– CRÍTICA DE DANÇA: “Gaveston & Eduardo”.

 

CRÍTICA DE DANÇA

POR Francis FACHETTI

 

 

 

 

 

“GAVESTON & EDUARDO”

 

 

 

 

 

 

 

POR FRANCIS FACHETTI

 

“GAVESTON & EDUARDO é um mergulho profundo nas complexidades da vida e nos dilemas  da condição humana”.

“Atravessamos as fronteiras do físico e do imaginário, do passado e do presente, para revelar partes da história de Eduardo ll da Inglaterra e do Conde Gaveston – um amor que desafia os limites do poder e as normas da sociedade. Uma história proibida, permeada de desejo, coragem e resistência”.

 

Nesse espetáculo a dança narra de maneira peremptória os dogmas em díspares épocas permitindo que se entrelacem em absoluta assertividade corpórea – enxergamos o embate de diversidades como: homofobia; cerceamento de ideias; corpos; desejos; distopias cruéis com o movimento humano – um preço muito alto ao seguir seu livre arbítrio.

Isso acontece com Eduardo ll e todos que se  desnudam em cena, em pleno conhecimento a respeito do que se deseja. É o perpetuar das descobertas numa conecção com a contemporaneidade na confluência de períodos, seja qual for ele, nas suas características próprias de pessoas que o habitam.

O crítico corpo dançado é o que Renato Vieira Cia. de Dança nos presenteia desaguando e desembocando no inefável cênico da natureza em força indizível nos inebriando em puro encantamento – foi exatamente isso que meus olhos constataram em três momentos cênicos:

– A cena onde Gaveston entra nu – insuportavelmente necessário -, se coloca no trono em construção corporal detalhada, imperativa, dialogando e contracenando com o rei e a mulher, nos seduzindo no impactante quadro cênico.

– O dueto final em pleno voo musical que faz os intérpretes subsumidos na inteireza, na forma, na leveza de uma verdade, através de uma “brutalidade” sedutora e lúdica – compondo uma autêntica qualidade  de uma obra que nos faz esquecer de todos os nossos preconceitos arraigados.

 

Através desses três momentos o espetáculo se faz um sex appel interativo calcado na teatralidade; o que se vê em cena não é um modelo de beleza física, e sim, o concretizar de uma proposta que submerge na complexidade humana onde ela está aguerrida.

Conseguimos enxergar em cada bailarino/intérprete a sua força contemporânea em técnica e emoção de suas buscas pessoais, lutas, frustrações, em uma bela e extrema entrega nas inserções distanciadas, com proposital êxito do universo entre Gaveston e Eduardo. Bravo!!!

Terminando de contextualizar sobre o espetáculo que presenciei, existi uma séria ressalva, no meu olhar, no chamado “texto cênico” – desnecessário. Presente no final quando se executa as falas entre Bruno Cezário e Higor Campagnaro, havendo aquilo que suja, perdido num trabalho límpido. Ainda bem que eles terminam com um entrelaçar de talentos técnicos dos corpos em paixões – expressivos e teatral, nos deixando em êxtase. Dois Elfos Mitológicos  em desejos conscientes; exacerbados; envolventes a ponto de nos seduzir.

FOTO: Francis FACHETTI

Adriana Lima nos dá uma cenografia que atende a proposta realizada.

Figurino por Bruno Cezário converge com a força do atemporal – a praticidade atendendo a crítica expurgada, deixando cada um trazer suas próprias emoções em protestos particulares.

Uma iluminação que define bem onde cada drama se colocaria pelas mãos de Eduardo Dantas Careca. Um minucioso pontuar dessa dramaticidade humana.

Trilha sonora: Um espetáculo à parte por Rafael Kalil e Daniel Drummond. Vai do sinuoso ao explosivo; do etéreo ao vociferar; do vertiginoso a delicadeza consciente corporal… ou seja, uma abissal explosão necessária que desemboca numa execução musical ao vivo exemplar.

Os bailarinos/intérpretes perpetuam suas trajetórias de enfrentamentos com seus corpos de crucial relevância: Bruno Cezário, Higor Campagnaro; Mônica Burity; Felipe Padilha; Rafael Gomes; Hugo Lopes.

 

 

 

Renato Vieira viajou nas profundezas de sua bela existência para nos deixar apaixonados por suas criações – com suas direções e concepções briosas, com a dignidade que lhe é peculiar, altivo, corajoso -, um artista na melhor acepção da palavra.

 

INEFÁVEL:  GAVESTON & EDUARDO.

FOTO: Francis FACHETTI

 

 

Foto: Francis FACHETTI

 

Foto: Francis FACHETTI

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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