CRÍTICA TEATRAL: “O BEM AMADO” de DIAS GOMES.

“O BEM AMADO”

De: DIAS GOMES

Por Francis FACHETTI

Os arquetípicos desenrolados na trama nos é bastante familiar – principalmente o bizarro Odorico Paraguaçu -, que é no mínimo um obsoleto tipo das trevas.

A melhor definição: “Farsa SócioPolítico-Patológico e Atemporal”. Assim se desenreda essa narrativa genial do nosso orgulho da literatura:

DIAS GOMES.

O espetáculo que nos é apresentado tem todos os ingredientes de um texto conspiratório e ideológico capiteneado pelo Maestro dos palcos: Marcus ALVISI.

Em ritmo excessivamente intenso e bem costurado – que nos provoca um delicioso arrebatamento emocional – numa convergência de necessários efetivos para uma cena teatral: o principal deles é que foge do imenso linguajar de sucesso reluzente da teledramaturgia, criando a linguagem que a caixa cênica exige, um transpor para o teatral desafiante, ousado e claramente arquitetado na mente de experientes magos do cenário de um templo que só no teatro encontramos – com todas as suas dificuldades de perpetuar essa linguagem.

Um espetáculo que nos acomete com vertigens, que provoca nossa curiosodade na frequência ácida e de humor refinado com a perspicácia e iventividade que se aguarda – uma paixão vertiginosa.

BELA E ARREBATADORA RELEITURA DE UMA LINGUAGEM CLÁSSICA PERPETUDA NA TELEDRAMATURGIA.

O TEATRO AGRADECE.

Perfeita harmonia no visagismo por Mona Magalhães.

Juliana Medella segue um lindo gestual em sua Direção de Movimento acoplada assertivamente na direção.

Existe uma confluência de extremo poder entre três gigantes Operários Das Artes : Daniela Sanchez, Ronald Teixeira e Pedro Stamford – Iluminação; Cenário e Figurinos.

A Iluminação de Daniela é apaixonante, nos submetendo a um encanto e potencializando a trama de maneira categórica e limítrofe, consequentemente valoriza o cenário e os figurinos de Ronald e Pedro como um quebra-cabeça em forma de pintura com pitadas de impressionismo – luminoso, colorido e solar.

Um fascinar no olhar do mais desentendido espectador.

Com certeza nosso raciocínio fica em festa com esse caráter paisagístico e a cena teatral cai na hipnótica perfeição entrelaçada na proposta oferecida. Belle Èpoque – Belle Cena.

Fotos: Francis FACHETTI

O elenco é capitaneado artesanalmente – respondendo aos apelos da trama com precioso efetivo em suas criações.

Personagens definidos com experiência de profissionais talentos e conscientes do que está fazendo na narrativa que lhes são colocadas. Todos performando lindamente no caminhar da linguagem e da trama exigida.

Preciso voltar o tempo para destacar uma atriz que esteve comigo nesse mesmo palco, desse majestoso teatro, num espetáculo dirigido por Bibi Ferreira – eu tinha acabado de chegar ao Rio com minha modesta formação profissional como ator e bailarino e dividi a cena com a não tão iniciante assim: Patricia Pinho.

Só emoção ao vê-la se tornar essa lapidada Operária Das Artes que nos oferece nesse trabalho uma performance de – Dona Da Cena -, pelo tamanho de sua presença, postura e aprendizado escancarado. Parabéns minha querida a vida e o palco te deu a maturidade que precisamos.

E o Maestro dessa carpintaria orquestral?

Um potencializador; um condutor de um caminho que já existia e o transformou na necessária trilha que todos se embrenhariam; a precisão teatral cirúrgica; aquele que carimba sua identidade numa outra que já existia e não dá margens à dúvidas cênicas infundadas.

O Amado do Bem: MARCUS ALVISI.

ALVISI, também responsável por uma trilha sonora que segue o ritmo arrebatador na beleza engenhosa de uma cena teatral que nos enreda. Uma trilha sonora que exacerba com sensibilidade a necessidade de se convergir à literatura emblemática de DIAS GOMES.

DIOGO VILELA – Operário Das Artes – de uma grandeza indiscutível em todas linguagens onde reluz sua presença.

Arquiteto e condutor de qualquer cena – compondo um Odorico Paraguaçu com sua identidade de artista da grandeza que a arte precisa.

VILELA sabe ouvir e devolver na luz das palavras; ao refletir em cena transborda como provocador generoso de um artista tarimbado; suas ações cênicas abrange a obra elevando-a; sua voz é preparada para esculpir seu corpo para potencializar e transformar a arte que o toma naquele momento. Bravíssimo! NECESSÁRIO!

“O BEM AMADO”

A TEATRO AGRADECE!

Fotos de ensaio.

Fotos: Francis FACHETTI

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