Entrevista NECESSÁRIA: Diretor Teatral – MARCUS ALVISI.

O projeto “Entrevistas NECESSÁRIAS” recebe em seu palco – abre as cortinas para um dos maiores obradores do ofício cênico – marcou e continua marcando época com seus emblemáticos espetáculos de arquitetura de ouriversaria para cena teatral brasileira.

Tenho a honra e o prazer de tornar conhecido nesse espaço documental para a cultura esse homem/artista que teve um estreito e necessário almágama com uma das maiores lendas do cenário teatral mundial: RUBENS CORREA.

Vamos nos embrenhar e esmiuçar a carreira, a vida, desse grande diretor teatral, que também foi ator – MARCUS ALVISI.

Alvisi estreou primeiro como ator na peça “Titus Andronicus” de Willian Shakespeare.

Trabalhou por 10 anos com o grupo do Teatro Ipanema, tendo como mentores Rubens Correa e Ivan de Albuquerque.

Sua estreia como diretor foi em “Solidão – A Comédia” de Vicente Pereira, dirigindo Diogo Vilela, recebendo os prêmios APETESP e SHELL de Melhor Espetáculo – mudando em definitivo sua caminhada e efetivando seu trabalho na direção teatral.

Dirigiu “Diário de Um Louco” de Nicolay Gogol, também com Diogo Vilela, recebendo os prêmios SHELL e MAMBEMBE de Melhor Espetáculo – com Vilela constrói trabalhos de grande expressão no cenário teatral brasileiro.

Leciona Interpretação na Faculdade CAL de Artes Cênicas, sendo docente também do curso de Pós-Graduação em Direção Teatral – Instituto CAL Arte e Cultura.

No momento, abre as cortinas iniciando a Cia. Teatro Brinquedo do Novo Milênio, acabando de estrear com essa Cia o espetáculo: “O Doente Imaginário” de Molière, comemorando os 400 anos de nascimento do autor – esse trabalho inaugura o primeiro projeto do grupo.

Saberemos a partir de agora alvíssaras da carreira desse diretor teatral que marcou época e continua prestigiando o cenário cultural com seu trabalho de extremo necessário nos palcos do nosso Brasil.

O Diretor Teatral e Ator:

MARCUS ALVISI.

 

 

“Somos feitos da essência com que os sonhos são feitos”

William Shakespeare, A Tempestade.

 

MARCUS ALVISI.

 

 

 

 

ENTRANDO NA – ENTREVISTA NECESSÁRIA – COM:

MARCUS ALVISI.

 

 

 

F.FACHETTI – Abrindo com chave de diamante, é crucial para a cultura, que você nos relate sua convivência abissal com o aurífero e histórico documento teatral – Rubens Corrêa. Nos dê a oportunidade de sabermos um pouco desse confluir pessoal e profissional com essa “lenda” do teatro.

Conte para todos sobre duas cenas teatrais que esteve com Rubens Corrêa; uma sendo dirigido por ele e outra em palco. “Fando e Lis” de Fernando Arrabal e “Homem é Homem” de Bertold Brecht.

 

MARCUS ALVISIEstamos no verão de 1971. O espetáculo chama-se “Hoje é Dia de Rock”, texto de José Vicente. O teatro é o Ipanema. São 21h:30m. Entro nele levado por um amigo. O primeiro impacto: foi abolido o palco italiano! Nunca tinha visto um espaço distribuído desta maneira num teatro. Uma passarela no meio do público, que se supõem pelo texto ser uma estrada, onde os atores caminham olhando fixamente dentro de nossos olhos, durante todo o espetáculo. O desconforto, imenso, fulminados por esses olhares desconcertantes – parecendo compreender alguma coisa definitiva dentro nós, meros espectadores. Na mesma medida, um fascínio pela ilusão e realidade daquilo tudo. Uma vertigem! Somos chacoalhados emocionalmente, como se estivéssemos dentro de um liquidificador gigante, girando em sua velocidade máxima. Um ator atrai minha atenção especialmente. Quem é aquele ator? Meu amigo responde, sibilando, chocado, por eu não saber exatamente de quem se tratava: Rubens Corrêa, não conhece? Não consigo tirar os olhos do tal Rubens Corrêa e este seria o segundo impacto!

Os olhos luminosos, olhando-me com o sorriso tão iluminado quanto o olhar. Um homem que parecia me conhecer – apesar de nunca tê-lo visto, muito menos encontrado. Não conseguia tirar os olhos dele durante todo o espetáculo embora todos estivessem soberbos naquele espetáculo.

 A eletricidade, a vibração, a energia do trabalho dos atores chegava à plateia e me tocava profundamente. Os corpos no espaço, trabalhados minuciosamente de maneira tão harmoniosa por Klaus Vianna, será algo que jamais esquecerei. A década 1970 foram, entre tantas revelações, a descoberta do corpo no teatro.

O espetáculo atinge um transbordamento emocional e há qualquer coisa nas palavras daquele texto, de José Vicente, que não pareciam palpáveis para um jovem ainda na pré-adolescência. A ação do texto é a viagem e a transformação daqueles personagens através dela. A atmosfera de união emana dentro do teatro.

Experimentamos uma espécie de amor universal que se espalha pela plateia através dos atores. É isto teatro? Então é isto que quero fazer!

Nascia então, um lindo espetáculo e um forte relacionamento entre mim e Rubens. Trabalhamos durante muito tempo. Ele me dirigiu em “Fando e Lys”. Fizemos juntos “Homem é Homem”, de B. Brecht. “Álbum de Família”, de Nelson Rodrigues no cinema. Dirigi “Colombo”, de Guelderode, com ele protagonizando, e também produzi “Artaud” em São Paulo. 

Espetáculo: “Artaud” – com Rubens Corrêa.

Produção: Marcus Alvisi.

“Artaud” com Rubens Corrêa.

Produção: Marcus Alvisi.

 

Marcus Alvisi em: “Fando e Lys” de Fernando Arrabal.

Direção: Rubens Corrêa.

 

Espetáculo: “Fando e Lys” – Direção: Rubens Corrêa

Betina Viany e Marcus Alvisi.

Teatro Cacilda Becker.

 

Espetáculo: “Homem é Homem” de Bertold Brecht

Teatro Ipanema – Marcus Alvisi com Rubens Corrêa.

 

 

No cinema: “Álbum de Família” de Nelson Rodrigues.

Na foto Dina Sfat e Rubens Corrêa e Lucélia Santos.

Direção: Braz Chediak.

 

Espetáculo: “Colombo” de Michel de Guelderode

 Direção: Marcus Alvisi. Em cena Rubêns Correa e Tuca Andrada.

 

 

Adaptamos a obra de Arthur Rimbaud a partir de um livro do Henry Miller chamado “A Hora dos Assassinos, Um Estudo Sobre Rimbaud”. A nossa adaptação chama-se: “Iluminações”, e trata-se de um encontro fictício entre Henry Miller e o jovem Rimbaud.   

Com Rubens aprendi a amar o teatro, me dedicar a ele com reverência e paixão desmedida. Principalmente, compreender o teatro como um espaço sagrado, onde podemos penetrar profundamente na compreensão do homem em todas as suas questões. Especialmente, através dele, “curar e dominar a vida”, como dizia Artaud. Depois dele, este espaço tornou-se realmente sagrado para mim.

Suas paixões: Obviamente depois de Ivan de Albuquerque, Leyla Ribeiro e Diogo Albuquerque, seu afilhado e Nise da Silveira: Picasso, Blake, Brueghel, Goya, Rodin, Tchekhov, Ésquilo, Shakespeare, Dostoievski, Beckett, Synge, Dort, Gogol, Jung, José Vicente, Strindberg, Nietzsche, J S Bach, especialmente A Paixão Segundo São Matheus. Dizia que através desta obra, tinha sido à primeira vez que alguém contava a história de Cristo sem sangue.  A história espiritual de Cristo. Ainda: Artaud, Lorca, Aníbal Machado, Fellini, Bergmann e John Huston de Os Vivos e os Mortos. Tinha ficado bastante impressionado com este filme. Falava sempre nele com extremo entusiasmo e com certeza ser um de seus filmes favoritos. Compartilhava com todos, incondicionalmente, tudo que sabia. Tinha um prazer enorme em dividir seus conhecimentos sobre teatro, literatura, cinema, música, filosofia e arte em geral. Sua visão de mundo era única e originalíssima. Humana, demasiadamente, humana! Tinha muito senso de humor. Humor com inteligência aguçada. Sua cultura, vastíssima! Falava sobre tudo com extrema autoridade, e principalmente, simplicidade.

Uma de suas grandes paixões era o pintor Pablo Picasso. E uma de suas frases preferidas sobre o processo criativo era: “Eu não procuro, eu acho” que Picasso disse após comer um peixe no almoço. E ainda aproveitando a espinha do peixe que acabara de comer, fixou-a sobre o prato e assinou.

 

 

– Em 1984, na aula inaugural da Cal, Rubens Corrêa disse:

 

“…. Representar para mim é a possibilidade que me foi dada de me comunicar com o meu semelhante através de uma troca de idéias, imagens, palavras, gestos e emoções. Um divertido, fascinante, e muitas vezes cruel jogo que mistura ficção e realidade, consciente e inconsciente, sagrado e profano, amor e ódio, vida e morte. Uma Paixão…”.

 

– Algumas considerações sobre o ator pertinentes nos dias de hoje:

 

 “Cada ator tem obrigação de zelar e desenvolver o seu instrumental – sua voz, seu corpo: Devemos transformar nosso corpo num grande arquivo de imagens com possibilidades de serem utilizadas em nossos futuros personagens; nossa voz deve poder miar, rugir, gemer, uivar – nossas mãos podem ser galhos de árvores, garras de feras, folhas secas ao vento – nossos pés, colunas de um templo, patas de animais. Nossos olhos devem poder reproduzir o enigma do olhar da esfinge, e a clareza cristalina de um poema de Brecht”.

“Cada ator é único e inimitável se ele mergulha com honestidade em si mesmo, e retrata o seu semelhante com generosidade, verdade e paixão. “Somos feitos da essência com que os sonhos são feitos”; escreveu Shakespeare, e essa é a melhor definição que conheço sobre o mistério da representação”.

Rubens fazia um teatro sem enfeites, apenas com o essencial. Teatro com concisão e rigor. Onde o que importava era o ator em sua dimensão suprema e refinada. Fiquei horas, depois do ensaio, muito comovido, conversando com ele. Talvez tenha assistido Artaud umas vinte cinco vezes, no mínimo. Teatro Puro! Puro Teatro! Teatro em sua representação mais profunda.

Há uma máxima de Clarice Lispector que é semelhante ao processo de criação do Rubens. Ela diz: “Tem gente que costura pra fora, eu costuro pra dentro”.  Esta frase faz todo sentido pela maneira como Rubens se aproximava das coisas. Estudava muito, e ao mesmo tempo, deixava a intuição totalmente solta. Tinha o inconsciente aberto, jorrando sem parar, como uma fonte de água pura e cristalina. Era lindo assistir ao mesmo tempo, um pesquisador incansável, e uma criança descobrindo o mundo.

Uma vez visitando-o em sua linda casa no Jardim Botânico, perguntei sobre a perspectiva da morte e como ele enxergava tudo isso, abusando de nossa intimidade. “Fez-se um silêncio extraordinário”, como dizia o personagem de Diário de um louco, de Gogol. Depois de algum tempo, ele me olhou, sorriu dizendo calmamente: “Vamos nos encontrar, senão nada teria sentido”. Voltou a ficar em silêncio e falou logo em seguida, em tom de brincadeira, lembrando uma fala de Colombo:

 

“Amei demais a aventura para não amar a morte”.

 

Com ele vivenciei e aprendi um amor incondicional pelo palco. Era um mestre no sentido mais abrangente do termo. Ensinava-nos todo o tempo, naturalmente, sem intermediários, com um respeito e compaixão pelo outro como poucas vezes tive oportunidade de ver em alguém.

Nessa época, a maioria das atrizes e atores do teatro brasileiro tinham um sonho: trabalhar com Rubens Correa. Pois, assistíamos a vários de seus espetáculos e sempre eram os mais incríveis.

Assistir a um espetáculo do Teatro Ipanema não era apenas ir ao teatro, era uma experiência.

Cito, entre outros espetáculos que me marcaram: “Hoje é Dia de Rock”, de José Vicente, “A China é Azul”, de José Wilcker, o arrebatador “O Arquiteto e o Imperador da Assíria”, de Fernando Arrabal, o inesquecível “O Beijo da Mulher Aranha”, de Manuel Puig e a obra prima total, que eu tive a oportunidade de produzir em São Paulo, “Artaud”, colagem de Rubens Correa e Ivan de Albuquerque com a interpretação magistral do Rubens.

Então, estar entre eles, era um sonho para poucos. Sonho esse, que alcancei antes dos meus vinte anos. Tive a sorte de conhecê-lo e de me tornar seu amigo. Logo, logo fui convidado para fazer parte do grupo e de algumas das montagens que se sucederam.

Com Rubens me misturei a vida inteira, fui dirigido por ele em “Fando e Lys”, de Fernando Arrabal, trabalhamos como atores em “Homem é Homem”, de Bertold Brecht e em “Álbum de Família”, de Nelson Rodrigues, no cinema, com a direção de Braz Chediak. Tive, ainda, a oportunidade de dirigi-lo em “Colombo”, de Michel de Guelderode.

Espetáculo: “Fando e Lys” de Fernando Arrabal

Direção: Rubens Corrêa.

 Marcus Alvisi e Betina Viany.

Espetáculo: “Fando e Lys”. Direção: Rubens Corrêa.

Espetáculo: “Homem é Homem” de Bertold Brecht.

Com: Rubens Corrêa, Marcus Alvisi, David Pinheiro e Ricardo Maurício.

Espetáculo: “Homem é Homem” de Bertold Brecht.

David Pinheiro, Marcus Alvisi e Ricardo Maurício.

 

 

Intervalo das filmagens de “Álbum de Família” de Nelson Rodrigues.

Marcus Alvisi, Rubens Corrêa e Lucélia Santos.

“Álbum de Família” – Marcus Alvisi e Lucélia Santos.

Direção: Braz Chediak.

Espetáculo: “Colombo” de Michel de Guelderode. Direção: Marcus Alvisi.

Com: Rubens Corrêa e João Fonseca.

“Colombo” de Michel de Guelderode. Direção: Marcus Alvisi.

Rubens Corrêa e Ana Cotrim.

 

Quando li Colombo, de Guelderode, fiquei apaixonadíssimo. O texto afirmava aquela máxima de Artaud:  “Teatro é poesia no espaço”

De fato, a dimensão poética, a beleza, a precisão daquelas palavras escritas por Guelderode eram de tirar o fôlego. Estruturalmente a peça é um grande monólogo do navegador, entrecortado por aparições de personagens extremamente exóticos e fascinantes.

Não posso deixar de registrar que foi fundamental a obstinação, em minha opinião, de uma das maiores produtoras de teatro deste país: Bianca de Fellipes. Não fosse sua determinação, este Colombo teria certamente naufragado antes mesmo de desatracar, morrido na praia, como dizem. Sou eternamente grato a ela por nunca ter titubeado diante da complexa execução deste espetáculo. E ainda, numa época em que só havia monólogos em cartaz no Rio de Janeiro, Bianca, com muita audácia, produziu este mega espetáculo.

Rubens e eu nos reuníamos em sua casa para estudar e ler Guelderode obsessivamente. Lemos juntos quase toda a sua obra, e uma biografia maravilhosa do autor. Nossas discussões sobre o texto eram profundamente estimulantes, e as descobertas eram sempre acaloradas e regadas por doses fortíssimas de café e vários cigarrinhos.

Lembro muito bem quando percebemos que Guelderode era fascinado por estátuas, ficando por horas fitando-as em praça pública. Como foi importante esta revelação para o processo de trabalho de Rubens. Ele começava o espetáculo imóvel – fazendo a imagem do Pensador do Rodin, por causa desta descoberta. Toda relação que surgiu com o Inferno de Dante; o texto e a viagem do navegador, criando perspectivas e desdobramentos para o espetáculo que jamais poderíamos supor.

Uma grande frustração: estávamos começando a ensaiar com o grupo do Ipanema “Merlin ou a Terra Deserta”, de Tankred Dorst, com música de Milton Nascimento, e o projeto foi abortado por conta de um patrocínio que já havia sido prometido e, no entanto, retirado de última hora. Que tristeza! Quando recebi a nóticia, fui jantar com Rubens e Ivan de Albuquerque e posso afimar que foi o jantar mais triste de nossas vidas.

No fim de sua vida, estávamos escrevendo “Iluminações”, um texto que se tratava da adaptação teatral do livro “A Hora dos Assassinos, Um Estudo Sobre Rimbaud”, de Henry Muller.

Rubens foi o meu Mestre maior! Com ele aprendi muito do que sei sobre teatro. Era uma fonte inesgotável para quem estava ao seu lado. Tive esse privilégio na vida – que Deus me ofertou. Estar com o artista que eu mais admirava: o que eu poderia pedir mais? Apenas gratidão.

Rubens Corrêa.

 

 

 

F.FACHETTI – Fez adaptação de dois contos de João do Rio – onde esteve presente como ator – sob direção de Ney Matogrosso. Muito curioso em saber minúcias desse trabalho e do amálgama cênico com esse “monstro” dos palcos: Ney. Como foi essa mistura, essa química?

 

MARCUS ALVISIConheci a obra de João do Rio ainda na escola de teatro da UNI-Rio, em 1972. Na biblioteca me debruçava principalmente em suas peças curtas, que são várias. Nessa época um livro, em especial, me chamou a atenção: “Dentro da Noite”. No entanto, me esqueci dele.

Certa vez, muito tempo depois, fui viajar para Nova Iorque. Como não durmo em avião, saquei um livro qualquer na minha estante, tendo como único critério que fosse um livro fino. Por uma inusitada coincidência, quando o avião aterrisou eu já havia relido “Dentro da Noite” inteiro.

 Porém, foram duas as histórias que me marcaram profundamente nessa viagem: o conto “Dentro da Noite”, que dá título ao livro, e “O bebe de Tarlatana Rosa”.

 

Ainda com João do Rio na cabeça, comecei a ler seus contos de brincadeira, na casa de alguns amigos brasileiros, de tão apaixonado que fiquei. Minha leitura foi um sucesso. Me lembro de uma tarde, numa cobertura no Village, em que eu os lia para várias pessoas, inclusive americanos que estudavam português na universidade.

 Essas leituras despretensiosas começaram a movimentar a minha cabeça na direção de fazer uma adaptação desses contos para teatro e, como de costume, o primeiro ator que me veio à cabeça foi Diogo Vilela. Ainda em Nova Iorque, adaptei os dois contos para o palco. Mas, quando cheguei ao Rio, Diogo me comunicou que não poderia fazer a peça, pois naquele momento ensaiava “Tio Vânia”, de Tchekov. Com os contos prontos e com o projeto idealizado, me faltava agora decidir qual ator eu chamaria para essa empreitada.

Pensando sobre isso, fui ao encontro de Ana Dantes em sua livraria no Leblon – um sebo muito simpático que existia na Dias Ferreira, chamado Livraria Dantes. Ao final da leitura, ela me disse: “Deixo a livraria para você realizar esse espetáculo, porém a única condição é você fazê-lo como ator, pois a sua compreensão desses contos é muito grande.”

Espetáculo: “Dentro da Noite” – de João do Rio. Direção: Ney Matogrosso. Com Marcus Alvisi.

 

Bom… daí estreei na livraria dois meses depois e Ney Matogrosso foi à estreia. Quando acabou o espetáculo, ele estava elouquecido com os textos e me deu vários toques ótimos para um aprimoramento maior como ator. Perguntei se ele se intessava em me dirigir, pois eu havia realizado aquele trabalho sozinho. Ele prontamente aceitou e, a partir de então, o trabalho cresceu muito e a peça tomou uma outra dimensão.

Como poucos sabem, Ney é um excelente diretor de ator. Ele puxou de mim tudo que precisava ser puxado: possibilidades que eu não conseguia enxergar sozinho, além de uma clareza e um esmero com  as palavras de João do Rio. Foi uma relação muito intensa e muito profunda entre diretor e ator.

Marcus Alvisi em: “Dentro da Noite” de João do Rio.

Direção: Ney Matogrosso.

 

O agradeço profundamente por ter entrado nesse sonho comigo. Chegamos a fazer a peça em várias capitais do Brasil, além de levarmos para Lisboa e Porto, experiência inesquecível para mim.

Marcus Alvisi em: “Dentro da Noite” – de João do Rio.

 Direção: Ney Matogrosso.

 

Debate após o espetáculo “Dentro da Noite” em Porto Alegre.

Marcus Alvisi e Ney Matogrosso.

 

 

 

F.FACHETTI – “Beijo no Asfalto” de Nelson Rodrigues, onde dirigiu Tonico Pereira. Conte-nos sobre.

 

MARCUS ALVISIEsse “Beijo no Asfalto” foi minha formatura como diretor na Uni-Rio. Marcelo Serrado foi assistir. Ao final da peça, ele me disse que queria exatamente esse espetáculo, sem tirar nem por, para produzir e fazer o papel de Arandir.

Espetáculo: “O Beijo no Asfalto” de Nelson Rodrigues.

 Direção: Marcus Alvisi. Com Marcelo Serrado e Alessandra Negrini.

“O Beijo no Asfalto” de Nelson Rodrigues.

Em cena Rogério Fróes e Alessandra Negrini.

 

Foi uma experiência muito rica, principalmente minha relação com os atores. Sergio Britto, após o espetáculo, veio me dizer que o Aprígio de Rogério Fróes era impecável. Foi uma troca muito intensa com Tonico Pereira, que fazia um personagem avalassador e pulsante: Amado Ribeiro. Me lembro também da participação inequecível de Duse Naccarati, no papel da vizinha.

 

“O Beijo no Asfalto” – Tonico Pereira, Alessandra Negrini e Marcelo Serrado.

Direção: Marcus Alvisi.

 

 

Fiz uma montagem de “A Valsa N 6”, de Nelson Rodrigues: um espetáculo muito forte para mim, por causa da atriz Beatrice Sayd. Além de ser uma excepcional atriz, Beatrice é pianista, o que deu uma concretude muito forte para o texto.

Embora a peça pareça complexa, ela é muito simples. Trata-se de uma personagem assassinada pelo médico, com uma facada nas costas, enquanto tocava a “Valsa Do Minuto”, de Chopin. Então, a ação da peça se dá num momento em que essa personagem está perdida em algum lugar no espaço, tentando entender o que lhe aconteceu. Resume-se no seguinte: Sônia está morta, mas não sabe que morreu.

Espetáculo: “Valsa N 6” de Nelson Rodrigues. Com Beatrice Sayd

Direção: Marcus Alvisi.

É uma jornada em busca do entendimento. Beatrice me ofereceu, como atriz, uma alquimia muito interessante entre a razão e a emoção desmedida. Construi o espetáculo em cima desse paradoxo. Agradeço muito a ela confiar a mim a direção desse espetáculo.

Nelson Rodrigues é desafiador e nunca será datado. Gostaria sempre de poder me debruçar em algum de seus textos para montá-los. É o tempo todo muito instigante.

 

 

 

F.FACHETTI – Não posso deixar de pedir para falar do inefável, seivoso: “O Anjo do Apocalipse” de Clóvis Levi. Resenhei uma crítica teatral com muito entusiasmo e bem positiva, um trabalho visceral.

Quando li o “O Anjo do Apocalipse” fiquei elétrico. A peça tem uma energia muito forte, porque mexe com questões profundas da relação humana. O texto é uma pequena jóia literária, escrita por Clovis Levi em um momento de muita inspiração.

 

Quis fazer um espetáculo sem enfeites, apenas o palco nu e os atores em cena, para que a dimensão trágica da peça viesse com toda a sua potência. Essa montagem confirma a ideia de Antonin Artaud: teatro é poesia no espaço.

Espetáculo: “O Anjo do Apocalipse”  de Clóvis Levi.

 Direção: Marcus Alvisi.

Em cena Juliane Araújo e Daniel Dalcin.

“O Anjo do Apocalipse” de Clóvis Levi.

Direção: Marcus Alvisi.

Em cena: Marcello Escorel, Juliane Araújo e Daniel Dalcin.

“O Anjo do Apocalipse” – Direção: Marcus Alvisi.

Direção: Marcus Alvisi – “O Anjo do Apocalipse”.

“O Anjo do Apocalipse” de Clóvis Levi.

 

As palavras de Clovis eram as protagonistas de tudo, delas vinham toda a barbárie que a história expõe. Não me poupei para que o espetáculo criasse no espectador o mesmo impacto que eu senti quando li o texto pela primeira vez.

 

Vale ressaltar o personagem realizado pelo grande ator Marcelo Escorel: o próprio anjo. Com o seu humor cortante, equilibra a peça de uma maneira originalíssima. Anjo do apocalipse, embora a temática seja terrível, foi um momento de muita alegria em minha vida.

Obs: venho corroborar as palavras de Alvisi sobre Marcello Escorel – estupendo ator! Inclusive, fiz uma – Entrevista NECESSÁRIA – com ele a pouco tempo, e falamos muito dessa jóia cênica do teatro, escrita por Clóvis Levi.

Em cena: Marcello Escorel, Juliane Araújo e Daniel Dalcin.

Direçao: Marcus Alvisi.

“O Anjo do Apocalipse” – Direção: Marcus Avisi.

Em cena: Marcello Escorel e Daniel Dalcin.

Direção: Marcus Alvisi.

Marcus Alvisi, Clóvis Levi, Marcello Escorel, Juliane Araújo e Daniel Dalcin.

  

 

F.FACHETTI – Espetáculo que foi a origem do Teatro Besteirol: “As Mil e Uma Encarnações de Pompeu Loredo”, você fez como ator. Conte-nos sobre.

 

MARCUS ALVISI“As Mil e Uma Encarnações de Pompeu Loredo”, de Mauro Rasi e Vicente Pereira foi uma epifania: músicas de Eduardo Dusek, cenários e figurino de Claudio Tovar, coreografia de Claudio Gaya e a primeira direção de Jorge Fernando.

Espetáculo: “As 1001 Encarnações de Pompeu Loredo”

De Mauro Rasi e Vicente Pereira.

Em cena: Duse Naccarasi e Marcus Alvisi (Lileli e Dr. Neme).

Direção: Jorge Fernando.

Marcus Alvisi como Lileli em: “As 1001 Encarnações de Pompeu Loredo”.

Direção: Jorge Fernado.

Marcus Alvisi como Lileli entrando em cena em:

“AS 1001 Encarnações de Pompeu Loredo” de Mauro Rasi e Vicente Pereira.

Direção: Jorge Fernando.

 

 

 

Parece que foi um encontro de pessoas que tinham uma conexão muito grande, pois o elenco contava com: Diogo Vilela, Duse Naccarati, Ricardo Blat, entre outros grandes atores.

O espetáculo era uma festa no palco. As pessoas na platéia recebiam aquilo como se estivessem sentadas na Sapucaí, em escala menor. Os aplausos eram retumbantes. Ao final da peça, tínhamos que voltar umas quatro ou cinco vezes ao palco para agradecer – coisa que nunca tinha vivenciado no teatro.

Ao mesmo tempo, a direção de Jorge Fernando tinha um rigor muito grande na interpretação dos atores e na própria feitura do espetáculo.

O nome daquilo que veio a se tornar um gênero no teatro, surgiu a partir de uma crítica teatral, de Macksem Luís, que descreveu a peça como sendo um besteirol. No entanto, o besteirol trabalhava em cima de uma crítica comportamental à sociedade da zona sul carioca e havia alguns textos brilhantes sobre essa temática.

O Besteirol absorvia uma cultura gay misturada com as chanchadas da Atlântida e os filmes Noir americanos – principalmente os dirigidos por Billy Wider, que Mauro e Vicente eram apaixonados. Ettore Scola marcaria muito essa geração com o filme “O Baile”.

“Pacto de Sangue” e “Crepúsculo dos Deuses” eram um mito para os seus autores. Foi um teatro muito rico, que revelou uma comédia muito irreverente e iconoclasta, absorvendo o crème de la crème do teatro brasileiro do inicio do século XX.

Considero o Besteirol uma escola, embora o preconceito tenha sido tão grande quanto o teatro que foi produzido. Suas peças mais relevantes vão ficar para sempre, pois trata-se de comédia com dimensão humana. O que foi produzido de substantivo será eterno.

Besteirol é um movimento que veio para ficar e tenho certeza que muitos jovens comediantes de hoje beberam nesta fonte.

Espetáculo: “A Receita do Sucesso”. Marcus Alvisi como o belo Lauro.

Segunda peça do movimento Besteirol.

“A Receita do Sucesso” de Vicente Pereira.

Vicente Pereira (Galvão) e Marcus Alvisi (Scarlate), indo casar com o comendador Galvão.

Vicente Pereira o autor mais importante desse movimento – Besteirol.

 

“A Receita do Sucesso”.

Em cena Marcus Alvisi e Paulette.

“A Receita do Sucesso” de Mauro Rasi e Vicente Pereira.

Marcus Alvisi como Scarlatte.

Segunda peça do movimento Besteirol.

 

 Mauro Rasi e Vicente Pereira.

Dois grandes amigos e parceiros em muitos trabalhos.

 

 

 

F.FACHETTI – Assim como sua trajetória histórica e épica com Rubens Correa nos deu alvíssaras – em trabalhos que marcaram época no cenário cultural; o mesmo caminho feérico e imbricado trilhou com nosso grande intérprete Diogo Vilela. Pode dissecar essa afluência tão azeitada para a cultura brasileira?

Marcus Alvisi e Diogo Vilela.

 

MARCUS ALVISIDiogo Viela não é um amigo, está além disso: é um irmão. O conheço desde meus dezenove anos. Sempre percebi nele um talento assombroso para a arte do teatro. O gênero não o limita: a mesma extensão para a tragédia ele tem para o drama, a comédia e, até mesmo, a farsa.

Diogo é dos poucos atores do Brasil que pode fazer tudo na mesma dimensão. Sua capacidade de criação é elástica e estica ao infinito. Além de ser um ator muito inteligente – qualidade, para mim, essencial para estar sobre um palco.

Em “Solidão – A Comédia”, de Vicente Pereira, ele transitava de uma maneira fluida entre personagens tão distintos, e com um apuramento técnico tão admirável que sua interpretação parecia verdadeira mágica se fazendo ali, frente aos espectadores.

Direção: Marcus Alvisi. Teatro Ruth Escobat – São Paulo.

Diogo Vilela em: “Solidão – A Comédia”.

Direção: Marcus Alvisi.

Direção: Marcus Alvisi.

 

Diogo não se furta ao mergulho, está em busca da ação todo o tempo. Por isso, não à toa sua interpretação em “Diário de Um Louco” foi tão reverenciada. Acredito que o mergulho do ator no abismo daquela mente vagando no vácuo da ilusão, foi determinante para um resultado tão gratificante.

 

Texto de Nicolay Gogol. Direção: Marcus Alvisi.

 

 

“Diário de Um Louco”  é um texto primoroso de Nicolay Gogol, que conta o processo gradual de perda da realidade de um personagem fragmentado, partido e sufocado por uma sociedade czarista opressora. A personagem se perde nesse abismo e, em sua cena final, resta-lhe um último lampejo de esperança: o grito dilacerante por sua mãe. Diogo penetrou em todos os campos minados desta alma, sem medo de pisar e explodir junto a esse homem, Axenty Ivanovitch Proprirchine, que tanto nos comovia no seu dilaceramento.

 

“Diário de Um Louco” de Nicolay Gogol. Em cena Diogo Vilela.

 Direção: Marcus Alvisi.

Direção: Marcus Alvisi.

 

 

“A Verdade”, de Florian Zeller, é um dos textos mais estimulantes que li nos últimos anos. O autor faz uma amálgama da tradição da comédia francesa, através dos autores Feydeau e Labiche,  com Harold Pinter – autor inglês que tem como uma de suas principais temáticas a relação entre casais – o que resulta em um estilo original e absolutamente saboroso.

 

 

O diálogo de Zeller é primoroso, multifacetado e entrecortado. Diálogo esse, que Diogo se apropriou de uma maneira vertiginosa. Considero o seu trabalho, bem como o de todo o elenco, a grande razão para o sucesso da peça.

 

 

 

Em Hamlet criado por Vilela. Diogo criou uma partitura que misturava sua compreensão a uma fúria desmedida. Inesquecível para mim a cena com Horácio, que antecede a luta com Laertes. O texto vinha com uma inteligência vigorosa e com aquela clareza cristalina que o personagem demanda.

Já montei “Hamlet”, de W. Shakespeare, três vezes. No entanto, continua sendo um texto enigmático que procuro decifrar.

Diogo Vilela em “Hamlet” de W. Shakespeare.

Direção: Marcus Alvisi.

“Hamlet” de W. Shakespeare.

Direção: Marcus Alvisi.

Diogo Vilela em “Hamlet”.

Direção: Marcus Alvisi.

Cena do espetáculo “Hamlet”.

Direção: Marcus Alvisi.

Cena de “Hamlet” – enterro de Ofélia.

Direção: Marcus Alvisi.

 

 

Com o Diogo temos muitos projetos pela frente. Mas um deles me é muito caro: “A Morte Do Caxeiro Viajante”, de Arthur Miller. Acredito se tratar de um personagem que está a altura de seu talento. Além disso, com a sua versatilidade, explorar as sombras de Willy Loman – esse homem tão rico e icônico da literatura dramática americana da metade do século XX – será, com certeza, muito fecundo.

 

 

 

 

F.FACHETTI – Abrimos e vamos fechar com chave de diamante. Qual será o linguajar, as descobertas, o desvestir no transcorrer do processo da Cia Teatro de Brinquedo do Novo Milênio, onde retorna a ideia dos acontecimentos cênicos da década de 20, e como você mesmo diz: “Um dos trabalhos mais significativos da sua carreira”.

Qual o objetivo dessa Cia? Essa Cia inicia agora com a montagem em comemoração dos 400 anos de Molière – com o texto: “O Doente Imaginário”, em cartaz no Teatro Candido Mendes. Conte-nos tudo desse espetáculo. Qual olhar “Alvisiano” dará sobre ele?

 

MARCUS ALVISI“Eu sempre cismei um teatro que fizesse sorrir, mas que fizesse pensar. Um teatro com reticências… Um teatro que se chamasse Teatro de Brinquedo e tivesse como única literatura uma epígrafe do velho Goethe: “A Humanidade divide-se em duas espécies, a dos bonecos que representam um papel aprendido e a dos naturais, espécie menos numerosa de entes que nascem, vivem e movem-se segundo Deus os criou…”

Inspirado por essas palavras, de Álvaro Moreyra, tive a ideia de criar um grupo que dialogasse com as ideias desse teatro superlativo, feito na década de 1920.

Junto com um grupo de amigos, composto por gente certa de noções certas, pretendemos desenvolver um teatro de repertório dando ênfase aos grandes dramaturgos e, também, com o objetivo de revelar autores novos ainda sem acesso ao grande público. Buscaremos desenvolver um método de trabalho focado não só na primazia desses textos, mas também no rigor da interpretação dos atores.

Iremos estrear com “O Doente Imaginário”, de Molière, comemorando os 400 anos do nascimento desse autor magnífico. Pretendemos, logo em seguida, fazer dois textos de Shakespeare: “Hamlet” e “Sonho De Uma Noite De Verão”. Esses projetos já estão na pauta do nosso trabalho.

Pretendo, ainda, desenvolver uma linguagem própria de descoberta da potencialidade ampla dos atores em cena, através de exercícios de improvisação e uma pesquisa profunda dentro dessas possibilidades.

“O Doente Imaginário” será o nosso cartão de visita e estamos ansiosos para abrir as cortinas e começar essa troca tão rica entre palco e plateia. Este é um sonho que cultivo há muito tempo e, agora, parece se realizar através desse grupo de atores que foi se compondo de uma maneira meio mágica. Considero O Teatro de Brinquedo do Novo Milênio um dos projetos mais importantes da minha vida.

“O Doente Imaginário” de Molière.

Direção: Marcus Alvisi.

“O Doente Imaginário”.

“O Doente Imaginário” de Molière.

“O Doente Imaginário” de Molière.

“O Doente Imaginário” de Molière.

Direção: Marcus Alvisi.

 

 

 

Nos aproximamos do texto “O doente Imaginário” sem pensar no autor como um clássico da dramaturgia universal. O tratamos de um jeito mais íntimo, sem nenhuma formalidade.

Molière, neste processo de trabalho, se tornou nosso amigo. Toda a poeira que ronda a sua obra, nós queremos espanar. Para nós ele não é um clássico, mas sim um autor atemporal que conserva a mesma potência hoje, como teve 400 anos atrás.

Essa maneira de olhar irá permanecer em Shakespeare, em Calderón de la Barca, em Ésquilo, Sófocles ou Nelson Rodrigues. Ao mesmo tempo, tentaremos resgatar a ideia de comunhão que havia no teatro da década de 1970, através de grupos como o Teatro Ipanema, Teatro Opinião, Asdrubal Trouxe o Trombone e A Comunidade.

Nosso sonho se realizará juntos. Jamais será um sonho que se sonha só. Mas como diz a música “sonho que se sonha junto é realidade”.

A temporada inicia em 2 de outubro, no Teatro Cândido Mendes, com o seguinte elenco: Carlos Marinho, Duda Romanhol, Lucas Garbois, Ludmila Horochovski, Luiz Furlanetto, Murilo Carrão, Natália Horochovski, Rafael Ayres, Tiago Fonseca, Vitor Pastore e Yonn Levy.

“O Doente Imaginário” de Molière.

“O Doente Imaginário” de Molière.

“O Doente Imaginário” de Molière.

“O Doente Imaginário” de Molière.

“O Doente Imaginário” de Molière.

“O Doente Imaginário” de Molière.

Direção: Marcus Alvisi.

Luiz Furlanetto em:

“O Doente Imaginário” de Molière.

Direção: Marcus Alvisi.

  

 

 

– Abaixo transcrevo um pequeno comentário crítico feito por esse Blog/Site do dia da estreia.

 

 

– Sucinta resenha de um necessário espetáculo:

” O Doente Imaginário”:

MOLIÈRE

 

O Blog/Site: ESPETACULONECESSARIO.COM.BR de Críticas Teatrais e de Dança, presenciou a estreia nesse sábado, 02/10, de um “milagre” cênico no meio dessa devastadora fase pandêmica.

Venho recomendar com muita veemência – uma força impetuosa em intensidade – compondo uma pequena obra-prima; pequena por ter sido arquitetado numa caixa cênica minúscula: Teatro Cândido Mendes; em sua simpática estrutura, recebe uma expressão valiosa em cena com atores/Cia; trabalhando como heróis da resistência: “Cia Teatro Brinquedo do Novo Milênio” – Direção: Marcus Alvisi.

A Cia estreia agora comemorando os 400 anos da literatura clássica de Molière – com sua crítica aos costumes e defeitos humanos -, porém, o espetáculo é conduzido por Alvisi azeitando esse clássico, tornando a cena mais íntima da plateia, com simplicidade necessária e um genuíno texto atemporal em arroubos cênicos assertivos enredando o público.

Uma tradução e adaptação coloquial e límpida por João Bethencourt.

Ronald Teixeira com sua experiência categórica, constrói uma pintura cênica luxuosa, certeira e deslumbrante para nossos olhos com seu cenário e figurinos, em total conexão com a proposta.

Carlos Lafert numa iluminação que corrobora toda a beleza limítrofe elaborada.

Os intérpretes, que acompanham a brilhante presença cênica de Luiz Furlanetto, se obstinam e conseguem, promovendo o belo trabalho com zelo e firmeza em suas personagens.

A direção inspiradora de Marcus Alvisi – em seu estreito e acachapante esmiuçar cênico – anuncia mais uma vez o seu desbragar e necessário capitanear no controle criativo do alimento que todo artista está recuperando do que nos foi usurpado: A Arte.

Alvisi nos comove com persuasão imaginária e vocação reconhecida, detentor e laureado com inúmeros prêmios.

“O Doente Imaginário’ é a cura em cena de uma realidade que precisamos urgentemente recuperar nos palcos de cada teatro.

Corram para conferir!!!

Teatro Cândido Mendes, sexta à domingo, às 20:00 hs, até 31/10.

Todas informações preciosas nos flyers abaixo.

Por Francis Fachetti

Blog/Site: ESPETACULONECESSARIO.COM.BR

 

 

Simplesmente:

MARCUS ALVISI

Diretor Teatral e Ator.

 

 

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