Entrevista NECESSÁRIA:Vera Alejandra – Bailaora Flamenca e Coreógrafa.

O Blog/Site de críticas teatrais e dança, através de seu novo projeto, criado no período pandêmico para dar luz e visibilidade aos artistas do universo teatral e da dança – Entrevistas NECESSÁRIAS – tem a honra de trilhar os valiosos caminhos e circunstâncias de uma mulher/artista ferrenha do cenário da arte flamenca, que foi chancelada como a nossa “História do Flamenco”.

Essa mulher tem formações, cursos pelo mundo com referências exponenciais, numa abissal imersão, com bagagem cultural no mínimo, apreciável e necessária em sua trajetória, enaltecendo nossa cultura.
Abriu as cortinas do flamenco carioca, deixando um legado maravilhoso para a cidade maravilhosa. Deu os primeiros passos para os profissionais do Rio.

Além de montar e dirigir espetáculos profissionais no clã que idealizou, e que reuni, oportuniza, mescla, os apaixonados por essa arte – “Tablado Cuadra Flamenca”, SP – é responsável por produzir cursos internacionais e trazer figuras icônicas do flamenco espanhol para ministrar aulas no Brasil. Nos deleitamos e aprendemos muito, ou tentamos alimentar essa nossa paixão.
No momento está com dois projetos em plena pandemia:

  • “Anda Luzia”, amalgamando o nordeste brasileiro e a cultura andaluza – a nossa história regional em compassos espanhóis; O nosso varonil cangaço na viripotente sedução da arte flamenca (música e dança).
  • O projeto: “Isto é Flamenco”, que está em produção.
    Bem, com um pouquinho de bom humor, vamos revelar quem é a “Mulher Maravilha”:

Bailarina coreógrafa, professora de flamenco; preparadora corporal e atriz:


Vera Alejandra.

Vera Alejandra.

Espetáculo: “America Flamenca”, 2014. Foto: Tomás Kolish.

Espetáculo: “Anda Luzia”, 2019. Foto: Loatart.


Entrando na – Entrevista NECESSÁRIA – com Vera Alejandra:


F.Fachetti – Suas formações, cursos pelo mundo, com referências de influência exponente, é de rotunda imersão; numa bagagem cultural apreciável e necessária para essa exemplar trajetória em nossa cultura. Fale um pouco sobre essas experiências que abarcam nomes célebres em seu currículo, e te fez navegar do ballet clássico, jazz… com Mestres emblemáticos . Isso tudo te chancelou como a nossa “História do Flamenco”.


Vera Alejandra – Eu acho que seria legal começar falando sobre a importância da arte na minha família. Tive uma tia bailarina, Aida Slon, irmã da minha mãe, e quando chegamos no Brasil “pousamos” na casa dela em São Paulo, e ela dava aulas de dança em casa.

Ela era bailarina de dança moderna, criadora de um estilo próprio, se formou no Teatro Colón, em Buenos Aires e lá conheceu meu tio Elias Slon, violinista (foi spalla da orquestra da Usp), e os dois migraram para o Brasil.

O lado da minha mãe é de ucranianos judeus, e minha avó tinha uma ligação muito grande com a música, e assim ela colocou todos os filhos para estudarem música, assim, a outra irmã da minha mãe foi pianista, e minha mãe pintava e desenhava muito bem.. Então a música e a arte em geral, são uma tradição forte em ambos lados familiares, pois, pelo lado paterno, minha bisavó espanhola também foi pianista, formada pelo Real Conservatório de Madrid. Mas voltando à minha tia, eu era quase uma bebê quando cheguei na casa dela e ficava o dia inteiro vendo ela dançar e tentando imitá-la.

Quando chegamos no Rio, eu tinha três anos de idade e minha mãe me colocou numa daquelas escolinhas de bairro, em Copacabana, para fazer uma aula de expressão corporal e ballet infantil.

Aos 6 ou 7 anos ela já começou a procurar lugares mais conceituados e foi então que fui parar na Academia Tatiana Leskowa – no emblemático edifício Brasil Estados Unidos, na Nossa Sra de Copacabana.
Tive o imenso privilégio de ser aluna desta e da Angel Vianna. Ao mesmo tempo fui fazer aulas de Jazz com o Nino Giovanetti.
Quando eu tinha 12 anos minha mãe me mandou para uma escola preparatória para o Royal, na Inglaterra, mas depois de três meses eu voltei, pois não me adaptei longe deles e de meus amigos. Fiquei muito triste e saudosa, então voltei, e foi aí que fui fazer aulas na famosa academia, na cobertura do prédio do Teatro da Praia, na Francisco Sá, onde a Marly Tavares e o Lennie Dale tinham se juntado para dar aulas e formar bailarinos.
Foi uma experiência incrível ser aluna destes dois feras quando eu tinha apenas 13 anos. As aulas eram maravilhosas e eu sabia, mesmo sendo jovem, que aquilo era ouro. Eu tenho nítidas lembranças, até hoje, da maneira como o Lennie dava as aulas, sua entrega era total. Ele olhava dentro do olho da gente, e tirava o melhor de cada um de nós. Eu me sentia abençoada de poder receber uma aula, onde o professor não era um simples transmissor de passos, mas um artista em ebulição, cheio de vida, de loucura e sede de viver, porque o Lennie era uma explosão de arte e vida!
Eu costumo dizer que o Lennie era super flamenco rsrs. E, por outro lado, você tinha aulas com uma esplêndida Marly Tavares, que dava uma aula com uma técnica e limpeza impecáveis, mas, ao mesmo tempo, um lirismo e poesia totais em cada passo. Também lembro de ficar hipnotizada quando ela mostrava a sequência para que nós pegássemos( as famosas sequências dela na barra) …era um presente para a alma.
Portanto, esse período que fiquei lá fazendo aulas com eles e com a Cristina Heidt e Lucia, assistentes deles, foi um banho de arte, intensidade e técnica, na minha adolescência, que me marcou para sempre.
Acho que eu pude aproveitar muito bem, porque, justamente, eu vinha de uma formação ou preparação inicial com mestras maravilhosas também, como Tatiana Leskowa e Angel Vianna. Das aulas com Angel também me lembro muito bem, de sua integridade e a seriedade com que nos tratava, afinal tínhamos sete ou oito anos de idade, e não tinha nada de infantil na forma como ela nos tratava, ela nos tratava como pessoas que estávamos ali para aprender seriamente, isso era incrível.
Mantive meus estudos de clássico com Heloísa Vasconcelos, também em Copacabana. E assim foi até uns 16 anos, quando resolvi me inscrever no Tablado e fazer teatro, e também comecei a fazer aulas de canto, sempre amei cantar. Nesse momento eu já sentia que o jazz e o clássico não me satisfaziam por completo e fiquei numa espécie de crise com a dança, mas mantive minhas aulas de jazz com a Cristina Heidt, discípula do Lennie e da Marly, e também fazia aulas de clássico para manutenção.

Aos 19 anos me mudei para São Paulo para morar com meu pai, e como muitos de minha geração assisti ao Carmen do Carlos Saura, e foi então, que apaixonada pelo flamenco, busquei um professor que me ensinasse essa dança, que me tirava o fôlego, sem parar, até que encontrei a minha primeira mestra Ana Esmeralda, maravilhosa, e aí mergulhei de cabeça, inclusive larguei tudo que estava fazendo (faculdade e trabalho) para passar o dia inteiro fazendo todas as aulas dela.
Meus pais me apoiaram e isso ajudou muito. E obviamente, a base que eu tinha de dança, me ajudou a ser notada pela Ana… Na primeira semana de aulas comigo, ela falou: “Em junho eu quero você no palco( era março) ” e eu pensei, essa mulher tá doida rsrs, mas foi exatamente o que aconteceu, em junho eu estava no palco fazendo uma turnê de flamenco, clássico espanhol, e regional na Companhia da Ana Esmeralda, ao lado de nomes como Tony Maya ( cantaor granadino) e Faíco Manzano ( da dinastia de los Pelaos) que depois veio a ser meu maestro quando eu me mudei para Madri.
Assim, durante três anos, aprofundei meus estudos na dança espanhola, primeiro com a Ana Esmeralda. Depois fui para Buenos Aires e tive aulas lá durante um ano, me preparando para ir para a Espanha. Tive aulas com Marines Lamadrid e Luisa Pericet, entre os nomes mais importantes da minha formação na Argentina, e continuei com as aulas de clássico com um professor do Teatro Colón, Alfredo Gurkel.
Depois fui para Espanha e fiquei um ano estudando com Maria Magdelana – fazia as duas aulas dela todos os dias, a de técnica e a de baile. E como mencionei acima, fiz aulas diárias com o Faíco Manzano, e ele me deu uma formação completíssima de flamenco! Eu fazia de 3 a 4 aulas por dia. Tanto com a Ana Esmeralda, quanto em Buenos Aires eu também tive uma formação em clássico espanhol e escola bolera, e em Madrid, o próprio Faíco me levou para estudar com uma linda maestra de clássico espanhol e escola bolera, Carmen Segura.
Portanto, eu tentei fazer uma espécie de faculdade de dança espanhola, por conta própria…e acho que isso contou muito na minha formação. Bom, e depois, um milhão de cursos internacionais aqui, rs… e mais duas viagens para Espanha, além desse primeiro ano que passei lá.
Considero a maestra Olga Marcioni “La China” uma mestra que me revolucionou. E a grande Juana Amaya que eu fui fazer aula em 2014, me mudou bastante também. E logicamente nomes como Rafaela Carrasco e os irmão Ortega são muito importantes também, com quem já fiz vários cursos maravilhosos. A Talegona também, pois tive o privilégio de fazer parte das duas edições do seu epetáculo: “Oro Molido”. Mas, é óbvio que tem maestros que te transformam mesmo, mudam a tua visão e isso é incrível!! E a maestra que fez isso comigo pela primeira vez e de forma muito marcante foi a La China, amo de paixão.

A Juana é outra que te modifica como se tivesse uma varinha de condão, eu gosto muito disso, um bom maestro é como um mago – todos os grandes artistas te transformam quando gostam de dar aula né? Existem realmente muitos maestros maravilhosos. E outro que me transformou muito também foi o Luciano de Paula, o guitarrista argentino, ele criou um método para estudar ritmo e entender o flamenco que é incrível! E agora temos o grande Flávio Rodrigues vivendo de volta aqui, e ele sabe muito, muito de flamenco, e sempre tento estudar com ele, especialmente a questão dos estilos de cante, ele sabe muito. Eu amo estudar e acho que tendo escola, é importante você se reciclar permanentemente, mas, eu acho que eu gosto mesmo rs.

Com Fernando de Marilia no espetáculo “America Flamenca”. Foto: Lostart.

“Carraspana Cia.” – Cuadra Flamenca, 2015. Foto: Tomas Kolish.

Espetáculo: “Evocando”, 2013. Foto: Lostart.

Espetáculo: “Enflamencão”, 2018. Vera e Elsa Maya – cantaora.

Espetáculo: “Galos”, 2003.
Espetáculo de teatro/dança inspirado nas rinhas de galos – codireção e concepção com Carlos Cardoso
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Espetáculo: “Galos”

Espetáculo: “Galos”.


F.Fachetti – Victor Biglione, concebeu e idealizou o espetáculo: “Mercosul Música e Movimento”, com músicas do seu CD Mercosul. Que caminhos você tomou – nessa obra do seu irmão – para junto com Luciana Mayumi e da Tangará Cia. de Dança, produzir, coreografar, parir, esse trabalho tão familiar? Quais foram as inspirações?
Conte-nos detalhes desse belo laço sanguíneo para os palcos.


Vera Alejandra – Quando voltei da minha primeira temporada na Espanha em 1988, fiz um trabalho com o cantor Hyldon, pois ele tinha me visto dançar com o Juan Sacromonte e o Pepe Granada na Casa de Cultura Laura Alvim. Ele me pediu que eu coreografasse a canção “A Caminho de Santiago” que tinha música dele e letra do Paulo Coelho, para um show que ele ia fazer na lendária boate Let it Be, em Copacabana. Foi então que meu irmão me assistiu nesse show, que teve direção do Stepan Nercesian, e quis que eu começasse a participar dos shows dele. Então ele me propôs algumas músicas e escolhemos One Coin ( Tostão) do Milton Nascimento, em compasso ternário, e que ficaria ótimo com castanholas.
A partir daí fiz inúmeras participações nos shows dele, e depois gravei uma participação no disco dele, “Quebra Pedra”, tocando castanholas e sapateando nesse tema. Victor foi muito importante nesses meus primeiros anos, dirigindo alguns dos meus trabalhos, e me brindando uma direção e colaboração preciosísssima. É um verdadeiro privilégio ter como irmão um músico do calibre do Victor Biglione!
Depois que me mudei para São Paulo, com a distância, houve uma diminuição natural nos encontros e trabalhos juntos, mas nunca deixamos de fazer coisas juntos. Ele realmente me proporcionou momentos maravilhosos de dançar e estar no palco com grandes músicos brasileiros, além dele, lógico, que é um dos maiores guitarristas que temos. Portanto, o trabalho que fizemos no Mercosul foi uma consequência natural desse caminho já percorrido. Ele me convidou para coreografar o CD, e foi aí que juntos pensamos em chamar alguém que pudesse contribuir com outras linguagens de dança – pois a riqueza musical do disco pedia isso. Então chamei a Luciana Mayumi, grande bailarina de tango, com uma trajetória de dança contemporânea também, para fazermos a direção coreográfica juntas. E aí ela trouxe a Tangará Cia de Dança, com quem ela estava trabalhando.
Foi um trabalho super rico que começou com encontros semanais das duas companhias no final de 2016, e a cada encontro experimentávamos aprender a linguagem da outra companhia, antes de começar o trabalho de montagem. E assim os ensaios foram se intensificando até construirmos e montarmos o espetáculo todo em 2017!
Foi uma experiência rica demais, onde todos fazíamos uso de muitas linguagens diferentes , mesclando os diferentes estilos, para traduzir os sons e paisagens sul americanas, com um apoio muito forte no flamenco e no tango, no contemporâneo e também nas danças brasileiras.
Foi muito emocionante a forma como conseguimos trabalhar, pois a ideia central era juntar as companhias e produzir um movimento tão cheio de nuances diferentes quanto a música do Victor. E eu acho que o resultado ficou muito bom!
A inspiração primordial foram as músicas do CD, e a partir delas surgiam as pesquisas corporais, que resultaram no espetáculo “Mercosul Música e Movimento”.

Espetáculo: “Mercosul Música e Movimento, 2017. Cuadra Flamenca e Tangará Cia de Dança. Foto: Lostart.

Espetáculo: “Mercosul Música e Movimento”, de Victor Biglione. Na foto: Vera Alejandra e Carol Correa. Foto: Lostart.

Espetáculo: “Mercosul Música e Movimento”, de Victor Biglione. Na foto: Vera Alejandra e Carol Correa. Foto: Lostart.

Vera e Victor Biglione.

Vera, Victor Biglione e os flamencos.


F.Fachetti – Durante 10 anos, teve uma escola no Rio de Janeiro, alavancando a cultura local, abrindo a cortina do flamenco carioca, e deixando um legado maravilhoso na cidade maravilhosa. Você deu os primeiros passos para os profissionais do Rio. É de suma importância que discorra sobre essa construção que você nos deixou e reflete em cada aluno que investe no flamenco carioca.


Vera Alejandra – Bom, quando eu cheguei da Espanha em 1988, eu saí logo procurando um lugar para dar aula, e aí fiz umas passagens rápidas por alguns espaços, até que cheguei no Petit Studio da Rossela Terranova em Ipanema, e isso foi maravilhoso. Ela me recebeu muito bem, e pude abrir várias turmas e desenvolver um trabalho nas aulas que foi ficando conhecido.
Fiz diversas preparações corporais para teatro e dei aula para alguns atores também. E, logicamente, como eu já me apresentava, como disse antes, foi muito natural para mim, formar grupos que me acompanhavam nas apresentações. Não eram grupos grandes, mas duas ou três alunas que eu escolhia para dançar comigo – como a Fernanda Porto, a Renata Maciel, e a Emilia Gregório. A Fernanda, inclusive, fez uma carreira bem bacana em Buenos Aires, depois. Com esse primeiro grupo me apresentei diversas vezes no Torre de Babel, no Paço Imperial, Espaço Sergio Porto, inclusive fizemos um palco sobre rodas nas periferias, que foi incrível para a época, e em muitos outros espaços do Rio de Janeiro.
Eu sempre fiz muito show e levava sempre um grupo. E naturalmente, te respondendo, eu acabei formando muitas pessoas sim, e dando a oportunidade delas amadurecerem e se descobrirem como bailarinas de flamenco, ou o desejando ser.
Depois outro grupo importantíssimo, que praticamente nasceu na minha aula, foi o Toca Madeira, né?! Eliane Carvalho, Clara Kutner, Flavia Lopes e Daniela Matheus. Bom, algumas delas, como a Clara, fizeram muitos anos de aula comigo. Elas também dançaram muito comigo em diversos espaços, como o Teatro Rival, o Hipódromo Up, Shopping da Gávea, e tantos outros espaços. E, em paralelo a esse trabalho também fazia um trabalho muito lindo com a bailaora Carmen Del Rio, o guitarrista Fábio Nin e o percussionista Juan Bonini, e que foi, justamente, de onde surgiu o nome Quadra Flamenca (era com Q, rs). As vezes o Alexandre Flores participava também. Também fiz um trabalho muito rico com a Clarisse Prieto (pianista), era um trabalho mais de clássico espanhol, assim praticamente todos os números eu tocava castanhola, e o repertório era lindo demais. O show se chamava Recital Andaluz, e apresentamos no Torre de Babel e no Café Laranjeiras

Show no Hipodromo Up, Rio de Janeiro. Juan Bonini na percussão e Miguel Angel, guitarrista espanhol.


“Café Laranjeiras” , 1993. Com Carmen Del Rio, Gabio Nin e Juan Bonini.


“Andanças Flamencas”, com direção e participação de Victor Biglione – Torre de Babel, RJ.


Show com Pepe Granada e Juan Sacramonte, na Casa de Espanha, 1988.


Em paralelo, eu seguia me apresentando com meu irmão em diversos espaços. Fiz shows no Mistura Fina também. Olha, vou te falar que tive o privilégio de dançar em muitos locais e palcos cariocas, e acho que isso fez uma baita divulgação para o flamenco, e consequentemente, foi ajudando a atrair e formar muitos profissionais, acredito eu.
Uns dois anos antes de me mudar para cá eu abri a minha própria escola no Rio, a Academia de Dança Espanhola Vera Alejandra. O primeiro local foi em Ipanema, e em menos de 2 meses tínhamos muitos alunos, muitos mesmo. As meninas do Toca Madeira começaram a dar aulas lá junto comigo. Infelizmente, tivemos um problema de barulho com os vizinhos da Galeria, e fui obrigada a me mudar de local. Isso acabou prejudicando um pouco o desenvolvimento da escola… Pouco tempo depois, e por motivos pessoaís eu me mudei para São Paulo.
Mas esses dez anos que trabalhei no Rio foram muito produtivos e felizes para mim, e aqui, um detalhe interessante é que, praticamente, não existia cante, somente o Alexandre que cantava às vezes. Ele me chama de madrinha, porque eu falava para ele cantar estilos que ele ainda não conhecia. Portanto, além de tudo, eu fazia os trabalhos me ajustando e adaptando a formação musical que tínhamos – acho que fizemos coisas incríveis – mas, realmente, essa parte do cante, eu vim a desenvolver mais nos meus trabalhos, muito mais em São Paulo, onde aí sim, havia mais possibilidades de cante.
A Tiza e o Allan começaram a trabalhar depois que eu já tinha saído do Rio, e falo isso porque sei que eles, junto com o Diego, alavancaram muito o flamenco já com cante no Rio. Às vezes acho incrível pensar em tudo que fizemos no Rio com tão pouco recurso natural, ou seja, o ambiente praticamente não existita, mas humildemente, posso dizer que era flamenco rs.



F.Fachetti – O “Café Piu-Piu” (SP), foi palco durante 11 anos do projeto: “Convite ao Flamenco” – uma celebração de artistas entregues a essa arte que avançou fronteiras, sem podermos medir sua formação de grandes proporções na arte e como indivíduos, para todos que se deleitaram durante tanto tempo nesse “Templo Flamenco” – com nome tão peculiar e carismático.
Por favor, disserte o que puder sobre esse projeto de concretizações marcantes.


Vera Alejandra Também em São Paulo, eu segui buscando me apresentar sempre, e em diversos locais. Logo de cara, dei a sorte de ser convidada pela Déborah Nefussi e Carlinhos Antunes para participar do Lorca na Rua – projeto do Sesc, no qual nos apresentamos em mais de 30 cidades, todos os dias durante um mês.
Foi ótimo para eu me entrosar no ambiente flamenco de São Paulo, pois estava recém chegada, mesmo que já conhecesse a maioria das pessoas de antes, por conta das vezes que vinha trabalhar com a Ana Esmeralda, depois que voltei da Espanha.
Portanto, quando iniciei o “Convite ao Flamenco”, no Café Piu Piu, eu já tinha trabalhado com muita gente daqui, então foi muito natural eu começar a chamar os profissionais para se apresentarem, e assim podermos formar platéia para o Flamenco, porque esse era um dos meus objetivos.

Projeto “Convite ao Flamenco”, no Café Piu Piu, com o guitarrista Conrado Gmeiner.


Foi um projeto muito lindo, do qual tenho muito orgulho, por onde passaram e, me atrevo a dizer, amadureceram alguns artistas, inclusive eu mesma, pois, justamente – era um lugar onde nos apresentávamos com música ao vivo, e aí sim, já com cante, com guitarra e com percussão.

“Convite ao Flamenco” – com Priscila Assuar e Andre Pimentel. Foto: Lostart.


Muitas pessoas subiram no palco pela primeira vez lá, ou praticamente pela primeira vez. E, além dos profissionais, muitos alunos tinham a oportunidade de dançar e se apresentar, não só alunos da Cuadra, mas de outras escolas também. A Isadora Nefussi, por exemplo, deu alguns de seus primeiros passinhos lá rs, por quem tenho imenso carinho, porque a conheci na barriga, e convivi muito nesse período, e tenho fotos dela com 5 anos lá dançando junto com a mãe, Deborah Nefussi e o Luciano Khatib, pai, tocando e babando (rs)atrás.

Projeto “Convite ao Flamenco” – Cia. Cuadra Flamenca, Foto: Isabel Armani, 2011.


Foram noites incríveis e a mais linda e emblemática de todas foi em 2009, quando convidei 24 artistas, inclusive a Thereza Máximo veio do Rio. Foi o Noche Flamenca, e erámos 16 bailarinos e 8 músicos. Foi lindo! Também, muitas vezes, tivemos na plateia, a presença de artistas espanhois que estavam aqui para dar cursos, trazidos pela Andrea Guelpa, e que sempre subiam para dar uma patadinha ou bailar uma sevillana rs.

“Convite ao Flamenco” – Café Piu Piu. Com Miguel Alonso. Foto: Lostart.


Em 2018 a Ale Kalaf deu a ideia de voltarmos com o projeto, e assim falamos com a Deborah Nefussi também, e nos juntamos para reviver um pouco a proposta , mas desta vez, mais voltada para os alunos mesmo, juntando forças entre as três escolas, assim, proporcionarmos um espaço para eles poderem se apresentar. O “Domingos Flamencos”, assim como tantos outros milhões de projetos, foi interrompido pela pandemia.

“Convite ao Flamenco” – com Priscila Grassi, Miguel Alonso e seu filho Lázaro, Deborah e Isador Nefussi, Vera alejandra.


Sou muito feliz e realizada de ter podido levar um projeto assim tantos anos. Um dia seria legal juntarmos todas as fotos daqueles anos, e fazermos uma exposição, e o Noche Flamenca de 2009 está registrado em DVD!


“Convite ao Flamenco” – Café Piu Piu, 2008.


Camarim Café Piu Piu – Deborah, Miguel, Conrado, Vera, Ana Marzagão e Andre. Foto: Lostart.

Café Piu Piu, 2008 – Deborah Nefussi, Andre Pimentel, Miguel Alonso, Ana Marzagão e Vera Alejandra.



F.Fachetti – Experimentar, entreter, e se aperfeiçoar no projeto: “Tablado Cuadra Flamenca”, onde oportuniza, mescla os apaixonados por essa arte, no formato de “Tablao” – como na Espanha – partindo de um chamado/convite que você faz para se imiscuir/embrenhar na Cuadra Flamenca.
Apresente a “Cuadra” para nós, e desfie esse projeto, como funciona, e o que achar mais relevante.


Vera Alejandra Desde que cheguei em São Paulo, dei aulas em diversos lugares até abrir a Cuadra, e de 2003 a 2005 eu dei aulas no Sesc Pompéia. E isso foi muito importante para me fazer conhecida. Bom, a Cuadra Flamenca surgiu, na realidade, de uma proposta da minha irmã, que não é bailarina rs, mas que me apóia e incentiva muito, e um dia ela falou: “Verinha por que não abrimos uma escola”?
Na época, a Priscila Assuar e eu estávamos trabalhando bastante juntas, foi logo em seguida dos “Galos”, outro trabalho muito lindo que desenvolvi. Mas, enfim, a Priscila se juntou a nós, e em 2005 inauguramos a Cuadra Flamenca.
Foi maravilhoso, e como já estávamos fazendo o projeto no Café Piu Piu, foi ótimo, pois, o projeto ajudava a divulgar a escola e vice versa.. Minha irmã foi uma espécie de fada que insistiu em que eu abrisse a escola, e que é para mim uma grande fonte de alegria, e espaço privilegiado de experimentações e formação.
A partir de 2008 elas duas saíram da Cuadra, e então, eu passei a dirigir sozinha a Cuadra. Mas, sempre contei com colaborações maravilhosas de lindos e queridos profissionais, como o meu amigo querido, o guitarrista Conrado Gmeiner, e a talentosa Ana Marzagão, que veio fazer minha aula e acabou entrando para a Cia e dando aulas também.
A partir da abertura da escola, foi natural criar a Cia. Cuadra, que desde então, já teve diversos integrantes, e já participou de diversos eventos. Fomos, por exemplo, a primeira Companhia de flamenco a participar do Circuito Cultural Paulista. Depois que a Ana Marzagão partiu para a Espanha, o Uli Ruedas, outro talentoso flamenco, veio trabalhar comigo na Cuadra, dançando e dando aulas! Fizemos muitos shows juntos, pois era uma época que tínhamos muitooooo trabalho e shows contratados por empresas. Foi uma época fantástica, e em 2012 e 2013 fizemos uma turnê pelos CEUs de São Paulo, pela prefeitura. Em 2015 o Uli e o Conrado foram trabalhar no Japão. Foi uma época linda com os dois, e com a Ana Marzagão.
Em 2013, a Maissa Bakri veio fazer minha aula e no mesmo processo de sempre, vi seu talento e a convidei para participar do grupo e dar aulas! Em 2017 chamei a Carol Corrêa que bailava com a Ale Kalaf, e que hoje mora em Portugal, para dar aulas e fazer parte da Cia.
A Priscila e eu nunca nos desligamos, apesar de não sermos mais sócias, por isso em 2015 ela voltou a participar da Cia. e dar aulas também.
Sempre trabalhei com música ao vivo nas aulas, desde a abertura da Cuadra, e acho importantíssimo. E assim, em 2015, quando o Conrado se mudou definitivamente para o Japão, convidei o guitarrista carioca Allan Harbas para tocar nos shows e nas aulas. Ele é um músico flamenco maravilhoso, com uma trajetória riquíssima e também um grande produtor, que fez muito pelo flamenco do Rio ao lado da Tiza. Desde então, 2016, ele faz parte da Cia e toca nas aulas da Cuadra.

“Tablado Cuadra Flamenca”, com a convidada Carolina Zanforlin – 2018.


Camarim “Tablado Cuadra Flamenca”, 2018 – com: Luciano Khatib, Allan Harbas, Isadora Arruda, Carol Correa, Conrado Gmeiner, Priscila Assuar, Ana Marzagão, Ximena Espejo, Maissa Bakri e Vera Alejandra.


Neste momento conto com uma equipe linda de maestras, além da colaboração do Allan, que são: Maissa Bakri, a Ximena Espejo, a Priscila Assuar e outra carioca, a Renata Pingarilho, carioca paulista como o Allan, e porque não, rs, eu também, no meu caso argentina, carioca e paulista! É um time de peso, eu acho, rs, e com quem tenho muita alegria de compartilhar este amor que temos pelo flamenco, pois é isso que nos junta – uma grande paixão pela arte flamenca.
Quanto ao Tablado Cuadra Flamenca, é um projeto que começou em 2016, e que era um sonho antigo que eu pude realizar também, graças a colaboração da Priscila e do Allan, e das meninas que na época, estavam na Cia, a Anna Miranda, a Lili Almendary, a Valeria Lis, Myllene Bossolani, e logicamente a Maissa. Todos colaboraram e foi lindo. A ideia é um pouco semelhante a do projeto Convite ao Flamenco, do Café Piu Piu, mas, num formato mais intimista.
Tenho o privilégio de sediar a Cuadra numa sala grande e que permite a realização do Tablado. A lotação é de até 60/70 pessoas, mas, infelizmente ainda é difícil lotar. Ainda temos uma plateia muito incipiente para o flamenco. Mesmo assim as noites de Tablado são mágicas, e sempre temos convidados diferentes, às vezes, mais de um, e sempre chamamos cantaores diferentes e um bailarino convidado. Já comemorei dois aniversários meus e foi incrível, pois aí convidei mais de 4 ou 5 artistas na mesma noite, e já fizemos até com duas guitarras e dois cantes….Já foram mais de 25 artistas convidados nestes 4 anos – Miguel Alonso, Gisele Assi, André Pimentel, Ale Kalaf, Ana Paula Campoy, Monita Ruedas, Ana Marzagão, Fernando de Marília, Marcyo Bonefon, Flávio Rodrigues, Déborah e Isadora Nefussi, Carolina Zanforlin, Carolina da Mata, Manu Angel (Belo Horizonte), Tatiana Bittencourt, La Trini, o Toca Madeira (se apresentou na mesma noite: Flavia Lopes, Clara Kutner e Eliane Carvalho), Conrado Gmeiner, Priscila Grassi, Isadora Arruda, Beatriz Carraza, Roberta Minieri, o grupo Garagem, Angela Fonseca e Mari Abreu, são alguns dos nomes que já vieram.
Além de sempre dançarmos nós também, os bailarinos da Cuadra.
Geralmente não fazemos o projeto do tablado em novembro, dezembro e janeiro, pois são meses que ficamos envolvidos com a apresentação de encerramento da escola. Mas, desde 2018, estamos repetindo em fevereiro ou março o espetáculo que apresentamos no Teatro adaptado para tablado, e tem sido bárbaro! Em março de 2020, uma semana antes de entrarmos no primeiro lockdown, e de começar a pandemia, apresentamos o “Anda! Luzia”! em forma de tablado !!! Foi lindo demais!!!
Eu acredito que é um projeto que proporciona muito aprendizado para profissionais e alunos, além de formar platéia. É um momento para experimentar bailes, e temos buscado fazer o mais improvisado possível, como se faz nos tablados espanhóis, buscando assim nos aperfeiçoarmos dentro desta arte tão maravilhosa e complexa que é o flamenco.

F.Fachetti – Fechando com chave de diamante – que linda e necessária pesquisa feita no espetáculo: “ANDA LUZIA”. O nordeste brasileiro e a cultura andaluza. A história do cangaço em compasso flamenco. Queremos saber tudo sobre esse seu mais recente trabalho. Exponha-o.

Espetáculo: “Anda Luzia”, 2019. Foto: Loatart.


Vera Alejandra Na verdade, o interesse pelo Cangaço começou indiretamente no Mercosul, quando comecei a pesquisar para coreografar a música mangue beat – chico science do CD do Victor.
Comecei a ler sobre o movimento do Mangue Beat, e fui chegando no nordeste, mas, também eu já havia feito um trabalho com o sertão do Caicó, do folclore brasileiro. E música “Lamento” de Gilberto Gil, que o Conrado fez um arranjo e eu coreografei – já foram trabalhos de aproximaçao com a nossa cultura.
Na realidade como escrevi no começo da entrevista, sempre trabalhei com músicas diferentes, especialmente nessa fase do Rio. Mas, aqui também, com músicos como o Conrado Gmeiner, que adora compor também, buscando essas mesclas, e com quem montamos um lindo arranjo do “Volver”; ou o Gabriel Levy, que é um grande acordeonista e músico maravilhoso, com quem também sempre tenho o privilégio de trabalhar, e que compôs para o espetáculo “Galos”. Enfim, sempre amei fusionar culturas, talvez porque eu seja uma fusão rs, nascida em Buenos Aires, criada no Rio e radicada em São Paulo. Eu posso dizer que me criei na fusão, rs. Hoje, mais que nunca, se fala e se estuda muito esse aspecto do flamenco, de ser uma arte que se formou bebendo de inúmeras fontes!
Agora, continuando, sobre o Cangaço, eu já tinha uma ideia de falar sobre o Lampião e a Maria Bonita, pois eu gosto de fazer espetáculos que falem da cultura local ou acontecimentos culturais, do mundo, e que tenham sido marcantes ou importantes, pois gosto de trazer à luz diferentes temas e tratá-los com a linguagem flamenca, como nos espetáculos: “Las Imprescindibles” (2016), ou “Anita Garibaldi”, ( 2017).

Espetáculo: “Las Imprecindibles”, 2016. Marcio Bonefon e Vera Alejandra. Foto: Lostart.


Espetáculo: “Anita Garibaldi”, 2017. Foto: Lostart.

Então comecei a pesquisar sobre o cangaço. E aí, meu deus, fiquei chocada com a quantidade de paralelos que fui encontrando entre a cultura nordestina, o universo do cangaço e a cultura andaluza e flamenca. E aí comecei a pesquisar também o João Cabral de Melo, o Murilo Mendes, os escravos nordestinos, que tinham descendência árabe, e por isso o melisma na vaquejada. Emfim, um universo mesmo….Ou a quantidade de palavras da lingua espanhola que os nordestinos usam!!!


Espetáculo: “Anda Luzia, 2019. Na foto com Paulo Novais.


Então o Anda! Luzia!, talvez, seja o primeiro espetáculo sobre esta ponte cultural, mas, quero continuar estudando esse tema, e o Cangaço eu quero fazer com tudo, ou seja, gostaria de tentar um patrocínio ou algum edital para realizar, mas, como está tudo parado, isso vai ter que esperar… Ainda assim, mesmo sem recurso, ficou muito lindo, tivemos a participação de um repentista e de um vaquejador. O espetáculo está no youtube, no canal da Cuadra!

“Anda Luzia” – Allan Harbas, Elsa Maya e Marcio Bonefon

“Anda Luzia”, 2019.

“Anda Luzia”, 2019.



F.Fachetti – Fale também do projeto: “Isto é Flamenco” – que está em produção.


Vera Alejandra O projeto: “Isto é Flamenco”, tem o apoio da Lei Aldir Blanc, e traduz um desejo de explicar o flamenco, não para aqueles que já conhecem o flamenco, mas, para aqueles que não conhecem. Serão aulas teóricas que ficarão no canal da Cuadra, e quatro tablados.
Na realidade, as aulas teóricas são uma tentativa de falar de aspectos e elementos mais importantes do flamenco, e, os tablados serão para mostrar como fazemos nossos shows na Cuadra. Tentamos não imitar nada, e sim, contar da nossa forma – como nós entendemos esta arte, logicamente, com todo o cuidado e respeito ao flamenco, arte tão difícil e maravilhosa.
Os Tablados são uma maneira também de mostrar como nós fazemos a nossa prática flamenca na Cuadra… Também faremos duas lives….. Mas agora não posso falar mais, senão vai estragar a surpresa kkkkkk.



Trajetória Profissional:



Bailarina, coreógrafa e professora de Dança Flamenca; Preparadora Corporal e Atriz.
Bacharel em Dança pelo Curso de Comunicação das Artes do Corpo da PUC São Paulo.
No ballet clássico teve como professores: Tatiana Leskova, Angel Vianna e Heloisa Vasconcellos; no modern jazz e tap dance foi aluna de Nino Giovanetti, Vilma Vernon, Lenie Dale e Marly Tavares.
Aos 13 anos passou uma temporada na Inglaterra, na Bush Davies School, escola preparatória para o Royal Ballet.
Aos 18 anos fez cursos livres em Boston (EUA) com alguns mestres de jazz and modern dance, entre eles: Judith Jamison do Alvin Ailey.
Após esta formação em clássico e jazz, inicia-se com a grande bailarina espanhola Ana Esmeralda, radicada em São Paulo, sendo convidada a fazer parte de sua Cia.
Dividi o palco com grandes nomes do Flamenco espanhol, como Faíco Manzano, Tony Maya e Jorge Luis – El Chino, além da já consagrada Ana Esmeralda.
Parte para a Argentina buscando um aprofundamento na dança espanhola. Lá estuda com Luisita Pericet (repertório flamenco e clássico espanhol), Marines Lamadrid (flamenco), escola bolera com René Nouche e ballet clássico com Alfredo Gurkel, maestro do Teatro Colón.
No início de 1987 viaja para a Espanha onde permanece até 1988 especializando-se com diversos maestros em Madrid, no famoso estúdio “Amor de Dios”. Estudou com Maria Magdalena, Faíco Manzano, (tornando-se assistente dos dois), Cristobal Reyes e Carmen Segura (clássico espanhol e escola bolera).
Promove cursos internacionais com renomados artistas flamencos, entre eles: La China, Rafaela Carrasco, Domingo e Inmaculada Ortega, Javier Latorre, Adrian Gália, Juana Amaya, Juan Paredes, Carmen La Talegona, Torombo, Manuela Rios e Guadalupe Torres entre outros.
Desde que chegou a São Paulo em 1998, lecionou no Studio Ana Esmeralda, no SESC Pompéia, no Ballet Stagium. Raies Dança Teatro e na Cia. Terra. Também ministrou aulas no Club Athlético Paulistano durante 21 anos, de 1998 a 2019. Atualmente ministra aulas na Cuadra Flamenca, a qual fundou em 2005.
Desde 1989 realiza espetáculos e shows, seja como solista ou junto à sua Cia. Cuadra Flamenca, além de participações especiais em trabalhos de renomados artistas por todo o Brasil, mas especialmente no eixo Rio/São Paulo, seja como bailarina, coreógrafa, atriz ou preparadora corporal para o teatro, televisão e cinema. Entre os trabalhos realizados estão:
• A Cia. Cuadra Flamenca é contemplada pela lei Aldir Blanc na cidade de São Paulo com o projeto: Isto é Flamenco. (2020/2021 em produção)
• 1a Mostra Virtual Cuadra Flamenca ( Dez 2020)
• Tablado Cuadra Flamenca em formato virtual (2o semestre 2020)
• Pesquisa e realização do espetáculo ANDA LUZIA, baseado na história do Cangaço, fazendo uma ponte inusitada entre a cultura
do nordeste brasileiro e a cultura andaluza. Teatro Folha ( Dez 2019)
• Participa como bailarina e maestra do Encuentro Internacional La Unión, organizado pela Total Flamenco de Flávio Rodrigues
• Aulas e palestras no Inmersión Flamenco Brasil 2019, evento flamenco em Campinas.(2019)
• Espetáculo Taconriá apresentado no Museu da Casa Brasileira para uma plateia de 628 pessoas
( 2019 S.P.), e no Brasil International Tap Festival a convite de Chris Matallo. (Teatro Procópio Ferreira S.P. (2018)
• Espetáculo Mercosul Música e Movimento- Produziu e fez a direção coreográfica, criando coreografias ao lado de Luciana Mayumi e da Tangará Cia de Dança para o espetáculo concebido por Victor Biglione, para as músicas de seu CD Mercosul.
• América Flamenca espetáculo que cria em 2014 para celebrar os dez anos da Cuadra Flamenca e com o qual se apresenta em diversos espaços da cena paulista, como o Festival Satyrianas (2015 / 2016). Sendo, inclusive, o único grupo de Flamenco a se apresentar em tal festival.
• Em outubro de 2014 é entrevistada no programa do Jô Soares, celebrando assim seus 30 anos de carreira e difusão do flamenco no Brasil.
• É convidada a participar do espetáculo “Oro Molido” dirigido e coreografado pela grande “bailaora” espanhola Carmen La Talegona, no Teatro Folha, ao lado de renomados artistas flamencos do Brasil ( 2014/ 2015).
• “Evocando” espetáculo criado por Vera Alejandra para ser apresentado no Flamenco no Plural, na série: Ícones do Flamenco no Brasil, celebrando os 28 anos de carreira no Teatro do Mube, dentro do MIS em São Paulo. (2013)
• Projeto “Flamenco no Rio” – convidada a se apresentar como solista no Lapa Café (RJ- 2012)
• “Carmen” – pocket-ópera- direção de Mauro Wrona coreografou e fez uma participação especial ao lado de grandes nomes do canto lírico nacional, entre eles: Denise de Freitas e Marcelo Vannucci.
• “Juerga Flamenca” – realizado em duas edições no Espaço Reticom, com o objetivo de possibilitar aos amantes e estudantes do flamenco a oportunidade de ver e praticar esta arte numa verdadeira “roda” de flamenco. (São Paulo – 2011)
• Dentro do projeto “Convite ao Flamenco” concebeu o espetáculo “Noche Flamenca”, no qual 24 artistas de flamenco da cena paulista se apresentaram no palco do Café Piu Piu (entre músicos e bailarinos), numa mesma noite.(2009).
• Virada Cultural e Circuito Cultural Paulista com o espetáculo Paisagem Flamenca- sendo o primeiro grupo de flamenco a participar deste evento. (2008)
• Funda a Cuadra Flamenca junto a Ana Bianca Biglione e a bailarina Priscila Assuar.
• “Quatro Estações” – Espetáculo criado em parceria com Priscila Assuar e apresentado no Café Piu Piu (São Paulo 2003/2004)
• Galos – Espetáculo de teatro dança inspirado nas rinhas de galos – codireção e concepção com Carlos Cardoso, apresentado no festival de inverno de Ouro Preto e no Teatro do Club Athletico Paulistano 2003 ( Minas Gerais e São Paulo).
• Prêmio pela coreografia “Galos” que deu origem ao espetáculo, no lo Festival Nacional de Flamenco, realizado na sociedade hispano brasileira (São Paulo – 2002).
• Os sete gatinhos – direção de Vadim Nikitim, como preparadora corporal (Teatro de Arena São Paulo – 2001)
• “Sem Fronteiras”- projeto do SESC música dos povos de são Paulo – participação especial como bailarina no Espetáculo Carlinhos Antunes e Grupo (SESC Consolação-1999- S.P.)
• “Lorca na rua”, espetáculo criado por Carlinhos Antunes para o projeto patrocinado pelo SESC, que percorreu 30 cidades paulistas em homenagem a Garcia Lorca, como bailarina convidada (1998).
• “Quien no corre vuela” – com seu grupo Quadra Flamenca – co direção com Carmen Del Rio – foi apresentado no Mistura Fina e Hipódromo up (Rio de Janeiro 1996/ 1997) e no Auditório do Club Athlético Paulistano (São Paulo -1998)
• Inaugura sua escola no Rio de Janeiro – Academia de Dança Espanhola Vera Alejandra (1995) Em menos de dois meses da inauguração já tem 70 alunos.
• O burguês ridículo – direção de Guel Arraes e João Falcão- trabalho de corpo flamenco (1995 R.J. e S.P.).
• “Flor Nova de Romances Velhos”- espetáculo com o bailarino Gustavo Canelas – Participação especial com seu grupo Quadra Flamenca (Espaço Catete- Museu da República- R.J. 1993).
• Funda o Grupo Quadra Flamenca junto com a bailarina Carmen Del Rio– Cia. de música e dança flamenca (1993 R.J.).
• “Nuanças Flamencas”– continuação do espetáculo Andanças Flamencas, apresentado no “Torre de Babel”, “Lugar comum” e no Paço Imperial do Rio de Janeiro (1992).
• “Andanças Flamencas” – direção de Victor Biglione – espetáculo de música, dança flamenca e poesia (Lorca) criado para a casa de espetáculos Torre de Babel, e apresentado na semana de poesias, performances e danças no Espaço Cultural Sergio Porto (1991- Rio de Janeiro) Prêmio de melhor espetáculo de dança da Casa Torre de Babel.
• Participação como bailarina em shows e gravação de seu irmão, o guitarrista Victor Biglione, como bailarina e coreografa na música: Tema de Tostão, One Coin, de Milton Nascimento. (1989-1992 em diversas cidades.)
• “Ternas e eternas serestas” – show do cantor lírico Paulo Fortes, participação como bailarina. ( Teatro Rival- RJ -1990).
• “O homem e o cavalo “ de Oswald de Andrade- direção Milton Dobbin- (Teatro Villa Lobos. R.J.- 1990)- como bailarina e atriz.
• “A caminho de Damasco” Texto e direção de Caio de Andrade, o qual criou o personagem da cigana Núbia especialmente para ela (Teatro Cacilda Becker- R.J. 1990).
• “Oswaldianas” (filme), episódio dirigido por Lucia Murat – como bailarina. (1990- R.J.).
• “Brida”, direção de Luis Carlos Macie l- como coreógrafa. (R.J. Teatro Villa Lobo-1989).
Além de montar e dirigir diversos espetáculos profissionais com a Cia. Cuadra Flamenca, Vera dirige, ministra aulas e promove cursos na Cuadra Flamenca, formando profissionais e ensinando os “aficcionados”, e a cada ano realiza espetáculos amadores junto aos profissionais e alunos da escola, entre os quais se destacam:
“Lorca com Volantes y Boleros” (2010) / “La Tasca“ (2011) / “La Argentina- Uma Homenagem a Antonia Merce. (2012)/” America Flamenca” 2014/ “Las Imprescindibles” (2016) e ” Anita Garibaldi” (2017), Enflamencao (2018) e Anda!Luzia! (2019) Vera Alejandra também é responsável por produzir cursos internacionais e trazer importantes figuras do Flamenco espanhol para ministrar cursos no Brasil, como: La China e Juana Amaya.




Amigos! Teremos na próxima quarta, 05/5, mais uma imersão no maravilhoso universo teatral e de outras várias linguagens. Entrevista NECESSÁRIA, recebe o ofício teatral externado na caminhada artística de um homem entregue à sua vocação.


Ator de teatro, tv e cinema, autor, poeta, diretor, dublador e professor:

Samir Murad

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