Crítica Teatral do espetáculo: “MERLIN E ARTHUR”, por: Francis Fachetti. ESPETACULO NECESSARIO.COM.BR

“Ao som de Raul Seixas – MERLIN E ARTHUR – Um sonho de Liberdade”.

“DIREITOS E PODERES IGUAIS NO GRANDE CONSELHO DA TÁVOLA REDONDA” – Necessária linguagem de Márcia Zanelatto.

Sucinto compêndio retirado do lindo texto do programa do espetáculo:
“AMOR, RESISTÊNCIA, IDEAIS, BATALHAS, LIBERDADE E SOBRETUDO SONHOS. SONHOS COM UM MUNDO MELHOR, MAIS IGUALITÁRIO, MAIS AMOROSO, MAIS JUSTO. CONTAR ESSE SONHO, SOBRETUDO NESSE MOMENTO EM QUE O MUNDO ESTÁ TÃO CARENTE DE AFETO, É NOSSO DESEJO”.

“VISLUMBRAR A INSIGNE DIALÉTICA DO PENSAMENTO E OS SUBLIMES DESEJOS DO SONHO HUMANO”.

“ARTHUR É A METÁFORA CONCLUSIVA DA ETERNA VISÃO UNIVERSAL, DOS ESTEIOS COLOCADOS ENTRE DICOTOMIAS QUE SE IRMANAM PELA FORÇA DE SEU CARÁTER HUMANISTA. VEM-NOS ELE A CONTRADIZER AS DESIGUALDADES E A PROPOR A INCLUSÃO DOS OPOSTOS”.

“ARTHUR SITUA-SE NOS TEMPOS ATUAIS, EM QUALQUER PAÍS, DO AUGÚRIO DA FRATERNIDADE QUE ORA SE ANUNCIA. ENCARNA EM SI O GRANDE MITO DA BONDADE E DA JUSTIÇA. E O FAZ PELA INSUBSTITUÍVEL PERCEPÇÃO DA ÚNICA FORMA POSSÍVEL, ESSA INDISSOCIÁVEL DA ESSÊNCIA HUMANA: A COMPAIXÃO”.

” ARTHUR ABSTRAI AS LANÇAS E NOS CEDE O CORAÇÃO COMO DECISÃO ABSOLUTA DE UMA COMOVENTE E INUSITADA PARTILHA, E OS AGREGA, A TODOS”.

” RAUL SEIXAS DÁ O TOM DA EMOÇÃO, RETRADUZ AS PARÁBOLAS E DEIXA NO AR OS INTERLÚDIOS DE SEU CANTO AMOROSO E REVOLUCIONÁRIO: O PRINCÍPIO, O FIM E O MEIO, A CADA PASSO NAS REVIRAVOLTAS, NAS METAMORFOSES AMBULANTES”.

” NÃO HÁ HOMEM SEM AMOR, COMO NÃO HÁ IGUALDADE SEM LIBERDADE”.

“MERLIN, É O ALÉM QUE SOPRA AOS OUVIDOS DE ARTHUR OS PRECIOSOS CÓDICES DE SABEDORIAS ANCESTRAIS, CORPORIFICADOS NUM CÉLEBRE DUETO ATEMPORAL DIANTE DA VASTA ODISSEIA – A TÁVOLA REDONDA”.

No glamoroso Teatro Riachuelo está o amor, está à igualdade lutando pela liberdade. Encontra-se e está “MERLIN E ARTHUR, um “libreto/poema” em forma de dramaturgia redigido pelas mãos do coração de Márcia Zanelato para invadir nossas vidas, se permitirmos, é claro, numa concepção/direção ao som do maluco beleza RAUL SEIXAS, e da sensibilidade ímpar de Guilherme Leme Garcia, com seu particular olhar esfuziante e decisivo.

Guilherme Leme desamarra às amarras fluidamente, num diálogo esclarecedor no espaço cênico, em etérea leitura do texto de Zanelato.

O roteiro musical de Zanelato e Leme Garcia nos conduz por músicas e músicos de excelência, que descortinam à trama: Cláudia Elizeu, Alexandre Queiroz, André Dantas, Luiz Felipe Ferreira, Mailson Simões, numa égide ostensiva, que encaminha Arthur na sua democrática Távola Redonda, em telúrica corrente elétrica nas aparições mais do que necessárias de Vera Holtz, colocada numa extemporânea e ao mesmo tempo oportuna projeção onírica, em sabedoria onipresente, e inquebrantável força interpretativa, que permeia às reflexões, tornando-se cheias de conjecturas sólidas e pervasivas, infiltradas na atualidade e no sonho de nos libertar do outro e permitir ao outro.

Fábio Cardia e Jules Vandystadt, sem nenhuma ressalva, nenhum arranhão, eleva à qualidade potente e visionária das letras tão bem encaixadas e atuais de RAUL SEIXAS.

João Pimenta ilustra um figurino adequado, lustrando o brilho acizentado com dourado, em preciosa indumentária desprovida de cores e repleta de um acabamento que alenta à lisura das personagens, tão bem defendidas pelos atores, numa cenografia e iluminação sempre onírica e geométrica, em verdadeira concretude que nos transpõe hora ao céu estrelado, hora a ponta/proa soberba, vista ao longe, como um navio num mar regado de igualdade, liberdade permitida: Anna Turra, Camila Schmidt e Rogério Velloso.

Toni Rodrigues, em sua direção de movimento/coreografia, se desprende da técnica do corpo educado pela disciplina da dança, e usa o físico a favor da dialética, e busca equidade corporal que o texto se propõe. Acerto total.

O elenco liderado pela veterana Holtz, se coloca impecável em seus personagens, corpos e vozes entregues, conduzindo embates, batalhas, ideais, com a força dramática acirrada, na defesa da liberdade e buscas estabelecidas no texto.

Todos em brava harmonia relacionados seus nomes na foto abaixo.
O que dizer de RAUL SEIXAS?!

VISIONÁRIO CANCIONEIRO POPULAR, simples assim.

O texto original de Márcia Zanelato é um concussão, sacudela violenta, sem obscurantismo, em sentenças breves, concisas, de sabedoria, pela força e voz de Vera Holtz. “conselhos”, advertências, com alteridade, lealdade, sempre buscando à liberdade e o direito ao sonho.

“Não há homem sem amor, não há liberdade sem igualdade”.

Um espetáculo de metatextualidade  escatológica proferido e chamado:
“MERLIN E ARTHUR- Um sonho de liberdade”. 

Esculpido, elevado, nas letras visionárias de RAUL SEIXAS.

“MERLIN E ARTHUR- amor, resistência, ideais, batalhas liberdade e sobretudo sonhos. Igualitário, amoroso, justo”.

NECESSÁRIA LINGUAGEM DE MÁRCIA ZANELATTO.

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