Entrevista NECESSÁRIA: Victor Garcia Peralta – Diretor/Encenador Teatral.

Entrevista NECESSÁRIA, abre as cortinas de todos os palcos para o argentino praticamente carioca – formado no PICCOLO TEATRO DI MILANO – com experiência no ofício como ator, aplicado na cena teatral e nas telas pequenas e grandes.

No universo teatral é requisitadíssimo e muito estimado.

No momento residindo no Rio de Janeiro, antes viajou pelo mundo. Cabedal e história não falta, assinando a direção de espetáculos dos mais vultosos e expressionistas – privilegiando o lado emocional, bem presente em suas direções de textos agudos nos conflitos internos/psicológicos.

Conhece bem o cenário teatral argentino e brasileiro e suas idiossincrasias.

Destaco aqui três obras literárias que dirigiu com abissal contexto existencial, onde cheguei a fazer a crítica desses trabalhos: “Decadência”; “Quem tem medo de Virginia Woolf”; “Tebas Land”.

Apresento a vocês esse homem/artista que nos rendemos diante da sua força em manusear o cênico, com sua necessária presença nos templos onde encontramos cultura:

O diretor/encenador: Victor Garcia Peralta.

Victor Garcia Peralta.

Mural com alguns trabalhos/encenações de Victor Garcia Peralta.

Entrando na – Entrevista NECESSÁRIA – com Victor Garcia Peralta:


F. Fachetti – A cena teatral espera ansiosa pela direção do argentino praticamente carioca. No seu olhar, qual o diferencial de seu trabalho, que o torna tão dileto e requisitado? Como se desenvolve seu processo de “doutrinar” um ator para o palco?


Victor G. Peralta – A base fundamental do meu trabalho é com o ator.

Os atores são os que me requisitam para dirigi-los. Acho que pelo fato de ter me formado e de ter trabalhado bastante tempo como ator, facilita muito a comunicação com os atores. Eu também conheço as inseguranças que eles estão passando no processo dos ensaios.

Prêmio SHELL do ator Otto Jr. com o espetáculo: “Tebas Land” – Victor Garcia e Robson Torinni.


Victor Garcia e Emilio Orciollo Netto, onde dirigiu Emilio no espetáculo:
“Também queria te dizer”, de Martha Medeiros.


F. Fachetti – Já fiz crítica teatral de alguns espetáculos que levam sua assinatura na direção. Os quatro trabalhos abaixo me impactaram bastante. Fale um pouco, o que achar relevante sobre eles – “O Submarino”; “Decadência”; “Quem tem medo de Virgínia Woolf”; “Tebas Land”.
Não me contive, e chorava muito, assistindo Tebas Land.


Victor G. Peralta –São quatro espetáculos que eu tenho muito orgulho de ter dirigido.
Acho que todos têm em comum, apesar de serem de gêneros diferentes, uma pesquisa minha sobre minimalismo, tanto na estética do espetáculo quanto na interpretação.
Os quatro textos são sobre relações. Eu sou apaixonado por textos sobre relações.

Espetáculo: “Decadência”. Direção: Victor Garcia Peralta.
Com: Aline Fanju e Erom Cordeiro.


Espetáculo: “Quem tem medo de Virginia Woof – de Edward Albee.
Direção: Victor Garcia Peralta.



F. Fachetti – Conheceu bem o ofício de ator, pois chegou a ter formação. É um profundo apreciador da arte cinematográfica. Defina com sua larga experiência de vida e trabalhos, o que é ser ator, nas três esferas – televisiva, teatral e cinema. Existe alguma história/enredo que gostaria de dirigir como diretor de cinema? O que é ser um diretor teatral para Victor Garcia Peralta?


Victor G. Peralta – O teatro é a arte do ator e do autor. Dirigir teatro, para mim, se parece muito a ser um diretor de orquestra. O importante é você conseguir uma unidade entre os intérpretes.
Muitas vezes em um ensaio fecho os olhos para ouvir os atores falando o texto como se fosse música, sem a distração da imagem. Isso me permite descobrir as muitas camadas de um texto.
Cinema é a arte do diretor.
Televisão é uma fábrica onde o ator tem que resolver rápido e o diretor quase não tem tempo para dirigir o ator. Isso muda bastante nos seriados onde os tempos são outros.
Sim, tenho várias histórias que quero contar no cinema. Estou escrevendo um roteiro para ser o meu primeiro longa.

Espetáculo: “Uma Relação Pornográfica”. De Philippe Blasband. Com: Ana Beatriz Nogueira e Guilherme Leme.

Direção: Victor Garcia Peralta.

Ana Beatriz Nogueira estreou a peça e depois foi substituída em outras temporadas – por causa da agenda de Ana Beatriz com a TV – por Angela Vieira, que fez as viagens pelo Circuito Cultura BR.

Espetáculo: “Uma Relação Pornográfica”. De Philippe Blasband. Com: Ana Beatriz Nogueira e Guilherme Leme.
Direção: Victor Garcia Peralta.

Direção: Victor Garcia Peralta.

Espetáculo: “O Garoto da Última Fila”. De Juan Mayorga. Com: Isio Ghelman, Luciana Braga, Lorena da Silva, Celso Taddei, Gabriel Lara, Vicente Conde.



F. Fachetti – Como você definiria o cenário teatral argentino e o brasileiro? Quais suas idiossincrasias mais distintas e apreciáveis?


Victor G. Peralta – Acho que a diferença fundamental, hoje em dia, entre o teatro argentino e o brasileiro é que existe a figura do produtor – geralmente são os donos dos teatros que produz com dinheiro do próprio bolso, sem a ajuda de leis.
Em relação ao resultado artístico não vejo grandes diferenças entre Brasil e Argentina.

Espetáculo: “A Sala Laranja”.


Espetáculo: “Euforia”, de Julia Spadaccini. Com: Michel Blois.
Direção: Victor Garcia Peralta.



F. Fachetti – Quais os pontos supremos, essenciais, que um trabalho/espetáculo tem que ter, para aceitar dirigi-lo?


Victor G. Peralta – Primeiro, e principal, tenho que me apaixonar pelo texto, tenho que sentir que quero falar disso e tenho que ter vontade de compartilhar essa história com esses atores. Também é fundamental quem vai ser o produtor.
Tenho a enorme sorte de ter parcerias de muitos anos com atores e com produtores que eu admiro e são grandes amigos meus.

Espetáculo: “A Última Vida de um gato”. De Alexandre Ribondi. Com: Dedé Santana e Felipe Cunha.
Direção: Victor Garcia Peralta.

Espetáculo: “A Última Vida de um gato”. De Alexandre Ribondi. Com: Dedé Santana e Felipe Cunha.
Direção: Victor Garcia Peralta.



F. Fachetti – Dentro da estética teatral, no todo cênico, existem diretores “superficiais”, e os que chamo de diretores/encenadores – cuidar com esmero de todos os signos teatrais. Qual é o seu caminho? Como se desenreda seu processo de trabalho com os atores, texto…?


Victor G. Peralta – Com certeza pertenço ao grupo de diretores encenadores. Amo tudo o que faz parte do teatro. Vou cuidar de tudo.
Meu processo de trabalho começa muito antes de começarem os ensaios. Estudo muito a peça e a obra do autor.
Procuro referências de outros autores, de artes plásticas, de literatura, cinema e música. Leio, escuto e vejo tudo o que me parece que é interessante para me alimentar em relação a peça que vou dirigir. Falo com pessoas que podem me trazer mais informações e referências.
Geralmente ensaio três meses. O primeiro mês é dedicado a leituras de mesa com os atores e a trocar com eles referências, opiniões sobre o texto etc…
O segundo mês levanto a peça e os atores decoram o texto.
O terceiro mês faço dois corridos por dia – para burilar o espetáculo e ver as coisas que podem ser melhoradas ou mudadas.


Victor Garcia Peralta viajou o mundo antes de estabelecer residência no Rio de Janeiro.
O diretor é hoje um dos mais disputados do cenário teatral.
Filho de argentinos, Peralta nasceu em Palma de Maiorca, na Espanha. Por conta do trabalho do pai, que era um diplomata, trocou diversas vezes de endereço.
A história com o Brasil é antiga e começa ainda na década de 60. Durante dois anos, o diretor morou em Porto Alegre e acabou aprendendo a ler e escrever em português.
Inicialmente, sua vontade era trabalhar como diretor cinematográfico. Foi quando um amigo lhe disse que, para isso, era preciso conhecer a fundo o ofício de ator.
Um grande espectador de cinema, dando-lhe uma noção de interpretação – que passou quatro anos estudando na escola.
Aqui no RJ começou dirigindo “Decadência”, do poeta e novelista inglês Steven Berkoff. Logo depois, ele explodiu com os sucessos “Os Homens são de Marte… e é pra lá que eu vou” e “Não sou feliz, mas Tenho Marido”.
A maioria de seus trabalhos nasceram de parcerias entre diretor e alguém do elenco. “O Submarino” é um projeto seu ao lado de Cristina Lara Resende; “Sexo, Drogas e Rock’n’roll” veio da vontade antiga de trabalhar com Bruno Mazzeo; e “Quem tem Medo de Virgínia Woolf” é a retomada de uma antiga parceria com a amiga Zezé Polessa.
Formado no “Piccolo Teatro Di Milano” na Itália, sob direçäo de Giorgio Strehler. Escola de cinema de Eliseo Subiela na Argentina.

Alguns trabalhos realizados na Argentina e Brasil:
– “Las lágrimas amargas de Petra Von Kant”. de R.W. Fassbinder – prêmio Moliére: Melhor diretor.
– “Una Mujer de Negocios”, de R.W. Fassbinder.
– “Locos de amor”, de Sam Shepard.
– “El búho y la gatita”, de Bill Manhoff – “La Señora Klein”, de Nicholas Wright (prêmio Maria Guerrero – melhor diretor.
– “Nosotras, que nos queremos tanto!” (A Partilha), de Miguel Falabella.
– “En Pampa y Va Via (Querido Mundo)”, de Maria Carmem Barbosa e Miguel Falabella – prêmio A.C.E. Melhor Diretor.
– “Como se Rellena un Bikini salvaje”, de Miguel Falabella – prêmio A.C.E. Melhor Diretor. Prêmio Estrella de Mar, Melhor Diretor.
– “Madame de Sade”, de Yukio Mishima.
– “El Submarino”, de Maria Carmem barbosa e Miguel Falabella.
– “Quartett”, de Heiner Muller.
– “Diccionario amoroso”, de Sandra Werneck.
– “Nuevas Directivas para Tiempos de Paz”, de Bosco Brasil.
– “Síndromes”, de M.C. Barbosa e M. Falabella.
– “Locas de Atar”, de Ingrid Guimaräes e Heloisa Perissé.
– “Gypsy”, de Arthur Laurents e Jule Styne.
– “Georgina Está Re-vista”, de Georgina Barbarossa.
– “Tengamos El Sexo En Paz”, de Dario Fo y F. Rame.
– “El Visitante Del Dr. Freud”, de Eric Emmnuel schmitt.
Brasil:
– “Felizes da Vida”, de j. Langsner. Com: Guilherme Leme e Lucélia Santos.
– “Poe”, de E.A. Poe. Com Jacobo Ferrari.
– “Os Homens säo de Marte, e é pra lá que eu vou”, de e com: Mônica Martelli – prêmio Qualidade Brasil de Melhor Direçäo.
– “Näo sou feliz, mas tenho marido”, de V. Gomez Thorpe. Com: Zezé Polessa.
– “Um Marido Ideal”, de O. Wilde. Com: Herson Capri, Edwin Luisi, Bianca Byngton.
– “Quartett”, de H. Müller. Com: Beth Goulart e Guilherme Leme.
– “Você está aí?” De J. Daulte. Com: claudia Ohana.
– “Agora eu vou falar!” De e com Rafael Gnone.
– “Está todo mundo no mesmo barco!” De e com Ricardo Napoleäo.
– “Alucinadas”, de Bruno Mazzeo, Fabio Porchat, E. Palatinik. Com: Luciana Fregolente e Renata Castro Barbosa.
– “Tudo que eu queria te dizer”. De Martha Medeiros. Com: Ana Beatriz Nogueira.
– “Sem medida”. De W. Silvestrin. Com: Claudia Missura, Flávia Guedes Renato Rabello e Renato Scarpin.
– “Novecentos”. De Alessandro Baricco. Com: Isio Ghelman.
– “O Caso Valkiria R.”, de Claudia Sussekind. Com: Helena Ranaldi, Marcos Breda e Yachmin Gazal.

– “Também queria te dizer”. De Martha Medeiros. Com: Emilio Orciollo Netto.
– “Sexo, Drogas & Rock “n” Roll”. De Eric Bogosian. Com: Bruno Mazzeo.
– “O Submarino”. De M. C. Barbosa e M. Falabella. Com: Luciana Braga e Marcius Melhem.
– “Quem tem medo de Virginia Woolf?” De Edward Albee. Com: Zezé Polessa, Daniel Dantas, Erom Cordeiro e Ana kutner.
– “Uma Relação Pornográfica”. De Philippe Blasband. Com: Ana Beatriz Nogueira e Guilherme Leme e Angela Vieira e Guilherme Leme.
– “A Comédia das Maldades”, de Érico Brás. Com: Mariana Santos, Rodrigo Fagundes e Françoise Forton.
– “Queime Isso”. De Lanford Wilson. Com: Tatsu Carvalho, Alcemar Vieira, Karine Carvalho, Celso André.
– “A Última Vida de um gato”. De Alexandre Ribondi. Com: Dedé Santana e Felipe Cunha.
– “Decadência”. De Steven Berkoff. Com: Erom Cordeiro e Aline Fanju.
– “The Pride”. De Anthony K. Campbell. Com: Arthur Brandão, Cirillo Luna, Julia Tavares e Michel Blois.
– “Nunca fui canalha”. De Martha Mendonça e Tatá Lopes. Com: Tatá Lopes.
– “O Garoto da Última Fila”. De Juan Mayorga. Com: Isio Ghelman, Luciana Braga, Lorena da Silva, Celso Taddei, Gabriel Lara, Vicente Conde.
– “A Sala Laranja”. De Victoria Hladilo. Com: Renata Castro Barbosa, Isabel Cavalcanti, Robson Torinni, Daniela Porfirio, Priscilla Baer, Rafael Sieg.
– “Euforia”, de Julia Spadaccini com Michel Blois.
– “Mordidas”, de Gonzalo Demaria versão: Miguel Falabella com: Ana Beatriz Nogueira, Regina Braga, Zélia Duncan, Luciana Braga.
– “Tebas Land”. De Sergio Blanco. Com: Otto Jr. e Robson Torinni. (prêmio Botequim Cultural de Melhor Direção).
– “Monstros”. De Emiliano Dionisi e Martin Rodriguez. Com: Claudio Lins e Soraya Ravenle.
Televisão:
“Gente lesa”, canal Gnt.
“Alucinadas”, canal Multishow.


Amigos! Na próxima quarta-feira, 14/4, teremos a presença na – Entrevista NECESSÁRIA – o carisma de um moço que se intitula “Dramaturgo em construção”, que se coloca em cena nos palcos, na TV e cinema, sendo o diretor de produção e fundador do “Grupo Os Trágicos” – Cia. Teatral.
Teremos o prazer de nos debruçarmos na movimentada e prolífera carreira, que se propaga e se espalha com talento e rapidez:

Yuri Ribeiro – Ator, Autor e Produtor Cultural.

Aguardo vocês aqui!

Show CommentsClose Comments

Leave a comment