprendizado, e quais deles se aproxima mais do seu trilhar dentro da arte flamenca.
Alê Palma – Não consigo enxergar nenhuma figura em particular, mas como o flamenco é algo muito exótico para o mundo, sempre é importante buscar desafios – como acompanhar artistas estabelecidos de lá -, justamente para poder desconstruir algumas amarras.
Um momento que foi muito significativo para mim foi acompanhar uma leva enorme de ciganos em uma juerga em Sevilla (fui parar nessa Juerga acompanhando um cantaor em troca de unas copitas, essa história é longa na verdade, haha). Foi algo mágico, durou a madrugada toda e fui muito elogiado, foi um dos grandes momentos que vivi no flamenco.
Flamenco a Pie de Calle – Granada, 2013.
Francis Fachetti – Nos conte detalhes e como foi essa experiência de diretor musical de espetáculos e cias flamencas. Mencione dois desses espetáculos aqui.
Quanto mais trabalhos mais vamos sabendo colocar o nosso lugar. Eu gosto de, sempre que possível, ser o diretor musical porque eu sou naturalmente um virginiano muito preocupado para que as coisas deem certo e funcionem.
Com a minha musica em particular eu também sou exigente, mas aos poucos fui desconstruindo isto também para poder aproveitar mais o trabalho, desfrutar e hoje acredito ter um equilibrio legal com tudo isso. Meus dois ultimos trabalhos como diretor musical me deixaram satisfeitos, cito tanto os 10 anos da escola Carol Ferrari – Florianópolis (2023) quanto o flamenco para todos (2023) – Circulação no Paraná.
Flamenco Para Todos – Gira Paraná, 2023.
Francis Fachetti – Na sua atuação com expoentes do flamenco espanhol, gostaria que deixasse para todos uma frase que determinaria/abancasse cada um deles enquanto profissionais renomados:
Jose Anillo; Sergio El Colorao; La Mati; Irene Rueda; Jesus Fuentes; Guilhermo Manzano; Carmen Moreno; Alberto Lópes; Chúa Alba (com quem fiz classes aqui no Rio – me encantou); Cristina Aguilera; Inmaculada Ortega ( Fiz aulas com ela – me encanta); entre outros.
Alê Palma – Como comentei anteriormente, ter a oportunidade de acompanhar artistas de lá também é um processo importante para descontruir amarras e evoluir.
Um profissional não pode ser julgado por “estar com fulano ou sicrano” – acho que ainda falta um pouco de consciência do discernimento na arte flamenca -, principalmente fora da Espanha de não ser fundamentada em… “com quem ele(a) esteve ou o que fez”, e sim no “eu escuto essa música, eu possuo um ouvido pra dicernir, eu aprecio essa arte, eu vivo essa arte, eu posso saber diferenciar e questionar”.
De todo modo, eu julgo alguns momentos importantes com relação ao acompanhar artistas de fora. Ter feito recitais de CANTE e de temas autorais com o do Jose Anillo e com o Sergio Colorao, ambos referentes la da Espanha.
Em 2022 fiz um espetáculo da Tati Barcelos (Curitiba/PR) que trouxe um bailaor de Cadiz, Jesus Fuentes, que elogiou muito meu trabalho (isso é legal também, um artistas experiente de la fazer questão de ressaltar o seu trabalho).
Na verdade são muitos momentos de pequenos GRANDES aprendizados.
Recital com Sergio El Colorao – Curitiba, 2019.
Francis Fachetti – Alê Palma um dos principais artistas da cena flamenca brasileira.
Fale sobre o III Concurso Internacional de Guitarra Flamenca Niño Miguel, onde foi finalista em 2019.
Alê Palma – Foi o meu momento mais incrível dentro do universo do flamenco até então – fui para a final com dois bichos da guitarra flamenca:
Luciano Ghosn (Itália/Libano) e com o Yannick Corre (ganhador do Bordão mineiro com 17 anos de idade), seu avô Paco del Gastor (um ícone da guitarra flamenca de Morón de La Fronteira) estava la e me elogiou muito também, parecia um sonho.
Foi uma forma de validar meu trabalho e também dizer que não precisamos criar dogmas encima das coisas.
Enfim, foi felicidade pura, é assim que se chama né? Haha!
Finalistas Certamen Nino Miguel – Villanueva De Los Castileros, Espanha, 2019.
Alê Palma, Luciano Ghosn (Itália/Líbano) e Gastor De Paco.
Francis Fachetti – Como compositor você diz: “Acreditar que sua música autoral pode quebra paradigmas ao unir a tradição e o vituosismo da guitarra flamenca com a diversidade harmônica e ritmica brasileira. Destrinche essa afirmação o máximo que puder.
Alê Palma – A música é uma só e me sinto cada vez mais natural (Brasileiro e cidadão do mundo), respeitando minha expressão identitária sem querer assumir nada que não seja coeso para mim.
Francis Fachetti – Concluiu sua formação acadêmica com a guitarra flamenca em 2013 na Escola Carmen De Los Cuevos – Granada/Espanha. Conte-nos como funciona e a importância dessa instituição.
Alê Palma – Foi importante para ter repertório e melhorar minha técnica, no entanto o flamenco depende das pessoas se juntarem para acontecer.
O flamenco é osmose e só vai seguir sobrevivendo contando as histórias do presente.
Francis Fachetti – Discorra o que puder, quiser, sobre os seus dois discos que gravou na Espanha.
Alê Palma – O meu disco solo é um registro pessoal, feito pelo meu romantismo com a arte na época.
Apesar de não ser um disco maduro musicalmente diz muito sobre mim, eu vou pelo amor, sou intenso e ali eu precisava registrar aquilo.
Hoje em dia guardo o disco com carinho, é um cd de flamenco e mais algumas ins(pirações). Vocês podem ouvi-lo no spotify se quiserem, procurem por Alê Palma – Paseo de Mis Suenos.
Ensaio do cd “Paseo De Mi Sueños – Curitiba, PR.
O Cd Apuama foi feito através de crowdfunding com meu amigão e parceiro de gigs la na Espanha – Marcelo Maia, é um cd de MPB com musicas autorais e diversas influências musicais – tais como o flamenco.
Nosso disco recebeu boas críticas em Salvador-BA (lugar onde ele foi lançado), e um do artista que gostou muito e fez propaganda em um de seus shows foi o Carlinhos Brown.
Vocês podem encontrar o Apuama no soundcloud =)
Lançamento do CD “Apuama” – Salvador, Bahia, 2016.
Ensaio fotográfico do CD “Apuama” em Granada – Espanha 2013.
Francis Fachetti – Fale a respeito de sua participação na Ópera da Serra da Capivara, no Piauí – lugar onde muitos conhecem pouco:
Alê Palma – Atualmente esse espetáculo seria o sincretismo do Cirque de Solei do Brasil, é uma produção megalomaniaca, hahahaha.
Foi incrivel tocar la porque é uma mistureba de culturas incriveis. Desde artistas do circo, musicos de outras áreas, danças das mais diversas, enfim… Precisavam de um guitarrista flamenco para compor a ópera da Carmen do Sertão e eu fui agraciado com esse presente.
O Festival fica no meio do sítio arqueológico mais antigo do país, onde provavelmente vieram as primeiras civilizações datadas.
É um lugar que eu RECOMENDO ir!
Ópera Da serra da Capivara Piauí, 2023.
São Raimundo Nonato.
Simplesmente:
ALÊ PALMA