O BLOG/SITE PROPOSITALMENTE COMEÇA ESSA NECESSÁRIA ENTREVISTA COM UMA NECESSÁRIA REFLEXÃO:
Cabe nesse momento uma reflexão com o texto escrito na ‘orelha” do livro do espetáculo, que me foi gentilmente presenteado por Clóvis Levi, autor do livro que originou o espetáculo: “O Anjo do Apocalipse” – que nos remete escandalosamente à hecatombe govenamental que estamos vivenciando:
“Mas, Na miserável Palestina, onde NOSSO DEUS prometeu fartura, jorram obuses, granadas, metralhadoras, terrorismo e pernas e braços estilhaçados, crianças aleijadas, bebês atônitos e sem lágrimas, pais desesperados, crianças-soldados e sangue e medo, um enorme medo, um medo eternizado.
Os mortos estão espalhados pelo o chão das ruas, pelo chão das casas, pelo chão dos shoppings, no deserto.
Onde está o leite?
Onde está o mel?”.
(ANJO GUERREIRO).
O UNIVERSO TEATRAL NOS PRESENTEIA NO PALCO DO BLOG/SITE
com a equidade cênica de um dos mais respeitados atores que conheço, acompanhando muito seu aurífero trabalho como espectador, artista e crítico teatral – na caixa preta dos teatros, tv e cinema.
Uma honra desencantar aqui alguns pormenores de uma carreira das mais potentes nas artes dramáticas- MARCELLO ESCOREL.
A cena atoral descobriu esse diamante necessário, através de uma substituição que o universo preparou para Escorel ser desafiado, num texto clássico dos mais expressivos e apreciados: “ A Visita Da Velha senhora” de Durremat, com direção de Carlos Wilson – egresso das fileiras do Tablado Maria Clara Machado.
Integrou alguns portentosos grupos, aprimorando sua arte. Como ele mesmo diz: “Sempre aprendi fazendo”:
-“Tapa”, coordenado por Eduardo Tolentino, durante 4 anos de muitas montagens.
– “Nós é que bebemos”, tendo como mentora Alice Viveiros de Castro, especializado em repaginar modernamente o Teatro de Revista.
– “Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, a frente o mestre Aderbal Freire Filho.
Trabalhou em 3 peças do dramaturgo Bosco Brasil, sendo que uma delas Bosco também era o diretor.
Entre atuação e direção conta com mais de 70 espetáculos em sua carreira.
Citando alguns trabalhos teatrais: “Freud e Mahler”, de Miriam Halfim, com direção de Ary Coslov; “ O Anjo do Apocalipse”, de Clóvis Levi, com direção de Marcus Alvisi.
Fez diversos musicais, citando apenas dois: “Romeu e Julieta ao som de Marisa Monte”, adaptação de Gustavo Gasparani, com direção de Guilherme Leme Garcia; “Carmem, uma sambópera”, adaptação e direção de Augusto Boal.
Foi indicado 4 vezes ao prêmio de melhor ator por: “ A Falecida”, de Nelson rodrigues, direção de Gabriel Vilella – Prêmio Molière; “Lima Barreto ao Terceiro Dia”, de Luis Alberto de Abreu, direção de Aderbal Freire Filho – Prêmio Shell; “Cheiro de Chuva”, autoria e direção de Bosco Brasil – prêmio APTR; “Vaidades e Tolices”, de Anton Thekhov, com direção de Sidnei Cruz – Prêmio Shell.
Escorel está sempre nas telas da tv e cinema.
No cinema destaco “Tropa de Elite”, onde interpretou o comandante corrupto do Batalhão da PM.
Saberemos agora, permeando o palco do Blog/Site, de valiosos pormenores da trajetória desse necessário:
Ator – MARCELLO ESCOREL.
Marcello Escorel
Marcello Escorel em: “O Anjo do Apocalipse” de Clóvis Levi. Direção: Marcus Alvisi.
Entrando na – Entrevista NECESSÁRIA – com:
Marcello Escorel.
F.Fachetti – Sua parceria com Bosco Brasil rendeu três peças, inclusive, uma que ele próprio dirigia.
Pode citar essas peças e comentar a respeito de cada uma delas, fazendo um paralelo com as personagens que interpretou?
Marcello Escorel – A dramaturgia de Bosco Brasil não é de fácil digestão. Talvez o premiado “Novas diretrizes em tempo de paz” seja o mais palatável dos textos. Suas peças não são lineares e exigem uma atenção cuidadosa para acompanhar pouco a pouco as revelações que motivam suas personagens. É como se entrássemos num cômodo escuro portando apenas uma lanterna. Só ao final do escrutínio luminoso do aposento conseguimos saber tudo que ele contém.
Meu primeiro contato com a obra do Bosco foi numa leitura de “O Acidente” na Casa da Gávea. Tempos depois indiquei a peça a Louise Cardoso que se apaixonou por ela – tanto que em 2003 nós dois participamos da montagem dirigida por Cibele Forjaz.
Dois personagens desajustados, Miriam e Mário, com bloqueios sérios no que tange a se relacionar com outras pessoas e que trabalham no mesmo escritório. Miriam aniversaria e seus colegas articulam uma “pegadinha”: convidam Mário para uma suposta festa surpresa no apartamento de Miriam a qual só ele comparece. A peça é o encontro desses dois seres humanos, introvertidos e problemáticos, desenvolvido com uma delicadeza tcheckoviana pelo autor.
Em 2007 Bosco me convidou para viver o Aluno de “Cheiro de Chuva” com Tânia Costa interpretando a Professora de dança. O texto brilhante se passa no decorrer de uma aula, alternando diálogos banais com monólogos que revelam pensamentos e sentimentos interiores das personagens.
Espetáculo: “Cheiro de Chuva” de Bosco Brasil. Direção: Bosco Brasil. Em cena: Marcello Escorel e Tânia Costa.
Mais uma vez nos deparamos com figuras frágeis, frustradas, com dificuldade de expressarem seus desejos e romper com rotinas e vidas sem sentido. Os passos de dança, a chuva que promete cair e o medo que o Aluno tem de tempestades são os únicos assuntos que conseguem abordar, sufocando a expressão da paixão entre eles e as barreiras pessoais que os frustram, reveladas apenas através dos monólogos interiores.
O próprio Bosco dirigiu a montagem que me conferiu a nomeação para o prêmio de melhor ator naquele ano.
Se em “Cheiro de Chuva” é a precipitação pluviométrica que se destaca, em “Blitz” é o vento. Fenômenos climáticos também parecem ser uma tônica na escrita de Bosco.
Espetáculo: “Blitz” de Bosco Brasil. Direção: Ivan Sugahara. Em cena: Marcello Escorel e Janaina Ávila.
“Blitz”, montada em 2010, me fez vestir a pele do Cabo Rosinha enquanto Janaína Ávila vivia sua esposa Helô do Pãozinho. Dirigida por Ivan Sugahara – a peça começa com Helô ameaçando separar-se do marido. Cabo Rosinha está sendo acusado de matar uma criança durante uma blitz numa escola municipal. A pressão da comunidade sobre o casal e o peso de terem perdido um filho ainda criança são o estopim para a crise matrimonial e, novamente, os fatos vão se revelando aos poucos até descobrirmos que Cabo Rosinha (vejam o paradoxo do nome) se encontrava desarmado na ocasião.
Espetáculo: “Blitz” de Bosco Brasil. Marcello Escorel e Janaina Ávila.
“Blitz” de Bosco Brasil. Com Marcello Escorel e Janaina Ávila.
Personagens sofridos, recalcados, desajustados, incompreendidos, profundamente humanos; Mário, o Aluno e Cabo Rosinha foram presentes régios que recebi de Bosco e dos quais guardo a mais querida lembrança.
F.Fachetti – Belíssima e ressignificada cena teatral do espetáculo “Romeu e Julieta ao Som de Marisa Monte”. Coloque sua visão do trabalho, e seu personagem, até que ponto ele se atualizou se conectando com as músicas?
Marcello Escorel – “Romeu e Julieta ao som de Marisa Monte” foi minha primeira experiência com um musical ao estilo Broadway.
Em meu currículo contam diversos musicais infantis e adultos: “A Arca de Noé”, “Sem sutiã, uma revista feminista”, “As bodas de Fígaro”, “Chopes Berrantes”, “Cantares em desafino”, “Carmem, uma sambópera”, “Lamartine II”, “É no toco da goiaba”, “Metralha” e muitos outros.
Espetáculo: “Carmem, Uma Sambópera”. Marcello Escorel e Cláudia Ohana.
Espetáculo: “É no Toco da Goiaba”. Com Ângela Rebelo.
Constatei que “Romeu e Julieta” pertencia a um nicho completamente diferente das montagens em que havia participado. A começar pelo processo de seleção. Das outras vezes não precisei passar por testes, tendo sido convidado e simplesmente aceitado participar dos projetos. No caso de “Romeu e Julieta” tive que encarar uma bancada de juízes que avaliaria minha aptidão vocal e cênica. Apesar de não ter feito feio no teste musical, creio ter passado principalmente pela performance cênica, afinal os atores, cantores, dançarinos deste gênero, tão recente no Brasil, leem partitura e dançam com desenvoltura.
Conheci entre eles maestros, cantores líricos e bailarinos. A maior parte deles é especialista no gênero. Sem desdouro, são uma “panela” à margem do teatro convencional e todos se conhecem entre si e também sabem quais são as produtoras que surgiram com a popularização deste tipo de empreendimento.
Estranhei também a carga horária. Oito horas por dia, seis vezes na semana. Estranhei também a nomenclatura usada para as diferentes fases de ensaio e funções, importada e diferente da que estava acostumado, e a grande quantidade de equipamentos e de funcionários necessários além da ficha técnica convencional.
Atores desse tipo de musical precisam ser atletas na melhor acepção da palavra e do alto dos meus 57 anos ressenti bastante o processo de ensaio. Mas ao levantar do pano tive a certeza de que todo o esforço tinha valido a pena.
Tenho muito orgulho em ter participado desse empreendimento da Aventura Entretenimento. A brilhante adaptação de Gustavo Gasparani e Eduardo Rieche fazia imaginar que o bardo e Marisa Monte eram coetâneos e que haviam escrito a peça conjuntamente.
A direção de Guilherme Leme Garcia, a coreografia de Toni Rodrigues, a direção musical de Apollo Nove , os arranjos vocais e sua direção por Jules Vandystadt, o cenário de Daniela Thomas, o figurino de João Pimenta, o visagismo de Fernando Torquatto e a iluminação de Monique Gardenberg e Adriana Ortiz imbricaram num espetáculo fluido, emocionante e belíssimo, que tenho certeza faria história, como fez no Brasil, até nos E.U.A., berço do gênero.
Minha personagem era o Sr. Capuleto, pai de Julieta. Não tinha solos musicais, portanto não tenho o que falar sobre a adaptação de drama para musical nesse caso específico. Quero somente salientar o prazer de contracenar com a genial cantriz Kacau Gomes, a Sra. Capuleto. Tive a oportunidade de assisti-la em outras montagens e posso afirmar que o seu talento é muito acima da curva, uma verdadeira Diva. E melhor, sem ser arrogante e uma excelente companheira.
Espetáculo Musical: “Romeu e Julieta ao Som de Marisa Monte”. Adaptação: Gustavo Gasparani e Eduardo Rieche. Direção: Guilherme Leme Garcia.
Espetáculo Musical: Romeu e Julieta ao Som de Marisa Monte”.
F.Fachetti – Na área cinematografica, marcou época a filmografia de “Tropa de Elite”. Como foi a experiência nesse filme? Uma arte do diretor , onde o ator poderá “roubar” a cena.
Para você qual a importância dessa obra para o mundo do cinema – perante o realismo e argumentos dessa trama?
Marcello Escorel – Mais que um filme, “Tropa de Elite” foi um verdadeiro fenômeno.
Antes de sua estreia nos cinemas foi visto por milhares de pessoas e já era idolatrado por um sem número de fãs. Para se ter uma ideia: eu ainda não sabia do vazamento quando ao passear pela rua ouvi vindo em minha direção gritos de “corrupto, corrupto”. Demorei a entender que a pessoa que deblaterava se referia a minha personagem na película.
O processo de filmagem foi completamente inovador. A começar pelo processo de seleção. Um exaustivo teste de mais de quatro horas onde todos os atores eram submetidos a exercícios fatigantes sob a tutela da preparadora Fátima Toledo e de seus assistentes.
Não tenho escrúpulos em revelar que fui a segunda opção e que só ganhei o papel após a desistência do Felipe Camargo que na época recebeu o convite para um trabalho televisivo. Para meu espanto, já sacramentado como o coronel Oliveira, me deparei com a ausência de um roteiro para trabalhar e decorar sozinho em casa antes das filmagens. José Padilha fazia questão que só soubéssemos o que iríamos fazer quando já estivéssemos no set. Antes de ligar as câmeras ele se reunia com o elenco e discorria sobre os fatos abordados na cena e nos dava um tempo para que improvisássemos sobre o tema.
O método conferia um frescor às cenas que talvez não fosse alcançado pela maneira tradicional. Vale ressaltar que a inovação só foi bem sucedida pela excelência dos atores escolhidos e pelo ambiente de cooperação e companheirismo que se estabeleceu entre nós.
“Tropa de Elite” foi um desses trabalhos abençoados em que o momento certo e as pessoas certas se congregam no intuito de contribuir para o surgimento de uma obra-prima.
Depois de todos esses anos ainda sou reconhecido em público como “o coronel corrupto” e, entre sorrisos, fãs da película repetem integralmente falas da minha personagem.
Um fator preponderante para o grande sucesso foi certamente a criatividade de José Padilha. Grande parte dos diálogos improvisados se devem a ele. Estava sempre de prontidão para criar durante o processo de filmagem, sendo exemplo e confirmação para toda equipe sobre a excelência do método escolhido.
José Padilha.
“Tropa de Elite” continua, infelizmente, cada vez mais atual. Sua temática que versa sobre o cipoal em que se tornou a segurança pública no Rio, a guerra entre milícias e tráfico, a corrupção recorrente de certas autoridades, ainda mostra suas nefastas consequências na morte de inocentes (principalmente negros e pobres) baleados ou soterrados nos escombros de edifícios irregularmente erguidos na zona oeste do Rio.
Marcello Escorel como Coronel Oliveira em: “Tropa de Elite”.
F.Fachetti – Com qual dos espetáculos que foi indicado, gostaria de ter ganho o prêmio de melhor ator e por quê?
Marcello Escorel – É claro que eu gostaria de ter ganho os quatro prêmios, mas perdi para grandes nomes como Edwin Luisi e Marcos Caruso. Só estar no rol desses grandes atores foi uma grande satisfação.
Lembro-me da primeira indicação pela “A Falecida” com grande carinho porque foi a primeira vez que meu nome apareceu em destaque no letreiro do teatros e no material de propaganda ao lado da querida Maria Padilha. Aurélio de Simone, grande iluminador e amigo ficou todo orgulhoso na época porque há anos vinha acompanhando minha trajetória, tendo participado de várias montagens em que atuei.
“A Falecida” de Nelson rofrigues.Com Maria Padilha.
Em cena em: “A Falecida”.
Em cena em “A Falecida”, com Maria Padilha.
Mas respondendo com objetividade a pergunta, já que ela me obriga a escolher apenas uma indicação entre as quatro, opto por “Cheiro de Chuva”. A primeira razão é por ela ter sido uma montagem quase familiar. Não tínhamos grandes patrocínios nem atores há muito consagrados pela mídia, como foi o caso de “A Falecida” com Maria Padilha e “Lima Barreto, ao Terceiro Dia” com Milton Gonçalves. “Vaidades e Tolices” também se enquadraria nos parâmetros de “Cheiro de Chuva” mas também contava com um autor da envergadura de um Tcheckov; não desmerecendo a obra-prima que é o texto do Bosco mas, que por ser moderno, não possuía o peso histórico do dramaturgo russo..
Lembro-me bem do processo de ensaio de “Cheiro de Chuva”. Bosco foi um diretor preciso, cirúrgico. Trabalhei cada gesto, cada inflexão com uma obsessão quase doentia. A personagem do Aluno permeava meus momentos de vigília e meus sonhos a ponto de parecer uma entidade que eu incorporava, fazendo do palco uma espécie de terreiro. São raros os trabalhos em que atingimos o máximo possível de nossas capacidades chegando quase à perfeição. Escolho, portanto, “Cheiro de Chuva” porque ele se enquadra neste tipo , em que o ator passeia pelo palco fluindo como água, ardente de vida e verdade.
Espetáculo: “Cheiro de Chuva” de Bosco Brasil. Marcello Escorel e Tânia Costa. Direção: Bosco Brasil.
Espetáculo: “Cheiro de Chuva” de Bosco Brasil.
F.Fachetti – Seus trabalhos mais recentes foram de grande preciosidade cênica. Assisti, resenhei crítica teatral, e fiquei muito impressionado, especialmente, com todo o contexto na caixa cênica de “O Anjo do Apocalipse”
Por favor, desfie sobre seu trabalho em:
“Freud e Mahler” de Miriam Halfim, com direçao de Ary Coslov e “O Anjo do Apocalipse”, de Clóvis Levi, com direção de Marcus Alvisi.
Marcello Escorel – “Freud e Mahler” foi e é um momento muito especial para mim. Uma das razões foi o reencontro com meu irmão Giusepe Oristânio, um dos atores mais generosos com quem tive a honra de contracenar. Outra foi a equipe técnica contando com nomes de gente muito talentosa e consagrada: a autora Miriam Halfim, o diretor Ary Coslov, o assistente Marcelo Aquino, o cenógrafo Marcos Flaskman, o iluminador Paulinho Medeiros e a figurinista Bruna Napoleão, uma verdadeira seleção teatral.
Logo depois que fui convidado para interpretar o grande maestro e compositor Gustav Mahler passei na Livraria da Travessa no Centro e comprei uma excelente biografia.
A vida do maestro me encantou desde a primeira leitura. Sua concepção da arte como um sacro ofício batia com minhas crenças. Acredito que todo verdadeiro artista seja um pontífice e que os sacerdotes com seus dogmas roubaram, de certa forma, nossa função social que seria a de facilitar os insights, iluminações e mirações sem exigir em troca obediência cega e veneração.
Espetáculo: “Freud e Mahler” de Miriam Halfim. Direção: Ary Coslov.
Marcello Escorel e Giuseppe Oristanio.
Mahler fez um enorme sucesso apesar de sua condição de judeu (assim como Freud) vivendo numa Europa onde o anti-semitismo crescia de forma alarmante. Essa é uma prova inconteste de seu enorme talento e comprometimento com sua arte.
A peça trata de um encontro real ocorrido na Holanda onde durante quatro horas, perambulando pelos jardins da cidade de Leyden, Freud analisa o maestro.
O espetáculo começa com a leitura de várias cartas trocadas pelas personagens. Acometido de impotência, Mahler marca e adia diversas vezes o encontro até que finalmente decidisse. Freud em quatro horas consegue reverter o quadro clínico do compositor que se mostra um analisando exemplar apesar de alguma resistência. O próprio Freud maravilha-se pelo sucesso de uma análise de curta duração, a qual ele mesmo duvidava ser possível.
“Freud e Mahler” – Marcello Escorel e Giuseppe Oristanio.
Marcelllo Escorel e Giuseppe Oristano.
A montagem de fina sensibilidade também é permeada por imagens projetadas que além de fornecer uma moldura histórica contribuem para vasculhar o inconsciente da época e das personagens. Tudo regado com a monumental música de Mahler, em especial o seu famoso Adagietto da quinta sinfonia.
Espero que o espetáculo possa retornar para meu prazer e deleite daqueles que não tiveram a oportunidade de assisti-lo.
Espetáculo: “Freud e Mahler”.
“O Anjo do Apocalipse” é um texto poderoso de Clovis Levi dirigido com maestria por Marcus Alvisi, parceiro de longa data. Trata-se da trajetória de dois amantes (vividos por Juliane Araújo e Daniel Dalcin) que encarnam em diversos momentos da história – sempre em lados antagônicos na pele de um judeu e de uma árabe.
Espetáculo: “O Anjo do Apocalipse” – Marcello Escorel, Juliane Araújo e Daniel Dalcin.
O Anjo do Apocalipse, vivido por mim, é uma espécie de mestre de cerimônias que vai costurando as diversas encarnações com comentários nada ortodoxos sobre a Bíblia. Como anjo de alta hierarquia e mensageiro de Deus teve o privilégio de acompanhar, desde os primórdios, a história do conflito entre judeus e árabes e tem opiniões muito próprias e singulares sobre as atitudes de seu chefe, o Senhor, mas não se compromete.
Marcello Escorel em: “O Anjo do Apocalipse”.
O paradoxo de amor e ódio que o casal de protagonistas vive é o estopim que faz explodirem as reflexões sobre as noções de pátria, de preconceito racial, de xenofobismo, de determinismo histórico, de revanchismo e da vacuidade de todas as guerras como solução para resolver qualquer conflito.
Um texto pacifista e não dogmático que também convida a avaliar a validade do maior documento sagrado do Ocidente quando interpretado de forma literal e acrítica.
“O Anjo do Apocalipse”.
Embora levando a um desfecho apocalíptico com a destruição de Jerusalém bombardeada e a morte do casal em sua mais recente roupagem carnal, o espetáculo termina com uma nota de esperança.
Em seu monólogo final, o Anjo prevê a vinda de uma Jerusalém Celeste, renovada, onde a paz, a fraternidade e o fim das guerras contribuirão para que o atormentado casal possa finalmente viver a plenitude de seu amor.
Se voltar aos palcos, mesmo que em outra montagem, vale a pena conferir. Felizardo eu fui e o sabia.
“O Anjo do Apocalipse”.
Para finalizar deixo aqui uma homenagem ao nosso produtor executivo: Humberto Braga, que deixou este plano em 3 de fevereiro deste ano. Pessoa gentilíssima e em vida um verdadeiro homem de teatro.
Homenagem ao Ator e Produtor: Humberto Braga.
“O Anjo do Apocalipse”.
F.Fachetti – Cabe nesse momento uma reflexão necessária com o texto escrito na ‘orelha” do livro do espetáculo, que me foi gentilmente presenteado por Clóvis Levi – que nos remete escandalosamente à hecatombe govenamental que estamos vivenciando:
“- Mas, Na miserável Palestina, onde NOSSO DEUS prometeu fartura, jorram obuses, granadas, metralhadoras, terrorismo e pernas e braços estilhaçados, crianças aleijadas, bebês atônitos e sem lágrimas, pais desesperados, crianças-soldado e sangue e medo, um enorme medo, um medo eternizado.
Os mortos estão espalhados pelo o chão das ruas, pelo chão das casas, pelo chão dos shoppings, no deserto.
Onde está o leite?
Onde está o mel?”.
(ANJO GUERREIRO).
F.Fachetti – Com seu olhar atoral, oficioso em experiências de altíssimos níveis cênicos – no palco com textos literários retumbantes – é de extremo necessário que disseque sua passagem em cada um dos peculiares e portentosos grupos teatrais abaixo:
_ “Tapa”, coordenado por Eduardo Tolentino, onde permaneceu 4 anos. Cite pelo menos três espetáculos montados com sua presença e fale de seus personagens.
– “Nós é que Bebemos”, mentora Alice Viveiro de Castro. Comente sobre o grupo e cite dois espetáculos com essa repaginação do Teatro de Revista. Como era essa repaginação? O Teatro de Revista è a fotografia do Glamour e de uma época de belezas cênicas exacerbada.
– “Centro de Demolição e Construção do Espetáculo”, onde aqui, nas – Entrevistas NECESSÁRIAS – já passaram alguns atores marcantes, contando histórias de suma importância cultural e sua permanência nesse templo de teatro transformador. Relate a sua experiência nessa época capitaneada pelo mestre Aderbal Freire Filho.
Marcello Escorel – T.A.P.A:
Minha entrada no Grupo T.A.P.A foi resultado de uma encruzilhada em que tive que optar entre dois caminhos. Logo depois que me formei no Santo Inácio fiz uma peça infantil chamada “Maria, Gente Fina”, de Lupe Giglioti, dirigida por sua filha, Cininha de Paula, substituindo o então também jovem ator Eduardo Wotzik.
Minha performance me levou a ser convidado para fazer o coro e a viver personagens secundários no musical “Quem Casa, Quer Casa”, de Martins Pena, dirigido por Wolf Maya.
Espetáculo: “Quem casa quer Casa” – Escorel como músico e ator.
Espetáculo: “Quem casa quer Casa” – de Martins Penna. Direção: Wolf Maya.
Na época também praticava flauta transversa e me desdobrava como ator e músico no espetáculo. “Maria Gente Fina” dividia o horário reservado ao público miúdo no Teatro Vanucci com “Apenas um Conto de Fadas”, montagem do grupo T.A.P.A.
Renato Icarahy, um dos membros do grupo viu minha atuação no palco e sugeriu ao restante da companhia que eu fosse convidado para participar da trupe e da futura montagem de uma adaptação para o teatro de “O Anel e A Rosa”, de William Makepeace Thackeray. Só que, ao mesmo tempo, Wolf Maya me acenou com a participação em seu novo espetáculo: “Blue Jeans”. Eram duas propostas irreconciliáveis. Por questões logísticas não poderia aceitar as duas. Optei pelo T.A.P.A. A possibilidade de participar de uma criação coletiva, de uma obra em aberto, me pareceu bem mais sedutora que fazer parte de uma montagem tradicional. Fora a questão de me somar a uma companhia com todas as vantagens que isso implicava. Ainda hoje acho que as companhias são o melhor veículo para se fazer teatro. Cria-se uma cumplicidade, um modus operandi específico e um repertório que estimulam o crescimento e a evolução artísticas de todos os envolvidos no processo. É uma lástima que nosso país, com raríssimas exceções, não possua mecanismos que favoreçam o surgimento e a continuidade de companhias de teatro.
Destaco na minha passagem pelo T.A.P.A. a primeira montagem em que participei, “O Anel e A Rosa”; o espetáculo “Viúva, Porém Honesta”, de Nelson Rodrigues, e o Projeto Escola, em que fazíamos apresentações em palcos improvisados de escolas particulares, municipais e estaduais.
“O Anel e A Rosa” me permitiu exercer, além do trabalho de ator, minhas capacidades de escritor e músico amador. Participei ativamente na criação do texto, adaptado da única obra infantil do sarcástico autor inglês, mais conhecido pelo romance “Barry Lyndon”, exemplarmente tornado cinema pelas mãos de Stanley Kubric.
O resultado final foi um belíssimo espetáculo em que mais uma vez tive que provar versatilidade para viver inúmeros personagens que participavam da trama.
“Viúva, Porém Honesta” rendeu muitas críticas elogiosas inclusive a primeira menção a meu trabalho. Era um espetáculo “redondinho”, “sem barrigas”, e contava com um elenco de tirar o fôlego: André Valli, Cláudio Gaya, Clarice Derziê, Denise Weinberg, Celso Lemos, Renato Icarahy, Ernane Moraes, Tereza Frota, Emília Rey, Renato Castelo e Brian Penido. eu vivia a personagem Dorothy Dalton, criada por Nelson para satirizar os críticos de teatro. Considerada uma peça menor, foi alçada de magnitude pelo brilhantismo da direção de Eduardo Tolentino. Para minha surpresa, muitos anos mais tarde ao ser convidado para fazer parte do elenco da novela “Pega-Pega” na Globo, a autora Cláudia Souto me confidenciou que havia assistido a montagem e que até aquela data recordava meu trabalho e até especificamente de algumas falas de minha personagem. Foi realmente um espetáculo memorável do qual guardo com carinho muitas recordações alegres e prazerosas.
Espetáculo: “Viúva, porém Honesta” – de Nelson Rodrigues. Em cena com Emília Rey.
O grupo montava pelo menos um espetáculo adulto e um infantil por ano. E havia também o “Projeto Escola”, cujo objetivo era levar aos alunos, durante o expediente normal do colégio, clássicos da dramaturgia brasileira. Autores como Martins Pena, Arthur Azevedo, França Júnior e muitos outros. Uma escola também para nós, atores, que tínhamos que enfrentar todos os desafios de trabalhar em locais que a princípio não eram destinados a apresentações teatrais: quadras de esportes, pátios desabrigados, exíguas salas de aula, e por aí vai.
No “Projeto Escola” pude também me exercitar como diretor. Dirigi “Defeito de Família”, de França Júnior e “Os Mistérios do Sexo”, de Coelho Neto. Considero minha passagem pelo T.A.P.A. como minha formatura no antigo Segundo Grau. O vestibular eu viria a fazer no grupo “Nós é Que Bebemos” até completar o grau universitário sob a tutela do grande Aderbal Freire Filho no “Centro de Demolição e Construção do Espetáculo”.
Nós É Que Bebemos.
Conheci Alice Viveiros de Castro na função: fazíamos o infantil “A Fada Que Tinha Ideias”, produção da grande amiga Elvira Rocha. Pouco tempo depois me afiliei ao seu grupo que tinha como objetivo revitalizar um gênero muito popular e queridona história do Teatro Brasileiro: o Teatro de Revista, de tradição portuguesa, o teatro de revista era quase um fóssil quando, através de Gugu Olimecha, Alice pôde vivenciá-lo nos anos 80 em uma série memorável de montagens, principalmente no Teatro Rival.
Quando fundou o grupo inoculou nele sua bagagem de convicções políticas e ideológicas: a busca por uma sociedade mais igualitária e plural em todos os sentidos. Tanto que nosso primeiro trabalho parecia um paradoxo no reino das vedetes seminuas: “Sem Sutiã, Uma Revista Feminista”.
No Teatro Rival vários esquetes abordavam de maneira irreverente os diversos tabus, preconceitos e estereótipos da condição feminina. Alice, por exemplo, que fazia o número de plateia, parte indissociável do gênero, interpretava o Orgasmo. Entre várias piadas ela perguntava a alguns espectadores se tinham recebido sua visita ultimamente e com que frequência. Discutia-se sempre de maneira divertida e arejada conceitos como o de “Príncipe Encantado”, do papel secundário de vítimas a serem salvas das mulheres em filmes e quadrinhos de heróis, do macho que nunca pode falhar na hora H, e muitas outras questões que, infelizmente, ainda estão longe de serem encaradas de uma forma normal e necessária nos tempos de hoje.
O texto era de Fátima Valença e Celina Sodré, a música de Tim Rescalla, os arranjos e preparação vocal do saudoso Luís Antonio Barcos, a iluminação de Luiz Paulo Nenen e a direção da própria Alice secundada pela Celina. O elenco, de primeira linha, contava com a própria Alice, Fátima Valença, Nádia Carvalho, Vera Holtz (recém chegada ao Rio), Vânia Alexandre, Mara Baraúna, Nedira Campos, Charles Myara, Renato Castelo (que se desdobrava como coreógrafo, maquiador e confeccionador de adereços; levado de nós muito cedo e com lugar cativo em meu coração), Gilson Barbosa e Miguel Arcanjo (que também se foram), Roberto Wagner e Ettore Zuim (atualmente diretor de dublagem e a voz nacional do Batman). E importantíssimo: o cenário contava com painéis ilustrados pelo grande artista César Lobo. Peço perdão se esqueci o nome de alguém.
Para falar da próxima montagem terei que abrir um parênteses para explicar o nome do espetáculo: “Chopes Berrantes”. No início do século XX a cerveja chegou ao Brasil. A bebida alcoólica mais consumida até então era o vinho. Para alavancar o consumo de cerveja os donos das choperias começaram a contratar artistas para cantar e realizar pequenos esquetes visando atrair mais clientes: nasciam os Chopes Berrantes. O grupo ressuscitou os “Chopes Berrantes” no Teatro Cacilda Becker que á época encontrava-se bem “caído”. Lembro-me que a companhia comprou tintas e pintou todo o teatro para a estreia do espetáculo.
Espetáculo: “Chopes Berrantes”.
Construímos um pequeno palco e transformamos a plateia num pequeno bar com mesas e cadeiras. Os atores serviam as mesas com petiscos e bebidas durante o espetáculo revezando-se no papel de garçons e personagens no palco numa peça regada a pequenos números musicais. A mim também coube a função de administrar o bar, encomendar as bebidas, comprar os acompanhamentos, conferir o estoque e fazer o balanço semanal.
O espetáculo chegou a ser apresentado resumido no centenário Bar Luiz na rua da Carioca por conta do aniversário do estabelecimento. Eu protagonizava um dos primeiros esquetes sentado na plateia e vestido como se fizesse parte do público. Fátima Valença começava a cantar no palco e eu intervia, como se estivesse bêbado, interrompendo a todo instante a apresentação. O gozado é que nesta apresentação no Bar Luiz parece que eu e Fátima fomos tão convincentes que um dos espectadores se levantou querendo tomar satisfações. A briga só não se deflagrou porque um dos garçons do estabelecimento esclareceu à parte o indignado cliente de que tudo aquilo fazia parte do programa.
Centro de Demolição e Construção do Espetáculo:
Minha história no C.D.C.E. começou na verdade no Aterro do Flamengo onde durante uma caminhada com minha mulher Leila, encontramos a amiga e atriz Malu Vale. Conversa vai conversa vem, ela nos contou que estava já há seis meses ensaiando uma peça no abandonado Teatro Gláucio Gil sob a direção de Aderbal Freire Filho: “A Mulher Carioca aos 22 Anos” de João de Minas, um autor famoso no início do século passado que o diretor havia encontrado em uma de suas frequentes incursões nos sebos do Rio. Na verdade um romance em cena já que não havia uma adaptação dramatúrgica mas sim uma encenação do próprio romance na íntegra. Seis meses de ensaio e sem prazo para a estreia! Isso é uma loucura! – comentei com Leila depois que Malu havia ido embora.
Espetáculo: “A Mulher Carioca aos 22 anos” – de João de Minas. Direção:
Aderbal Freire Filho. Marcello Escorel e Suzana Saldanha.
Qual não foi meu espanto quando, dias depois, recebo através de um telefonema o convite para participar da montagem. E confesso que foi a própria Leila quem me convenceu a participar da “loucura”. Entrei junto com meu queridíssimo Orã Figueiredo. Já faziam parte da trupe a própria Malu Vale, Suzana Saldanha, Duda Mamberti, Thiago Justino e Gilray Coutinho.
E foram ainda outros muitos meses de ensaio até que a peça estreasse.
Não sei dizer ao certo o quanto o espetáculo durava mas na introdução o Gilray anunciava que era o tempo de “um meio Bumba-meu-boi”. Um tempo longo o suficiente para apresentarmos a peça em duas partes em dias seguidos.
“A Mulher Carioca aos 22 anos”. Com Duda Mamberti.
“A Mulher Carioca aos 22 Anos”- com Orã Figueiredo.
“A Mulher Carioca aos 22 Anos – em cena com Cândido.
Aprendi muito com o Aderbal e com Rossella Terranova, nossa preparadora corporal.
Usar o Gláucio Gil, arruinado como estava, para ensaiar tinha uma série de inconvenientes. O excesso de poeira era uma delas. Se chovia muito uma verdadeira cachoeira desabava do teto para o palco com um barulho ensurdecedor que impedia que ouvíssemos uns aos outros a menos de um metro de distância. Mas Aderbal em parceria com o grande cenógrafo José Dias tinha planos para reformar o teatro transformando-o numa sala versátil podendo abrigar qualquer tipo de ocupação (arena, semi-arena e até o tradicional palco frontal). A reforma realizou-se com o apoio de Aspásia Camargo, então Secretária de Cultura do Estado.
Estreamos em um Gláucio Gil moderno e estalando de novo e muitos dos que assistiram ao desfilar das inúmeras personagens do romance interpretadas por nós relatam que “A Mulher Carioca aos Vinte e Dois Anos” foi um verdadeiro marco histórico para o Teatro Nacional.
Eu poderia ficar aqui discorrendo por páginas sem conta sobre as brilhantes montagens do C.D.C.E. Mas para evitar a prolixidade; aliás uma das marcas registradas do Aderbal, sempre afeito a longas digressões, efeito talvez de sua longa experiência como comunicador de rádio; vou me ater somente a mais duas montagens, realizadas fora dos palcos de teatro: “O Tiro que Mudou a História”, encenada no Museu do Catete, palco do suicídio de Getúlio Vargas e que narrava justamente seus últimos momentos de vida no próprio Palácio do Catete, então sede do Governo Federal; e “Tiradentes, a Inconfidência no Rio”, espetáculo itinerante sobre os últimos atos de Joaquim José da Silva Xavier no Rio de Janeiro incluindo sua prisão, julgamento e execução.
Espetáculo: “O Tiro que mudou a História”. Marcello Escorel como Tancredo na reunião ministerial.
Cena de “O Tiro que Mudou a História”.
“Tiradentes” era passado em vários logradouros do Rio. No porão da Associação Comercial do Rio de Janeiro, por exemplo, cenografamos uma taberna onde um dos Tiradentes do espetáculo, no caso eu, conclamava as pessoas a participar do levante. Um parênteses: foi a segunda vez que tive a honra de interpretar o alferes. No Santo Inácio também vivi o inconfidente numa montagem baseada no roteiro cinematográfico de Joaquim Pedro de Andrade.
Espetáculo: “Tiradentes” – No Gruoi do Colégio Santo Inácio.
O público embarcava em ônibus de turismo que percorriam dois roteiros diferentes. Uma parte da plateia começava pela cena 1 e outra parte pela cena 4, e todos se encontravam com a totalidade do elenco para um cortejo a pé num pequeno trecho da rua da Carioca até a praça Tiradentes, local do enforcamento e última cena do espetáculo.
Espetáculo: “Tiradentes”.
Todos visitavam o Museu Histórico, o Museu da República, o Paço Imperial e o já citado porão da Associação Comercial para assistir as quatro primeiras cenas. Durante o deslocamento, dentro dos ônibus, atrizes, vivendo as muitas amantes do tropeiro Joaquim, conversavam com o público sobre o Brasil da época e reminiscências de suas relações com o protagonista.
“Tiradentes”.
Foi uma super produção pensada pelos autores, a mesma dobradinha do “Tiro”, para ser encenada todo ano no dia 21 de abril.
“Tiradentes”.
Poderia ter se tornado uma atração turística imperdível, mas, mais uma vez, esbarrou-se na miopia das autoridades responsáveis pela cultura do estado e do município.
Espetáculo: “Tiradentes”.
Aliás, para encerrar, queria deixar aqui uma reflexão na forma de uma pergunta. Por que nós, brasileiros, detentores de um patrimônio cultural tão rico e variegado, não conseguimos proteger e investir em nossa arte e artistas?
Os E.U.A, tão aclamado como exemplo, deveria ser imitado ao menos nesse ponto. Percebemos que a cultura norte-americana e seu idioma são absorvidos diariamente em todas as mídias. O quanto da riqueza da América do Norte se deve a essa valorização? O quanto perdemos em identidade própria e divisas pela cegueira, inércia e até antagonismo de nossas autoridades?
Outros trabalhos cênicos efetivados:
Espetáculo: “Lima Barreto ao Terceiro Dia” – Em cena com Miltom Gonçalves.
“Lima Barreto ao Terceiro Dia”.
“Lima Barreto ao Terceiro Dia”.
Espetáculo: “Um Inimigo do Povo” de Henrik Ibsen.
Espetáculo: “Vaidades e Tolices”. Com a Cia. Limite 151.
“Vaidades e Tolices”.
O Blog/Site tem o grande prazer de receber em seu palco – um artista que engrandece o universo teatral com seus vicejantes trabalhos no cenário cultural e sua empatia de extremo necessário na atualidade.
Em seu desenredar atoral esteve em cena com espetáculos iluminados, foi assistente de direção de mestres como João Fonseca, e no aporte direcional conduziu valiosos espetáculos para a cena teatral.
Saberemos tudo, logo abaixo – dos grandes feitos culturais desse querido e grande obrador de nosso cenário teatral.
Receberemos nessa linda entrevista/homenagem:
O Ator e Diretor:
Alexandre Contini.